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Audiência no Senado alerta para a crise na formação de mestres e doutores no Brasil

Confira a matéria da Agência Senado:

A Comissão de Educação do Senado Federal debateu nesta terça-feira (26) as políticas públicas e perspectivas para o mercado de trabalho dos pós-graduandos. Os debatedores apontaram desafios como o número reduzido de profissionais com doutorado e mestrado no Brasil, e a necessidade de mais investimentos e absorção desses profissionais no mercado de trabalho.  

O requerimento (REQ 70/2023 – CE) para a audiência pública apresentado pela senadora Teresa Leitão (PT-PE), que presidiu a reunião remota, enfatizou a importância do investimento em pesquisa, ciência e tecnologia para o desenvolvimento nacional e a inserção do país no cenário mundial. 

— A pós no Brasil vem sendo bastante dificultada pelo insuficiente apoio financeiro e pela escassa garantia de direitos, por parte do Estado, aos estudantes dos programas de pós — explicou Teresa. 

Olival Freire Júnior, presidente substituto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), afirmou que o atual orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) não é suficiente para sustentar a quantidade de recém-doutores brasileiros.

— Nós temos sinais de crise e, se nós não tivermos capacidade como nação brasileira, como Estado brasileiro, de fazermos o diagnóstico correto, nós teremos enormes prejuízos no futuro imediato — disse.

E o número de conclusões de doutorado era para ser maior, segundo Vinicius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Ele explicou que a meta nacional seria formar 25 mil doutores por ano, mas uma série de fatores — que ele considera sistêmicos — têm impedido a formação de quadros técnicos e, após a pandemia, esse cenário teria sido agravado.

— A gente, enquanto estudante de pós-graduação stricto sensu, pensa muito: o que eu vou fazer quando terminar o meu mestrado, quando terminar o meu doutorado? Tem de fato uma lacuna sistêmica em nosso país porque não tem um plano de absorção desses mestres e doutores.

Direitos sociais e orçamento

O declínio no interesse pela pós-graduação decorre da perda de direitos sociais básicos como aposentadoria ou licença-maternidade, apontou ainda Vinícius.  A evasão de 60% nos programas de graduação reduz ainda mais a oferta de candidatos à pós-graduação. Além disso, faltam perspectivas profissionais para quem conclui um mestrado ou doutorado. Não há uma política nacional para absorvê-los. 

Charles Morphy D. Santos, presidente do Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa (FOPROP), reconheceu que houve um investimento adicional em 2023, com o reajuste das bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, que estavam praticamente estagnadas desde 2013. Mas essa pequena melhoria, para ele, não é suficiente para reverter a situação. 

— Se a gente olhar a dotação para 2024, é perceptível aqui que há uma redução do orçamento previsto, o que, de certa maneira, vai impactar algumas ações, tanto da Capes quanto ações ligadas à pós-graduação, de uma forma geral — comentou.

Abaixo da OCDE

Segundo Denise Pires de Carvalho, presidente da CAPES, o país forma cerca de cinco vezes menos doutores do que a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Enquanto os Estados Unidos e a Alemanha, por exemplo, formam entre 60 e 70 mil doutores por ano, o Brasil forma menos de um terço desse total.

— Nesse ritmo nós não vamos alcançar a média da OCDE em termos de percentual de doutores da nossa população — lamentou.

A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader, defendeu a adoção de políticas públicas para estimular a contratação de mestres e doutores pela iniciativa privada. Ela sugeriu que o Brasil siga o exemplo da China e da Índia, que aprovaram políticas para esse tipo de contratação. Atualmente, a grande maioria de mestres e doutores brasileiros trabalha para a administração pública nos níveis federal, estadual e municipal. 

— Sem ciência não vai haver desenvolvimento — sentenciou.

Fonte: Agência Senado

Fórum da Educação Superior ABC/SBPC alerta para a relação da universidade com a educação básica

0No dia 26 de março, terça-feira, aconteceu a segunda edição do Fórum da Educação Superior ABC/SBPC, com o tema “História da Educação e do Ensino Superior”. Organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento contou com os professores Luciano Mendes de Faria Filho, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Mozart Neves Ramos, da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto.

Teses sobre o Ensino Superior Brasileiro

O professor Luciano Mendes, que participa dos projetos Pensar a Educação, Pensar o Brasil – 1822/2022 e Portal do Bicentenário, iniciativas de pesquisa em rede sobre educação, levantou algumas reflexões. A primeira é que ainda conhecemos pouco sobre as práticas de sala de aula no ensino superior. “Temos muita pesquisa sobre as políticas públicas mas sabemos muito pouco sobre o que ocorre em sala de aula. As práticas tendem a ser particulares de cada professor, e se perdem quando estes se aposentam”, analisou.

Outra marca fundamental é a desigualdade. O ensino superior público é preso aos modelos das universidades e institutos federais, que cada vez são menos capazes de responder à demanda por vagas. Resulta disso a expansão exponencial do ensino privado, com a ajuda de subsídios públicos. “Temos apenas 23% dos alunos matriculados em instituições públicas. Quanto mais pobre uma pessoa, mais direcionada ela é para o ensino superior privado. Precisamos encontrar um novo modelo de expansão do ensino superior, pois o atual é insustentável”.

As atuais universidades públicas são filhas da reforma universitária de 1968, muito inspirada na experiência americana e na interface ensino-pesquisa. Para Luciano, entretanto, enquanto nas universidades estrangeiras a prática científica já estava consolidada quando se proliferou o modelo da pós-graduação stricto sensu, no Brasil ambos nasceram juntos, e continuam ligados umbilicalmente. “Na pesquisa, precisamos ir além da pós graduação. O modelo atual desencoraja o risco, e, muitas vezes, é no erro que está a descoberta. Que aluno vai escolher uma pesquisa disruptiva se, ao final dos quatro anos, ele tiver que devolver o dinheiro caso não tenha uma tese?”, refletiu.

Mozart Neves, ex-reitor da UFPE eprofessor da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP; e Luciano Mendes, professor da Faculdade de Educação da UFMG

Tudo começa na educação básica

A crise universitária brasileira não se resolve sem antes resolver a educação básica. Essa foi a frase com que o ex-secretário de Educação de Pernambuco e ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mozart Neves Ramos, abriu sua participação. Ele lembrou que menos da metade dos formandos no ensino médio atingem as médias mínimas esperadas em matemática, de acordo com o padrão dos países desenvolvidos.

Esse déficit educacional atinge em cheio o ensino superior, drenando recursos fundamentais. As taxas de desistência nas faculdades, públicas e privadas, estão na casa dos 60%. “Isso representa um desperdício de R$ 20 bilhões todos os anos”, quantificou Mozart.

Reverter esse cenário passa, necessariamente, por valorizar o trabalho do professor. Hoje, a licenciatura é o caminho escolhido por 20% dos alunos do ensino superior. O professor da educação básica é, de longe, a categoria profissional que a universidade mais forma. Mesmo assim, salários baixos e a falta de um plano de carreira tornam a profissão muito pouco atrativa, e muitos enxergam a licenciatura apenas como uma etapa intermediária antes da pós-graduação. “Para se ter uma ideia, a média da nota de ingresso em Pedagogia é a mais baixa do Enem, apenas 450 pontos. Segundo o Inep, alunos que fazem apenas 450 pontos não deveriam estar aptos a deixar o ensino médio”, exemplificou o pesquisador.

Fonte: MEC/Inep; ENEM – Gráfico elaborado pela Deed/Inep

Caminhos para o futuro

Para Mozart Ramos, o século XXI trouxe tecnologias que renderam obsoleto boa parte do modelo tradicional de educação, seja básica ou superior. O mundo hoje é interdisciplinar, algo que as universidades brasileiras tem dificuldade de compreender. Os alunos já dominam outras formas de absorção de conteúdos e o mercado de trabalho exige cada vez menos um diploma.

“Diploma hoje é ponto de partida, não de chegada, a formação deve ser contínua. Precisamos de professores que entendam esse futuro e criem novos ambientes de aula. Ainda estamos presos ao tempo da Enciclopédia Barsa”, alertou. “Hoje se eu fosse reitor faria duas coisas: uma pró-reitoria de educação básica e um observatório dos egressos, para que os alunos que estão no mercado de trabalho compartilhem suas experiências e ajudem a universidade a se modernizar”, concluiu.

Por sua vez, Luciano Mendes reforçou que é preciso investir nos professores. “As melhores experiências internacionais mostram que não tem mistério. Não se trata de inventar cada vez mais cursos e especializações. Precisamos valorizar a carreira e os salários, feito isso, as pessoas se interessam naturalmente”, afirmou.

Entretanto, o pesquisador lembrou que não existe milagre. Não é possível enxergar a educação de forma alheia à realidade socioeconômica brasileira. “Não podemos achar que vamos resolver a educação básica sem medidas claras de redistribuição de renda. Do ponto de vista da sociedade brasileira, a escola não é prioridade. Temos 33 milhões de pessoas passando fome. É impossível valorizar a educação básica nesse cenário”, concluiu.

Assista ao webinário completo:

Entidades científicas e médicas demonstram apoio à Nísia Trindade

Leia matéria de Raíssa Basílio para a Folha de S. Paulo, publicada em 21 de março:

São Paulo – Em meio às críticas e tensões políticas, a ministra [e membra titular da ABC) Nísia Trindade afirmou, nesta quinta-feira (21), que segue em sua posição no comando da pasta da Saúde. Trindade citou que enfrenta um cenário de opressão, além da exposição e dos comentários machistas.

A pressão contra a ministra se acirrou na terça-feira (19), após uma reunião com representantes da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), que reúne gestores de capitais e cidades grandes e médias.

Como antecipou a Folha, a pressão fez com que a pasta decidisse redistribuir as doses da vacina contra a dengue para municípios que não foram contemplados inicialmente nos critérios de maior gravidade.

Em apoio à permanência da ministra, diversas entidades e grupos científicos e médicos divulgaram notas nesta quinta-feira (21). A ABC (Academia Brasileira de Ciências) disse que são inapropriadas as questões críticas à ministra.

“Consideramos inapropriado que questões críticas como as sequelas da Covid-19, surtos de dengue, violência e negligência em relação à saúde das populações indígenas sejam obscurecidas por disputas políticas no Ministério da Saúde. O esforço admirável realizado pela atual gestão ministerial demanda te

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) também expressou seu apoio e solidariedade à Nísia Trindade, frisando seu trabalho notável na reconstrução do Ministério da Saúde após os danos causados “pela política negacionista do governo anterior”.”A SBPC conclama todos os defensores da saúde e da vida humana a juntarem seus esforços e somarem suas vozes na defesa de uma recomposição das condições básicas de cuidado com os seres humanos de todas as idades em nosso país”, diz a nota divulgada.

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“Torço para que ela —como muitas de nós mulheres em lugares difíceis—mantenha-se calma e serena, segure a própria voz, se ampare na sororidade de milhares de cientistas e sanitaristas do Brasil e se mantenha firme, dando continuidade ao processo de reconstrução e inovação que tão legitimamente lidera. É preciso ter a estatura de uma Nísia Trindade para combater a miséria política”, citou Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Tensões políticas

Nísia se encontra em um cenário político dominado por tensões, além da epidemia de dengue no país, há cobranças por todos os lados da Saúde, seja do presidente da Câmara, Arthur Lira, do centrão, que têm pressionado por mais verbas da pasta e o próprio presidente Lula.

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Primeira mulher a ocupar a pasta da Saúde

A socióloga Nísia Trindade, 66, é a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Saúde em 70 anos desde a criação da pasta.

Graduada em ciências sociais, mestre em ciência política, doutora em sociologia, Nísia assumiu a presidência da Fiocruz em 2017. Ela é servidora da fundação desde 1987.

Eleita com 60% dos votos de trabalhadores, pesquisadores e professores da Fiocruz, foi a primeira mulher a presidir a centenária instituição, referência em ciência, saúde pública e tecnologia em saúde da América Latina.

Nísia liderou o acordo da Fiocruz com a AstraZeneca para a produção no Brasil de vacinas contra a Covid-19. Na gestão dela, a fundação ainda foi escolhida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como centro de desenvolvimento e produção de vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro na América Latina.

Leia a nota na íntegra no site da Folha.

 

Pesquisadores apontam ingerência política em mudanças na Fapemig

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi representada na audiência pelo Acadêmico Ado Jório Vasconcelos. Confira matéria publicada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Reitores e pró-reitores de universidades federais, representantes de institutos de pesquisa, entidades científicas e de pós-graduandos presentes em audiência nesta quarta-feira (20/3/24) criticaram de forma unânime decreto do governo mineiro que alterou o estatuto da Fapemig, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.

O decreto em questão é o 48.715, de outubro de 2023, pelo qual a presidência do Conselho Curador da Fapemig passa a ser exercida por servidor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e perderia sua função original de deliberar sobre o plano de ação e o orçamento anual da fundação. O presidente e o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da fundação passam a ser indicados pelo governador, sem necessidade de cumprimento de mandato.

Os impactos da norma foram debatidos na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Todos os críticos ao novo estatuto apontaram que ele fere a autonomia de gestão da Fapemig e defenderam que sejam aprovadas pelos deputados mudanças na Constituição do Estado para assegurar a independência da fundação.

Nesse sentido, as falas foram de apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de iniciativa da deputada Lohanna (PV). O texto garantindo autonomia científica e administrativa à Fapemig precisa de pelo menos 26 assinaturas de deputados para poder ser protocolada na ALMG. No momento da reunião havia 20 assinaturas, segundo a parlamentar.

Outra iniciativa que também recebeu apoio de gestores de instituições de ensino e pesquisa foi o Projeto de Resolução 27/23, da presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), sustando os efeitos do decreto.

Em fala que resumiu o sentimento geral que predominou na audiência, o pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Marcos dos Reis, disse que as mudanças comprometem a perenidade e a sustentabilidade da fundação, que, segundo ele, pode vir a ser enfraquecida ao ser colocada na hierarquia do governo.

“A Fapemig foi pensada e criada como órgão permanente de Estado, e não de governo. Com as mudanças (no estatuto), ela desce três degraus, e passa a ser um mero órgão burocrático de quarto escalão, passa a ser um marionete do governo”, disse Fernando.

Risco de enfraquecimento da fundação é apontado

Ao fazer coro à defesa de uma PEC tratando da Fapemig, os reitores da Universidade Federal de Lavras (Ufla), João Chrysostomo de Resende, e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Heron Laiber Bonadiman, lembraram que Minas tem o maior complexo de instituições federais do País.

Eles frisaram que são 11 universidades federais, cinco institutos federais e mais o Cefet, sem falar nas universidades estaduais, e defenderam que um complexo desse tamanho não pode ficar à mercê da conveniência de governos.

“Sem previsibilidade não se tem como avançar na ciência e na tecnologia. O investimento tem que ser de Estado e de longo prazo, e não de um governo ou outro”, também se manifestou Demetrius David da Silva, gestor da Federal de Viçosa (UFV).

Os riscos de ingerência política na ciência trazidos pelo decreto foram apontados também por membros da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pelos reitores das Universidades Federais de Uberlândia, Carlos Martins da Silva, e de São João Del Rei, Marcelo de Andrade, entre outros. Este último ainda pontuou ter sido nomeado para o cargo pela gestão anterior do governo federal, mas que seria preciso considerar que o meio científico passou por momentos de “vergonha” à época.

“Foi um governo que defendia, por exemplo, a cloroquina para tratamento (da Covid-19). Precisamos de liberdade e autonomia para o desenvolvimento da ciência”, ilustrou ele para defender que órgãos como a Fapemig não dependam de interesses dos governos vigentes.

Rafael Bastos, reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, avaliou que a presença na audiência de tantas universidades demonstra que há uma união institucional à altura da importância da Fapemig.

(…)

Leia matéria completa no site da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Em apoio à ministra da Saúde, Nísia Trindade

 

Rio de Janeiro, 21 de março de 2024

NOTA PÚBLICA

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi informada por veículos de comunicação sobre as tensões políticas enfrentadas pela Ministra da Saúde. Consideramos inapropriado que questões críticas como as sequelas da Covid-19, surtos de Dengue, violência e negligência em relação à saúde das populações indígenas sejam obscurecidas por disputas políticas no Ministério da Saúde. O esforço admirável realizado pela atual gestão ministerial demanda tempo para se consolidar, e a ABC sente-se compelida a expressar seu respaldo.

Ao proclamarmos “a Ciência Voltou”, reafirmamos nosso compromisso duplo: empregar nossa expertise em prol da melhoria da qualidade de vida da população e defender o uso prudente e transparente dos recursos públicos. A Saúde, tanto como campo científico quanto prático, requer grande seriedade e sensibilidade. Portanto, a ABC reitera seu apoio à cientista Nisia Trindade, cuja competência já foi provada pela liderança que exerceu na Fiocruz, foi marcada pela discrição e determinação, e foi essencial para enfrentar os desafios impostos pela pandemia.

 

Helena Bonciani Nader
Presidente


Veja a repercussão da nota e outras manifestações de apoio:

Entidades científicas e médicas demonstram apoio à Nísia Trindade

Por um Ministério da Saúde ainda mais forte e republicano

Nota Pública de Apoio à Ministra da Saúde, Nísia Trindade

ABC participa de debate sobre a presidência brasileira no G20

Pela primeira vez, o Brasil ocupa a presidência rotativa do G20, grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo. Os veículos de imprensa O Globo, Valor Econômico e CBN se uniram para realizar a série de debates G20 no Brasil, que aborda os principais temas da liderança brasileira. A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, que está à frente do grupo focal em ciência do G20, o Science20 (S20), foi convidada para participar da primeira edição, no dia 20 de março.

Durante a mesa redonda “O que a sociedade civil espera do Brasil?”, Nader frisou que o principal objetivo da liderança brasileira no S20 é lutar por compartilhamento de informação e transferência tecnológica. “Os países ricos não conseguem entender o que é o subfinanciamento da ciência no Sul Global. Não enxergam que publicar um artigo na Science hoje custa o mesmo que anos de fomento por aqui. As discrepâncias da ciência afetam todas as áreas”, enfatizou.

Na primeira reunião do S20 em 2024, a ABC sugeriu cinco prioridades para as discussões do grupo: Inteligência Artificial; Bioeconomia; Transição Energética; Saúde e Justiça Social. A presidente da ABC destacou que todos os temas dialogam com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, de cuja elaboração o Brasil participou ativamente. “Temos aqui vários grupos da sociedade civil organizada e nossos pontos são comuns. Precisamos convergir, quanto mais fizermos isso, maior a chance de os documentos finais terem impacto na Cúpula do G20 em novembro”, finalizou Nader.

Da esquerda para a direita: Constanza Negri, Henrique Frota, Helena Nader, Beatriz motta e Cassia Almeida (mediadora)

Outros representantes da sociedade civil

Beatriz Motta, coordenadora de pesquisa da Plataforma Cipó, focou na questão climática. A Plataforma Cipó é um instituto de pesquisa independente que trabalha, principalmente, com o imperativo da mudança no clima a partir da perspectiva do Sul Global. Motta abordou a cruel injustiça geopolítica das mudanças climáticas, onde os países que menos emitem tendem a ser os mais afetados. Ela lembrou que investir em mitigação e adaptação é fundamental, mas não é tudo.

“Está sim faltando financiamento, mas não podemos limitar o debate a isso. Se queremos avançar numa transição energética justa, por exemplo, não podemos tratá-la como uma questão puramente técnica em detrimento de debates sobre seus efeitos sociais, sobretudo para as populações dos territórios onde as ações serão implementadas. Justiça climática vai muito além de investimento adequado”, afirmou.

Já o presidente da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Henrique Frota, que preside o Civil20 (C20), lembrou que esse grupo de engajamento é mais amplo do que as sociedades dos vinte países, pois abrange também nações que não fazem parte do bloco. Para ele, a opção do Brasil em priorizar o combate à fome e a taxação dos super ricos são escolhas oportunas que já estão em debate no mundo.

“Já se fala, por exemplo, de amortização da dívida externa através de investimentos internos em saúde, podemos discutir o mesmo para o combate à fome. Até os EUA, maior credor do mundo, já começaram a embarcar nessas proposições. O problema agora são os credores privados”, afirmou. “A proposta do G20 para a taxação dos super ricos é de uma alíquota mínima. É algo importante, mas isso não significa que veremos de imediato o crescimento das receitas para programas sociais. Nesse momento, é mais sobre instalar essas medidas como uma alternativa política concreta”, concluiu.

Contanza Negri, líder do Business20 (B20), grupo focal que reúne empresas e indústrias do mundo todo, salientou que não se pode mais pensar políticas industriais nas mesmas bases que em décadas passadas. Ela defendeu que o olhar dos grupos focais precisa ser menos de diagnóstico e mais de soluções.

“Nosso papel no B20 não é falar de negócios, é falar sobre quais as contribuições que o setor privado pode dar para um crescimento inclusivo sustentável. Nossos eixos principais são o combate à fome, a transição energética justa, o fortalecimento das cadeias globais de produção, o fomento à inovação tecnológica e a valorização do capital humano. Mas esses eixos não são separados, precisam ser integrados na busca por medidas concretas”, disse.

Assista ao debate completo:


Confira a repercussão na mídia do debate:

Com conflitos como as guerras em Gaza e na Ucrânia, Brasil terá de superar polarização geopolítica para obter consensos no G20 – O Globo, 27/03/2024
Capacidade brasileira de promover pontes entre países será posta à prova durante a presidência do grupo de maiores economias do mundo

Financiamento para transição energética é um dos principais desafios do Brasil para o G20 – O Globo, 27/03/2024
Consequências do aquecimento global afetam todo o planeta, mas os efeitos são desiguais para países emergentes e pobres

FGV realiza Conferência sobre Políticas para Ciência, Tecnologia e Inovação com Base em Evidências

Em preparação para a 5ª Conferência Nacional de CT&I, que tem como objetivo formular a estratégia do setor para os próximos 10 anos, a Fundação Getulio Vargas (FGV) realizará a Conferência Livre: Políticas para Ciência, Tecnologia e Inovação com Base em Evidências, no dia 3 de abril, em São Paulo.

O evento vai reunir instituições científicas e de inovação tecnológica, agências de fomento à pesquisa, empresas públicas e privadas, e órgãos do governo, a fim de propor um conjunto de ações que precisam estar na agenda brasileira dos próximos anos para o desenvolvimento de uma política de Ciência, Tecnologia e Inovação com base em evidências.

A diretora de Pesquisa e Inovação da FGV, Goret Paulo, explica o principal objetivo desta Conferência:

“Avaliar os resultados e os impactos das políticas e programas da área de ciência, tecnologia e inovação sobre o crescimento econômico sustentável do país, e considerar a experiência de outros países nesta área, são ações necessárias para a construção de uma política pública em CT&I, com potencial de gerar reais benefícios para a sociedade. Sugerir quais seriam os primeiros passos para esta construção é o propósito desta Conferência Livre organizada pela FGV, no âmbito da preparação para a 5ª Conferência Nacional de CT&I”, afirmou a diretora.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) vai participar do painel, com a palestra de seu diretor Alvaro Prata, que acredita ser necessário introduzir mudanças para melhorar a governança e a integração entre os atores do Sistema de CT&I.

“Temos um Sistema de CT&I amadurecido, com agências federais bem estabelecidas. O CNPq focado no pesquisador, a CAPES na pós-graduação, e a FINEP nos projetos de P&D, com ênfase nas parcerias entre universidade e empresa. Parte importante deste sistema são as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, que a partir de uma visão estadual possuem um papel de grande importância na diversidade das políticas locais e regionais”, disse Prata.

É possível conferir a programação completa e se inscrever para participar da Conferência Livre organizada pela FGV neste link. O evento também contará com transmissão online por meio do canal oficial da FGV no Youtube.

5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

As Conferências Livres de CT&I, assim como as Conferências Estaduais e Temáticas, estão ocorrendo desde novembro de 2023 e irão culminar na 5 ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), a ser realizada nos dias 4, 5 e 6 de junho de 2024, em Brasília (DF). O diretor-presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Fernando Rizzo, destaca que a 5ª CNCTI emerge como um marco fundamental para discutir e formular políticas públicas, por meio de um espaço democrático e aberto para debater questões fundamentais.

“Com o tema ‘Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido’, a Conferência Nacional visa não apenas refletir sobre as demandas atuais em CT&I, mas também propor recomendações para uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), que moldará os próximos anos (2024-2030). Este esforço substituirá a estratégia vigente (2016-2023) e, durante o evento, seus programas, planos e resultados serão minuciosamente analisados. Com sua natureza consultiva, mobilizadora e articuladora, a 5ª CNCTI visa engajar a comunidade científica, os setores de CT&I e a sociedade civil em prol de objetivos comuns, marcando seu retorno após um intervalo de 14 anos”, declarou Rizzo.

Para o diretor-presidente, a grande inovação desta edição são as Conferências Livres, que junto às Conferências Municipais, Estaduais e Regionais, proporcionam a participação de praticamente todos os setores do Sistema de CT&I, além de representações da sociedade na Conferência Nacional. “Já estamos nos aproximando de 90 Conferências Livres programadas e esse número pode aumentar até o mês de abril”, ressaltou.

Saiba mais sobre a 5ª CNCTI visitando este site.

Serviço

Evento: Conferência Livre de CT&I: Políticas para Ciência, Tecnologia e Inovação com Base em Evidências

Quando: 3 de abril de 2024

Onde: Rua Dr. Plínio Barreto, 365 – Bela Vista, São Paulo – SP. Auditório do 15º andar.

Inscrição e programação do evento neste link.

 

Brasil volta ao jogo em encontro de C&T do G20

#s20brasil | s20brasil.org

Leia matéria de Mauricio Thuswohl para Carta Capital, publicada em 14/3:

Após um primeiro ano de governo marcado pelos esforços de retomada das políticas públicas em ciência e pela revitalização dos principais mecanismos de financiamento para o setor, a comunidade científica brasileira quer aproveitar o exercício da presidência do G20 em 2024 para recuperar o terreno perdido em um cada vez mais acirrado mercado global.

Anfitriã da oitava edição do Science20 (S20), fórum que reúne as academias de ciência dos países integrantes do bloco, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) seguiu a estratégia de recolocar o Brasil em um papel de liderança no setor e pediu urgência no cumprimento dos compromissos firmados há nove anos no âmbito da Agenda 2030 da ONU, que prevê medidas para redução da desigualdade e da pobreza e proteção do meio ambiente, entre outras.

Concluída na terça-feira 12 no Rio de Janeiro, a Reunião de Iniciação do S20 – a reunião de cúpula acontecerá em julho – teve cinco eixos de discussão: Bioeconomia, Inteligência Artificial, Transição Energética, Justiça Social e Saúde. Os debates e atividades foram coordenados [pelo diretor da ABC Álvaro Prata, em consonância com a  presidente da ABC, Helena Nader]. Participaram do encontro academias de ciências de África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da Academia Europaea.

Marcos Cortesão, secretário-executivo da ABC para Programas Internacionais; Glaucius Oliva, vice-presidente da ABC para a região São Paulo; e Álvaro Prata, diretor da ABC incumbido pela presidente de conduzir a reunião do S20 | Foto: Marcos André Pinto/ABC

Leia mais no site da Carta Capital, com acesso aberto

 


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