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Acadêmica é eleita presidente do Centro Internacional de Matemática Pura e Aplicada

A matemática brasileira alcançou uma importante realização neste primeiro bimestre de 2025. Professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a [Acadêmica] carioca Helena Judith Nussenzveig Lopes foi eleita a nova presidente do Centre International des Mathématiques Pures et Appliquées (CIMPA) para um mandato de quatro anos. A entidade, com sede em Nice, na França, oficializou a nova Comissão Executiva no último dia 30 de janeiro.

Na tradução literal, o Centro Internacional de Matemática Pura e Aplicada é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para o desenvolvimento da pesquisa matemática em países em desenvolvimento. Trata-se de um centro da Unesco de categoria 2, ou seja, um pólo de expertise que presta serviço à agência da Organização das Nações Unidas (ONU) e a todos os seus Estados membros.

O CIMPA trabalha em parceria com outras organizações com objetivos semelhantes, como a União Matemática Internacional (IMU), a Sociedade Europeia de Matemática (EMS) e o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP). A entidade patrocina diversas atividades, com destaque para Escolas de Pesquisa, Cursos & Bolsas CIMPA, Pesquisa em Pares e acordos específicos.

Até janeiro de 2029, Helena terá o respaldo da vice-presidente Sophie Dabo-Niang, docente na Universidade de Lille, na França, do secretário Jorge Mozo-Fernandez, pesquisador e docente na Universidade de Valladolid, na Espanha, e do tesoureiro Joachim Yameogo, docente na Université Côte d’Azur, em Nice, na chamada Comissão Executiva do CIMPA.

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Doutora em matemática pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, Helena ainda realizou estágios de docência e pesquisa na Univ. of Kentucky, na Indiana Univ., na Penn State e na UC Riverside, além de um período como professora visitante na também conceituada Brown University, também em solo estadunidense. Além disso, foi Simons Fellow no Instituto Newton em Cambridge, no Reino Unido. A carioca foi docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de 1992 a 2012 e compõe o Departamento de Matemática da UFRJ desde 2012.

Em 2022, ela foi eleita membra titular da Academia Mundial de Ciências (TWAS), também é integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC), fellow da Sociedade de Matemática das Américas (AMS) e da Sociedade de Matemática Aplicada e Industrial (SIAM). Além disso, Helena foi agraciada com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Comendador, recebeu o prêmio TWAS em Matemática de 2022, e foi conferencista convidada no Congresso Internacional de Matemáticos de 2018. 

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Leia a matéria original na íntegra no site da SBM.

Política de Trump paralisa pesquisa sobre doença de Chagas no Brasil

Leia matéria de Herton Escobar para o Jornal da USP, publicada em 12 de fevereiro:

Os efeitos da política de Donald Trump nos Estados Unidos já estão sendo sentidos na ciência brasileira. Um grande projeto de pesquisa sobre doença de Chagas no Brasil está paralisado por conta das restrições impostas pelo novo presidente norte-americano ao financiamento de programas no exterior. O projeto é liderado pela professora Ester Sabino, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, em inglês), a mais renomada agência de fomento à pesquisa biomédica no mundo.

Realizado em parceria com três universidades de Minas Gerais, o projeto é 100% brasileiro e foi um dos poucos fora do eixo Estados Unidos-Europa a serem contemplados no último edital dos Centros de Pesquisa em Medicina Tropical (TMRCs), um programa do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) — que faz parte do NIH —, voltado para o estudo de doenças tropicais negligenciadas. 

O financiamento é de aproximadamente US$ 400 mil por ano, para cinco anos de pesquisa (2022-2026). O objetivo do projeto é desenvolver novas metodologias para o diagnóstico e o tratamento de Chagas, que é uma das doenças tropicais mais negligenciadas no mundo. Estima-se que menos de 10% dos pacientes são diagnosticados e menos de 1%, recebe tratamento; e há apenas uma droga de referência para a doença, desenvolvida na década de 1960.

Sabino conta que, ao enviar a ordem de pagamento das despesas de janeiro ao NIH (no valor de US$ 23 mil), recebeu a informação de que o pagamento fora rejeitado e que era necessário aguardar orientações do Escritório de Administração e Orçamento (OMB) do governo americano, sem maiores explicações. O bloqueio parece estar vinculado a uma Ordem Executiva assinada por Trump no dia de sua posse, em 20 de janeiro, decretando uma pausa de 90 dias no pagamento de todas as formas de assistência internacional (foreign aid).

A pesquisadora brasileira, agora, não sabe como vai pagar as despesas de janeiro nem se o projeto terá continuidade após esse período. Por enquanto, está tudo paralisado. “Como é que eu vou continuar o estudo sem saber se vou ter dinheiro para pagar as contas?”, questionou Sabino, em entrevista ao Jornal da USP. A ordem de Trump diz que os programas e projetos deverão passar por uma avaliação de “eficiência programática e consistência com a política internacional dos Estados Unidos”, podendo ou não ser continuados após esse período. Considerando as metas de corte no orçamento federal que vêm sendo anunciadas pelo governo daquele país, há uma probabilidade alta de o financiamento da pesquisa ser cancelado.

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Leia a matéria na íntegra, aberta, no Jornal da USP.

Mulheres são maioria com mestrado e doutorado no Brasil, mas homens ainda dominam posições de liderança na ciência

Leia matéria de Marcelo Gaudio e Maria Fernanda Masetti para o G1 Campinas e Região, publicada em 11/2:

A importância das mulheres na carreira acadêmica brasileira é uma realidade evidenciada pelo número de pesquisadoras – que, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), desde 2003 já supera o de homens em doutorados. No mestrado, a inversão ocorreu até antes: em 1997. No entanto, as figuras femininas na ponta das pesquisas afirmam que o preconceito ainda impõe vários obstáculos que dificultam a progressão para o pós-doutorado ou mesmo para o mercado de trabalho.

No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta terça-feira (11), o g1 conversou com três pesquisadoras que conquistaram cargos de liderança em laboratórios na região de Campinas (SP) – um dos polos de tecnologia do Brasil.

Elas apontam que questionamentos sobre credibilidade e dificuldade impostas pela falta de apoio durante a maternidade são fatores críticos para o desenvolvimento de novas lideranças femininas.

Pesquisadoras ouvidas pelo g1 apontam que os índices não refletem a posições de liderança em laboratórios ou nos cargos de docência nas universidades públicas.

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“Na ciência você precisa ter diversidade. Diversidade de formações, diversidade de vivências […] precisa ter mais mulheres em situações de comando. Na hora que a gente começa a citar, conta nos dedos da mão, significa que temos um problema”, comenta Helena Nader. “Essa luta tem que ser contínua e perene. Não vai dizer que já atingimos. Não atingimos. Não atingimos”, diz a presidente da Academia Brasileira de Ciência.

E os cargos de liderança?

Acesse a matéria original no site do G1

Leia a segunda parte da matéria do G1, também com depoimento de Helena Nader:
Coordenadora em escola para cientistas vê maternidade ainda como barreira para ascensão na carreira: ‘Desafio de toda mulher’
No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, pesquisadoras abordam barreiras enfrentadas por mulheres na área e a importância da representatividade no meio científico.

Diretora da ABC no Globo Rural

A pesquisa e a oferta de insumos biológicos têm crescido e provocado mudanças significativas no manejo da produção agrícola. Para que esse avanço ocorra de maneira consistente, o Brasil precisa intensificar os investimentos em ciência e o desenvolvimento de produtos de qualidade, afirma a pesquisadora Mariângela Hungria, da Embrapa Soja, uma das principais especialistas do Brasil em microbiologia aplicada à agricultura.

Assista ao programa Globo Rural, veiculado em 10 de fevereiro, com a reportagem de 16’25”.

11 de fevereiro: Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência

Fotos: Creative Commons em Pexels (Jorge Sepúlveda / Anna Tarazevich)

Desde 2016, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é comemorado em 11 de fevereiro, data aprovada pela Assembleia Geral e celebrada pelas Nações Unidas e Unesco.  É um dia especial. Um dia para celebrar cada mulher e cada menina que dedica sua vida à ciência, enfrentando desafios com coragem e que transforma o mundo com suas descobertas e ideias. O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é um momento para reconhecer e reafirmar a importância do seu papel na construção de um futuro mais justo, sustentável e inovador.

A ciência precisa de diversidade, precisa da curiosidade, dedicação e resiliência das mulheres e das meninas. Cada uma que trilha esse caminho inspira outras a seguirem seus passos, criando um ciclo poderoso de empoderamento e transformação.

Sabemos que os desafios ainda existem, mas também sabemos que vocês são capazes de superá-los. A história da ciência é marcada por contribuições inestimáveis feitas por mulheres, muitas vezes sem o devido reconhecimento. Hoje, celebramos essas trajetórias e, acima de tudo, olhamos para o futuro com determinação: queremos um mundo onde meninas e mulheres tenham as mesmas oportunidades para explorar, inovar e liderar, sem barreiras ou limitações.

A diversidade de talentos e perspectivas é essencial para o avanço do conhecimento. Por isso, incentivamos cada menina que sonha em descobrir algo novo, cada jovem que desafia estereótipos, cada cientista que persevera apesar dos obstáculos. Vocês são inspiração e força para um futuro mais inclusivo e brilhante.

A Academia Brasileira de Ciências reafirma seu compromisso com a equidade de gênero na ciência e convida toda a sociedade a apoiar essa causa. Juntas e juntos, podemos transformar sonhos em realidade e abrir novos caminhos para as futuras gerações de cientistas.

Que este dia seja um lembrete do seu valor e da sua importância para o progresso da humanidade. Sigamos adiante, com coragem e determinação!

Com carinho e admiração,

Helena B. Nader
Em nome da Diretoria da Academia Brasileira de Ciências

 

Artigo aponta necessidade de atualizar dados sobre mitocôndria em livros didáticos

Agência FAPESP* – Em artigo publicado na revista Trends in Biochemical Sciences, a professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) [e membro titular da ABC] Alicia Kowaltowski defende a necessidade de atualizar os livros didáticos no que se refere às informações sobre a localização da cadeia de transporte de elétrons nas mitocôndrias e o papel do sódio na respiração mitocondrial.

Kowaltowski é integrante do Centro de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp.

O artigo, escrito em colaboração com Fernando Abdulkader, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, destaca algumas novas descobertas sobre mecanismos de fosforilação oxidativa, incluindo um estudo inovador publicado na revista Cell pelo espanhol José Antonio Enríquez, do Spanish National Centre for Cardiovascular Research, e sua equipe, que revelou o papel inesperado do sódio na manutenção do potencial de membrana mitocondrial.

“O conhecimento evolui e o que apresentamos para os estudantes também deve evoluir”, argumenta a professora do IQ-USP. “Até alguns anos atrás, tínhamos certeza de que as mitocôndrias produziam ATP por fosforilação oxidativa no espaço em que a membrana interna interage com a externa. Isso mudou, pois descobrimos que esse processo ocorre dentro das cristas mitocondriais. Os livros didáticos estão errados e está na hora de corrigir isso. Agora, com o trabalho do grupo do Enríquez, descobrimos que a propriedade do potencial de membrana também pode ser um pouco diferente, algo ainda não abordado nos livros didáticos.”

Conhecida como “moeda energética”, a adenosina trifosfato (ATP) é gerada nas mitocôndrias por meio de fosforilação oxidativa – um processo de transferência de energia impulsionado por gradientes elétricos e de prótons através da membrana interna mitocondrial. Esse mecanismo envolve o acoplamento da oxidação gradual de doadores de elétrons na cadeia de transporte de elétrons ao bombeamento de prótons através da membrana, gerando o gradiente eletroquímico necessário para a síntese de ATP.

Sódio e potencial de membrana

Já se sabe há tempos que o gradiente de prótons nas mitocôndrias é pequeno, devido aos mecanismos de tamponamento celular que estabilizam o pH. Por isso, o gradiente de carga tem sido considerado o componente dominante do bombeamento de prótons. Até recentemente, esse gradiente era atribuído ao potássio, o cátion mais abundante na célula.

No entanto, o estudo do grupo de Enríquez revelou que entre 30% e 50% desse gradiente pode ser atribuído ao sódio, transportado em troca de prótons dentro do complexo I da cadeia de transporte de elétrons.

O complexo I transfere elétrons, que vêm inicialmente da nossa comida, da coenzima nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH), para os outros complexos na cadeia. Uma parte desse complexo, no entanto, desempenha uma função adicional como trocador de íons de sódio por prótons.

“Esse estudo traz duas contribuições importantes: a identificação de uma segunda função fundamental do complexo I e a demonstração do papel do sódio na manutenção do potencial de membrana das mitocôndrias”, afirma Enríquez.

Segundo Kowaltowski e Abdulkader, embora a descoberta seja inesperada, devido à baixa concentração de sódio dentro das células, o artigo de Enríquez apresenta dados convincentes. Os pesquisadores utilizaram inúmeros modelos experimentais, incluindo mutantes de componentes da cadeia respiratória, além de diversas abordagens metodológicas, como o uso de diferentes ionóforos e meios depletados de sódio. Os experimentos envolveram medições bioenergéticas quantitativas cuidadosas, incluindo raras quantificações calibradas do potencial de membrana.

O estudo também revela que uma mutação pontual no complexo I associada à neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) dificulta especificamente a troca de sódio por prótons, sem afetar o transporte de elétrons ou o bombeamento de prótons pelo complexo. A neuropatia óptica hereditária de Leber é uma doença mitocondrial neurodegenerativa que afeta o nervo óptico, frequentemente causando perda de visão em jovens adultos.

Para Kowaltowski, “os pesquisadores não apenas descrevem um novo mecanismo central para o metabolismo energético, mas também o relacionam diretamente a uma doença”.

O artigo Textbook oxidative phosphorylation needs to be rewritten pode ser acessado em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0968000424002548?via%3Dihub.

 

Estudo com IA desenvolve experiência imersiva com cheiro para ambientes virtuais

Leia matéria de Rauane Rocha para Sagres On-line, publicada em 24 de janeiro:

Já imaginou a possibilidade de sentir cheiros num ambiente virtual? É o que promete um estudo com Inteligência Artificial (IA) que está em desenvolvimento na Universidade Federal de Goiás (UFG). O estudo é liderado pela professora Carolina Horta Andrade*, da Faculdade de Farmácia (FF), e ele é o projeto SOFIA, sigla em inglês para Estrutura Sensorial Olfativa de IA Imersiva.

“A ideia surgiu justamente dessa questão imersiva. O olfato é um sentido tão importante quanto visão, tato, paladar e ele até então não está incluído nesses ambientes virtuais de realidade imersiva. E então nós observamos nisso uma oportunidade para tentar desenvolver uma inteligência artificial que conseguisse vincular o aroma daquela imagem que está sendo veiculada naquele ambiente imersivo”, explicou.

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SOFIA significa “Sensorial Olfactory Framework Immersive AI”, uma inovação na transformação da nossa interação com tecnologias sensoriais. O projeto utiliza técnicas computacionais para possibilitar a imersão e possivelmente irá atender demandas de setores como terapias na saúde.

“As aplicações são inúmeras para vários setores como na saúde. Já existem terapias que usam realidade virtual imersiva, por exemplo, terapias psicológicas, para distúrbios psiquiátricos, doenças neurodegenerativas, Parkinson e Alzheimer que já estão utilizando esses óculos de realidade imersiva. Mas quando você adiciona o cheiro ali você tem um ganho enorme, inclusive relacionado às emoções envolvidas”, disse.

Leia a matéria na íntegra, aberta, no site da Sagres


*Carolina Horta Andrade foi ganhadora do prêmio para Mulheres na Ciênciia da L’Oréal-Unesco-ABC e foi membra afiliada da ABC no período de 2016 a 2020.

SBPC divulga vencedoras do 6º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”

*Matéria original publicada no Jornal da Ciência

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) anuncia nesta segunda-feira, 20 de janeiro, conforme descrito no Edital da premiação, as vencedoras da 6ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, que nesta edição premia a categoria “Meninas na Ciência”, cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro.

Nesta edição, foram recebidas 765 inscrições válidas, representando um aumento de 71,5% em relação à edição anterior, em 2022. Este salto expressivo reforça o reconhecimento e a importância do prêmio, que busca inspirar e premiar jovens cientistas em início de carreira.

Com 166 inscrições de alunas do Ensino Médio e 599 de estudantes de Graduação, a distribuição das candidaturas abrangeu todo o Brasil: Sudeste (392), Sul (152), Nordeste (115), Centro-Oeste (69) e Norte (37).

Na área de Humanidades a vencedora é Angélica Azevedo e Silva, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), pelo trabalho “Diagnóstico das dimensões da sustentabilidade urbana no município de Cavalcante-GO e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade”. Na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra a vencedora é Narayane Ribeiro Medeiros, estudante do curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica pelo trabalho “Modelagem Preditiva e Visualização Interativa de dados geoespaciais de Emissões de Gases de Efeito Estufa”. Já Beatriz Oliveira Santos, estudante do curso de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, é a vencedora da área de Biológicas e Saúde pelo trabalho “Projeto de Pesquisa: Disputas e Arranjos em Torno da Alimentação no Contexto Prisional”.

No Ensino Médio as vencedoras são Millena Xavier Martins, estudante do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), pelo trabalho “Autinosis: Inteligência Artificial na Triagem do Diagnóstico de Autismo”; Isadora Abreu Leite, estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), pelo projeto “Sementes da Maré: saberes e fazeres de marisqueiras da costa de manguezais de macromaré da Amazônia”; e Ana Elisa Brechane da Silva, estudante da Escola Estadual Prof.ª Maria das Dores Ferreira da Rocha, de Santa Rita d’Oeste (SP), pelo trabalho “ConnectBreathe: Sistema Biomédico Multiplataforma para Fisioterapia Respiratória com Gameterapia”.

A menção honrosa ficou para Lucia Ferreira da Silva, estudante do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Amapá, campus Porto Grande, pelo trabalho “Associativismo e o fortalecimento de lideranças femininas da Associação dos Artesãos de Porto Grande”.

Francilene Garcia, vice-presidente da SBPC e coordenadora da premiação, destacou o número recorde de inscrições, que resultou em uma grande diversidade de iniciativas nas três principais áreas do conhecimento. “Este número recorde refletiu uma rica variedade de propostas nas áreas de Biológicas e Saúde (276), Engenharias e Ciências da Terra (249) e Humanidades (165). Essa diversidade de projetos, muitos deles ligados a temas de pesquisa com desafios contemporâneos, exigiu do júri uma dedicação e atenção extraordinárias durante o processo de avaliação. Cada grande área foi dividida em dois grupos de trabalho, e cada inscrição foi analisada por pelo menos duas juradas. As melhores propostas de cada área foram então avaliadas pelo júri, culminando na escolha das duas finalistas de cada categoria (EM e G). O empenho e a dedicação do júri, ao final, refletem o sentimento de que há jovens em todas as regiões do País, com grande determinação e motivação para seguir o sonho de se tornarem cientistas”, comentou ela que liderou o grupo que avaliou as estudantes das áreas de Engenharias e Ciências da Terra.

“Esta sexta edição, ao reconhecer o trabalho de iniciação científica no ensino médio e na trajetória dos cursos de graduação, oferece mais inspiração e força para que as meninas sigam seus caminhos em direção à carreira científica, contando com o apoio das instituições e das políticas públicas disponíveis no País. Por isso, é com grande satisfação que a SBPC continua a incentivar e a dar visibilidade às iniciativas dessas jovens, que são as futuras Carolinas do nosso país”, ressaltou Garcia.

Fernanda Sobral, diretora da SBPC e membro da Comissão Julgadora, destacou a diversidade e a qualidade dos trabalhos apresentados. “A maioria das candidatas é extremamente competente, o que tornou a escolha das finalistas uma tarefa desafiadora. No entanto, é gratificante ver o que essas jovens têm produzido. O que mais me impressionou este ano foi a diversidade, tanto das participantes quanto dos temas abordados. Elas trabalharam questões contemporâneas como gênero, raça, meio ambiente e Inteligência Artificial”, comentou ela que atuou como coordenadora da equipe que avaliou as alunas de Humanidades.

Mirlene Simões, secretária regional da SBPC-SP Subárea III e membro da Comissão Julgadora da equipe de Humanidades, também ressaltou o nível e a pluralidade dos trabalhos apresentados. “As candidatas estão muito preparadas, e seus projetos abrangeram uma variedade de temas espalhados por todo o Brasil, refletindo questões atuais da sociedade, como mudanças climáticas, desigualdade de gênero e mercado de trabalho”, afirmou. Ela também destacou a complexidade do processo de avaliação. “Foi um trabalho árduo, pois cada candidata trouxe referências riquíssimas e projetos profundos. A diferença entre as finalistas foi muito pequena, com décimos de diferença, dada a qualidade e profundidade das propostas, que oferecem soluções inovadoras para os problemas atuais da sociedade.

Laila Salmen Espindola, diretora da SBPC e coordenadora do grupo avaliador na área de Biológicas e Saúde, também enfatizou o desafio de avaliar os trabalhos devido à sua alta qualidade. “Recebemos trabalhos de excelência, muitos deles inovadores e de grande interesse, tanto das graduandas quanto das estudantes do ensino médio. A qualidade foi impressionante, com muitos trabalhos científicos e tecnológicos de alto nível. Na área da Saúde, destacaram-se as preocupações com a inclusão de pessoas, diversidade de gênero e raça, além de questões sociais alinhadas com a pauta da SBPC, como a situação de pessoas vulneráveis e encarceradas. A discussão sobre as disparidades no tratamento de pacientes nos hospitais, dependendo da raça, também foi um ponto importante, assim como a inclusão social. Foi inspirador ver que muitas candidatas abordaram essas questões”, afirmou.

Rute Maria Gonçalves de Andrade, secretária regional da SBPC no Piauí e membro da comissão julgadora na área de Saúde, também destacou o engajamento das estudantes. “A avaliação dos projetos mostrou como as graduandas e as alunas do ensino médio estão envolvidas com temas atuais, de relevância para a sociedade e de caráter multifatorial. Isso gerou propostas que integraram diferentes áreas do conhecimento, como a combinação de ciências da saúde com ciências humanas”, comentou.

Para Andrade, outro ponto positivo foi a integração de diferentes setores e áreas nas pesquisas. “É fundamental destacar a interseccionalidade presente em alguns projetos, o que é crucial para a formação das futuras pesquisadoras”, concluiu.

Compuseram ainda a Comissão Julgadora, além das citadas Camila Macêdo Medeiros, professora Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB0 – campus Campina Grande; Carolina Prando, representante do Complexo Pequeno Príncipe; Celina Miraglia Herreira de Figueiredo, representante da Academia Brasileira de Ciências; Cristina Caldas, representante do Instituto Serrapilheira; e Nilviane Pires Silva; da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), na área de  Engenharias e Ciências da Terra. Na área de Humanidades foram Marilene Corrêa da Silva Freitas, diretora da SBPC; Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira, da Embrapa Amapá; Maria Elisa Máximo, secretária regional da SBPC em Santa Catarina; e Ana Paula Morales, representante da Fundação Conrado Wessel. Na área de Biológicas e Saúde, completaram o grupo Josineide da Costa Paixão, professora titular da Secretaria Estadual de Educação do Pará-SEDUC/PA; Lucymara Fassarela, secretária regional da SBPC no Rio Grande do Norte; Patrícia Barbosa Pelegrini, do Ministério da Saúde, e Heidi Luise Schulte, da Universidade de Brasília.

Premiação

Nesta 6ª edição de Prêmio, as estudantes premiadas do Ensino Médio receberão R$ 7 mil cada, enquanto as vencedoras de Graduação serão agraciadas com R$ 10 mil cada uma, graças ao apoio de instituições renomadas como a Fundação Conrado Wessel, o Instituto Serrapilheira, a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e o Complexo Pequeno Príncipe. Quanto a menção honrosa irá receber um certificado e um troféu.

Além da premiação em dinheiro, as seis vencedoras terão acesso a uma série de oportunidades para impulsionar suas carreiras científicas. Elas apresentarão seus projetos na 77ª Reunião Anual da SBPC, que ocorrerá em julho de 2025, em Recife (PE), e participarão de uma mentoria exclusiva com pesquisadores de destaque, ampliando suas perspectivas acadêmicas e profissionais. As premiadas também farão uma visita ao CNPEM, em Campinas, onde está localizado o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a única fonte de luz síncrotron da América Latina.

A cerimônia de premiação acontecerá no dia 11 de fevereiro, no Salão Nobre do Centro MariAntonia da USP (Rua Maria Antonia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP), durante a comemoração do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco, com transmissão ao vivo pelo Canal da SBPC no YouTube.

Homenagem às cientistas brasileiras

Criado em 2019, o Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” é uma homenagem da SBPC às cientistas brasileiras destacadas e às futuras cientistas brasileiras de notório talento, que leva o nome de sua primeira presidente mulher, Carolina Martuscelli Bori. A SBPC – que já teve três mulheres presidentes e hoje a maioria da diretoria é feminina – criou essa premiação por acreditar que homenagear as cientistas brasileiras e incentivar as meninas a se interessarem por este universo é uma ação marcante de sua trajetória histórica, na qual tantas mulheres foram protagonistas do trabalho e de anos de lutas e sucesso da maior sociedade científica do País e da América do Sul.


Confira abaixo a lista das premiadas da 6ª Edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” – Meninas na Ciência:

Categoria ENSINO MÉDIO:

Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Millena Xavier Martins (MG)

Humanidades – Isadora Abreu Leite (MA)

Biológicas e Saúde – Ana Elisa Brechane da Silva (SP)

Categoria GRADUAÇÃO:

Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Narayane Ribeiro Medeiros (SP)

Humanidades – Angélica Azevedo e Silva (DF)

Biológicas e Saúde – Beatriz Oliveira Santos (SP)

MENÇÃO HONROSA: Lucia Ferreira da Silva (AP)

Veja abaixo as finalistas por categoria:

Categoria ENSINO MÉDIO:

Engenharias, Exatas e Ciências da Terra

Isabelli Cristina da Silveira Maia (PR)

Jeniffer Bien Aime (AM)

Humanidades

Mariana Sanchonete Machado (RS)

Jessica Lopes Liborio de Lima (BA)

Biológicas e Saúde

Camila Feitosa Cláudio (PI)

Ada Jamile Gomes de Oliveira (AM)

Categoria GRADUAÇÃO:

Engenharias, Exatas e Ciências da Terra

Camila Victória da Silva Brazil (PE)

Raqueline Shirlen da Silva Bezerra (AP)

Humanidades

Beatriz Segur (USP)

Biológicas e Saúde

Janaina Alvez da Hora (SP)

Victória Araújo Prado (BA)

Sarah de Oliveira Rodrigues (MG)


Por Vivian Costa – Jornal da Ciência

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