Participantes do primeiro painel da segunda semana de InnSciD + TWAS Lacrep Workshop 2021.

 

A conferência InnSciD 2021 (Escola de Diplomacia de Inovação e Ciência de São Paulo) chegou a sua segunda e última semana, que se encerrará no dia 13/8. O painel Science Diplomacy Trail, ocorrido na manhã do dia 9 (segunda-feira), marcou a abertura da última semana de debates globais em diplomacia científica.

O InnSciD 2021 é uma iniciativa da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e do Lacrep (Latin America and the Caribbean Regional Partner, braço da TWAS voltado para países da América Latina e do Caribe) em parceria com a Academia Brasileira de Ciências e a Universidade de São Paulo (USP). 

O painel reuniu cientistas de renome e representantes de instituições paulistas para falar sobre a relevância de tópicos como colaboração internacional, investimento em ciência e perspectivas para o futuro.

 

Janina Onuki destacou que esta escola é a inovação mais importante do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP), programa do qual é a coordenadora. Segundo ela, a pandemia de COVID-19 trouxe dificuldades que o mundo levará pelo menos dois anos para superar. Nesse âmbito, os pesquisadores da USP já estão avançando, demonstrando como inovação e pesquisa podem ser decisivos na resolução de problemas. “Nós temos capacidade para manejar a pandemia”, disse a professora, ao listar algumas das ações que a Universidade tem promovido para atingir tal feito, incluindo incentivos na produção científica e a promoção de diversas colaborações com institutos internacionais.

Segundo Onuki, a resposta para um problema global científico, tal como uma pandemia, é expandir o debate entre pesquisadores e formuladores de políticas e promover conversas interdisciplinares entre cientistas de várias partes do mundo. 

 

Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, membro titular da ABC e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), realizou uma apresentação para expor os êxitos da Fapesp nos últimos anos. Desde 1996, a instituição estimula a parceria entre pesquisadores paulistas e parceiros de todas as áreas do mundo. A entidade oferece grandes oportunidades de colaboração com bolsas e intercâmbios de pesquisa entre São Paulo e o exterior, por meio do Prêmio Pesquisador Visitante e Bolsas de Pesquisa no Exterior. A Fapesp também é inovadora na criação de outros programas de fomento científico, como as Escolas São Paulo de Ciência Avançada (Espca), a Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (Bepe) e a mais recente São Paulo Researchers in International Collaboration (Sprint), idealizada em 2014.

Entre os anos de 2011 e 2019, a instituição deu ênfase ao estabelecimento de novos vínculos com outras agências de fomento, instituições de pesquisa e órgãos multilaterais. Entre 2015 e 2020, 105 acordos foram assinados. O resultado das parcerias é positivo: durante esse período, mais de 2400 artigos foram submetidos a chamadas internacionais. Segundo dados apresentados pelo pesquisador, em 2021, foram um total de 626 submissões. De uma maneira geral, os acordos só trazem benefícios: a identificação de melhores práticas, foco na amplificação dos resultados e ajuda na elaboração de políticas públicas. 

Além de estimular a cooperação científica internacional, a instituição também apoia colaborações nacionais entre pesquisadores de diversos estados do país, sendo Amazonas, Rio Grande do Sul e Alagoas os principais parceiros.

 

Coordenador do TWAS-Lacrep e diretor da ABC, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Virgílio Almeida ressaltou a importância da colaboração durante as descobertas científicas e para amplificar a ciência mundial, além de resolver os problemas mundiais, como a pobreza, a desigualdade, questões de saúde e democracia. 

Ele reforçou, mais uma vez, a importância da diplomacia para a ciência, e o papel do InnSciD 2021 de estender a discussão para jovens cientistas: “este workshop pode nos ajudar desfrutar dos benefícios do progresso científico. Aproveitem as discussões”, disse o Acadêmico, incentivando os participantes a interagirem entre si durante os intervalos.

 

Pedro Ivo Ferraz da Silva, representante do Ministério das Relações Exteriores, elogiou o trabalho dos profissionais da USP, ao prover capital humano internacional e da Fapesp, que tornou possível o avanço dos programas de ciência do país.

Ferraz da Silva destacou dois objetivos centrais do InnSciD: levantar o tópico da diplomacia científica para os acadêmicos brasileiros e levar pela primeira vez para as academias o conceito de inovação diplomática. Esse conceito se difere da diplomacia científica por englobar características econômicas, comerciais e monetárias. 

A inovação científica deve ser levada em conta quando associada a preocupações com pautas contemporâneas urgentes que estão moldando o mundo, tais como tecnologia e geopolítica, distribuição internacional de poder e lideranças tecnológicas. A versão africana para propriedade intelectual e assuntos relacionados à inteligência artificial e governança global são alguns exemplos. 

“O momento pede que países de diferentes continentes contribuam para a intersecção de diferentes conhecimentos e práticas, fortalecendo laços e criando mecanismos multilaterais”, afirmou.

 

Vahan Agopyan, reitor da USP, fez um resumo sobre a história da Universidade e como ela se expandiu e influenciou o avanço científico no estado de São Paulo. Hoje, a USP conta com mais de 6 mil alunos matriculados, outros campus em diferentes cidades do estado e cinco institutos profissionalizantes. Ele destacou o compromisso sólido da Universidade em levar soluções e inovação para a sociedade: “Durante a pandemia, a importância da internacionalização ficou nítida. Precisamos cooperar para encontrar soluções para os problemas e obter as respostas rápidas que a sociedade precisa”, destacou, afirmando a urgência de países parceiros encontrarem agendas científicas comuns e novos modelos de pesquisa. Agopyan afirmou também ter notado uma mudança de postura no governo, que está “lentamente reconhecendo a importância da ciência e da colaboração”.


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