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Marina Silva defende diálogo eficaz entre governo e comunidade científica e recebe documento da ABC

A candidata à vice-presidência da República pelo PSB, Marina Silva, defendeu que os governos devem dialogar de forma eficaz com a comunidade científica para tomar decisões que priorizem a preservação dos recursos naturais sem prejudicar o desenvolvimento. Ela participou na quinta-feira, 24 de julho, da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que, neste ano, acontece em Rio Branco, no Acre, cidade onde nasceu. Marina substituiu o candidato à presidência com quem está concorrendo, Eduardo Campos, que havia ido ao enterro do escritor Ariano Suassuna.
Na ocasião, Marina Silva também recebeu das mãos da presidente da SBPC e Acadêmica, Helena Nader, o documento com orientações em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) destinado aos presidenciáveis, que foi elaborado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e subscrito pela SBPC. Antes de Silva falar sobre sua visão política, Nader, que apresentou a convidada, pediu um minuto de silêncio pelas mortes recentes de Suassuna, dos também escritores Rubem Alves e João Ubaldo Ribeiro, do político Plínio de Arruda Sampaio e do geneticista e Acadêmico Darcy Fontoura.

 

Marina Silva e Helena Nader em minuto de silêncio
Marina Silva e Helena Nader em minuto de silêncio
Marina Silva afirmou que os eixos de debate da reunião, cujo tema é “Ciência e Tecnologia em uma Amazônia sem Fronteiras”, são muito importantes e que, antes de tudo, é necessário compreender a significância da região, que corresponde a 60% do território brasileiro, comporta 11% de toda a água doce mundial e a maior biodiversidade do planeta. “É fundamental esse encontro do saber narrativo com o técnico-científico”, destacou. “Essa inovação de ter a SBPC Indígena, com os povos tradicionais, é muito importante para que se possa pensar a educação e considerar outras formas de produzir conhecimento, tecnologia e ciência.”
Ela continuou, dizendo que as populações tradicionais, portadoras do saber narrativo, não trabalham com o certo e o errado, sabem “escutar e compreender”, “ver e perceber”, e que a ciência se enriquece muito com esse encontro e diálogo. “A Amazônia suscita a diversidade cultural, social, dos ecossistemas, econômica. O grande problema aqui é a ideia de que devemos copiar os modelos homogêneos de outras regiões do país – se a cana dá certo, repetimos a cana, se é soja, repetimos a soja. É preciso diversificar: turismo, agronegócio, biotecnologia.”

A “crise civilizatória”

Marna Silva argumentou que a humanidade atravessa uma “crise civilizatória”, que é econômica, social, ambiental, política e de valores. Isso se deve a vários fatores: no aspecto ambiental, por exemplo, há uma grande perda da biodiversidade, poluição e mudanças climáticas; no social, cerca de dois bilhões de pessoas no mundo vivem em situação de pobreza; no político, a internet transformou a propagação da informação e, hoje, os indivíduos assumiram o lugar de sujeitos políticos, não mais de espectadores. Já a crise de valores se dá no campo da ética. “Sacrificam-se investimentos estratégicos de longo prazo por se pensar nas próximas eleições em vez de nas próximas gerações”, ressaltou.
A candidata afirmou que uma crise civilizatória é grave porque não pode ser enfrentada por uma pessoa ou um grupo. É preciso esforço da ciência, mas também dos saberes tradicionais, dos governos e das empresas. Marina Silva disse, ainda, que o diálogo com o novo sujeito político requer uma postura nova. “Não é mais fazer para as pessoas, mas com as pessoas; olhar de baixo para cima e não o contrário.”

O falso dilema da educação

Marina Silva atentou para a necessidade de se dialogar com as demandas desse século, e apontou que a educação deve ser prioridade de qualquer governo – do ensino infantil à pós-graduação. “Entramos no falso dilema de decidir se será priorizado o ensino básico, o fundamental ou o universitário. Essa escolha não existe; é preciso fazer ao mesmo tempo. Por isso, professores precisam de uma boa formação e a escola deve ser ressignificada, de modo que não seja mais uma porta de entrada e a mesma porta de saída, e sim uma porta de entrada e várias portas de saída.” Para isso, defendeu a destinação dos 10% do PIB para a educação e a escola em tempo integral.

Diálogo entre governo e comunidade científica

Marina Silva afirmou que o pouco mais de 1% do PIB destinado a CT&I é pouco, e frisou a necessidade de se buscar uma profunda parceria entre o governo e a comunidade científica. “Muito do conhecimento produzido por vocês fica na prateleira, não é considerado quando o governo toma as decisões sobre a hidrelétrica que vai construir, por exemplo.” Ela contou que, quando foi ministra do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008, já havia uma demanda muito grande da comunidade científica por contribuir com soluções. “Desde 2001, os cientistas alertam para o fato de que poderíamos viver escassez de água. Treze anos se passaram e não se aprendeu nada, continuamos falando de apagão e temos uma matriz energética dependente quase que de apenas uma fonte de energia.”
Ela lembrou que, quando esteve à frente do Ministério, fazia seminários técnico-científicos com a comunidade científica e agentes públicos. “Em quatro anos, reduzimos em dois bilhões de toneladas a emissão de CO2. Os pesquisadores faziam o alerta, nós levávamos em conta e concebíamos um plano.” Marina Silva também recordou o caso do Código Florestal, em que as observações dos cientistas foram pouco consideradas. “Eu tenho o compromisso de ouvir a comunidade científica para que esta possa interferir na gestão pública.”
A convidada acrescentou que o governo deve respeitar a capacidade criativa e inventiva do pesquisador, em vez de engessá-lo com a agenda exclusiva de resultados. Ao fim, Helena Nader entregou o documento escrito pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e outro produzido pela diretoria da SBPC durante a própria reunião. Este aborda, justamente, a necessidade de uma participação real da comunidade científica no debate político, principalmente em relação ao orçamento de CT&I.
Saiba mais sobre o encontro em matéria do Jornal da Ciência.

Documento da ABC com recomendações aos presidenciáveis é entregue à candidata do PT

O documento com recomendações de políticas para o desenvolvimento científico do Brasil, destinado aos candidatos à Presidência da República e elaborado pela ABC, foi entregue oficialmente à atual presidente, Dilma Rousseff, que pleiteia a reeleição pelo PT.
Jacob Palis, Dilma Rousseff, Henrique Paim (MEC), Mauro Borges (MDIC) e Clélio Campolina (MCTI)
Rousseff recebeu o texto, intitulado “Por uma política de estado para ciência, tecnologia e inovação – contribuições da ABC para os candidatos à presidência do Brasil”, por ocasião da reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), que ela preside. Ele foi entregue pelo presidente da ABC, Jacob Palis, que participou do encontro.
De quatro em quatro anos, quando há eleições presidenciais, a ABC redige documento análogo, com o objetivo de orientar os presidenciáveis em matérias relativas à situação da ciência, tecnologia e inovação no país.
Em 2014, o texto foi trabalhado nos meses de abril e maio por uma junta de membros da ABC nomeados pela Diretoria e, depois, apresentado na Reunião Magna, o evento da Academia mais importante do ano. O documento foi, então, referendado pelos Acadêmicos nos dias seguintes. Trata-se, portanto, de um trabalho conjunto dos membros da ABC.
“Depois de varias discussões, o documento reflete o pensamento da Academia sobre a situação atual e futura da ciência no país”, afirma o Acadêmico Jailson Bittencourt de Andrade, que foi um dos redatores.
A ABC já enviou ofício aos candidatos do PSDB, PSB, PSOL, PSC e PCB e, agora, aguarda oportunidades para que os candidatos recebam o documento. Em breve, o texto será divulgado para o público.

Fórum Mundial de Ciência 2013 já tem tema definido

O tema “Science for Global Sustainable Development” foi o acordado durante a primeira reunião do Comitê Executivo do Fórum Mundial de Ciência 2013, que será realizado no Rio de Janeiro. O encontro, que aconteceu nos dias 12 e 13 de junho, também serviu para definir os assuntos das sessões plenárias e a agenda.

Entre os representantes de diversas instituições renomadas, compareceram o presidente Jacob Palis; a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Bonciani Nader; o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), Marco Antonio Raupp; o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix; o diretor da ABC Luiz Davidovich; o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães; o chefe de gabinete da ABC, Fernando Carlos Azeredo Verissimo; a assistente de projetos da ABC, Fernanda Wolter; a assessora de projetos da ABC, Gabriella Mello; a diretora-geral assistente para as Ciências Naturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Profª Gretchen Kalonji; a diretora da Divisão de Políticas Científicas da Unesco, Profª Lidia Brito; o presidente da Academia Húngara de Ciências, Prof. József Pálinkás; o presidente do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), Prof. Yuan-Tseh Lee, entre outros.

Em relação aos principais tópicos que deverão ser abordados no programa, os presentes sustentaram a necessidade de interligar os temas sugeridos, envolvendo questões de políticas científicas, saúde, ciência básica e de engenharia a fim de promover sessões mais dinâmicas e interativas, bem como conclusões mais integradas. As seis principais plenárias abordarão as seguintes questões:

• Desigualdades como barreiras para a sustentabilidade global;
• Políticas científicas e governança: inventando o futuro;
• Integridade científica;
• Ciência para recursos naturais (para explorar e utilizar os recursos naturais de forma sustentável);
• Ciência e educação em Engenharia;
• As funções fundamentais da ciência em inovação

Em seu discurso, o ministro Marco Antonio Raupp reafirmou o compromisso do governo brasileiro junto à pasta de C,T&I em dar todo o suporte necessário à realização do fórum. “Em conjunto com a ABC e a SBPC tenho certeza que começaremos a trabalhar na organização de um evento que será bem-sucedido”. O Acadêmico Jorge Guimarães, representando o Ministério da Educação, reforçou a posição do MC,T&I, reiterando seu apoio a esse grande evento.

A cada dois anos, a reunião é realizada pela Academia de Ciências da Hungria na capital do país natal, Budapeste, reunindo cientistas de todas as partes do mundo e mobilizando a sociedade, sendo esta a primeira vez que o Fórum acontecerá em outro país. “Ciência e tecnologia são a base para se construir um consenso, o qual procuramos durante a Rio+20. Estou confiante de que haverá progressos substanciais no sentido de assegurar o desenvolvimento das nações com justiça social e econômica e de uma forma sustentável”, complementou Raupp.

Comunicado da SBPC e ABC

A ABC e a SBPC divulgaram a seguinte nota comunicando sua posição sobre a decisão da Câmara dos Deputados em relação ao Código Florestal.

“A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), tendo em vista a decisão majoritária da Câmara dos Deputados sobre o substitutivo do Código Florestal, esclarecem que:

  • Nunca houve convite oficial por parte do Parlamento Nacional para que a ABC e SBPC entidades representantes da comunidade científica brasileira participassem das discussões sobre o substitutivo do Código Florestal.
  • A participação ocorreu em função de uma demanda da própria comunidade científica que resultou na formação de um grupo de trabalho (GT) composto por cientistas das diferentes áreas abrangidas no código florestal. Os trabalhos foram iniciados no dia 7 de julho de 2010, e resultaram na publicação do livro O Código Florestal e a Ciência: Contribuições para o Diálogo, que foi lançado em Brasília, no dia 25 de março.
  • Durante o período de trabalho, várias pessoas e entidades foram convidadas para dialogarem com o GT. Duas cartas foram produzidas e enviadas a todos congressistas e presidenciáveis alertando da necessidade de mais tempo para estudos aprofundados sobre os vários aspectos tratados no código florestal e seu substitutivo.
  • Reconhecem a importância do agronegócio na produção de alimentos e na balança comercial brasileira, bem como a necessidade de que o desenvolvimento e a ampliação do agronegócio ocorram sem prejuízos à preservação e conservação dos recursos ambientais do País.
  • Entendem que a agricultura familiar, responsável por 38,8% do valor bruto da produção agropecuária, representando 84,4% do número total dos estabelecimentos rurais que ocupam 24,3% da área agriculturável do Brasil, deve ter um tratamento especial por parte da legislação ambiental. Tratamento semelhante deve ser conferido às áreas consolidadas em ambientes urbanos e rurais que não provoquem degradação ambiental.
  • Que o código florestal de 1965 (Lei 4771), apesar de construído com o aporte científico da época, necessita de aprimoramentos à luz da ciência e tecnologia disponíveis na atualidade. Ao mesmo tempo entendem que o Projeto de Lei n0 1.876 aprovado na Câmara dos Deputados também não resolve as necessidades de modificações na legislação anterior, pois o mesmo não contempla uma fundamentação científica e tecnológica.
  • Que em função dos fatos expostos acima, a SBPC e ABC solicitaram mais dois anos para construção de um código florestal com base científica e tecnológica considerando aspectos jurídicos não punitivos e com equidade econômica, social e ambiental.

Desta forma, a SBPC e a ABC consideram precipitada a decisão tomada na Câmara dos Deputados, pois não levou em consideração aspectos científicos e tecnológicos na construção de um instrumento legal para o país considerando a sua variabilidade ambiental por bioma, interação entre paisagens urbanas e rurais que propiciem melhores condições de vida para as populações com uma produção agrícola ambientalmente sustentável.

Esclarecem também que esta decisão não tem nenhum vínculo com movimentos ambientalistas ou ruralistas, pois o mais importante é a sustentabilidade do País.

Reafirmam que estão dispostas a colaborar na construção de um código florestal/ambiental justo e que confiam que o Senado considere os aspectos científicos e tecnológicos na análise do substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados.

São Paulo, 25 de maio de 2011.

Jacob Palis
Presidente da ABC

Helena B. Nader
Presidente da SBPC

José A. Aleixo da Silva
Coordenador do GT”

Carta-compromisso da educação entregue aos presidenciáveis no Dia do Professor

No dia 15 de outubro de 2010, por ocasião do “Dia do Professor”, as 27 organizações proponentes da “Carta-compromisso pela garantia do direito à educação de qualidade” entregam o documento aos candidatos à Presidência da República, Dilma Roussef (PT – Coligação “Para o Brasil seguir mudando”) e José Serra (PSDB – Coligação “O Brasil pode mais”).

O objetivo é assegurar o compromisso de ambas as candidaturas com políticas educacionais capazes de consagrar o direito à educação de qualidade para todos os brasileiros e todas as brasileiras.

Carta-compromisso

A “Carta-compromisso pela garantia do direito à educação de qualidade” foi lançada em 31 de agosto de 2010, na sede do Conselho Nacional de Educação. Redigida por 25 entidades e movimentos nacionais e dois organismos internacionais, o manifesto elenca sete desafios educacionais prioritários que devem ser superados com urgência, assevera a necessidade de constituição do Sistema Nacional de Educação (esfera citada no Art. 214 da Constituição Federal de 1988) e propõe quatro grandes compromissos de macro- políticas públicas a serem implementadas:

1. Ampliação adequada do financiamento da Educação pública.
2. Implementação de ações concretas para a valorização dos profissionais da Educação.
3. Promoção da gestão democrática.
4. Aperfeiçoamento das políticas de avaliação e regulação.

O conteúdo da Carta-compromisso sintetiza as propostas mais consensuais aprovadas na Conferência Nacional de Educação (Conae 2010).

Atos de entrega

A candidata Dilma Roussef recebe a “Carta-compromisso pela garantia do direito à educação de qualidade” no Palácio do Trabalhador, em São Paulo – SP, às 14 horas.

O candidato José Serra recebe o documento no Hotel Sumatra, Rua Souza Naves 803, Centro, Londrina – PR, às 17:30 horas.

Carta-compromisso reúne sete desafios para a educação

O documento lançado no dia 31/8 por organizações da sociedade civil e entidades da área da educação reúne algumas metas que esses grupos esperam que sejam cumpridas pelo próximo governante para melhorar a qualidade da educação. Entre elas está investir um mínimo de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na área até 2014. Hoje o país investe em torno de 4,7% do PIB, segundo o Ministério da Educação (MEC).

A Carta-compromisso é assinada por 26 entidades e reúne sete desafios prioritários. São eles:

1) inclusão, até o ano de 2016, de todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos na escola;
2) universalização do atendimento da demanda por creche, nos próximos dez anos;
3) superação do analfabetismo, especialmente entre a população com mais de 15 anos de idade;
4) promoção da aprendizagem ao longo da vida para toda criança, adolescente, jovem e adulto;
5) garantia de que, até o ano de 2014, todas as crianças brasileiras com até os 8 anos de idade estejam alfabetizadas;
6) estabelecimento de padrões mínimos de qualidade para todas as escolas brasileiras, reduzindo os níveis de desigualdade na educação;
7) ampliação das matrículas no ensino profissionalizante e superior.

“O nível de escolaridade da população brasileira é baixo e desigual. A luta por uma sociedade com muito mais justiça e igualdade exige a mobilização de toda a sociedade brasileira para que a educação ocupe o lugar central em todas as urgências que se impõem para o Estado brasileiro. Nós avançamos muito em educação nos últimos anos, mas ainda é muito pouco”, afirmou o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Antonio Carlos Ronca.

O documento, que foi lido por alunos do Centro de Ensino Médio Setor Oeste, de Brasília, recomenda ainda a institucionalização do Sistema Nacional de Educação. Ele seria a forma de garantir um regime colaborativo entre a União, os estados e municípios para oferecer uma educação de qualidade.

Para efetivar esse sistema, foram determinados quatro compromissos fundamentais: a ampliação adequada do financiamento, ações para promover a valorização dos profissionais da educação, a promoção da gestão democrática e o aperfeiçoamento das políticas de avaliação.

A ideia é que a carta-compromisso seja apresentada não só aos presidenciáveis, mas a todos os candidatos a cargos eletivos (governadores e parlamentares). Um grupo de representantes das entidades já está trabalhando para organizar essa segunda fase do projeto.

Além disso, a carta-compromisso deverá ganhar a adesão de outras entidades, que já manifestaram interesse em apoiar o movimento em favor pela educação.

O representante da SBPC e coordenador do GT-Educação da entidade, o Acadêmico Isaac Roitman, ressaltou o caráter plural e apartidário da cerimônia desta terça-feira. “Reunimos entidades que nunca sentaram juntas, por falta de oportunidade ou por outras barreiras. Estavam ali empresários, centrais de trabalhadores, academia, sem cor partidária. Mais importante que o conteúdo da carta é essa parceria entre as entidades, o exercício de trabalhar em conjunto pela educação”, destacou Roitman.

Repercussão

“Não basta dizer que tem compromisso com a educação, isso é fácil dizer. Nós precisamos de propostas bem concretas que permitam que o país dê esse salto na educação”, avaliou o representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Vincent Defourny.

A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie-Pierre Poirier, acredita que a experiência da carta pode servir de exemplo para iniciativas semelhantes em outros países.

O presidente da Andifes, Edward Madureira Brasil, ressaltou a importância tanto da carta-compromisso quanto do evento em si. “É uma honra para a Andifes ter participado na elaboração de um documento que deve mudar a história da educação no Brasil”, disse o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Ele resumiu o sentimento do colegiado. “Temos um corpo técnico muito preparado, agora precisamos da vontade política para fazer o processo sair do papel e acreditamos que, com esta carta, será possível”, finaliza.

ABC e SBPC entregam a Dilma carta com propostas para CT&I

“A ciência brasileira conquistou uma posição internacional de destaque e alcançou um grau de maturidade que permite considerá-la como um recurso fundamental para o desenvolvimento econômico e social sustentável do país. Essa competência decorre de uma política de estado que promoveu investimento continuado por várias décadas na formação de recursos humanos e na geração de conhecimento. Esta política precisa ser consolidada e ampliada nos próximos mandatos presidenciais.”

Este é o início da carta entregue pelo presidentes da ABC Jacob Palis e da SBPC Marco Antônio Raupp à candidata Dilma Roussef, no primeiro debate com presidenciáveis realizado no dia 28 de julho durante a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal, no Rio Grande do Norte. Eles compuseram a mesa junto com o candidato à vice Michel Temer e o reitor da UFRN José Ivonildo do Rêgo.

Dilma destacou o papel da SBPC, “entidade que além de forjar a ciência brasileira carregará a marca de lutar pela liberdade no país”. Ressaltou também a atuação dos estudantes, professores e pesquisadores em reuniões da SBPC no passado: “eles se deram as mãos pela construção e conquista da democracia num momento que tem um significado especial na nossa história”. Justificou sua presença afirmando que a elaboração de um projeto de desenvolvimento nacional com justiça social e sustentabilidade não pode ocorrer entre quatro paredes. “Um projeto de Nação deve passar pela comunidade científica, pela comunidade artística e por todos os segmentos que compõem a nossa cultura.”

Capitalizando resultados

Segundo Dilma, sua candidatura não se baseia em promessas, mas sim numa proposta de continuidade dos resultados do Governo Lula, que modificaram as condições de desenvolvimento do país. Deu como exemplos os programas sociais de modo geral, os de inclusão social rural e de agricultura familiar, além do estabelecimento de uma política econômica que garantiu um crescimento real do salário mínimo de US$100 para US$ 300. contrariando a tese de que elevar o salário mínimo não era compatível com a redução da inflação. “Acabamos c a submissão ao FMI, pagamos nossa conta e garantimos autonomia do país para fazer sua política de paz e colaboração com nossos vizinhos latino-americanos.”

Casamento entre educação e política de CT&I

Para ela, essa integração entre educação, ciência, tecnologia e inovação é essencial para que o país tenha uma sociedade inclusiva e seja uma nação soberana. “com esse incremento teremos plenas condições de deixarmos de ser um país emergente e alcançarmos outro patamar.”

Em sua avaliação, o Governo fez grandes gestões nessas duas áreas. “Abrimos caminho para um novo rumo com o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação. Através dele mudamos o referencial da quantidade de recursos dedicados à área. O MCT dobrou seu orçamento para mudar o padrão de desenvolvimento do país.”

Com relação especificamente à C&T, Dilma valorizou a pesquisa básica. “Sem ela não teremos inovação tecnológica sustentável”. Afirmou que fortalecerá os centros de excelência em pesquisa científica e também investirá na difusão desses conhecimentos de forma equilibrada por todo o país.

A candidata reforçou também a exigência feita às empresas estrangeiras que querem entrar no mercado brasileiro, relativa à transferência de tecnologia. “Para implementar as novas tecnologias e desenvolver as nossas próprias precisamos de mestres e doutores, atuando em institutos federais de tecnologia em parceria com empresas privadas”. Afirmou que essa foi a base do desenvolvimento da China, da Coreia e do Japão e que sua meta em termos de investimentos federais em CT&I é passar dos atuais 1,34% do PIB para 1,8 a 2% até 2014. “Esses números não surgiram à toa. Por trás deles estão valores, projetos de Brasil.”

Destacou ainda a proteção dos biomas brasileiros, em especial a Amazônia e o mar. Com relação a este, tema da Reunião, atentou para a importância de um desenvolvimento tecnológico adequado para a exploração do pré-sal, evitando desastres ambientais como os ocorridos recentemente em locais com condições similares. Para garantir a sustentabilidade ambiental, Dilma considera fundamental agregar inovação e valor aos produtos brasileiros. “O controle ambiental tem que ocorrer juntamente com alternativas produtivas.”

Desafios pela frente

A candidata afirmou que parte desse alicerce construído para elevar o Brasil a outra condição. Segundo ela, seu maior compromisso é com a erradicação da miséria no país. ” Hoje, conseguimos que 69% da população brasileira esteja acima da classe C. Agora precisamos resgatar os 31% que ainda estão na miséria.

Para isso, Dilma apontou que são necessárias novas características no trabalho e na forma de produzir. “Escolher entre investir na educação básica ou investir na educação superior só atravanca o progresso do país. Precisamos investir em ambas e voltar a investir no ensino técnico, principalmente nos estados e municípios menos ricos”. Ela reforçou que o ensino médio público tem que ter um conteúdo profissionalizante, que o Brasil precisa investir nas universidades federais e ampliar essa rede para o interior do país. “Temos que acabar com o sucateamento do ensino superior para formar recursos humanos qualificados.”

Dilma afirmou que o passo inicial para todo esse processo é a qualificação dos professores do ensino básico. “Temos que mudar o status social da categoria com salários dignos para alcançarmos nosso objetivo. Milagres não existem. Se queremos educação de qualidade temos que pagar bem e preparar o professor.”

Para ela, o grande ganho do Governo Lula foi criar condições para que hoje o Brasil tenha autonomia para planejar seu futuro. “Temos a percepção de que governamos para todos e que temos que olhar especialmente para os mais vulneráveis. Só distribuindo renda se faz crescer um país de 190 milhões de habitantes. Investimos na auto-estima e autoconfiança do povo brasileiro, avalio que hoje os homens e mulheres desse país se acreditam capazes. Chega de ser o país do futuro. Chegamos ao governo defendendo que a esperança tinha que vencer o medo. Hoje temos resultados suficientes para vencer o medo e construir a esperança, que é o que impulsiona para a frente.”

Respondendo ao público

Questionada sobre suas propostas de políticas especificas para as mulheres, Dilma afirmou que elas são as maiores beneficiárias das políticas sociais e de habitação. “Hoje inúmeras famílias são compostas pela mulher e seus filhos. Para cuidar desse segmento temos que promover a efetividade da Lei Maria da Penha do Oiapoque o Chuí. Temos que ter controle social sobre isso.”

Sobre o apoio às mães trabalhadoras, Dilma defendeu o oferecimento de creches de qualidade. “A mãe tem que saber que seu filho está bem cuidado, alimentado e devidamente estimulado para que nessa primeira infância adquira condições de aprendizado no futuro.”

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