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Brasileiro entra na lista dos 50 mais influentes do mundo em 2025 pelo The Washington Post

Leia matéria de Bernardo Yoneshigue para O Globo, publicada em 14 de fevereiro:

O renomado pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, de 76 anos, foi escolhido como uma das 50 pessoas mais influentes de 2025 e que estão “moldando nossa sociedade” pelo jornal americano The Washington Post. O epidemiologista, que cunhou o conceito de alimentos ultraprocessados, é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), onde fundou o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens).

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Ao The Washington Post, o brasileiro afirmou ser preciso “uma reorientação em nossas políticas de alimentação e nutrição” e defendeu medidas como a restrição de propagandas dos ultraprocessados, rótulos de advertência nas embalagens e cobrança de impostos para que a receita gerada subsidie alimentos mais saudáveis.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo

COP30 não pode ser COP do petróleo, diz Carlos Nobre

*Texto original na Folha de S. Paulo

A discussão sobre autorização de pesquisa de exploração de petróleo na Bacia Foz do Amazonas é totalmente contraditória com a COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que o país sediará em novembro, afirma o climatologista Carlos Nobre.

Nesta quarta-feira (12), o presidente Lula (PT) criticou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pela demora na análise do pedido da Petrobras para estudar a viabilidade técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Nobre lembra que o próprio Lula, na cúpula de chefes de Estado do G20, propôs aos países desenvolvidos antecipar as metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 e que isso exige que não haja nenhuma nova exploração de petróleo em nenhum lugar do mundo.

“O presidente Lula foi muito correto. Até para zerar as emissões de 2050 não faria sentido novas explorações de petróleo, carvão e gás natural”, afirma. Além disso, argumenta, a discussão sobre autorizar pesquisas para estudar viabilidade de técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas entra em conflito com a COP30 que Belém sediará em novembro.

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Leia reportagem completa na Folha.

O cancelamento de Maria Rita Kehl e as armadilhas do identitarismo

Leia artigo do Acadêmico Rodrigo Toniol, professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para a Folha de S. Paulo, publicado em 12 de fevereiro:

Na semana passada, a psicanalista Maria Rita Kehl foi alvo de um linchamento virtual, após críticas ao que chamou de “movimento identitário”. A reação à fala dela incluiu um argumento que lembra os piores crimes da humanidade: a ideia de que ela deveria se calar por conta de uma “herança moral” transmitida geneticamente.

Os acusadores se referiam ao fato de o avô de Kehl ter sido um eugenista no início do século 20, sugerindo, portanto, que ela teria herdado, pelos genes, a “paleta moral” dele.

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A crítica feita pela psicanalista que motivou o ataque virtual foi que o movimento identitarista é um “nicho narcísico”. Segundo ela, na dinâmica deste movimento, apenas quem pertence ao grupo pode falar sobre ele. Eles têm o “lugar de fala”. Para todos os outros, resta apenas o “lugar de cale-se”, conforme Kehl propôs.

Maria Rita Kehl é uma das maiores psicanalistas do Brasil e atuou junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra por décadas. Convidada por Dilma Rousseff, compôs a Comissão Nacional da Verdade, que apurou os crimes contra os direitos humanos durante a ditadura. Na semana passada, porém, sua biografia foi reduzida à “neta do pai da eugenia brasileira”.

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Na mitologia grega, a qual Kehl fez referência, Narciso era um jovem muito belo que fora amaldiçoado pela deusa Nêmesis. Seu castigo foi que nunca se apaixonasse por ninguém além de seu próprio reflexo e sempre desprezasse os outros por não serem tão belos quanto ele.

Esse é o paradoxo do identitarismo, embora tenha surgido como um movimento para tratar da diferença, ele mesmo não consegue lidar com o diferente. Tal e qual Narciso.

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Narciso, apaixonado por si mesmo, se afogou ao ver seu reflexo nas águas e tentar agarrá-lo. [A ninfa] Eco terminou a vida isolada em uma caverna, sem nunca poder conversar com ninguém.

Assim como Maria Rita Kehl, temo pelo risco que o campo progressista democrático corre ao ser capturado por movimentos que nos levarão para o fundo do rio ou para as profundezas da solidão em uma caverna.

Leia a matéria na  íntegra no site da Folha de S.Paulo

Acadêmicos eleitos para Academia de Engenharia dos EUA

Em 11 de fevereiro, a Academia Nacional de Engenharia dos EUA (NAE, na sigla em inglês) anunciou a eleição de 128 novos membros e 22 novos membros internacionais. Com essa eleição, o número total de membros nos Estados Unidos chega a 2.487, enquanto o número de membros internacionais totaliza 336.

Entre os 22 membros internacionais estão dois brasileiros: os Acadêmicos Virgílio Almeida (UFMG) e Vanderlei Bagnato (UFSCar).

Virgílio Almeida é  professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Foi eleto por suas contribuições para a avaliação de desempenho e modelagem de sistemas distribuídos de grande escala e para as políticas de tecnologia da informação.

Vanderlei Salvador Bagnato é professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo em São Carlo (SP São Carlos). Foi eleito por suas contribuições para a metrologia, sensores ópticos, bioengenharia, transferência de tecnologia e educação em engenharia.

Os eleitos serão empossados ​​durante a Reunião Anual da NAE/USA, em 5 de outubro deste ano.

Veja a página da NAE e saiba mais

Mulheres são maioria com mestrado e doutorado no Brasil, mas homens ainda dominam posições de liderança na ciência

Leia matéria de Marcelo Gaudio e Maria Fernanda Masetti para o G1 Campinas e Região, publicada em 11/2:

A importância das mulheres na carreira acadêmica brasileira é uma realidade evidenciada pelo número de pesquisadoras – que, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), desde 2003 já supera o de homens em doutorados. No mestrado, a inversão ocorreu até antes: em 1997. No entanto, as figuras femininas na ponta das pesquisas afirmam que o preconceito ainda impõe vários obstáculos que dificultam a progressão para o pós-doutorado ou mesmo para o mercado de trabalho.

No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta terça-feira (11), o g1 conversou com três pesquisadoras que conquistaram cargos de liderança em laboratórios na região de Campinas (SP) – um dos polos de tecnologia do Brasil.

Elas apontam que questionamentos sobre credibilidade e dificuldade impostas pela falta de apoio durante a maternidade são fatores críticos para o desenvolvimento de novas lideranças femininas.

Pesquisadoras ouvidas pelo g1 apontam que os índices não refletem a posições de liderança em laboratórios ou nos cargos de docência nas universidades públicas.

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“Na ciência você precisa ter diversidade. Diversidade de formações, diversidade de vivências […] precisa ter mais mulheres em situações de comando. Na hora que a gente começa a citar, conta nos dedos da mão, significa que temos um problema”, comenta Helena Nader. “Essa luta tem que ser contínua e perene. Não vai dizer que já atingimos. Não atingimos. Não atingimos”, diz a presidente da Academia Brasileira de Ciência.

E os cargos de liderança?

Acesse a matéria original no site do G1

Leia a segunda parte da matéria do G1, também com depoimento de Helena Nader:
Coordenadora em escola para cientistas vê maternidade ainda como barreira para ascensão na carreira: ‘Desafio de toda mulher’
No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, pesquisadoras abordam barreiras enfrentadas por mulheres na área e a importância da representatividade no meio científico.

Diretora da ABC no Globo Rural

A pesquisa e a oferta de insumos biológicos têm crescido e provocado mudanças significativas no manejo da produção agrícola. Para que esse avanço ocorra de maneira consistente, o Brasil precisa intensificar os investimentos em ciência e o desenvolvimento de produtos de qualidade, afirma a pesquisadora Mariângela Hungria, da Embrapa Soja, uma das principais especialistas do Brasil em microbiologia aplicada à agricultura.

Assista ao programa Globo Rural, veiculado em 10 de fevereiro, com a reportagem de 16’25”.

Artigo aponta necessidade de atualizar dados sobre mitocôndria em livros didáticos

Agência FAPESP* – Em artigo publicado na revista Trends in Biochemical Sciences, a professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) [e membro titular da ABC] Alicia Kowaltowski defende a necessidade de atualizar os livros didáticos no que se refere às informações sobre a localização da cadeia de transporte de elétrons nas mitocôndrias e o papel do sódio na respiração mitocondrial.

Kowaltowski é integrante do Centro de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp.

O artigo, escrito em colaboração com Fernando Abdulkader, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, destaca algumas novas descobertas sobre mecanismos de fosforilação oxidativa, incluindo um estudo inovador publicado na revista Cell pelo espanhol José Antonio Enríquez, do Spanish National Centre for Cardiovascular Research, e sua equipe, que revelou o papel inesperado do sódio na manutenção do potencial de membrana mitocondrial.

“O conhecimento evolui e o que apresentamos para os estudantes também deve evoluir”, argumenta a professora do IQ-USP. “Até alguns anos atrás, tínhamos certeza de que as mitocôndrias produziam ATP por fosforilação oxidativa no espaço em que a membrana interna interage com a externa. Isso mudou, pois descobrimos que esse processo ocorre dentro das cristas mitocondriais. Os livros didáticos estão errados e está na hora de corrigir isso. Agora, com o trabalho do grupo do Enríquez, descobrimos que a propriedade do potencial de membrana também pode ser um pouco diferente, algo ainda não abordado nos livros didáticos.”

Conhecida como “moeda energética”, a adenosina trifosfato (ATP) é gerada nas mitocôndrias por meio de fosforilação oxidativa – um processo de transferência de energia impulsionado por gradientes elétricos e de prótons através da membrana interna mitocondrial. Esse mecanismo envolve o acoplamento da oxidação gradual de doadores de elétrons na cadeia de transporte de elétrons ao bombeamento de prótons através da membrana, gerando o gradiente eletroquímico necessário para a síntese de ATP.

Sódio e potencial de membrana

Já se sabe há tempos que o gradiente de prótons nas mitocôndrias é pequeno, devido aos mecanismos de tamponamento celular que estabilizam o pH. Por isso, o gradiente de carga tem sido considerado o componente dominante do bombeamento de prótons. Até recentemente, esse gradiente era atribuído ao potássio, o cátion mais abundante na célula.

No entanto, o estudo do grupo de Enríquez revelou que entre 30% e 50% desse gradiente pode ser atribuído ao sódio, transportado em troca de prótons dentro do complexo I da cadeia de transporte de elétrons.

O complexo I transfere elétrons, que vêm inicialmente da nossa comida, da coenzima nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH), para os outros complexos na cadeia. Uma parte desse complexo, no entanto, desempenha uma função adicional como trocador de íons de sódio por prótons.

“Esse estudo traz duas contribuições importantes: a identificação de uma segunda função fundamental do complexo I e a demonstração do papel do sódio na manutenção do potencial de membrana das mitocôndrias”, afirma Enríquez.

Segundo Kowaltowski e Abdulkader, embora a descoberta seja inesperada, devido à baixa concentração de sódio dentro das células, o artigo de Enríquez apresenta dados convincentes. Os pesquisadores utilizaram inúmeros modelos experimentais, incluindo mutantes de componentes da cadeia respiratória, além de diversas abordagens metodológicas, como o uso de diferentes ionóforos e meios depletados de sódio. Os experimentos envolveram medições bioenergéticas quantitativas cuidadosas, incluindo raras quantificações calibradas do potencial de membrana.

O estudo também revela que uma mutação pontual no complexo I associada à neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) dificulta especificamente a troca de sódio por prótons, sem afetar o transporte de elétrons ou o bombeamento de prótons pelo complexo. A neuropatia óptica hereditária de Leber é uma doença mitocondrial neurodegenerativa que afeta o nervo óptico, frequentemente causando perda de visão em jovens adultos.

Para Kowaltowski, “os pesquisadores não apenas descrevem um novo mecanismo central para o metabolismo energético, mas também o relacionam diretamente a uma doença”.

O artigo Textbook oxidative phosphorylation needs to be rewritten pode ser acessado em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0968000424002548?via%3Dihub.

 

COP30 será “oportunidade” para enfrentar crise climática

*Texto original do Poder 360

Transcorridos 34 anos desde o 1º relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), publicado em 1990, e depois de 29 COPs (Conferências das Partes), reuniões anuais organizadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para definir e implementar ações globais de enfrentamento da crise climática, o mundo continua lançando quantidades crescentes de carbono na atmosfera. Um novo recorde, de 57,1 gigatoneladas de CO2e (CO2 equivalente), foi registrado em 2023, um aumento de 1,3% em relação ao ano anterior.

A meta do Acordo de Paris, de 2015, de limitar até o fim deste século (2100) o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para restringir esse aumento a 1,5°C, parece hoje um objetivo utópico. Ainda mais agora que os Estados Unidos, 2º maior emissor de carbono mundial, se retiraram do Acordo de Paris pela 2ª vez.

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Segundo o físico Paulo Artaxo, a redução das emissões deve ser o principal objetivo no momento –e não pode ser ofuscado por outros temas, também importantes, mas secundários, nem escanteado com tergiversações. Para dizer de maneira breve e clara: é preciso cortar drasticamente a quantidade de carbono lançada na atmosfera e, para isso, parar de queimar combustível fóssil.

O IPCC fez projeções da temperatura futura. Indo na trajetória atual, teremos um aumento de 4,3°C. Em um cenário no qual o Acordo de Paris seja implementado como está sendo implementado agora, ou seja, mais ou menos, o aumento será de 3,7°C. A implementação rigorosa dará um aumento da ordem de 2,8°C”, disse. E enfatizou que a maior parte da descarga anual (57,1 gigatoneladas de CO2e) na atmosfera decorre, de longe, da queima de combustíveis fósseis.

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Leia matéria completa no Poder 360.

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