O Frontiers Planet Prize anunciou hoje os 22 vencedores nacionais de sua segunda edição. O Prémio reconhece cientistas cuja pesquisa promove a sustentabilidade e trazem soluções que impeçam o ultrapassar das nove fronteiras planetárias, um quadro apresentado pelo cientista Johan Rockström, são elas: mudanças climáticas; integridade da biosfera; mudanças no da terra; disponibilidade de água potável; fluxos biogeoquímicos; acidificação dos oceanos; mudanças na composição atmosférica; depredação da camada de ozônio; e outras entidades (grupo que inclui liberação de radiação ou substancias e organismos sintéticos na natureza). Destas nove, apenas três – acidificação dos oceanos, mudanças na composição atmosférica e depredação da camada de ozônio – estão sob controle.

Prof. Alexander Turra

O vencedor brasileiro foi o professor Alexander Turra, da Universidade de São Paulo (USP), com o artigo “Avanços na identificação de hotspots de poluição por plástico em nível subnacional: o Brasil como um estudo de caso no Sul Global”, publicado na Science Direct. O estudo quantifica e analisa regionalmente a geração de lixo plástico no Brasil, bem como encontra dois pontos focais de transmissão deste lixo para os oceanos, na Baía de Guanabara, RJ, e nas partes brasileiras da Bacia do Rio da Prata.

“Sempre fui inundado pelo oceano desde muito jovem. Com base na minha experiência em ecologia marinha e gestão costeira, tive a um aprendizado transdisciplinar que me permite dialogar com os mais diversos atores sociais relacionados ao oceano. A integração entre oceano e sociedade e entre ciência e tomada de decisão tornou-se minha prática diária e representa um dos principais objetivos da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos Oceanos, que coordeno na Universidade de São Paulo. O lixo marinho é um dos desafios que a cátedra aborda a partir de uma equipe interdisciplinar, como foi com o estudo premiado”, disse Turra, que teve a oportunidade de escrever um ensaio sobre sua temática e seu trabalho, em inglês, que você confere aqui.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi convidada a atuar na seleção das candidaturas do Brasil, considerando apenas candidatos baseados em instituições nacionais. Para a submissão, a ABC acionou instituições de ensino superior públicas, privadas e confessionais de todo o país, assim como unidades de pesquisa ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O Prêmio envolveu 20 academias de ciências e 475 universidades e instituições de investigação líderes de 43 países. Os 23 vencedores nacionais foram escolhidos por um júri independente de 100 cientistas do qual participaram os membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Carlos Nobre e Mercedes Bustamante. Eles representam um grupo diverso de pesquisadores em diferentes estágios da carreira e terão a oportunidade de compartilhar seus trabalhos premiados através de conferências nacionais e internacionais para facilitar a mudança sistémica necessária para salvaguardar a saúde do nosso planeta.