A cooperação entre pesquisadores de diferentes nacionalidades e o investimento em educação e ciência serão os principais impulsionadores de um futuro mais desenvolvido e justo, na avaliação de cientistas vencedores do prêmio Nobel reunidos no Rio nesta segunda-feira (15). O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com a Fundação Nobel, abordou como a ciência pode ser usada para promover um mundo melhor.
O físico francês Serge Haroche, laureado com o Nobel da Física em 2012, acredita que os criadores de políticas devem favorecer a comunicação entre países e fomentar projetos que reúnam pesquisadores de diferentes regiões. Para ele, a comunicação e a cooperação entre cientistas são a chave para sociedades que buscam soluções para problemas semelhantes.
“É preciso garantir que a comunicação seja global entre cientistas e não seja afetada por tensões geopolíticas”, disse Haroche a jornalistas .
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Haroche acredita que os impactos da ciência na economia e em outras esferas só serão possíveis se houver boa educação e investimento na ciência básica. “É difícil porque a atitude natural dos políticos costuma ser a de buscar controlar a ciência e tomar decisões de cima para baixo, mas a ciência tem seu próprio tempo”.
Para Helena Nader, presidente da ABC, o Brasil precisa desenvolver ciência própria, ao mesmo tempo em que deve criar pesquisas internacionais em parceria com cientistas de outros países.
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Para o escocês David MacMillan, vencedor do Nobel de Química em 2021 e professor na Universidade de Princeton, a promoção da diversidade é fundamental para o desenvolvimento científico.
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“Se você quiser resolver qualquer problema, vai querer várias pessoas pensando sobre ele. Pessoas com variados gêneros, nacionalidades e culturas pensam de forma diferente, e quando se reúnem, isso tem um impacto muito alto.”
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A psicóloga e neurocientista norueguesa May-Britt Moser, vencedora do Nobel de Medicina em 2014, ponderou que as pessoas parecem ter memória curta sobre o papel da ciência e disse que, para nos prepararmos para o futuro, é necessário que a sociedade esteja pronta.
“Pensei que aprenderíamos na pandemia o quão importante a ciência é, mas as pessoas esquecem. Se não tivéssemos pessoas trabalhando em ciência e facilitando as vacinas para salvar milhões e milhões de pessoas, teríamos um desastre muito maior”, acrescentou Moser, que também é chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
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Moser falou ainda sobre a representatividade de mulheres na ciência, observando que se as mulheres não ousarem romper barreiras, o aumento da presença feminina não vai acontecer.
“Na Noruega, nós temos mulheres em diferentes campos e para mim era algo natural, eu não via diferenças até dialogar com outros países. Se as pessoas não esperam que você faça algo, você precisa lutar mais para ocupar esses lugares”.
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