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Acadêmicos recebem título da Universidade de Córdoba

Os Acadêmicos Susana I. Córdoba Torresi e Roberto M. Torresi, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, foram agraciados com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional de Córdoba, fundada em 1613, na cidade de Córdoba, na Argentina.

Esse reconhecimento celebra suas contribuições acadêmicas e profissionais e destaca o vínculo duradouro com sua alma mater.

“Receber tal distinção de uma universidade tão antiga e prestigiada enriquece ainda mais nossos percursos. Este reconhecimento não é apenas pessoal, mas também um testemunho do valor das colaborações internacionais e da comunidade acadêmica global”, disse Susana.

Os Acadêmicos agradeceram profundamente às instituições brasileiras que lhes ofereceram oportunidades para contribuir com a ciência e a educação.

 

Ouçam a ciência no G20

Leia artigo de opinião da presidente da ABC, Helena Nader, publicado em O Globo em 22/7:

Tem ciência no G20. Com independência e responsabilidade, representantes das academias de ciências dos países do bloco trabalharam para chegar a consensos, respeitando as diversidades de um grupo heterogêneo. O comunicado final — norteado pelos temas inteligência artificial, bioeconomia, transição energética, desafios da saúde e justiça social — reforça o compromisso de transformar o mundo pela ciência.

Nos últimos anos, por causa da pandemia, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Agora, outros alertas têm sido feitos sobre o risco de novas emergências — não apenas na saúde, mas também ambientais, econômicas e sociais.

O comunicado final do Science20 (S20), dirigido a chefes de Estado e governo, sublinha esses alertas. Com a revolução em curso gerada pela inteligência artificial, cientistas do G20 deixaram claro em suas recomendações a necessidade urgente de regulamentar o tema e adotar medidas de proteção a trabalhadores e valores humanos, sem frear a inovação.
 
(…)

Em meio às mudanças climáticas, é simbólico que cientistas das maiores economias do mundo, inclusive algumas que têm no petróleo sua força econômica, reconheçam em seus alertas que é preciso aumentar o uso de fontes de energia com baixas emissões de carbono. É expressivo também que abordem novas alternativas energéticas.

A diplomacia exige consensos; a ciência, rigor. Ao unir as duas vertentes, o S20 avança definindo critérios para a bioeconomia e promovendo a participação das comunidades indígenas e tradicionais na tomada de decisões. Propõe ainda cooperação internacional e multilateral, chance única de alavancar a bioeconomia e atingir um desenvolvimento sustentável.

(…)

Infelizmente, não existe fórmula mágica. Mas há um consenso: é preciso um olhar atento para a ciência — e desta, para a sociedade.

É o reconhecimento de que, sem ciência, não há justiça social. Ao reunir a comunidade científica, o S20 converte essa visão em propostas que podem fazer diferença não só para o G20, mas para todo o mundo. Cabe ao Brasil, agora, incorporá-las a seu rol de recomendações finais.

Nos últimos anos, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Que os líderes do G20 reforcem essa máxima.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo.

 

 

ABC na SBPC | A importância da comunicação pública da ciência

A Acadêmica Thaiane Oliveira (UFF) apresentou um pouco do conteúdo do livro da ABC Desafios e Estratégias na Luta Contra a Desinformação em mesa-redonda na 76ª Reunião Anual da SBPC, em 11/07. Compunham a mesa com ela as professoras e pesquisadoras Ana Regina Barros Rêgo Leal (UFPI) e Luisa Massarani (Fiocruz/Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia INCT-CPCT).

Thaiane Oliveira, Maria Ataíde Malcher, Ana Rêgo e Luisa Massarani

Thaiane Moreira de Oliveira é jornalista, doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e coordenadora do Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tenologia e Educação (Cite-Lab). É membro do INCT de Administração de Conflitos (Ineac), da Cátedra Unesco de Políticas Linguísticas para o Multilinguismo. É superintendente de Comunicação da UFF. É membra afiliada da Academia Brasileira de CIências, eleita para o período 2022-2026.

A pesquisadora explicou que DESINFORMAÇÃO é conceituada como informação deliberadamente feita para o engano. “As pessoas compartilham desinformação não por achar que é informação verdadeira, mas porque vai ao encontro das suas crenças”.

A cientista explicou que a desinformação é uma forma de deslegitimar o conhecimento do outro. “Há uma disputa sobre a informação científica. O mal-intencionado ‘torce’ a informação, se apropria dos signos e retóricas científicas para validar uma desinformação.”

Comunicação e ciência

A comunicação mudou. Atualmente, ela se dá prioritariamente pelas redes sociais, sendo que 30% dos brasileiros vivem num deserto informacional, segundo a palestrante. “O papel dos algoritmos na forma como nos comunicamos hoje mudou tudo. Precisamos compreender nosso ambiente digital para agir sobre ele”, observou Oliveira.

Dado que a ciência só sobrevive e se desenvolve a partir de controvérsias, o debate científico verdadeiro e profundo é saudável e faz a ciência evoluir. Oliveira ressaltou que a pseudociência, a anticiência, o negacionismo e a fake science se aproveitam das contradições inerentes ao processo científico e as tratam como inconsistência, ou seja, mais uma vez, subvertem as informações científicas como forma de validação dos seus argumentos deletérios, geralmente envolvendo disputas políticas.

Como enfrentar a desinformação?

A Acadêmica alertou para as graves consequências da desinformação. “Está ocorrendo uma perda de conhecimento sobre a realidade. A gente só sabe a verdade quando tem os dados. Então, estamos perdendo a soberania de conhecimento, enquanto essas plataformas digitais estão ganhando poder.

Ela ressaltou a importância da formação de profissionais capacitados para enfrentar a desinformação nas suas práticas laborais cotidianas, além de formar núcleos de educação e divulgação científica desde o ensino básico. “Temos hoje pessoas que trabalham com a comunicação dentro de um modelo que funcionava na década de 90. Talvez esses profissionais ainda não reconheçam as lógicas, as estratégias e as linguagens próprias do ambiente digital – ou seja, precisam de atualização. Isso é um ponto importante. Precisamos reconhecer a importância da comunicação pública da ciência, criando núcleos nas universidades e escolas, criando agências, fortalecendo a comunicação.”

Preparar profissionais

A palestrante relatou que desde 2019 as universidades públicas não podem abrir concurso para comunicação, Há um decreto que impede a abertura de concursos, não oferecem vagas para profissionais da comunicação de todas as áreas: vídeo, rádio, TV, design, jornalistas etc.. “E aí, volta e meia perguntam por que a comunicação falha. Ela não falha, ela está ‘sendo falhada’ propositalmente porque reconhece, identifica a estratégia. Enquanto isso, do outro lado, temos políticos vigentes que investem fortemente na comunicação”.

Então, a Acadêmica alerta que é preciso recuperar a possibilidade de contratação para o fortalecimento da comunicação pública das instituições científicas.  É preciso, também, reconhecer que há uma deficiência de conhecimentos sobre a desinformação científica, há muitas lacunas ainda para serem resolvidas e isso requer mais investimento nessa área da informação.

Oliveira propõe que se invista num plano de ação midiática com checagem de evidências – porque cientistas não produzem fatos, produzem evidências. “Precisamos criar uma rede de conexão com a sociedade civil, aumentando a nossa participação nos espaços deliberativos do Congresso e do Senado. Investir em ciência e tecnologia é uma condição de soberania nacional, assim como ocupar esses espaços e investir em comunicação pública também é uma questão de soberania nacional informacional”.

ABC na SBPC | Yvonne Mascarenhas: Prêmio Carolina Bori 2024 nas Engenharias

A 76a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência recebeu, em 11 de julho, a Acadêmica Yvonne Mascarenhas, ganhadora do prêmio Carolina Bori Ciência e Mulher 2024. Aos 92 anos, com sua elegância e delicadeza características,  a física e química foi a Belém apresentar sua palestra em agradecimento ao recebimento do prêmio oferecido pela SBPC.

Inovadora e pioneira em sua carreira, a Acadêmica Yvonne Mascarenhas foi apelidada na comunidade científica de Rainha da Cristalografia, área da ciência aplicada a proteínas, novos fármacos e doenças negligenciadas, sua área de atuação. Fundou, em 1971, a Sociedade Brasileira de Cristalografia, sediada em São Carlos desde então, que mais tarde passou a se chamar Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr). Yvonne presidiu a entidade em diversas ocasiões, mesmo depois de aposentada. Saiba mais sobre a brilhante carreira da premiada.

Em vez de falar sobre si e sua carreira, Yvonne apresentou dados para embasar sua avaliação sobre a busca e as perspectivas do desenvolvimento científico, tecnológico e social do Brasil. Dando sua visão sobre o tema, Yvonne destacou que o Brasil precisa investir na indústria, especialmente passando a produzir aquilo que mais importa de outros países. Ela avalia que a indústria precisa atuar em estreita colaboração com a ciência, absorvendo novas tecnologia. “Temos capacidade instalada para  desenvolver bioinsumos para o agronegócio, de modo a preservar a qualidade do solo, da água e a biodiversidade. Precisamos fazer inseticidas menos tóxicos, p produzir insumos farmacêuticos… e desenvolver legislação adequada e fazer um controle rigoroso.

“Sabemos que o país é agro. Temos os melhores resultados nessa área. Temos sucesso com as bactérias fixadoras de nitrogênio em plantações, sistema descoberto e desenvolvido inicialmente pela pesquisadora brasileira Johanna Dobereiner”. Ela foi vice-presidente da ABC em 1995. Segundo Yvonne, o produto atende completamente à produção de soja, destaque nas exportações brasileiras. “As pesquisas de Johanna tiveram continuidade na Embrapa, com a busca de microrganismos que façam o mesmo papel em outras plantações, como arroz e trigo.”

Referindo-se ao manejo integrado de pragas, prática que evita o uso de pesticidas, Yvonne diz que o país também está obtendo bons resultados nessa área, resultados estes que mostram claramente o valor das unidades de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, dos laboratórios científicos e das agências de fomento. “Estamos tendo algum sucesso, ainda, no incentivo ao empreendedorismo em ciência e tecnologia através de programas de pesquisa junto às empresas, para melhorar seus produtos e processos de gestão”, apontou.

Ela acha fundamental que a população tenha confiança na capacidade nacional de pesquisa, nos institutos de pesquisa, nas universidades, e  que os governos passem a investir cada vez mais na formação em recursos humanos. “Temos instituições de ponta, com produção científica considerável, com um desenvolvimento ágil… e por que não conseguimos deslanchar? Por que continuamos usuários do desenvolvimento científico dos outros países e não protagonistas?”

Para Yvonne, o “brain drain” está aí comprovando a qualidade da formação de nossos pesquisadores.  “A falta de oportunidades aqui está fazendo com que muitos dos nossos melhores cientistas estejam sendo atraídos para instituições com infraestrutura e recursos de países mais avançados. “É preciso ter segurança aos empreendimentos. Os investimentos têm que ser de médio e longo prazo.”

Educação, educação e educação

Porém, a luta contra o pior inimigo do país é longa e ainda é a mesma: a pobreza. Porque, na visão de Yvonne Mascarenhas, a base de toda a inovação e desenvolvimento científico é composta de pessoas devidamente qualificadas. “Tudo é questão de educação. Mas a pobreza dificulta muito, quando não impede, que as pessoas estudem”.

Desde 2010, Yvonne se dedica a divulgação científica no ensino básico, procurando contribuir nessa área tão carente. “É nessa fase que precisa ser estimulado o interesse pelo conhecimento”, afirmou. A situação dos estudantes brasileiros nesse segmento, no entanto, não é nada boa. Os indicadores de analfabetismo funcional no Brasil mostram que o segmento da população considerado de fato proficiente é bastante restrito. “E o mercado exige cada vez mais capacidade técnica”, alertou.

Para o desenvolvimento do país é fundamental, ao seu ver, o aperfeiçoamento do ensino básico público, sem descontinuidade, com um plano de desenvolvimento com políticas públicas de Estado. “A educação precisa atingir a população mais pobre do país. As políticas para esse segmento têm que ser amplas e urgentes e devem considerar a diversidade regional”, ressaltou.

Mas onde estão os professores para esse ensino básico? É preciso qualificar a população, mas a formação inicial para uma ciência inclusiva está nas mãos de pessoas com menos formação acadêmica. Para Yvonne, é necessário valorizar o professor com salário e reconhecimento social. “Muita gente fala mal do professor público, eu não. Em qualquer área existem profissionais bons e ruins. Encontrei muitos professores bons, dedicados. E alunos também. Vi diretoras de escolas lutando pessoalmente contra a evasão, indo nas casas dos estudantes para trazê-los de volta para a escola”, pontuou.

Ela contou que o que melhorou os resultados dos estudantes em São Paulo, desde 2007, foi o programa “Vem pra USP”, uma parceria da Universidade de São Paulo com a Secretaria de Educação do Estado. O programa envolve ações para incentivar o acesso de estudantes dos 1º, 2º e 3º anos do ensino médio da rede pública de ensino aos cursos de graduação da  universidade, além de aproximar os professores do ensino médio da USP e contribuir na formação dos jovens como cidadãos. “Eles participam da Competição USP de Conhecimentos. Através de uma plataforma, os estudantes podem se inscrever e os três melhores de cada escola ganham como prêmio a isenção da taxa de inscrição do Enem”, explicou Yvonne. Saiba mais sobre o programa

Enfim, Yvonne reforçou sua premissa inicial: a maioria dos estudantes e professores tem um problema em comum: a pobreza. “Essa é a raiz de todo mal. As políticas de assistência têm que ter mais efetividade. Conforme dizia Paulo Freire, a educação não resolve todos os problemas, mas sem ela não se resolve nenhum”.


Assista ao vídeo produzido pela SBPC sobre a Acadêmica Yvonne Mascarenhas por ocasião da premiação!

Sociedade civil e sherpas juntos à mesa: reunião inédita marca história do G20

Pela primeira vez na história do fórum das maiores economias do mundo, representantes dos 13 grupos de engajamento do G20 Social sentaram-se à mesa de reunião junto aos delegados e delegadas e puderam entregar suas recomendações. O G20 Social é uma iniciativa da presidência brasileira, e desde o início do ano já realizou diversas agendas inovadoras.

O momento histórico alinha-se ao objetivo da presidência brasileira de aproximar o G20 da vida das pessoas, por meio da participação social. Foto: Audiovisual/G20

Pioneirismo na invenção do rádio, pelo padre brasileiro Roberto Landell de Moura; único país do mundo pentacampeão da Copa do Mundo de Futebol, com títulos conquistados em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002; e também única nação  com mais de 100 milhões de habitantes que assegura acesso universal e gratuito a serviços de saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Hoje (04), no Rio de Janeiro, o Brasil marca em sua história, e na história das maiores economias do mundo, mais um feito inédito: pela primeira vez desde a criação do G20, representantes da sociedade civil sentaram-se à mesa de reunião junto aos sherpas de todos países e organismos internacionais participantes do fórum a fim de apresentar suas demandas e sugestões.

Uma maior participação social nos processos de debates e negociações do G20, que há anos deixou de ser um fórum dedicado apenas a temas econômicos e se tornou também um espaço de busca por soluções a dilemas mundiais nos mais diferentes campos, é uma reivindicação popular antiga ao fórum e que neste ano o Brasil, com o presidente Lula à frente do grupo, acatou, com a criação do G20 Social. 

A agremiação, desde o início do ano, já participou de outras atividades inéditas e inovadoras, com eventos junto à Trilha de Finanças e uma reunião oficial na Presidência da República, com o ministro Macedo. Porém, a reunião desta quinta-feira tem um caráter especial, por serem os sherpas os negociadores da trilha política. 

Gustavo Westmann, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais da Secretaria Geral da Presidência da República e coordenador do G20 Social tratou da importância da iniciativa, que acredita ser fundamental para uma tomada de decisões mais assertiva por parte das e dos delegados. “É um pouco a ideia que o presidente Lula sempre defende, de que não se faz política pública eficaz sem participação social. Então, por que não levar tudo isso para uma esfera internacional, com o Brasil na liderança desses movimentos”, colocou Westmann.

“A ideia do governo brasileiro ao criar o conceito do G20 Social foi exatamente de ampliar a base de participação, trazer novos atores pro debate, mas também assegurar que essas vozes estejam sendo escutadas, porque a gente acredita que só assim a gente vai conseguir entender o que está acontecendo no mundo de verdade. Sair do insulamento burocrático e conseguir chegar na ponta, discutir com quem vai ser beneficiário ou quem vai ser afetado por todas as decisões”, complementou o diplomata.

Com a Pedra da Gávea e o Morro Dois Irmãos acompanhando a reunião e as ondas da praia de São Conrado quebrando à vista dos delegados é que as e os representantes dos grupos de engajamento do G20 Social apresentaram seus documentos. Respeitando a própria diversidade dos grupos, 13 ao total, as declarações permearam distintos tópicos, mas com um ponto de encontro geral: o reclamo de um olhar social crítico aos conteúdos do G20, com atenção às pluralidades humanas, ambientais e sociais.

“Quem mais sofre com o déficit de governança no mundo é a população. De forma geral, quando se está em guerra falta ênfase em desenvolvimento, na luta pela redução da desigualdade, da pobreza, da fome. Portanto, essas contribuições da sociedade civil são cruciais para que os governos tenham uma maior capacidade justamente de chegar a acordos que melhorem a vida das pessoas”, afirmou o embaixador Mauricio Lyrio, sherpa do G20 Brasil.

“Esse é um momento especial porque também nos obriga e nos conduz a sermos mais sintéticos, ou seja, identificar quais são os principais problemas e quais são as principais mensagens que nós queremos levar a esses líderes. Temos um papel fundamental que é de provocar esses governos a fazerem mais”, apontou Alessandra Nilo, coordenadora do Civil 20. 

Após as intervenções dos representantes dos 13 grupos de engajamento, delegados e delegadas comentaram as propostas, aprofundando os debates nos temas propostos. Até novembro, quando ocorre tanto a Cúpula Social quanto a Cúpula de Líderes, outros espaços entre G20 Social e trilhas de Sherpas e de Finanças irão acontecer, afinando a conexão entre autoridades e sociedade civil.

[A presidente da ABC, Helena Nader, foi representada pela Acadêmica Patricia Bozza, líder da força tarefa Desafios da Saúde do S20. Ela apresentou um resumo das recomendações de cada força-tarefa. “Sob o tema “Ciência para a Transformação Global”, as Academias de Ciências do S20 concentraram-se em cinco áreas críticas interconectadas, alinhadas com a Agenda 2030 da ONU: Inteligência Artificial, Bioeconomia, Transição Energética, Desafios de Saúde e Justiça Social”, relatou. Leia aqui seu discurso na íntegra.]


Veja a repercussão:

MRE, gov.br | 5/7
3ª Reunião de Sherpas do G20 – Rio de Janeiro, 3 a 5 de julho de 2024
Iniciativa de realizar, de forma pioneira, reunião entre os sherpas do G20 e representantes dos grupos de engajamento se coaduna com o objetivo da presidência brasileira de promover maior aproximação entre a sociedade civil e o grupo.


Saiba mais sobre o S20 no site próprio, em PT e EN. 

Presidente da ABC: “Pais que não vacinam filhos ferem o Estatuto da Criança”

Leia o blog de Miriam Leitão em O Globo, de 27/6, sobre a entrevista com a presidente da ABC, Helena Nader. Ela fala sobre bioeconomia, inteligência artificial e PL do aborto. Confira!

Em entrevista que me concedeu na Globonews, a primeira mulher presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, diz que deveria haver um PL contra os pais que deixam de vacinar crianças porque eles estão ferindo o direito à vida do Estado da Criança e do Adolescente.

Nader está coordenando a elaboração o documento a ser apresentado pelos cientistas de todos os países aos chefes de Estado do G20. E na entrevista adiantou os temas que estarão no documento, como bioeconomia e inteligência artificial.

Recentemente ela se posicionou, representando toda a Academia, contra o PL do aborto: “O Brasil é signatário e não permite tortura. E colocar uma mulher nessa condição é colocá-la sob tortura. O Brasil tem que ter coerência”. Apesar de tantos absurdos, ela expressa sua motivação em combater o negacionismo científico e convoca que mais meninas entrem na ciência.

Miriam: Você está coordenando a negociação do documento a ser apresentado pelos cientistas do mundo aos chefes de Estado do G20 no começo de julho, que vão se reunir no Brasil. Que temas serão tratados?

Helena: Estamos preparando um documento onde nós vamos reiterar a Agenda 2030. Infelizmente, o mundo assinou o documento (193 países), e estamos longe de atingir os objetivos, os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável.

Dentro desse aspecto grande de 17 objetivos, nós selecionamos ‘A ciência para a transformação mundial’. Os temas que nós estamos abordando são inteligência artificial, transição energética, bioeconomia, saúde com foco em especial em equidade, e a justiça social. Na verdade, justiça social percola a todos

Míriam: E quando é que divulga?

Helena: Vamos ter a reunião nos dias 1 e 2 de julho e a aprovação é até o dia 19 de julho para entregar as lideranças.

Míriam: Existem recomendações concretas do que fazer?

Helena: Sim, tem o diagnóstico, que é um documento mais amplo e depois o comunicado, bastante objetivo. Mandamos uma proposta para todas as academias, porque são do Brasil e mais 19 países, mais a União Europeia e a comunidade africana.

Míriam: Um dos temas que eu vi é a bioeconomia. Bioeconomia é algo que as pessoas estão falando muito, mas que não se sabe exatamente o que significa. Vocês, como cientistas, querem levar a bioeconomia para o mundo real.

Helena: Nós fizemos uma proposta, inclusive, de definição, porque a bioeconomia tem várias definições e esse documento já circulou entre os 20 integrantes do S20.

Conseguimos fazer uma definição do que é a bioeconomia e por que bioeconomia. Porque virou uma palavra, todo mundo está usando, mas o que você pretende? E o que nós colocamos como um fator primordial é a “bioeconomia para quem?”

A bioeconomia está casada com sustentabilidade, está casada com o desenvolvimento social. Todo mundo fala bioeconomia da Amazônia. Você tem que respeitar o povo que está ali, as comunidades. A comunidade tem que ser trazida para dentro dessa bioeconomia.

Míriam: Bioeconomia que favoreça quem mora lá, a comunidade, as comunidades que hoje tem preservado, cada um do seu jeito, da sua forma, sem nenhum apoio. A sensação que eu tenho é isso, precisam de reforços.

Helena: Precisam. A Amazônia são nove países, não podemos esquecer disso. A gente põe passaporte ou mostra carteira de identidade, mas a flora não tem isso, nem a fauna. Quando você olha o número de patentes, de produtos, de compostos que são tirados da Amazônia, é da França. Porque a Guiana francesa, não podemos esquecer.

É um complicador. E quando a gente fala em desenvolvimento, não se pode esquecer a comunidade. Como é que aquela comunidade do ribeirinho, dos povos originários, não tem direito a ter aquilo que você está lucrando? É esse que é o problema na bioeconomia, por quê e para quê e inclusão.

Míriam: E como fazer para tornar realidade isso que sempre teve no nosso imaginário? Todos os compostos bioquímicos que a gente sabe estão lá. Que tipo de medidas concretas a ciência pode sugerir para que isso se transforme em realidade?

Helena: Pensando nos 20, há países que vão estar muito à frente por acreditarem que a ciência é relevante. As pessoas dizem: “por que o Brasil não é uma Coreia, não é uma China?” Olha o que uma Coreia e uma China investem em educação e ciência, olha o que o Brasil investe. Então são realidades.

E o Brasil, se quer ser um jogador profissional nessa área, vai ter que investir muito mais. Nós estamos propondo que tem que ter parcerias e tem que ter parcerias onde tem o equilíbrio entre as diferentes nações. Porque o G20, teoricamente, são as 20 maiores economias do mundo, mas é muito diverso.

Dentro do G20, você tem os Estados Unidos, Canadá, União Europeia. Tem a Índia, que é a quarta economia, ou quinta, varia. E tem países ainda em desenvolvimento, como Brasil, África do Sul, Indonésia.

Não é unânime. Não tem um padrão único. Outro assunto que nós estamos trazendo para a discussão e, que vocês da mídia têm trazido de forma muito relevante nos últimos tempos, é a faixa etária.

Se você olhar no G20, você tem países onde, tipo a Índia, onde a maioria são jovens. Se você olha a América Latina, Brasil, somos velhos. Não é igual ao Japão, que também está velho. A demografia é muito diferente, as necessidades são outras.

Míriam: A inteligência artificial tem sido vista pela sociedade, ora como uma ameaça, ora como um tempo das possibilidades, um tempo de entrar em um novo patamar de desenvolvimento. A gente deve ter que achar um novo patamar, ou achar que é uma ameaça, ou ficar no meio. Proteger-se das ameaças e aproveitar as oportunidades.

Helena: Essa é a nossa proposta. Tem que ter o alerta. Temos que saber os perigos. E também temos que saber aonde nós vamos investir? Vamos competir com o chat GPT? Com a Google? Ou vamos nos juntar? Onde o Brasil pode realmente fazer a diferença?

(…)

Míriam: Como cientista, como se sente nesse tempo do negacionismo? Você se dedicou a isso. Em 1974, descobre um princípio que é entra no tratamento contra a trombose. O que você sente diante da negativa da ciência?

Helena: Me sinto mais motivada a lutar. Triste, inicialmente, eu fiquei muito deprimida. Como é que a gente, em pleno século XXI, diz que a terra é plana? Como usa a internet e diz que a terra é plana. Quer dizer, não entendeu o que, como funciona, as ondas, etc.

Me sinto motivada a me dedicar mais ainda para a educação e mostrar que estão errados. Hoje, quando você vê pais que não vacinam seus filhos. Diria que deveria ter um PL para esse pai e essa mãe, no sentido que ele não está cumprido o Estatuto da Criança e do Adolescente, porque ele tem que preservar a vida. E ele está indo contra a vida.

Eu vi a pólio acontecer. Eu vi a varíola desaparecer. E isso não foi porque Deus quis. Foi porque a ciência trouxe a vacina e erradicou. Voltar o sarampo, eu não me conformo. Eu conclamo os nossos congressistas a olharem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Porque a criança não sabe a que está sendo sujeita, mas o pai e a mãe sabem. Eu me sinto mais motivada a lutar por valores que eu acredito.


Leia aqui o texto de Míriam Leitão na íntegra!


Assista a entrevista na íntegra, para assinantes da Globoplay

Presidente da ABC participará de painel em evento na ANM

A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena B. Nader, participará de painel sobre Mulheres na Ciência, às 15h30, no evento “Jovens Cientistas e o Futuro da Ciência – Reflexões para o G20″, que será realizado no dia 3 de julho, 4a feira, na sede da Academia Nacional de Medicina (ANM).

O painel será coordenado pela presidente da ANM e  membro titular da ABC, Eliete Bouskela, e terá como debatedoras a Acadêmica Patricia Rocco, da ANM e da ABC, e a presidente do Instituto D’Or de Pesquisa e de Ensino (IDOR), Acadêmica Fernanda Tovar Moll, da ANM. 

As apresentadoras serão:

  • Helena Nader, presidente da ABC)
    “Importance of Academies and International Cooperation”

  • Eloisa Bonfá (ANM)
    “Challenges for Medical Education in the 21st Century”

  • Gulnar Azevedo e Silva, reitora da UERJ)
    “Public University as a Means of Social Inclusion”

  • Margareth Dalcolmo (ANM)
    “Importance of Communication with Society: The COVID-19 Experience”

Veja a programação completa do evento aqui

Vencedoras do Prêmio Marta Vannucci são anunciadas

O Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano divulgou suas vencedoras no dia 8 de junho. O prêmio busca destacar e reconhecer o trabalho de mulheres que atuam na produção de conhecimento sobre o mar no Brasil e para o fortalecimento da participação de mulheres na ciência, inspirado na trajetória e pioneirismo da bióloga Marta Vannucci (1921 – 2021), membra da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pioneira nos estudos oceanográficos brasileiros. A ABC é parceira da premiação e sua presidente, Helena Nader, integra o júri.

A vencedora da categoria Jovem Cientista é Marina Nasri Sissini: bióloga, mestra em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, doutora em Ecologia, pós-doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atualmente responsável técnica do projeto Arquipélagos Oceânicos, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A vencedora da categoria Cientista Inspiração Sênior é Zelinda Nery Leão (UFBA): naturalista, mestra em Geociências e doutora em Geologia Marinha. Seus estudos serviram de base para a criação de diversas unidades de conservação em áreas recifais no Brasil.

Idealizado pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, ligada ao Instituto Oceanográfico e Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, pela Liga das Mulheres pelo Oceano e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) o prêmio incentiva a equidade de gênero no avanço de uma ciência justa, equilibrada, criativa e produtiva.

A entrega será durante a São Paulo Ocean Week deste ano, que ocorre entre os dias 18 a 22 de setembro.

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