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Conselho Internacional de Ciência publica relatório anual de 2020

Conselho Internacional de Ciência (ISC, da sigla em inglês) publicou na última sexta-feira (13/08) o seu Relatório Anual 2020. O ISC é formado por diversas entidades científicas nacionais e internacionais, entre elas a Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

O ano de 2020 foi particularmente impactante para a ciência mundial. A pandemia trouxe o trabalho dos cientistas para o centro das atenções, seja no desenvolvimento de vacinas e tratamentos, seja na orientação de governantes e do público em geral. O relatório destaca o papel preponderante que as colaborações internacionais alcançaram, reforçando que tendências iniciadas com a Covid-19 podem se manter no futuro para as múltiplas crises que o planeta enfrenta. 

Elisa Pereira Reis, membro titular da ABC e vice-presidente do ISC

Dentre essas tendências está o esforço por uma ciência mais aberta e uma redefinição do sistema de publicações, que permita uma maior participação de cientistas do terceiro-mundo. “Todos esses objetivos já eram centrais antes do novo coronavírus. Não há dúvidas de que a pandemia conferiu mais urgência e visibilidade para essas questões. O compromisso do ISC vai persistir e o fato de que esses assuntos estão sendo mais discutidos pode colaborar para que sejam mais rapidamente implementados”, destacou Elisa Reis, vice-presidente do ISC e membro titular da ABC. 

O Brasil aparece no capítulo 2 do relatório, “Liberdade e Responsabilidade na Ciência”, que alerta para pressões e restrições indevidas sobre cientistas. Respondendo sobre esse posicionamento da entidade, Elisa ressaltou que “o ISC vai seguir defendendo os princípios da liberdade e responsabilidade na ciência e, na medida em que estejam ameaçados no Brasil ou em qualquer outro lugar, defenderá firmemente os direitos e deveres dos cientistas.” 

O trabalho da ABC e da comunidade científica brasileira também foi citado para o projeto “Repensando o Desenvolvimento Humano”, que foi tema da 28ª edição dos Webinários da ABC, e para o Painel Científico para a Amazônia (SPA, da sigla em inglês), que recentemente lançou a primeira versão do relatório integrado sobre a bacia amazônica

Leia aqui a íntegra do Relatório Anual ISC 2020. 

Transformação digital e Desenvolvimento

Confira trechos do artigo publicado pelo diretor da ABC Virgílio Almeida, em parceria com Francisco Gaetani, no jornal Valor Econômico nesta terça-feira, 17 de agosto. 

 

A transformação digital tem sido descrita como uma revolução que as economias competitivas devem necessariamente enfrentar e à qual a sociedade tem de se adaptar. Um estudo do Conselho Consultivo Alemão sobre Mudança Global se opõe a essa interpretação, propondo que a digitalização deve ser moldada de forma que possa servir de alavanca e suporte para a “Grande Transformação para a Sustentabilidade’’, e possa ser sincronizada com ela.  

Em outras palavras, a transformação digital é um eixo fundamental em direção a economias mais sustentáveis. Um artigo publicado na revista Nature, assinado, entre outros pelos economistas Jeffrey Sachs e Mariana Mazzucato, coloca o avanço digital como parte das estratégias para alcançar os objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

(…) 

Pouco a pouco, aqui e ali, a plataforma dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) vai sendo retomada, seja pela importância, seja pela sua pertinência. Os sinais dos tempos emitidos nas mais variadas partes do mundo são cada vez mais nítidos: o futuro em gestação é digital, verde e inclusivo. Parece óbvio, mas não é, em especial no Brasil, tão distraído pelo desgoverno ativo e pelas disputas político-ideológicas desprovidas de projeto de nação, que dominam nossa agenda, capturam a atenção nacional e distraem a sociedade de suas prioridades. 

O futuro é digital. Aliás, já não é mais futuro. O presente hoje é representado por uma dualidade estruturante. De um lado temos a vida concreta das coisas do mundo físico. De outro temos um mundo invisível, digital nas nuvens, operado em ambientes abstratos fora do alcance da vista. Ambos se comunicam pelas nossas comunicações e transações. Ocorre que o dinamismo, o volume, a velocidade e a intensidade de interações no mundo online são incomparavelmente maiores que no mundo antigamente chamado de “real”.  

Estudos têm mostrado que a dinâmica da digitalização tem um impacto enorme em todos os 17 ODS da Agenda 2030. O debate sobre a implementação dos ODS não pode mais ser conduzido sem uma compreensão adequada dos benefícios e riscos potenciais da digitalização para toda a Agenda 2030. O mundo não possui um setor digital; tornou-se digital, embora existam setores mais intensivos em tecnologia e digitalização do que outros.  

A corrida rumo à neutralização do carbono ganha protagonismo no mundo inteiro. 2060, 2050, 2030… países, empresas, organizações da sociedade civil e famílias estão reorganizando suas vidas rumo a outros padrões de produção e consumo. A reestruturação produtiva é uma realidade global e inescapável. Todos os setores da economia caminham para um esforço de mensuração de emissões e de esforços no sentido de reduzi-las, tarefa que exige recursos, tecnologia e, acima de tudo, compreensão e vontade política. Instituições como o Fundo Monetário Internacional e instâncias de governança global como o G-20 estabeleceram como eixo estruturante de suas agendas econômicas a problemática do carbono.  

(…) 

O Brasil oficial já não segue mais à deriva, afunda em comportamentos regressivos, autoritários, beligerantes e doentios sem se dar conta das consequências presentes e futuras desta exaustiva pirraça oficiosa. A administração pública federal está vivenciando o desmanche de várias de suas áreas estruturantes, de sistemas, de setores e de políticas, apesar do desesperado esforço de servidores públicos aqui e ali tentando manter as coisas em funcionamento.  

Os Brasis reais reagem: sobrevivendo, produzindo, estudando, exportando, criando e renovando suas apostas em um futuro que está à vista, dobrando a esquina. Mas precisam cooperar mais para alavancar sinergias capazes de potencializar a ação dos múltiplos atores engajados em levar o país ao futuro, não a um beco perdido da história.  

A humanidade nunca teve tantas ferramentas tecnológicas e avançadas à sua disposição para viver melhor, de forma mais pacífica, solidária e criativa. Esta é a aposta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a maior realização das Nações Unidas da última década. Cabe aos Brasis trabalhar neste combo, nesta plataforma que transformou-se na língua franca do mundo atual. 

Encontro Espaço para Mulheres está com inscrições abertas

 

 

Nos dias 21 e 22 de outubro ocorrerá presencialmente o “Encontro Espaço para Mulheres: Iniciativas, desafios e oportunidades para as mulheres no espaço” em Dubai, Emirados Árabes Unidos (EAU). O evento é uma iniciativa das Nações Unidas, Brasil e EAU e estava programado para ocorrer em 2020, tendo sido adiado por conta da pandemia. 

O encontro visa discutir como as pesquisas espaciais podem alcançar as mulheres e garantir que elas possuam um papel ativo e igualitário em suas diversas áreas. As participantes terão a oportunidade de acompanhar aulas, apresentações, discussões e fortalecer redes de contato internacionais. As atividades tem como objetivo promover a participação feminina na ciência, de acordo com o que propões os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (SDGs, da sigla em inglês) 4 e 5, respectivamente, Igualdade de Gênero e Educação de Qualidade.  

O Brasil é representado no evento pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Agência Espacial Brasileira (AEB) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

As inscrições estão abertas até 31 de agosto, e podem ser feitas por aqui. 

Saiba mais sobre a iniciativa Espaço para Mulheres das Nações Unidas. 

Nosso segundo cérebro conversa com bactérias

Confira trechos do artigo escrito pelo neurocientista Roberto Lent, membro titular da ABC, publicado no jornal O Globo nesta sexta-feira, 13 de agosto:

Roberto Lent, membro titular da ABC

O título parece uma manchete do “Sensacionalista”, mas é uma metáfora usada pelos neurocientistas muito real: temos de fato um segundo cérebro, embutido de alto a baixo em toda a parede das nossas vísceras digestórias. As últimas avaliações estimam que alcancem meio bilhão de neurônios e um tanto a mais de células gliais, as companheiras inseparáveis dos neurônios. Como acontece no “primeiro” cérebro, esses neurônios viscerais fazem contato uns com os outros e processam milhões de informações. Outra surpresa: o sistema nervoso entérico interage com o sistema nervoso central por meio da participação ativa das bactérias residentes nas vísceras, a maioria no intestino. Estima-se aqui um número que quase alcança 40 trilhões de bactérias em um homem de 70 kg. 

A importância desse eixo de comunicação entre as vísceras e o cérebro através da microbiota de bactérias residentes cresceu muito com as pesquisas mais recentes. Hoje se sabe que essa interação influi no surgimento e transcurso de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, e transtornos neuropsiquiátricos, como o espectro autista, ansiedade, estresse e até mesmo a esquizofrenia. 

Uma grande questão que se coloca para a neurociência é esclarecer como se dá essa conversa entre os nossos “dois cérebros”. Que sinais as bactérias enviam para os neurônios das vísceras, como estes se comunicam com o sistema nervoso central, que caminhos essa informação percorre dentro do “primeiro cérebro”, e como são então moduladas as funções corporais e neuropsicológicas? A resposta a essas perguntas poderá resultar em alternativas terapêuticas ou preventivas para as disfunções neuropsiquiátricas mencionadas. Alternativas que podem ser super simples, já que é possível alterar a presença e os tipos de bactérias intestinais apenas mexendo na alimentação que utilizamos no cotidiano. 

Um trabalho recente publicado por pesquisadores de Taiwan e da Califórnia dá conta dessa questão, usando camundongos manipulados geneticamente ou com antibióticos para se tornarem “germ-free”, isto é, completamente desprovidos de microrganismos no corpo. Comparando esses animais com outros dotados da microbiota normal, os pesquisadores puderam reconstruir detalhadamente os circuitos ativados em interações sociais, como o acasalamento e a autodefesa, e avaliar os transtornos causados nessas interações sociais pela interrupção da comunicação entre bactérias e neurônios. 

Mostraram que a microbiota modula a atividade neuronal dos dois cérebros em regiões específicas, regulando respostas ao estresse e os comportamentos sociais. Verificaram que os animais sem microbiota tinham comportamentos sociais desviantes, causados pela produção de níveis elevados de corticosterona, o hormônio do estresse, normalmente regulados por sinais químicos emitidos pelas bactérias e captados pelo sistema nervoso entérico, devidamente endereçados ao sistema nervoso central pelos neurônios viscerais. Na falta da mensagem das bactérias, as áreas cerebrais controladoras das glândulas endócrinas aumentavam drasticamente sua atividade, causando uma alta produção de corticosterona pela glândula suprarrenal. 

(…) 

Foi encontrado um culpado específico: uma bactéria que atende pelo nome gongórico de Enterococcus faecalis, cuja reposição no intestino dos camundongos recupera o comportamento social dos animais sem microbiota. Se os dados se confirmarem com estudos em humanos, está posta no horizonte uma alternativa simples e eficaz de mitigar os sintomas neuropsiquiátricos das várias doenças influenciadas pelas bactérias que conversam com o segundo cérebro. 

Leia a matéria na íntegra no blog em O Globo.

Painel do InnSciD + TWAS 2021 têm participação de Acadêmicos

No dia 10 de agosto aconteceu o quinto dia do InnSciD SP + TWAS 2021. O evento é uma parceria entre a Escola de Diplomacia de Inovação e Ciência de São Paulo (InnSciD SP) da USP e Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento (TWAS).  

Como parte das atividades, foi realizado um painel com o tema “Lições sendo aprendidas com a pandemia da Covid-19: a importância das colaborações internacionais”. O painel contou com a participação dos membros titulares da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Nísia Trindade (Fiocruz) e Mauro Teixeira (UFMG), além do epidemiologista Salim Abdool Karim (Universidade de Columbia). A mediação ficou por conta do jornalista de ciência Herton Escobar, atualmente no Jornal da USP. 

Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz

A primeira apresentação ficou a cargo de Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, que apresentou um pouco das contribuições da instituição no combate à pandemia. A Fiocruz foi designada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como laboratório de referência para COVID-19 na América Latina e está desempenhando papel crucial na imunização dos brasileiros. A parceria com a farmacêutica AstraZeneca, para produzir no país a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, é um grande exemplo de cooperação científica internacional. Além disso, a Fundação também conta com um escritório em Moçambique, que articula colaborações em saúde com países africanos. 

O epidemiologista sul-africano Salim Abdool Karim, que também trabalhou no enfrentamento da epidemia de HIV, fez um comparativo entre as respostas da comunidade científica internacional nos combates a AIDS e a COVID-19. Para ele, a velocidade com que foram obtidas respostas para o novo coronavírus desde sua descoberta – 11 dias para o primeiro sequenciamento, nove meses para a primeira vacina – se deve não apenas aos avanços tecnológicos das últimas décadas, mas a uma maior coordenação internacional das instituições de pesquisa. 

Karim alertou também para a desigualdade na imunização global, citando a estocagem inicial de vacinas por parte de países ricos. Ele deu o exemplo da Parceria para Manufatura de Vacinas Africanas (PAVM, da sigla em inglês) como uma colaboração internacional que visa sobrepor essas iniquidades e acelerar a imunização do continente. A iniciativa já conta com um financiamento de €1.2 bilhões da União Europeia. “Nenhum país estará seguro enquanto todos os países não estiverem seguros” concluiu. 

Mauro Martins Teixeira, UFMG

O último a apresentar foi o médico Mauro Teixeira, vice-presidente da ABC para a Região Minas Gerais e Centro-Oeste, que destacou a importância da cooperação internacional na produção de novas drogas. Segundo ele, o estabelecimento de redes internacionais é crucial para acelerar o desenvolvimento científico e para isso é necessário investimento contínuo, sobretudo em países emergentes. “Infraestrutura existente, pessoal qualificado, tudo isso é necessário para garantir simetria colaborativa, mas para tanto os investimentos em ciência e tecnologia devem ser perenes”, alertou. 

Debate 

Durante as discussões, o mediador questionou os participantes sobre o papel exercido pela OMS durante a pandemia. Os três convidados comentaram os erros e acertos da entidade, mas salientando que sem ela as desigualdades poderiam ser ainda piores. “A OMS tentou uma abordagem visando a equidade na imunização, mas o mundo distribuiu vacinas de acordo com as forças de mercado. Não existiu uma estrutura de coordenação central”, alertou Salim. 

Teixeira avaliou que a pandemia veio em um momento complicado, em que governos das principais potências mundiais adotavam uma posição contrária a colaboração internacional. “Acredito que se a OMS tivesse contado com esse apoio, a pandemia poderia ter sido menor”, afirmou. 

Quanto ao funcionamento da diplomacia internacional, os participantes acreditam que a comunidade científica cumpriu sua parte, mas que faltou suporte político e financeiro em alguns países.  

Respondendo a um ouvinte sobre o legado que a pandemia deixa para o combate de outras doenças, Salim exemplificou com os avanços conquistados em tecnologias de imunizantes, citando o caso do laboratório alemão BioNTech que já trabalha em uma vacina para malária. 

Por fim, os participantes voltaram a enfatizar a necessidade de colaboração. “A cooperação internacional deve ser baseada não apenas na solidariedade, mas na interdependência entre os países”, sumarizou Nísia. 

Assista ao painel na íntegra pelo canal da InnSciD SP no YouTube. 


Leia todas as matérias da ABC sobre o evento:

Cerimônia de abertura do InnScid reúne cientistas em debate

Segundo dia de atividades do InnScid +TWAS 2021 tem participação de Acadêmicos

Introdução à diplomacia científica

Diplomacia científica 2.0

Painel Science Diplomacy Trail abre a segunda semana do InnScid + TWAS 2021

Cientistas planejam próximos passos na cerimônia de  encerramento do InnScid + TWAS 2021

Novo relatório do IPCC foi tema de edição especial dos Webinários da ABC

Os participantes da edição especial dos Webinários da ABC “Brasil e as mudanças climáticas: Novo relatório do IPCC”

O papel do homem no aquecimento global é irrefutável. Essa é uma das conclusões do novo relatório realizado pelo grupo de trabalho 1 (WG1) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês). O Painel é uma colaboração de 195 países, envolvendo especialistas do mundo inteiro para fornecer avaliações regulares sobre mudanças climáticas e suas diversas implicações. 

O documento publicado nesta segunda-feira (09/08) focou nas bases físicas do aquecimento. Para discutir as principais conclusões, foi realizado uma edição especial dos Webinários da ABC, contando com a participação dos pesquisadores Paulo Artaxo (USP, membro titular da ABC), Thelma Krug (IPCC), José Marengo (Cemaden, membro titular da ABC) e Lincoln Alves (Inpe), que participaram ativamente da elaboração do documento. O evento foi mediado pelo presidente da Academia Brasileira de Ciências Luiz Davidovich

Dados: IPCC, Tradução: Jornal da USP

Essa é a primeira vez que o relatório quantifica a influência humana no clima. Os efeitos antropogênicos já são responsáveis por um aquecimento médio global de 1,1°C, número que aumenta para 1,6°C nos continentes.  “É indiscutível que as atividades humanas estão causando mudanças climáticas, tornando eventos extremos como ondas de calor, chuvas torrenciais e secas mais frequentes e severas.” apontou Paulo Artaxo. 

Outro aspecto inovador do documento é a linguagem, mais enfática e direcionada do que nos anteriores, clamando por medidas imediatas em grande escala para reduzir emissões de gases de efeito estufa. Muitas das mudanças já são irreversíveis, mas podem ser mitigadas. O cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, por exemplo, pode ser a diferença entre termos, para 2100, um aquecimento médio de 1,5°C, no melhor cenário, ou de 4,3°C se nada for feito. “Os relatórios do IPCC têm papel importante na criação de pontes entre a ciência e a política” destacou Thelma Krug. 

Um dos efeitos mais diretos do aquecimento é a elevação do nível do mar, consequência do derretimento das calotas polares. Em uma das previsões de mais longo prazo, estima-se que até 2300, o potencial de aumento dos níveis oceânicos chega a 15 metros, o que traz implicações gravíssimas para todas as áreas litorâneas do globo. 

Relação entre o global e o regional 

O relatório também enfatizou estas conexões. As alterações nos ciclos hídricos são de especial atenção para a América do Sul, “que muito provavelmente assistirá a um crescimento nos níveis de chuva a noroeste (Colombia, Peru e Equador) e sudeste (Paraguai, Uruguai, norte da Argentina e sul-sudeste do Brasil). Ao mesmo tempo, é também provável a intensificação das secas no Nordeste e nas áreas centrais do Brasil, bem como no Chile e sul do Peru” ressaltou Lincoln Alves em sua apresentação. 

Esses dados são economicamente muito relevantes para o Brasil, uma vez que apontam para problemas na produção agrícola do país, seja no agronegócio ou na agricultura familiar. A intensificação da seca na região amazônica dificulta também o controle de queimadas, aumentando o desmatamento e criando um ciclo vicioso, no qual a floresta sequestra cada vez menos carbono e acaba se tornando mais uma emissora desse elemento para a atmosfera. Por outro lado, a maior precipitação no Sudeste indica que desastres naturais, como inundações e deslizamentos, podem se tornar cada vez mais frequentes. 

As metrópoles também foram analisadas do ponto de vista local. “É sabido que as cidades são hotspots de aquecimento, devido à verticalização, à falta de cobertura vegetal, aos efeitos do trânsito e da poluição do ar. Isso é particularmente relevante quando consideramos a estimativa de 80% da população mundial vivendo em cidades até 2050 ” disse José Marengo, destacando a importância de soluções verdes para os grandes centros urbanos. 

Uma novidade trazida desta vez pelo IPCC foi a criação de um Atlas Interativo, que permite ao usuário uma busca mais localizada de dados, podendo ser acessado por qualquer pessoa – o que pode contribuir para uma maior agilidade na elaboração de políticas públicas. 

Discussão 

O webinário contou com ampla participação do público nas perguntas para os convidados. Foi repetidamente enfatizado pelos palestrantes que o papel do IPCC é apresentar os dados que podem ser utilizados como orientação para os governos, mas destacando que o IPCC não formula políticas públicas nem impõe mudanças. Thelma Krug destacou que o Painel tem apenas 12 funcionários – todos os cientistas que elaboram os estudos o fazem voluntariamente.

Foi feito um breve panorama da evolução do órgão ao longo dos anos, o crescimento no número de participantes e a maior complexificação dos dados em relação a documentos anteriores. Um exemplo disso é que pela primeira vez gases com meia-vida curta foram considerados separadamente. O metano é o principal desses gases e o Brasil responde por grande parte das emissões mundiais. A redução desses níveis pode contribuir muito para frear o crescimento das temperaturas em um curto espaço de tempo. 

Foi lembrado também que este relatório é um precursor de outros dois documentos, cuja publicação é esperada para o ano de 2022 e que entrarão mais a fundo nos impactos e nas possíveis mitigações para o aquecimento global. Com relação a medidas a serem adotadas pelo Brasil, estas devem seguir diretrizes gerais que valem para o resto do mundo: acelerar a transição dos combustíveis fósseis para energias renováveis, estancar o desmatamento, sobretudo na Amazônia, e adaptar as economias urbana e rural para os efeitos futuros das mudanças climáticas. 

O relatório completo do grupo de trabalho 1 (WG1) do IPCC pode ser acessado aqui. 

O webinário na íntegra pode ser assistido no canal da ABC no YouTube. 

Segundo dia de atividades do InnScid + TWAS 2021 tem participação de Acadêmicos

Nesta quinta-feira (5/8) ocorreu o segundo dia de atividades da InnSciD SP + TWAS 2021. O evento é uma parceria entre a Escola de Diplomacia de Inovação e Ciência de São Paulo (InnSciD SP) da USP e Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento (TWAS). O tema central das discussões é a diplomacia científica e como as relações internacionais moldam o desenvolvimento de pesquisa e inovação. 

A pandemia da COVID-19 trouxe a prática científica para o centro das discussões e deixou claro que a cooperação entre países é crucial para obter melhores resultados em um curto espaço de tempo. O workshop foi idealizado com o intuito de estabelecer o conceito de diplomacia científica e discutir os principais problemas enfrentados pela área.  

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) participou ativamente da organização do evento ao lado da TWAS. Esta segunda manhã de apresentações contou com alguns membros da ABC. 

Dimensão internacional das políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação 

Luiz Davidovich, presidente da ABC

Iniciando o dia de palestras, o presidente da ABC e secretário-geral da TWAS Luiz Davidovich conceitualizou a diplomacia científica como a atuação conjunta da comunidade internacional para a produção de conhecimento. Ele explicou que a ciência oferece valores universais, que podem servir para aproximar diferentes culturas e que os principais desafios da humanidade atualmente dependem de respostas científicas e internacionais. “Problemas em um país se tornam rapidamente globais”, apontou Davidovich, falando sobre o novo coronavírus. 

Vivemos em um mundo desigual e as inequidades tendem a se refletir nas diferentes áreas da ciência e tecnologia. O acesso à saúde, água, comida, energia elétrica, bem como outras necessidades básicas exibe um padrão muito claro de distribuição que está relacionado ao grau de desenvolvimento científico. Para superar esse ciclo vicioso de desigualdade é preciso colaboração, e nesse ponto foi enfatizado o papel de organizações internacionais e, particularmente, das Nações Unidas. Davidovich destacou que “países não investem em ciência porque são ricos, mas são ricos porque investem em ciência”. 

O palestrante apresentou exemplos de cooperação internacional e diplomacia científica em ação. “O Tratado Antártico é talvez o mais emblemático, onde todos os países que reclamavam territórios no continente se comprometeram a ocupar suas posses com expedições científicas, ao mesmo tempo que estabeleceram acordos de paz e não militarização”, apontou Davidovich. Existem diversos outros casos que atravessam fronteiras e, muitas vezes, antagonismos históricos, e mostram como a ciência pode servir de base para a diplomacia em seus diversos aspectos. 

Durante as perguntas do público, os temas discutidos foram aprofundados e algumas questões objetivas foram citadas como empecilhos para uma maior equidade científica. “As publicações científicas são um exemplo prático: o preço para se publicar em uma revista de ponta é proibitivo para países em desenvolvimento, o que leva a uma literatura enviesada para a ciência feita nos grandes centros”, argumentou Davidovich. 

Circulação de cérebros: a importância e os desafios da mobilidade científica 

Elisa Pereira Reis, membro titular da ABC

A segunda atividade do dia tratou da mobilidade científica. O tema foi abordado a partir do problema da fuga de cérebros, que tende a contribuir ainda mais para a desigualdade entre os grandes centros e as periferias da ciência. 

O painel contou com a participação da socióloga Elisa Pereira Reis, membro titular da ABC, que analisou a perda de cientistas para países desenvolvidos como um fenômeno antigo e cujas consequências foram mitigadas com a hiper conectividade do mundo moderno. “Antes, um pesquisador que emigrava tendia a perder contato com a comunidade científica local; porém, com o novo cenário tecnológico, cada vez mais essa relação é mantida e esses cientistas se tornam pontes entre seu país de origem e os grandes centros”, completou a Acadêmica.

A fala da pesquisadora foi toda no sentido de promover o intercâmbio científico e de reforçar laços entre os países. Elisa Reis salientou que “a comunidade científica deve transcender fronteiras e os países que se beneficiam da chegada de cérebros devem também agir por isso, encorajando que mais cientistas busquem trabalhar em países emergentes”. Reis observou que, no entatno, “para obter resultados consistentes a diplomacia científica depende não apenas de pessoas, mas de instituições”. 

Também participaram do evento a professora Ana Maria Carneiro, do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas da Unicamp (NEPP/Unicamp), que ofereceu uma conceitualização e um panorama histórico do problema; e Slaven Misljensevic, membro da Comissão Europeia para elaboração de políticas públicas, que trouxe um pouco da experiência da União Europeia com a mobilidade científica dentro do continente. 

O tema da mobilidade científica foi debatido e estudantes de diversas partes do mundo tiveram a oportunidade de ponderar sobre as razões e consequências da emigração de cérebros. Por fim, Elisa Reis destacou o que acredita ser o foco das discussões: “o desafio da diplomacia científica é convencer países que a ciência é um bem coletivo”. 

O InnSciD SP – TWAS 2021 continua até o dia 13 de agosto com mais palestras e discussões sobre a diplomacia científica. 

Alguns dos participantes do painel “Circulação de cérebros: importância e desafios para a mobilidade científica”

Leia todas as matérias da ABC sobre o evento:

Cerimônia de abertura do InnScid reúne cientistas em debate

Introdução à diplomacia científica

Diplomacia científica 2.0

Painel Science Diplomacy Trail abre a segunda semana do InnScid + TWAS 2021

Painel do InnScid + TWAS 2021 tem participação de Acadêmicos

Cientistas planejam próximos passos na cerimônia de  encerramento do InnScid + TWAS 2021

 

Vacinar é preciso, viver é impreciso

Confira trechos do artigo escrito pelo professor do Instituto de Química da Unicamp Luiz Carlos Dias, membro titular da ABC. O texto, publicado em 5/8 no Jornal da Unicamp, esclarece algumas importantes dúvidas atuais sobre a pandemia e a vacinação contra a COVID-19: 

O Acadêmico Luiz Carlos Dias

O mundo está observando queda nos casos de internações, de ocupação de leitos de UTI e de óbitos causados pela COVID-19, resultado do aumento da vacinação em massa, acompanhado do uso de máscaras e medidas de distanciamento físico, mesmo num momento de relaxamento das restrições. Nos países onde se observa aumento no número de casos, isto está acontecendo principalmente nas populações não vacinadas. Nós estamos observando algo semelhante no Brasil, com a pandemia entrando em uma nova fase. É urgente acelerar a vacinação e garantir um regime de imunização completo para a população brasileira e mundial, pois o percentual de não-vacinados ainda é muito alto e esses estão vulneráveis à infecção pela variante Delta, correndo risco de desenvolver formas graves da COVID-19, podendo necessitar de atendimento hospitalar, o que pode levar a aumento do risco de óbitos. 

Vacinação deve ser pacto coletivo 

Só a vacinação em massa controlará a pandemia e propiciará a retomada econômica. As vacinas contra a Covid-19 só serão de fato eficientes se houver alta adesão da população. Vacinado você tem um grau de proteção individual, mas a vacinação deve ser um pacto coletivo. Com pessoas vacinadas com o ciclo completo de duas doses ou com a dose única da Janssen, todas e todos ficam mais protegidos, inclusive quem não pode se vacinar por razões médicas. Como o objetivo de todas as vacinas contra a COVID-19 é reduzir casos graves, hospitalização e morte, caso você seja infectado, mesmo vacinado, terá maior chance de ter um caso de COVID-19 mais leve, além de ter mais oportunidades de atendimento nos hospitais, pois as UTIs estarão mais vazias caso seja necessário. No final, a maior taxa de vacinação leva a menor número de casos graves e de óbitos pela doença. 

Mas, muita atenção: não é momento de relaxar nas medidas não-farmacológicas 

Nós não temos evidências e nem justificativas para relaxar nas medidas não farmacológicas como o uso de máscaras, distanciamento físico e hábitos de higiene das mãos. Precisamos manter essas medidas de controle sanitário e evitar locais fechados com aglomeração e pouca ventilação. É preciso rever as medidas de restrição, pois não pode haver precipitação, visto que relaxar nesse momento, com alta circulação e espalhamento rápido da variante Delta, é muito perigoso e precisamos evitar que pessoas vacinadas corram o risco de voltar a fazer parte de uma cadeia de transmissão do vírus. Isso poderá levar a um recrudescimento da crise sanitária, com aumento acelerado de infecção entre os não vacinados e com consequente aumento da infecção inclusive nos grupos vacinados, mesmo aqueles com as duas doses, independente da vacina. A variante Delta é bem mais infecciosa que o vírus original e mais transmissível que a variante Gama, deixando as pessoas infectadas com uma carga viral muito mais elevada

A vacinação no Brasil está lenta, mas acelerando. Dados do dia 4/8 mostram que 147.698.704 milhões de doses foram aplicadas, sendo que 104.049.682 milhões de pessoas (49,14% da população brasileira) tomaram a primeira dose e 43.649.022 milhões de pessoas (20,61% da população) tomaram a segunda dose ou dose única da vacina da Janssen desde o dia 17/01/2021. As pessoas que não tomam suas vacinas, independente da razão, colocam em risco todas e todos no seu entorno, prejudicam o programa de vacinação e a luta contra a COVID-19. 

Quem tomou a primeira dose tem que voltar para a segunda dose 

Com o avanço da vacinação, a média móvel de mortes por COVID-19 segue em uma tendência de queda, mas segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no último dia 28/7, cerca de 4,6 milhões de brasileiras e brasileiros não voltaram para tomar a segunda dose e completar o ciclo de imunização. Vamos voltar, gente. Se você conhece alguém que não voltou, converse e mostre a importância de tomar a segunda dose. Como nessa pandemia nós nunca tivemos uma campanha nacional de conscientização da população brasileira por parte do governo federal, então tem que ser na unha mesmo, tem que ser de baixo pra cima. A recomendação para as secretarias de saúde é fazer busca ativa dessas pessoas, entrando em contato por telefone ou até enviando profissionais da área de saúde nos endereços cadastrados quando essas pessoas tomaram a primeira dose, mas fazer busca ativa de 4,6 milhões de pessoas é dose, né? Então vamos nos juntar a essa luta. 

E quanto às variantes de atenção e preocupação?  

Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou quatro variantes como sendo de atenção ou de preocupação. A variante Alfa está presente em 182 países, a Beta em 131, a variante Gama em 81 países e a Delta chegou a 132 países. A variante Delta preocupa e é responsável pelas novas ondas de infecções em Israel, Reino Unido, Estados Unidos, China e Indonésia. 

Com o aparecimento da variante Delta, mais transmissível e com maior capacidade de escapar da resposta do nosso sistema imunológico, nós vamos precisar vacinar um número maior de pessoas para diminuirmos o percentual de pessoas suscetíveis, impedindo o vírus de circular entre as pessoas mais suscetíveis. Um relatório do CDC, divulgado pelo jornal The Washington Post mostra ainda que a variante Delta é mais transmissível que o ebola e a varíola, pode infectar pessoas já vacinadas e causar doenças mais graves nas pessoas não vacinadas, quando comparada com as outras variantes de coronavírus anteriores e que tanto os vacinados como os não vacinados infectados pela Delta transmitem o vírus. 

O relatório confirma que as vacinas permanecem eficazes, principalmente após a aplicação de 2 doses, como outros estudos vem mostrando, vejam este estudo britânico  e este outro estudo. Os dados mostram que apenas pequenas diferenças na eficácia das vacinas contra a COVID-19 foram observadas com a variante Delta em comparação com a variante Alfa após o recebimento de duas doses das vacinas. As diferenças na eficácia das vacinas foram mais marcantes após o recebimento da primeira dose. Esses resultados mostram a importância da vacinação e que as pessoas precisam do esquema completo de duas doses. As vacinas existentes ainda funcionam contra a variante Delta, mas podem ser menos eficazes especialmente entre pessoas em que a resposta imune não seja suficientemente robusta após a vacinação, como os mais idosos e pessoas com comorbidades que tenham imunidade comprometida. 

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Terceira dose ou dose de reforço? Qual a diferença 

Primeiro, vamos esclarecer o que é terceira dose e o que é dose de reforço. A terceira dose consiste na aplicação de uma dose extra que serve para complementar um único ciclo de vacinação, algumas semanas após a aplicação da segunda dose. Uma dose de reforço, que pode ser com a mesma vacina aplicada anteriormente ou pode envolver outra plataforma vacinal, é aquela vacina que é aplicada anualmente ou com alguma periodicidade, para reforçar o primeiro ciclo de imunizações e assim por diante. 

No momento, nós não temos dados científicos mostrando que vamos precisar de uma terceira dose ou reforço vacinal para qualquer uma das vacinas contra a COVID-19. Nós ainda não temos resultados que comprovem a eficácia de uma dose de reforço, nem dados mostrando que isso seja necessário ou até benéfico. Então, temos que esperar os resultados dos estudos científicos sendo realizados, pois as decisões sobre a estratégia de vacinação futura devem ser baseadas em evidências científicas robustas. Nós não devemos simplesmente pensar que quanto mais doses de vacinas tomarmos, mais estaremos protegidos. 

Os especialistas lembram que a resposta imunológica contra qualquer antígeno de qualquer vacina, tende a cair depois de um tempo, e no caso da COVID-19, a Ciência ainda está tentando entender como essa queda acontece, depois de quanto tempo e qual o efeito de cada nova variante de atenção. 

Embora a vacinação esteja acelerando no Brasil, como colocado anteriormente, o grau de imunização coletiva ainda é insuficiente para termos uma queda sustentada na disseminação e espalhamento do vírus. Nós chegamos a 49,14% da população brasileira vacinada com a primeira dose e 20,61% da população que tomou a segunda dose ou a dose única da vacina da Janssen. Isso no período de 6 meses e meio, então nós precisamos acelerar ainda mais a vacinação. 

O importante é realizar estudos para identificar quais populações são mais vulneráveis à reinfecção pelas novas variantes ou mesmo a terem sintomas mais graves da doença, mesmo tendo sido vacinados com duas doses de qualquer vacina ou com a dose única da Janssen. Pode ser sim que uma terceira dose seja necessária, principalmente para pessoas imunossuprimidas, que fizeram transplantes de órgãos sólidos, pessoas mais idosas, pessoas com o sistema imunológico mais comprometido e profissionais da área de saúde, que estão mais expostos. 

É muito importante esclarecer esse ponto para não levar mais insegurança para a população. Alguns países europeus estão sim adotando uma terceira dose, sendo que Israel decidiu vacinar a população acima de 60 anos com uma terceira dose. Esses países estão bem mais avançados que o Brasil no ritmo de vacinação e a variante Delta está contaminando os não vacinados, e pode vir a infectar também os vacinados, principalmente os mais suscetíveis. 

No Brasil, o Ministério da Saúde encomendou um estudo que será conduzido pela Universidade de Oxford, com o objetivo de avaliar a necessidade de uma dose de reforço ou de uma terceira dose de vacinas contra a COVID-19. O estudo envolverá 1.200 voluntários maiores de 18 anos, que já tomaram as duas doses da vacina CoronaVac e vão tomar uma terceira dose de uma das quatro vacinas em uso no país: CoronaVac, AstraZeneca, Janssen ou Pfizer. 

O Butantan não vai participar destes estudos clínicos, mas avalia a aplicação de uma dose adicional da CoronaVac nos moradores da cidade de Serrana, no interior de São Paulo, onde foi realizado estudo com vacinação em massa que vem mostrando resultados fantásticos. O Butantan informou também que estuda a possibilidade de um reforço anual da vacina, o que não deve ser confundido com uma terceira dose, para ampliar a eficácia da CoronaVac. No caso de uma terceira dose das vacinas da AstraZeneca, Janssen e Pfizer, o objetivo é determinar qual a melhor opção como reforço vacinal para quem tomou as duas doses da CoronaVac. Este será um estudo de intercambialidade ou de vacinação heteróloga, pois envolve plataformas diferentes. 

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O que nós temos de fazer nesse momento é vacinar todo mundo rapidamente para reduzir a circulação do vírus, os casos graves e óbitos. E nesse sentido as vacinas estão dando uma resposta maravilhosa e extraordinária e estão mostrando o caminho para sairmos da pandemia. As vacinas sozinhas não vão fazer parar a transmissão comunitária, então as pessoas precisam continuar a usar as máscaras, ficar em lugares bem ventilados, fazer higiene das mãos, manter o distanciamento físico e evitar aglomerações e locais com pouca ventilação. Também é fundamental testar para isolar os infectados e seus contatos.   

Vacinar é preciso; vacinar é viver; viver é impreciso. 

Confira o artigo na íntegra no Jornal da Unicamp 

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