O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) convida para sua aula inaugural com o Acadêmico Maurício Barreto, PhD em epidemiologia pela Universidad
e de Londres, professor emérito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisador sênior da Fundação Oswaldo Cruz.
“O Bolsa Família, a redução da pobreza e as transformações na saúde da população brasileira: o caso da tuberculose, HIV/aids e hanseníase” é o título do evento que será realizado em 31 de março, 2a feira, às 13h30no auditório do INI (Av. Brasil, 4365 – Manguinhos, Rio de Janeiro), com transmissão pelo youtube.com/INIFiocruzoficial. Não perca!
No dia 14 de março, a Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas), da qual a ABC faz parte, se manifestou com relação aos ataques feitos pelo novo governo dos Estados Unidos contra a ciência do país. O comunicado chama de “ameaças sem precedentes” as novas diretrizes norte-americanas que regem o investimento em pesquisa e as demissões em massa de pesquisadores, comparando a situação aos cenários de ataques à ciência na Argentina e na Nicarágua.
A nota também lembra do papel de destaque dos EUA no financiamento científico global, alertando que o enfraquecimento da ciência naquele país pode reverberar e trazer consequências graves no mundo inteiro. Por fim, pede que as novas políticas sejam revistas para que o país siga sendo um modelo de como o investimento em pesquisa se traduz em crescimento econômico e progresso social:
Confira a tradução do comunicado:
Preocupações sobre ameaças que a ciência enfrenta nos Estados Unidos da América
A Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS) se solidariza com nossos colegas no continente americano e ao redor do mundo ao expressar nossas preocupações sobre as ameaças sem precedentes que a ciência enfrenta atualmente nos Estados Unidos da América. Já manifestamos preocupações semelhantes em relação a ataques às iniciativas científicas de outros países da nossa região, como Nicarágua e Argentina. No entanto, as ameaças atuais à ciência nos Estados Unidos são ainda mais alarmantes devido ao seu impacto global mais amplo — seja em termos de investimento, liderança em tecnologia e inovação ou educação —, áreas em que a ciência norte-americana tradicionalmente desempenhou um papel fundamental.
Os Estados Unidos desempenharam um papel significativo no avanço da ciência e da pesquisa em toda a América, atuando como um centro de inovação científica e colaboração. O país tem contribuído para uma ampla variedade de disciplinas científicas, desde a área da saúde e estudos ambientais até a exploração espacial e energias renováveis, por meio de suas instituições de pesquisa de excelência, inovações corporativas e liderança no desenvolvimento tecnológico.
A principal justificativa dada para os atuais cortes drásticos no financiamento, custos indiretos e pessoal nas agências científicas federais dos EUA é econômica. No entanto, como escrevemos em uma declaração anterior, a ciência não é uma despesa, mas um investimento. Os Estados Unidos têm sido o líder econômico global devido aos seus investimentos contínuos em ciência, tecnologia e inovação ao longo das últimas décadas, inspirando outros países a fazer investimentos semelhantes em CT&I. A IANAS espera que os EUA continuem a ser um modelo para o desenvolvimento de CT&I em todas as Américas.
Endossado por:
Academia Nacional de Ciências da Argentina
Academia Nacional de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Argentina
Academia Nacional de Ciências da Bolívia
Academia Brasileira de Ciências
A Real Sociedade do Canadá
Academia Caribenha de Ciências
Academia Chilena de Ciências
Academia Colombiana de Ciências Exatas, Físicas e Naturais
Academia Nacional de Ciências da Costa Rica
Academia Cubana de Ciências
Academia Nacional de Ciências do Equador
Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais da Guatemala
Academia Nacional de Ciências de Honduras
Academia Latino-Americana de Ciências
Academia Mexicana de Ciências
Academia de Ciências da Nicarágua
Associação Panamenha para o Avanço da Ciência
Academia Nacional de Ciências do Peru
Academia Nacional de Ciências do Uruguai
Academia de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais da Venezuela
No dia 14 de março, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi convidada pelo Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc) para um debate sobre o documento “Um Olhar sobre o Ensino Superior no Brasil”, lançado pela Academia em novembro de 2024 (leia mais). O evento aconteceu no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e foi a primeira vez que o novo documento foi discutido dentro de uma universidade.
A presidente da ABC, Helena Bonciani Nader, afirmou ser muito importante fazer esse debate com uma associação sindical. “Se não tivermos o apoio dos professores e não pressionarmos o Ministério da Educação (MEC), não conseguiremos resultado”. Ela também lamentou a ausência do MEC no debate e criticou o que chamou de “zona de conforto” em que as universidades se encontram, resistindo a repetidas tentativas de adaptação. “Enquanto as universidades não se preocuparem com a empregabilidade, elas vão continuar perdendo seu papel”, refletiu.
Membro do grupo de trabalho que desenvolveu o documento, o Acadêmico Alvaro Prata fez uma breve apresentação e sumarizou os objetivos da reunião: “O convite que o documento faz é para que as universidades se preocupem com a percepção pública e não neguem os problemas”.
O documento pede uma reestruturação da educação superior brasileira, trazendo números que atestam o crescente desinteresse da juventude pela universidade e propondo mudanças que dinamizem os cursos superiores. As ideias incluem a criação de faculdades federais com foco único em ensino; centros de formação específico para setores estratégicos; expansão e qualificação do ensino técnico e do ensino à distância (EaD) público para atender a uma demanda exigida pela população.
Neste último ponto, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Acadêmico Renato Janine Ribeiro, criticou a forma atual como as instituições públicas vêm implementando o EaD, onde cada universidade tende a criar seu próprio modelo. “EaD, por definição, é à distância, não pode ser geograficamente determinado. (…) O EaD deveria ser nacional”, afirmou ele, sugerindo um curso nacional à distância para cada disciplina.
Críticas e sugestões dos docentes
O público presente foi constituído majoritariamente por professores universitários, muitos dos quais expressaram preocupações com algumas das propostas. Nas palavras do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, “é preciso ter sensibilidade de não validar os ataques que as universidades públicas vêm sofrendo”. Já o professor Jacques Mick, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFSC, mostrou-se cético quanto a obtenção de recursos para um novo modelo institucional. “Temos uma noção unitária de carreira. De todo professor na universidade parece ser exigido que dedique a maior parte de seu tempo à pesquisa e extensão. Não é razoável que aceitemos que uma parcela dos professores se dedique à formar mais pessoas?”, sugeriu.
Em resposta, Renato Janine abordou o difícil dilema do orçamento. “O orçamento público estagnou desde 2015 e eu não vejo uma solução no curto prazo. (…) Por isso, um dos pontos fortes do documento é justamente buscar diminuir o custo por aluno. Não podemos depender apenas das universidades federais, pois elas já formam apenas 5% dos alunos de hoje”, alertou. Já Alvaro Prata, por sua vez, reiterou que as propostas da ABC devem ser entendidas como um direção geral, moldadas através da experiência e do debate. “Estamos em uma situação em que escolher não mudar é a pior coisa a se fazer”, sumarizou.
A pandemia de covid-19 escancarou os gargalos da ciência voltada à saúde no Brasil. Um destes é a falta de um laboratório nível NB4 nacional, o máximo patamar de biossegurança. Desde então, o país está desenvolvendo o Projeto Orion para criar o primeiro laboratório NB4 no hemisfério sul, e com uma especificidade: será o primeiro NB4 do mundo associado a um acelerador de partículas, o Sirius, acelerador de luz síncrotron de última geração localizado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
O projeto é ambicioso e, caso concretizado, pode colocar o país numa posição de liderança em pesquisas biotecnológicas, atraindo pesquisadores e instituições do mundo inteiro ao mesmo tempo em que promove a engenharia de ponta brasileira durante sua construção. Entretanto, o alto custo faz com que o Orion divida opiniões dentro da comunidade científica, que vê o orçamento destinado para o campo se tornar cada vez mais instável desde a crise de 2015.
Para debater esse tema, o Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo-Cruz, ligado à Fiocruz, realizou o debate virtual “Projeto Orion e o futuro da CT&I no Brasil”, onde o Diretor-Geral do CNPEM, Antonio José Roque, titular da ABC, apresentou o projeto e respondeu às perguntas de sete outros cientistas: os Acadêmicos Renato Cordeiro, coordenador do debate; Aldo Zarbin, presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ); Carlos Menck e Samuel Goldenberg, ambos ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Genética (SBG); Carlos Morel, ex-presidente da Fiocruz; e Jorge Guimarães, ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O debate também contou com o pesquisador José Paulo Gagliardi, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV).
O que é o projeto Orion?
Assim como a constelação de Orion está localizada diretamente à frente da estrela Sirius, também o novo laboratório estará em frente ao acelerador de partículas. Dessa forma, as pesquisas realizadas com materiais biológicos de alta periculosidade – e, portanto, de alto interesse para a segurança nacional – poderiam ser ainda mais eficazes, uma vez que o Sirius permite a geração de imagens com uma resolução que nenhuma outra infraestrutura permitiria.
“O Sirius é uma fonte de luz síncrotron de quarta geração. Ele permite acelerarmos partículas, em geral elétrons, mas também pósitrons, até uma velocidade próxima à da luz. Quando você desvia a trajetória dessas partículas de forma controlada, elas emitem fótons ou radiação eletromagnética que continuam viajando na tangente e são captadas por sensores. Essa é a tecnologia com a maior capacidade de geração de raio-x para uso amplo no mundo hoje”, explicou Antonio José Roque.
O Acadêmico traz dois exemplos de utilização prática dessa tecnologia em pesquisas. “Uma é a capacidade de gerar imagens tridimensionais, assim como uma tomografia, com altíssima resolução para materiais orgânicos ou não orgânicos. Outra é a possibilidade de focalização microscópica, o que permite medidas de varredura, também com altíssima resolução. Essas características são úteis para estudarmos desde baterias até vírus”.
O projeto Orion prevê a construção de três linhas de luz conectadas ao Sirius: a linha Hibisco será de alta energia e possibilitará tomografias de alta resolução em pequenos animais; a linha Timbó, por sua vez, será de energia intermediaria, ideal para fazer tomografias de órgãos e tecidos com resolução celular; Já a linha Sibipiruna, de baixa energia, será voltada à análise de células individuais, com resolução ao nível das organelas. “Toda a ideia do Orion é a capacidade de desenvolver técnicas diferentes para analisar materiais diversos nas escalas de tamanho, conectando o macro com o micro”, resumiu Roque.
Os desafios da construção
Criar um projeto inédito envolve fazer perguntas inéditas e buscar soluções igualmente inéditas. Já que não existe NB4 no país, os pesquisadores envolvidos no projeto precisaram buscar consultores internacionais em biossegurança, visitando laboratórios NB4 ao redor do mundo. “Uma das coisas que percebemos foi que a noção de que seria necessário um aparato de guerra para proteger as instalações é fantasiosa. Os NB4 do mundo não estão em regiões isoladas ou protegidos por tanques, isso os inviabilizaria, eles estão em meio às cidades e universidades e isso em nada compromete sua segurança”, defendeu Roque quando questionado pelos debatedores.
O Acadêmico frisou que o Brasil precisa trabalhar numa legislação de biossegurança, na qual o CNPEM pode ter participação, mas não como formulador principal. O país ainda não tem sequer diretrizes estabelecidas para laboratórios NB3. “No momento estamos nos baseando nas guidelines da Organização Mundial da Saúde, dos EUA e do Canadá, mas uma hora será necessário que o Brasil crie uma diretriz própria”.
Mas a experiência internacional só pode nos levar até certo ponto, já que nenhum NB4 no mundo é conectado a um acelerador de partículas. Dessa forma, o grupo está desenvolvendo inovações em infraestrutura e protocolos específicos para o Orion, que estão sendo acompanhadas por avaliadores externos internacionais. Também foi construído, e já está em pleno funcionamento, um laboratório de treinamento, que reproduz as condições do Orion para capacitar recursos humanos a atuarem com materiais de máxima biossegurança.
Essa etapa de capacitação, de acordo com Roque, deve ser uma das prioridades nacionais se o país quiser utilizar o Orion no máximo de sua capacidade. “Assim como ocorreu com o Sirius, num primeiro momento o equipamento foi subutilizado porque a própria comunidade não estava preparada para lidar com ele. É preciso trabalhar para criar uma cultura que estimule os pesquisadores a fazerem perguntas que possam ser respondidas com o Orion, não se trata de produzir mil artigos iguais aos que fazíamos antes, mas de gerar novos artigos inovadores”, defendeu.
Outro ponto bastante particular em que o país precisará investir é no desenvolvimento de biotérios de primatas não-humanos. Atualmente o Brasil não dispõe de infraestruturas que permitam testar nesses animais, que são uma fase prévia ao teste em humanos, e isso cria um gargalo que é suprido pela oferta externa. Roque negou que o CNPEM tenha capacidade de criar infraestruturas próprias para isso, mas estimulou que o país invista nessa capacidade em outros centros. “No início esse problema nem estava em nosso radar, mas os consultores estrangeiros apontaram: ‘como assim vocês vão construir algo desse porte e não vão contar com a capacidade de testar em primatas?’, eles indagaram”.
O eterno dilema do custo-benefício
O Acadêmico Aldo Zarbin colocou na mesa a questão do orçamento, que tanto tem dividido os cientistas. Ele pediu que Roque explicasse qual o valor adicional que o projeto precisa por ser acoplado a um acelerador, em comparação a um NB4 tradicional. Segundo o Diretor-Geral do CNPEM, dos valores totais envolvidos, que giram em torno de R$ 1,5 bi, cerca de R$ 200 mi são adicionais por conta da ligação com o Sirius, ou seja, 15% do orçamento.
“Poderíamos fazer algo menos ambicioso? Poderíamos, mas aí jogaríamos fora a oportunidade de ter uma infraestrutura única no país, capaz de competir com a ciência de ponta do mundo inteiro. São valores altos num cenário em que o investimento federal em ciência está cada vez mais dependente do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), mas precisamos nos perguntar o que almejamos ser em ciência. Os recursos para o Orion não chegam a 0,1% do PIB nacional. Se temos realmente o objetivo de chegar a 2% do PIB para a ciência até 2035, isso não deveria ser uma limitação”, defendeu Antonio Roque.
DECLARAÇÃO DA ALLEA SOBRE AS AMEAÇAS À LIBERDADE ACADÊMICA E À COLABORAÇÃO INTERNACIONAL EM PESQUISA NOS ESTADOS UNIDOS
A Federação Europeia de Academias de Ciências e Humanidades (ALLEA) expressa grande preocupação com as crescentes ameaças à liberdade acadêmica, tanto nos Estados Unidos quanto em outras partes do mundo. Os recentes desdobramentos relacionados à ciência e à pesquisa acadêmica nos EUA, incluindo ordens executivas que congelam bilhões de dólares em financiamento federal para pesquisa e a censura de temas como mudanças climáticas e gênero, estão forçando muitas agências científicas e organizações de pesquisa norte-americanas a suspender abruptamente suas operações normais. Esse tipo de censura e supressão política da linguagem —seja por meio de restrições de financiamento, controle legislativo ou interferência institucional—compromete fundamentalmente a integridade das iniciativas científicas e acadêmicas, não apenas nos EUA, mas globalmente, dado o caráter internacional do ecossistema de pesquisa (1).
A liberdade acadêmica é um pilar fundamental das sociedades democráticas e essencial para a produção de conhecimento e inovação em todo o mundo. A natureza aberta e colaborativa da pesquisa global depende fortemente da capacidade dos pesquisadores e das instituições científicas de operarem sem interferência política indevida (2). A ALLEA está profundamente preocupada com o fato de que as ações da administração dos EUA possam ter consequências amplas e devastadoras para programas de pesquisa essenciais (globais), particularmente em áreas como saúde, clima, gênero e ciências sociais. Essas novas restrições também ameaçam as carreiras da nova geração de acadêmicos, engenheiros e profissionais da saúde, podendo causar danos duradouros à pesquisa básica, que sustenta a maioria das descobertas científicas, além de comprometer os esforços para garantir um mundo saudável, justo e seguro para todos. Por exemplo, a restrição ao compartilhamento de dados transatlânticos coloca em risco pesquisas em ambos os lados do Atlântico, ameaçando décadas de colaboração que levaram a descobertas revolucionárias. A longa e sólida tradição de intercâmbio de dados entre os EUA e a Europa tem sido fundamental para o avanço da ciência, e as novas ordens executivas representam um retrocesso não apenas para a ciência, mas para a sociedade como um todo.
Diante disso, encorajamos nossos membros, parceiros e organizações alinhadas e instamos governos nacionais e instituições internacionais nos EUA, na Europa e em outras regiões a permanecerem vigilantes e a fortalecerem os esforços contínuos para salvaguardar a liberdade acadêmica e a autonomia das instituições científicas, comprometendo-se com ações e medidas adotadas por meio de acordos interinstitucionais e supranacionais na Europa e globalmente (3).
Notas:
As ordens executivas mencionadas afetam a continuidade do trabalho científico, o financiamento atual e novos programas de subsídios, além de resultarem na retirada de chamadas públicas e na remoção de bancos de dados. Para uma visão geral dos cortes e seus impactos, consulte: Trump orders cause chaos at science agencies. [Acessado em 19/02/2025].
A ALLEA é a Federação Europeia de Academias de Ciências e Humanidades, representando aproximadamente 60 academias de 40 países europeus. Desde sua fundação em 1994, a ALLEA atua em nome de seus membros nos âmbitos europeu e internacional, promovendo a ciência como um bem público global e facilitando a colaboração científica além das fronteiras e disciplinas. Saiba mais em http://www.allea.org.
Instituições que assinam a declaração (em ordem alfabética):
Academia das Ciências de Lisboa (Academy of Sciences of Lisbon)
Académie des Sciences (French Academy of Sciences)
Académie Royale des Sciences, des Lettres et des Beaux-Arts de Belgique (Royal Academy of Sciences, Letters and Fine Arts of Belgium)
Accademia Nazionale dei Lincei, Italy
Academy of Sciences and Arts of Bosnia and Herzegovina
Achucarro Basque Center for Neuroscience
Amsterdam Business School
Amsterdam University Medical Centre (AUMC)
Artificial Intelligence for Mental Health (AIMH)
Association of ERC Grantees (AERG)
Association for Psychological Science (APS), International
Austrian Academy of Sciences (OeAW)
Austrian Chemical Society – GÖCH
Austrian Neuroscience Association
BAP Academy, Turkiye
Belgian Science Policy Office (BELSPO)
Berlin-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften (Berlin-Brandenburg Academy of Sciences and Humanities)
Bilim Akademisi (Science Academy), Turkiye
Brazilian Academy of Sciences
British Ecological Society
Centro Interdisciplinare Linceo Giovani, Italy
Centre for Advanced Study Sofia
Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), France
Coimbra Group
Confederacion de Sociedades Cientificas de España (COSCE)
Council of Finnish Academies
Cymdeithas Ddysgedig Cymru (The Learned Society of Wales)
Data Archiving and Networked Services (DANS), Netherlands
Digital Aesthetics Research Centre (DARC) at Aarhus University
Dutch Research Council (NWO)
Dutch Young Academy
Earth and Life Institute, UCLouvain, Belgium
Ehrensvärd Society, Finland
Einstein Foundation Berlin
Epigenetics Society, International
European Academies’ Science Advisory Council (EASAC)
European Countries Biologists Association
European Public Health Association (EUPHA)
European Society for Clinical Virology
Erasmus University Rotterdam
Faculty of Social and Behavioural Sciences, University of Amsterdam, Netherlands
Faculty of Social Sciences, Radboud University, Netherlands
Federación de Asociaciones Científico Médicas Españolas (Federation of Spanish Scientific and Medical Associations – FACME)
Federation of European Academies of Medicine (FEAM)
Federation of Finnish Learned Societies
Finnish Medical Society Duodecim
Forskerbevægelsen / Movement for a Free Academia in Denmark
Fryske Akademy, Netherlands
German National Academy of Sciences Leopoldina
German Society for Music Psychology (DGM)
Independent Scientific Advisory Group for Emergencies (SAGE), United Kingdom
Institute of Geophysics, Polish Academy of Sciences
International Meteor Organization
International Society for Plant Pathology
Israel Academy of Sciences and Humanities
Italian Association fo Plant Protection (Associazione Italiana per la Protezione delle Piante, AIPP)
Italian Society of Plant Pathology
Kohtuus ry, Finland
Lancet Regional Health-Europe, Lancet
Leiden University
Leibniz Institute for East and Southeast European Studies, Regensburg (Germany)
Movement for a Free Academia in the Nordic Countries
Munich Research Institute for the Economics of Aging and SHARE Analyses (MEA)
Netherlands Institute for Biology (NIBI)
Netherlands Institute for Health Services Research
New Europe College, Institute for Advanced Study, Romania
Norwegian Academy of Science and Letters (DNVA)
Real Academia de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales de España (Royal Spanish Academy of Sciences)
Romanian Academy
Royal Academy of Sciences and Arts of Barcelona (RACAB)
Royal Danish Academy of Sciences and Letters
Royal Irish Academy
Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences (KNAW)
Royal Norwegian Society of Sciences and Letters (DKNVS)
Royal Observatory of Belgium
Royal Society of Edinburgh
Royal Swedish Academy of Letters, History and Antiquities
Royal Swedish Academy of Sciences
Science & Policy Exchange, Canada
Science Europe
Senckenberg Gesellschaft für Naturforschung, Germany
Sexual Violence Research Initiative (SVRI), International
Slovak Academy of Sciences
Sociedad Española de Bioquímica y Biología Molecular (Spanish Society of Biochemistry and Molecular Biology – SEBBM)
Sociedad Española de Epidemiología (Spanish Society of Epidemiology – SEE)
Sociedad Española de Genética (Spanish Society of Genetics – SEG)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciencia (Brazilian Society for the Advancement of Science – SBPC)
Leia coluna da Acadêmica Alicia Kowaltowski** no jornal Nexo, publicada em 3 de março:
O segundo governo Trump chegou como um rolo compressor, agressivamente implementando ações visando revolucionar, no pior sentido possível, as atividades dos mais variados e importantes setores da sociedade norte-americana. Não se pode negar que os esforços coléricos de Trump 2.0 (também conhecido como governo Musk) sejam energéticos e organizados. Também é impossível negar sua abrangência, atacando os mais diversos e importantes setores da sociedade.
(…)
Em um ataque a ações de saúde, Trump não somente conseguiu confirmar o bizarro desinformante antivacinas Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde, como também colocou o país em risco eminente ao aleatoriamente demitir 750 funcionários do Centro de Controle de Doenças e 180 do FDA (órgão que supervisiona alimentos e medicamentos) para confusamente recontratar alguns logo depois. Também resolveu sair da OMS (Organização Mundial da Saúde), cortar fundos internacionais que auxiliam no controle de moléstias altamente transmissíveis como ebola, e paralisar reuniões necessárias para o desenvolvimento de vacinas de gripe, doença que leva à hospitalização de mais de 400 mil americanos por ano. Interessante notar que há poucos anos, durante a tentativa de se coordenar uma ação global de vacinação para conter mortes por covid, as duas últimas duas nações a se recusar a vacinar sua população, Coreia do Norte e Eritréia, eram lideradas por ditadores obscurantistas.
**Alicia Kowaltowski é professora titular do Departamento de Bioquímica, no Instituto de Química da USP, e pesquisadora na área de metabolismo energético.
NOTA DE AGRADECIMENTO DA ABC E DA SBPC A NÍSIA TRINDADE
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) cumprimentam a professora e pesquisadora Nísia Trindade Lima, a primeira mulher à frente do Ministério da Saúde, pela sua bela e competente gestão que se encerrou ontem.
Ao longo de 25 meses, nossa colega recuperou uma área destruída pela incúria do governo passado, resgatando o papel do Ministério da Saúde na implementação das políticas do SUS, tão ameaçadas no período anterior à sua gestão.
O povo brasileiro voltou a ter esperança, confiança e orgulho nas políticas públicas em Saúde: a confiança na Ciência que nos traz vacinas, a gestão epidemiológica de um país assolado por diferentes endemias e epidemias, o apoio a populações desassistidas pelas catástrofes naturais e os medicamentos da Farmácia Popular, agora ampliados, para citar apenas alguns feitos.
A gestão de Nísia Trindade também reacendeu as articulações do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS), que nos levará a uma importante redução na dependência de insumos e medicamentos.
O que foi destruído nos seis anos de dois governos em que a saúde deixou de ser priorizada, Nísia reconstruiu em 25 meses. Isso não é pouco. A palavra que melhor expressa o sentimento da SBPC e da ABC é a gratidão à Ministra Nísia Trindade Lima pela sua gestão competente frente ao ministério da Saúde.
Leia artigo de Anderson S. L. Gomes, diretor no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ex-secretário geral adjunto da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC ) e professor titular aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), publicado no Jornal da Ciência em 25 de fevereiro:
A crescente complexidade dos desafios globais tem demandado abordagens inovadoras e integrativas para garantir um futuro sustentável. Nesse contexto, o conceito de sustentabilidade única (One Sustainability) aqui introduzido emerge como uma evolução necessária, inspirado no já consolidado paradigma da saúde única(One Health), ou uma só saúde, termo adotado pelo Ministério da Saúde. A sustentabilidade única destaca a interconexão indissociável entre sistemas humanos, ambientais e socioeconômicos, fundamentando-se na ciência e em evidências científicas para promover soluções sustentáveis, tecnológicas e inovadoras, além de enfatizar que soluções sustentáveis devem contemplar simultaneamente os três pilares da sustentabilidade, idealizado por John Elkington na década de 1990.
A sustentabilidade única propõe uma visão holística, que encoraja a quebra da segregação entre disciplinas e setores, e promove uma integração entre (1) Saúde Ambiental: Preservação dos ecossistemas e gestão racional dos recursos naturais para mitigar impactos como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade; (2) Equidade Social: Promoção de justiça social, erradicação da pobreza, acesso universal à educação, à saúde e alimentação saudável; (3) Prosperidade Econômica: Estímulo à inovação, transição para uma economia circular e adoção de tecnologias limpas.
Como exemplo de conceitos relacionados, podemos destacar os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) que promovem de forma objetiva exatamente a integração entre as dimensões da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Outro exemplo é a economia circular, que minimiza perdas e maximiza o uso eficiente de recursos explorando os 3R: reusar, reciclar e regenerar. O conceito de sustentabilidade única também agrega o tema dos limites planetários, estrutura proposta pelo Centro de Resiliência de Estocolmo, bem como a chamada “economia donut” (do inglês Doughnut Economy”) que combina o teto ecológico dos limites planetários com a base social necessária para garantir o bem-estar, criando um “espaço seguro e justo para a humanidade”.