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A universidade brasileira precisa sair da bolha e inovar mais

*Artigo publicado no portal The Conversation

A pós-graduação brasileira, pensada em 1968 para formar docentes em universidades, cumpriu com êxito uma missão gigante. Na época, o Brasil tinha menos de mil pessoas com o grau de doutor, hoje já temos 200 mil, que formam 25 mil doutores por ano. Nossa produção de conhecimento, que era pequena, saltou para o 13º lugar no ranking de pesquisa do mundo. Mas, cumprida essa importante etapa evolutiva na educação, a universidade hoje tem de ser repensada e reformulada para ampliar seu papel crucial no desenvolvimento social, econômico e ambiental do país.

Os dados que justificam essa reforma são eloquentes. Embora já sejamos um relevante formador de pessoas qualificadas e de conhecimento científico, amargamos a 49ª posição no Índice Global de Inovação, o que resulta da baixa inserção da ciência e tecnologia na vida do país.

Nos países bem-sucedidos em fazer essa inserção, tipicamente dois terços dos investimentos em pesquisa são realizados pelo setor privado e um terço pelo Estado, mas no Brasil essas proporções são invertidas.

Isso, em parte, ocorre porque a ciência brasileira foi estruturada em torno da sua pós-graduação, o que resultou numa educação mais acadêmica, que forma pouca gente voltada para a inovação, capaz atender a demanda do setor empresarial contemporâneo, cada vez mais focado em conhecimento e avanço tecnológico.

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Leia o artigo completo no The Conversation.

SBPC promove comemoração do Centenário de Aziz Ab’Sáber

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza no dia 24 de outubro, às 14h, uma mesa-redonda em homenagem ao centenário de nascimento [do falecido Acadêmico] Aziz Ab´Sáber, geógrafo, professor universitário brasileiro e presidente da SBPC entre 1993-95. O evento será no Salão Nobre do Centro MariAntonia da Universidade de São Paulo (USP), na rua Maria Antônia, 294 – 3º andar, na capital paulista.

A abertura será feita [pelo Acadêmico] Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, e a coordenação ficará a cargo de Francisco de Assis Mendonça, professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e organizador do livro “AZIZ NACIB AB’SÁBER: Ciência, meio ambiente e cidadania (Uma homenagem ao Mestre!)”, lançado recentemente pela SBPC. Participam da mesa Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e presidente de honra da SBPC, Aldo Malavasi, professor titular aposentado de Evolução do Departamento de Genética da USP e ex-diretor da SBPC; Roseli de Deus Lopes, professora titular da Escola Politécnica da USP e também ex-diretora da SBPC, e Tales Ab’Sáber, filho do geógrafo e professor de Filosofia da Psicanálise da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Na ocasião será realizado o lançamento do livro “Leituras Indispensáveis 4 Contribuições do Prof. Aziz Nacib Ab’Sáber”, também organizado pelo professor Francisco Mendonça.

Aziz Ab’Sáber

Aziz Nacib Ab’Sáber nasceu em 24 de outubro de 1924 em São Luiz do Paraitinga, interior de São Paulo, e faleceu em 16 de março de 2012, aos 87 anos, em decorrência de um infarto. Ele é considerado um dos geógrafos mais importantes do mundo. Entre suas principais contribuições, identificou os domínios morfoclimáticos do Brasil, fundamental para a compreensão e delimitação do território brasileiro.

Ab’Sáber graduou-se em Geografia e História pela USP em 1944. Ali seguiu a carreira acadêmica e concluiu seu doutorado em Geografia em 1956. Anos depois, tornou-se livre-docente (1968) e professor titular de Geografia Física (1968) nessa instituição, onde, anos mais tarde, recebeu o título de professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). [Foi empossado como membro titular da ABC em 1976.] 

O geógrafo é um dos homenageados no calendário “Amigos da Ciência – os presidentes da SBPC”, lançado em julho de 2024 pela SBPC. Além dos dois anos na Presidência da entidade, na década de 1990, Ab´Sáber foi diretor da instituição duas vezes, primeiro como vice-presidente entre 1983 e 1985, na gestão de Crodowaldo Pavan, e depois como secretário, na gestão da primeira presidenta da SBPC, Carolina Bori, de 1987 a 1989. Na Diretoria da SBPC, integrou comissões de relevância nacional, como a que elaborou propostas para a Assembleia Nacional Constituinte e a que defendeu a emenda popular contra a fabricação e transporte de armas nucleares no Brasil. Também foi um ferrenho defensor do meio ambiente e crítico da privatização da Vale do Rio Doce e das alterações no Código Florestal, contribuindo para o aperfeiçoamento de políticas ambientais.

Ab’Sáber também presidiu o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat) em 1983, onde promoveu a preservação do patrimônio ambiental do estado. Foi idealizador do premiado projeto Floram, pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, e atuou como consultor técnico de diversos governos.

Entre as muitas distinções que recebeu em vida, estão o Prêmio Jabuti (1997, 2005 e 2007), o Prêmio Almirante Álvaro Alberto (1999), a Medalha Grão-Cruz em Ciências da Terra da Academia Brasileira de Ciências, o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente (2001) e o título de Intelectual do Ano com o Prêmio Juca Pato (2011).

SERVIÇO

Centenário de Aziz Ab’Sáber

Data: 24 de outubro de 2024

Horário: 14h

Local: Centro MariAntonia USP (rua Maria Antônia, 294 – 3º andar)

Abertura: Renato Janine Ribeiro (USP – Presidente da SBPC)

Coordenação: Francisco de Assis Mendonça (UFPR)

Participantes: Helena Nader (Unifesp/ABC), Aldo Malavasi (USP), Roseli de Deus Lopes (USP) e Tales Ab’Saber (Unifesp)

Nobel de Química 2024 premia 3 cientistas por criação e identificação de estrutura de proteínas

Leia matéria de Reinaldo José Lopes para a Folha de S. Paulo, publicada em 9/10/2024:

Prêmio Nobel em Química de 2024 vai ser dividido por um trio de pesquisadores: David Baker, 62, da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, e Demis Hassabis, 48, e John Jumper, do Google DeepMind, no Reino Unido. O trio foi agraciado com a láurea pelo uso de técnicas computacionais para projetar ou inferir a estrutura tridimensional das proteínas, que estão entre as moléculas mais importantes do organismo dos seres vivos.

A capacidade de entender as características estruturais das proteínas é essencial para a criação de novos medicamentos e para a compreensão do funcionamento das células. Métodos computacionais devem acelerar esse processo e torná-lo mais preciso nos próximos anos.

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Além do interesse pela estrutura das proteínas, outros elementos curiosos unem a trajetória dos ganhadores do Nobel de química deste ano. O mais importante deles é a sigla Casp (em inglês, “avaliação crítica da predição da estrutura de proteínas”), projeto que surgiu nos anos 1990 e acabou se tornando uma competição internacional.

A ideia por trás da Casp era estimular os cientistas a desenvolver maneiras de prever a estrutura 3D de proteínas com base apenas na sequência de aminoácidos. Para isso, os competidores recebiam apenas a informação sobre os “tijolinhos” proteicos e tinham de propor uma estrutura.

Esse formato correto é essencial para que ela desempenhe suas funções na célula. E já se sabia que a presença e a posição de determinados átomos na proteína orientam a formação das dobras. Alguns, por exemplo, “gostam” de interagir com moléculas de água, enquanto outros “fogem” dela. Mas esses dados não eram suficientes para predizer a estrutura proteica 3D com precisão sem o trabalho braçal da formação de cristais e uso de raios X.

“Esse problema do enovelamento, das dobras das proteínas, era realmente o Santo Graal da área”, diz Glaucius Oliva, professor da USP de São Carlos e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências para a regional São Paulo. Oliva é um dos principais especialistas do país no estudo da estrutura de proteínas.

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O código de desenvolvimento de software de ambos os grupos está disponível de graça, o que tem facilitado o uso dessas ferramentas por cientistas do mundo todo.

“A precisão deles hoje alcança 95%. Mas é preciso lembrar que isso só foi possível graças ao uso da grande massa de dados de cristalografia, obtida de maneira experimental”, lembra Oliva. “Na verdade, o uso de IA hoje impulsiona os trabalhos experimentais, porque são diferenças muito sutis no posicionamento de um ou outro átomo que acabam sendo cruciais para a atuação de um fármaco, por exemplo, e isso precisa ser testado em laboratório.”

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Leia a matéria na íntegra no site da Folha

 

ABC é homenageada nos 50 anos da Academia de Ciências do Estado de São Paulo

A Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) comemorou neste 8 de outubro seus 50 anos de existência e marcou a data com uma cerimônia na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O evento contou com diversos membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC), entre eles sua presidente, Helena Bonciani Nader, o presidente da própria Aciesp, Adriano Andricopulo, e o diretor científico da Fapesp, Marcio de Castro Filho.

“O trabalho da Aciesp ao longo desses anos é fruto do esforço coletivo de seus membros. Olhando para frente, buscaremos institucionalizar e tornar a Academia mais robusta, tanto em pessoal quanto em infraestrutura”, afirmou Andricopulo, que aproveitou a ocasião para anunciar que a Aciesp terá uma nova sede e funcionários fixos a partir de 2025.

A presidente da ABC apontou que o papel da Aciesp vai além do estado de São Paulo, devendo unir sua voz à outras entidades, estaduais e nacionais, para pensar a educação e a ciência brasileira. “Os números do último censo da educação não são animadores, precisamos entender porque cada vez menos jovens estão procurando fazer graduação e pós-graduação. Para onde vai a ciência brasileira?”, indagou.

Em sua visão, a ideia de pesquisa orientada à missão não pode deixar de lado a ciência básica. Em outro ponto, Nader voltou a alertar para o fim do bônus demográfico brasileiro. “Essa é a minha maior preocupação. A população brasileira cresce apenas 0,5% ao ano e em breve vai começar a envelhecer e precisar cada vez mais de ciência e tecnologia. Não estamos preparados para as consequências disso”.

Representando a Fapesp, Marcio de Castro Filho argumentou que o legado da Aciesp está em constante construção. “O comprometimento com a educação e a sociedade, por um futuro sustentável e baseado no conhecimento, é uma missão que as novas gerações darão continuidade”, afirmou.

Participaram da mesa de abertura os também os Acadêmicos Denise Pires de Carvalho, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Completaram a mesa os professores Carlos Carlotti Jr, reitor da Universidade de São Paulo (USP) e Vahan Agopyan, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado.

Ao final, instituições parceiras ao longo desse meio século foram homenageadas, entre elas a própria ABC, representada por sua presidente.

Assista à cerimônia completa:

Nobel de Química vai para trio que usa inteligência artificial para decifrar segredos das proteínas

Leia matéria de Roberta Jansen para o Estadão, publicada em 9 de outubro:

Nobel de Química de 2024 foi concedido para três cientistas que usam a inteligência artificial para decifrar a estrutura das proteínas, anunciou a Real Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo, na manhã desta quarta-feira, 9. Um deles é David Baker, da Universidade de Washington (EUA) e os outros dois laureados são Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA, comprada pelo Google em 2014.

David Baker, Demis Hassabis e John Jumper

A dupla de cientistas que atua no Reino Unido usou a inteligência artificial para resolver um problema de mais de cinco décadas da bioquímica: antecipar como são as estruturas complexas de proteínas e aminoácidos.

Eles desenvolveram o bem-sucedido programa computacional AlphaFold 2 e os avanços científicos desses estudos tornaram possível prever a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas.

Baker, por sua vez, foi capaz de desenvolver um modelo para criar proteínas inteiramente novas – em alguns casos, com funções totalmente novas também. No fim dos anos 1990, ele começou a desenvolver o software Rosetta, cuja publicação dos resultados ocorreu em 2003. Ele também liberou o código do programa para a comunidade científica.

O prêmio é oferecido aos responsáveis por descobertas de grande importância, “que tenham alterado paradigmas científicos e que tragam grandes benefícios para a humanidade”.

“O trabalho dos pesquisadores que ganharam o prêmio de química hoje resolveu um dos grandes desafios da biologia desde a descoberta sobre a sequência e estrutura do DNA e como era o código genético. O código genético antecipa o que serão as proteínas por ele codificadas, e a estrutura das proteínas é o que vai determinar a sua funcionalidade. E essa relação entre a sequência dos aminoácidos decorrentes do código genético e a estrutura das proteínas foi resolvida por esses pesquisadores”, afirmou o professor Glaucius Oliva, do Instituto de Física [da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências para a regional São Paulo.]

“Isso tem grandes impactos em todas as áreas de saúde, medicamentos, a compreensão de como funcionam as vacinas, anticorpos monoclonais para o tratamento do câncer, tudo isso cada vez mais está avançando com essa tecnologia que eles desenvolveram”, acrescentou Oliva, que é especialista em biologia estrutural e estudos sobre estrutura de proteínas, e diretor do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos.

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Leia a matéria na íntegra no site do Estadão

Nobel de Física para inteligência artificial transcende a própria física, dizem especialistas

Leia matéria de Salvador Nogueira para Folha de S. Paulo, publicada em 8/10/2024:

Restringir somente à física o prêmio Nobel em Física deste ano, concedido por avanços da inteligência artificial, pode ser uma subestimação de sua importância. E quem faz essa avaliação é um físico, Adalberto Fazzio, diretor da Ilum Escola de Ciência do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
 
O prêmio deste ano para ciência da computação, inteligência artificial e aprendizado de máquina contempla todos os campos da ciência”, disse à Folha o pesquisador. “Na biologia, que cada vez mais está se tornando uma ciência quantitativa, o desenvolvimento é enorme. Na área de materiais, a aplicação de IA tem levado à descoberta de materiais e novas propriedades. Certamente o resultado dessas pesquisas em IA estão e continuarão impactando a economia mundial e o conhecimento de modo geral.”

Chama a atenção, na premiação, o rápido tempo de desenvolvimento entre os trabalhos mais elementares de ciência básica, conduzidos pelo americano John J. Hopfield, 91, e pelo britânico Geoffrey E. Hinton, 76, e suas aplicações cada vez mais sofisticadas e abrangentes.

“Isso passou inicialmente por um processo de modelagem física, biológica, de neurociência, que é entender os processos do cérebro, as sinapses, e isso por modelo, com sinapses artificiais, que transmitem a informação como pulsos elétricos”, diz [o membro afiliado da ABC 2024-2028] Gabriel Schleder, pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do CNPEM e especialista em aplicação de aprendizagem de máquina para ciência de materiais, ao se referir ao trabalho de Hopfield. “E o segundo, Hinton, consegue ir além e fazer aplicações que resolvam problemas mais simples, tanto na área de linguagem, de processamento de áudio, como na área de visão, de entender imagens e processá-las.”

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Leia a matéria completa do site da Folha de S. Paulo.

Nobel de Medicina 2024 vai para americanos pela descoberta dos micro RNAs

Leia matéria Reinaldo José Lopes para a Folha de S.Paulo, com comentário do professor do Instituto de Biologia da Unicamp Marcelo Mori, que foi membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências no período de 2017 a 2022:

O Prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina de 2024 vai para os americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun. O trabalho da dupla levou à descoberta de pequenas moléculas chamadas microRNAs e seu papel na ativação e desativação de trechos do material genético. Trata-se de um processo fundamental para o desenvolvimento do organismo e o funcionamento das células, e que também tem implicações para a compreensão das origens do câncer.

Victor Ambros e Gary Ruvkun | Ilustração: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

 

Ambros trabalha na Escola Médica da Universidade de Massachusetts, em Worcester (costa leste dos EUA), enquanto Ruvkun é ligado ao Hospital Geral de Massachusetts e à Escola Médica da Universidade Harvard, em Boston. Os dois chegaram a ser pesquisadores de pós-doutorado no mesmo laboratório no início de suas carreiras, e as descobertas que agora lhes renderam a láurea aconteceram originalmente nos anos de 1993 e 2000.

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Marcelo Mori, professor do Instituto de Biologia da Unicamp que já foi membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências [2017-2022], diz que havia uma expectativa considerável de que Ambros e Ruvkun receberiam o prêmio em algum momento.

“O problema é que dois outros pesquisadores, o Craig Mello e o Andrew Fire, já tinham ganhado o Nobel em 2006 pela descoberta da interferência de RNA, que tem certa intersecção com a via dos microRNAs, então algumas pessoas chegaram a ficar mais céticas”, diz ele, que também trabalha na área. “Mas é algo que abriu um universo muito grande de possibilidades, tanto de possibilidades terapêuticas quanto de compreensão do organismo.”

Para ele, um elemento interessante da descoberta é que ela veio do estudo do desenvolvimento do C. elegans e da percepção que certas mutações mexiam no desenvolvimento do verme. “O desenvolvimento é um negócio sincronizado, que precisa acontecer de forma concatenada. E, nesses mutantes, o ‘timing’ era inadequado.”

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O anúncio, transmitido ao vivo pelo YouTube, foi feito às 6h30 (horário de Brasília) no Instituto Karolinska, em Estocolmo. Além da honra associada à premiação máxima da ciência mundial, o vencedor recebe uma medalha, um diploma e o montante de 11 milhões de coroas suecas (o equivalente a US$ 1,06 milhão ou R$ 5,78 milhões). Na premiação deste ano, cada ganhador dividirá metade do valor.

A presença do mesmo mecanismo essencial numa imensa variedade de animais e plantas, mas não em micro-organismos, sugere que ele é muito importante para a existência dos seres vivos complexos de muitas células.

“É algo que dá complexidade às funções celulares e para a resposta do organismo como um todo, permitindo que as células reajam a estímulos de uma forma mais controlada e mais robusta”, diz Mori.

Saiba mais sobre o tema e sobre o prêmio na matéria da Folha 

Cientistas que revolucionaram inteligência artificial ganham Nobel de Física

Leia matéria de Rafael Garcia para O Globo, publicada em 8/10:

Dois físicos que revolucionaram o campo da inteligência artificial são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2024.

O americano John Hopfield, da Universidade de Princeton (EUA) e o inglês Geoffrey Hinton, da Universidade de Toronto (Canadá) fizeram “descobertas fundamentais e invenções que permitiram o aprendizado de máquina por meio de redes neurais artificiais”, afirmou a comissão do prêmio nesta manhã.

As invenções dos cientistas, que criaram modelos matemáticos inspirados no fluxo de pulsos elétricos entre neurônios do cérebro, ganharam primeiro aplicações que permitiram descobertas em campos da ciência básica como a astrofísica, mas impactaram também áreas aplicadas de computação.

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Caminhos tortuosos

Segundo o cientista [e Acadêmico] Gabriel Schleder, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a concessão do Nobel de Física a Hopfield e Hinton foi de fato uma surpresa, porque essa disciplina não é aquela onde o trabalho dos vencedores teve o maior impacto.

A história de como o conceito de redes neurais saiu da biologia, passou pela física com a aplicação de ideias matemáticas teóricas, e desembocou na computação aplicada, mostra como as ideias geniais em ciência tomam caminhos tortuosos.

— A ideia inicial do Hopfield era simplesmente tentar entender melhor os mecanismos biológicos que fazem cérebro humano funcionar. Ele partiu de uma pesquisa mais básica, de modelagem, para simular esse sistema e entender como cérebro humano consegue aprender tanta coisa a partir de operações relativamente simples — diz Schleder. — Ele modelou então esse processo de uma maneira artificial, por meio de operações matemáticas bastante simples. Só que à medida em que a informação vai se acumulando nesse processo, ele permite o cérebro capturar padrões cada vez mais complexos, que nos permitem ter inteligência.

Hinton completou o ciclo de desenvolvimento da ideia, usando o trabalho de Hapfield não para entender como a mente funciona, mas emulando a estrutura do cérebro para interpretar informação.

Grande parte do receio relacionado aos últimos desenvolvimentos da IA são naturais de quase toda nova tecnologia, que pode ser usada para o bem ou para o mal. Usos benéficos ou maliciosos tem sido registrados agora com os moleos LLM.

Nem todos os cientistas da área compartilham, porém, o receio que Hinton tem demonstrado com o temor de a IA evoluir a ponto de se tornar uma ameaça por si só.

— A primeira era da inteligência artificial trata do que que nós chamamos hoje de IA restrita, em que você define um problema para a IA e ela consegue resolver esse problema em particular — explica Schleder. — Na segunda era, que a gente ainda não atingiu, surgiria uma IA geral, que seria, de certa forma, consciente, e conseguiria resolver uma grande gama de problemas em nível aproximadamente humano. A questão é que isso é muito difícil, porque a ciência não consegue nem formular o problema para solucionar isso ainda.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo

 

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