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Sustentabilidade Única, um conceito a ser explorado pelo Brasil na COP30

Leia artigo de Anderson S. L. Gomes, diretor no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ex-secretário geral adjunto da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC ) e professor titular aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), publicado no Jornal da Ciência em 25 de fevereiro:

A crescente complexidade dos desafios globais tem demandado abordagens inovadoras e integrativas para garantir um futuro sustentável. Nesse contexto, o conceito de sustentabilidade única (One Sustainability) aqui introduzido emerge como uma evolução necessária, inspirado no já consolidado paradigma da saúde única (One Health), ou uma só saúde, termo adotado pelo Ministério da Saúde. A sustentabilidade única destaca a interconexão indissociável entre sistemas humanos, ambientais e socioeconômicos, fundamentando-se na ciência e em evidências científicas para promover soluções sustentáveis, tecnológicas e inovadoras, além de enfatizar que soluções sustentáveis devem contemplar simultaneamente os três pilares da sustentabilidade, idealizado por John Elkington na década de 1990.

A sustentabilidade única propõe uma visão holística, que encoraja a quebra da segregação entre disciplinas e setores, e promove uma integração entre (1) Saúde Ambiental: Preservação dos ecossistemas e gestão racional dos recursos naturais para mitigar impactos como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade; (2) Equidade Social: Promoção de justiça social, erradicação da pobreza, acesso universal à educação, à saúde e alimentação saudável; (3) Prosperidade Econômica: Estímulo à inovação, transição para uma economia circular e adoção de tecnologias limpas.

Como exemplo de conceitos relacionados, podemos destacar os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) que promovem de forma objetiva exatamente a integração entre as dimensões da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Outro exemplo é a economia circular, que minimiza perdas e maximiza o uso eficiente de recursos explorando os 3R: reusar, reciclar e regenerar. O conceito de sustentabilidade única também agrega o tema dos limites planetários, estrutura proposta pelo Centro de Resiliência de Estocolmo, bem como a chamada “economia donut” (do inglês Doughnut Economy”) que combina o teto ecológico dos limites planetários com a base social necessária para garantir o bem-estar, criando um “espaço seguro e justo para a humanidade”.

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Leia o artigo aberto, na íntegra, no Jornal da Ciência.

Fundação Bunge premia estudos sobre emergência climática

Acabam de ser definidos os temas para a próxima edição do Prêmio Fundação Bunge, que completa 70 anos em 2025. Neste ano, a iniciativa homenageará cientistas com atuação focada na emergência climática, a partir de dois temas: “gestão do risco climático na produção de alimentos” e “saberes e práticas dos povos tradicionais e sua importância para a conservação dos recursos naturais”. As indicações poderão ser feitas até 30 de maio. A cerimônia de entrega do Prêmio Fundação Bunge será realizada em setembro, na capital paulista.

“Ao celebrarmos sete décadas de apoio à ciência no Brasil, escolhemos direcionar a atenção do Prêmio à emergência climática, um desafio premente que exige soluções inovadoras, e reconhecer o papel dos povos tradicionais na conservação dos recursos naturais. Os temas escolhidos refletem nossa convicção de que a ciência e o conhecimento ancestral são essenciais para a construção de um futuro sustentável. Acreditamos que, ao premiarmos pesquisadores que se dedicam a essas áreas, estimulamos o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas, ao mesmo tempo em que valorizamos a sabedoria de comunidades que há séculos vivem em harmonia com a natureza”, destaca Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge.

Inspirado no Nobel, o Prêmio Fundação Bunge busca incentivar a inovação e a disseminação do conhecimento, reconhecer profissionais que contribuem para o desenvolvimento das ciências no Brasil, além de estimular novos talentos. Para tanto, tem como premissa que as indicações sejam feitas por universidades e membros das principais entidades científicas do País. Posteriormente, as indicações serão analisadas por comissões técnicas compostas por especialistas em cada uma das áreas de premiação.

Entidades científicas e universidades poderão indicar pesquisadores dentro das duas temáticas nas categorias “Vida e Obra”, dedicada a homenagear estudiosos que já se tornaram referências em suas áreas de atuação, e “Juventude”, que reconhece pesquisadores com até 35 anos de idade, como forma de estimular jovens profissionais a trilhar o caminho da pesquisa. No total, serão quatro laureados, dois por categoria. Os premiados em “Vida e Obra” receberão uma premiação em dinheiro no valor bruto de R$ 200 mil. Já os dois agraciados na categoria Juventude receberão R$ 80 mil cada.

Mais de 200 personalidades brasileiras já receberam o Prêmio Fundação Bunge. Entre eles estão os Acadêmicos Mariangela Hungria, Adalberto Luis Val, Carlos Chagas Filho, Celso Lafer, Erico Veríssimo, Hilda Hilst, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Marcelo Rubens Paiva, Oscar Niemeyer, Gilberto Freyre, Paulo Freire, Fernando Abrucio, além de Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes e Durval Dourado Neto.

A Fundação Bunge

Em atividade desde 1955, a Fundação Bunge é a entidade responsável pelo investimento social da Bunge no Brasil, criada para gerar impactos positivos nas regiões onde a empresa atua. Suas atividades buscam contribuir para a conservação ambiental e o combate às desigualdades sociais, com atenção à diversidade e à defesa dos direitos humanos. Os projetos desenvolvidos têm foco na inclusão produtiva e no estímulo à economia de baixo carbono, além de incentivar políticas de segurança alimentar e promover a ciência e a preservação da memória

Mobilidade na educação

Leia artigo do Acadêmico Isaac Roitman, publicado no Correio Braziliense em 24 de fevereiro:

A educação prepara o ser humano para desenvolver suas funções ou atividades na sua caminhada pela vida. A mobilidade, no contexto educacional, refere-se à capacidade de estudantes e profissionais de se deslocarem entre diferentes ambientes de aprendizado, seja físico, seja virtual. Esse conceito abrange não apenas a locomoção entre instituições de ensino, mas também a flexibilidade de acessar conteúdos educacionais de qualquer lugar, a qualquer momento.

O apelo da comunidade científica ao relator do Orçamento de 2025

Leia matéria de Gustavo Maia para VEJA, publicada em 25/2:

Em nome da comunidade científica do país, a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência enviaram uma carta conjunta ao senador Angelo Coronel (PSD-BA), relator-geral do projeto da Lei Orçamentária Anual de 2025, pedindo que ele aumente o orçamento destinado ao CNPq na LOA deste ano (1,948 bilhão de reais) — que ainda está pendente de votação.

No texto, a ABC e a SBPC manifestam “profunda preocupação” com a proposta orçamentária para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Segundo as entidades, o valor previsto representa uma redução significativa em relação a anos anteriores, “comprometendo gravemente a continuidade e a expansão da ciência e da tecnologia em nosso país”. Em 2024, foram destinados 2,021 bilhões de reais para a instituição, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

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Leia a matéria completa no site da VEJA

Acesse a carta original aqui 

 

A pós-graduação brasileira em busca de identidade

A pós-graduação brasileira está passando por uma grande reformulação. Além da necessidade de reduzir desigualdades regionais quanto à formação de professores, há a demanda de tornar os programas mais flexíveis, rápidos, com conteúdo moderno e mais próximos da sociedade. A mudança visa também estancar uma crise: a redução do interesse e do número de alunos nas pós-graduações do país.

No âmbito estadual, as universidades públicas paulistas e a Fapesp estão unindo forças para implementar transformações que possibilitem uma pós-graduação mais atrativa, diversificada e compatível com as demandas sociais. Em nível nacional, a Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível Superior (Capes) tem desenvolvido, desde 2022, o novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG).

A crise de identidade e as mudanças em curso foram objeto de debate no seminário “As transformações esperadas na pós-graduação brasileira”, realizado em 20 de fevereiro no auditório da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP).

Luiz Roberto Liza Curi (USP), Marco Antônio Zago (Fapesp), Maria Arminda do Nascimento Arruda (USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior (USP), Paulo Henrique Rodrigues Pereira (CDESS), Antonio Gomes (Capes) e Rodrigo Calado (USP) | Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“Há anos ouço um discurso padronizado sobre as qualidades da pós-graduação brasileira. O quanto ela cresceu, o quanto descentralizou a ciência brasileira e o quanto a crescente produção científica do país depende da pós-graduação – isso até recentemente, pois nos últimos anos a produção começou a cair. Eu peço licença para discordar de muitas dessas afirmações ou, pelo menos, reconhecer que, em grande parte, elas têm fundamento frágil”, afirmou [o Acadêmico] Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp.

Embora tenha caído, a concentração de docentes no país persiste nas regiões Sul e Sudeste, avaliou Zago. “A época do crescimento contínuo e ilimitado das pós-graduações terminou e há vários motivos para isto. E o argumento recorrente de que temos de formar mais doutores não resolve o nosso problema. Além do mais, não é aceitável que a idade média para completar o doutorado no Brasil seja de 38 anos [dez anos a mais que a média europeia]. Se não tomarmos medidas para mudar isso, não mudaremos o panorama do país.”

Segundo o presidente da Fapesp, é preciso atrair os jovens para o meio acadêmico, por exemplo, por meio de bolsas e outros mecanismos que permitam aos pós-graduandos uma vida digna e direitos previdenciários.

Zago afirmou ainda que, em meio à atual crise de identidade, é importante ter em mente que a pós-graduação “serve para o treinamento no método científico de questionamento e de busca por respostas a problemas concretos das diferentes áreas do conhecimento”. E continuou: “A meu ver, não é possível trabalhar no atacado. Não é admissível que um orientador não dedique tempo regularmente para discussão, planejamento, análise e resultados com o seu orientado, individualmente. A pós-graduação é um programa individual e não reprodutível. O restante, a meu ver, é perda de tempo”, concluiu.

Para [o acadêmico] Ésper Cavalheiro, assessor da Fapesp e coordenador do Plano Nacional de Pós-Graduação, o desenho dos programas no país transformou a defesa da tese ou a escrita da dissertação no objetivo final da pós-graduação, quando o objetivo deveria ser tornar o indivíduo um cientista. “A tese é uma consequência, é o instrumento para esse indivíduo se modificar”, ponderou.

“A maioria das políticas públicas no Brasil não está baseada na produção científica do país. Portanto, é como se tivéssemos mundos à parte. Dessa forma, o mais importante do programa foi recolocar o pós-graduando no centro da pós-graduação de novo”, acrescentou.

Cavalheiro acredita ser necessário trazer gente jovem para a pós-graduação para que o pensamento no país mude. “Ao centrar os resultados na produção de papers e no tempo [do curso], o pós-graduando se tornou uma mão de obra extra do orientador, um tarefeiro. Mas não era para ser assim. O pós-graduando é um indivíduo que tem o papel de ver o mundo de forma diferente daquela que o orientador vê, sem reproduzi-la. Triste o país que se repete de geração em geração.”

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Também participaram do seminário [o Acadêmico] Antonio Gomes, diretor de avaliação da Capes; Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da USP;  Rodrigo Calado, pró-reitor de Pós-Graduação da USP, [que foi membro afiliado da ABC 2013-2017]; Paulo Henrique Rodrigues Pereira, secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), órgão de assessoramento direto ao Presidente da República; Luiz Roberto Liza Curi, titular da Cátedra Paschoal Senise de Pós-Graduação (USP), que organizou o seminário.

A matéria na íntegra pode ser lida no site da Agência Fapesp

O evento pode assistido no canal do YouTube da Fapesp.

O Projeto Orion e o Futuro da CT&I no Brasil

O Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz, coordenado pelo Acadêmico Renato Cordeiro, convida para palestra do Acadêmico Antônio José Roque da Silva, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e coordenador do Projeto Orion.

O evento será  transmitido on-line no dia 12 de março, 4a feira, ás 14hs, pelo canal do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) no YouTube. Acesse em https://www.youtube.com/user/CanalIOC

O tema será “O Projeto Orion e o Futuro da CT&I no Brasil” e os debatedores serão:

  • Aldo Zarbin, professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente da Sociedade Brasileira de Química. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
  • Carlos Menck, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Genética.
  • Carlos Morel, diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) e ex-presidente da Fiocruz. É membro titular da ABC.
  • Jorge Guimarães, ex-presidente da Embrapii e da Capes, professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É membro titular da ABC.
  • José Paulo Gagliardi Leite, ex- presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e pesquisador titular da Fiocruz.
  • Samuel Goldenberg, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Genética e pesquisador emérito da Fiocruz. É membro titular da ABC.

Sobre o Projeto Orion

O Orion é um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos que estará à disposição da comunidade científica nacional e internacional que atua na investigação de agentes patogênicos (vírus, bactérias, fungos) e seus efeitos para a saúde humana.

O Projeto Orion prevê instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina e as primeiras do mundo conectadas a um acelerador de partículas, o Sirius. Também contará com espaços NB2 e NB3, laboratórios de pesquisa básica, técnicas analíticas e competências avançadas para imagens biológicas, como microscopias. As atividades a serem conduzidas no Orion promoverão o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas e poderão subsidiar ações de vigilância e políticas públicas de saúde.

Toda essa infraestrutura deve beneficiar, por exemplo, o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas, fortalecendo, assim, o sistema brasileiro de saúde e estimulando a soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias. O Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).

ABC e British Council discutem perspectivas para parceria

No dia 24 de janeiro, a presidente da ABC, Helena Nader, reuniu-se com três representantes do British Council, organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais:  Diana Daste, líder de Engajamento Cultural, Barbara Cagliari, líder da área de Relações Governamentais, e Patricia Santos, gerente de Projetos Ensino Superior.  O objetivo da reunião foi amplificar objetivos e visões comuns em prol de uma ciência e uma sociedade mais diversa, inclusiva e rica.

A equipe apresentou a Nader o trabalho que a entidade tem feito para destacar e valorizar a trajetória profissional e acadêmica das mulheres na ciência, além de incentivar o aumento da presença de mulheres cientistas no segmento.

Foi abordado o Marco Referencial para a Igualdade de Gênero em Instituições de Ensino Superior no Brasil. Esta ferramenta resulta de colaborações entre o Reino Unido e o Brasil, inspirado no Athena Swan Charter – visando apoiar as instituições de ensino superior, agências de fomento e instituições científicas a promover mudanças estruturais, com foco especial em mulheres de grupos sub-representados e historicamente marginalizados.

Helena Nader foi convidada, ainda, para ser palestrante do webinário do British Council “Mulheres na Ciência: Inovação e Sustentabilidade”, que será realizado no dia 18 de março, às 14h30, para celebrar o lançamento da quarta edição de uma revista dedicada ao tema Women in STEM – na qual, inclusive, Nader foi uma das entrevistadas.

 A colaboração entre o British Council e a Academia Brasileira de Ciências busca contribuir com estratégias para construir capacidades institucionais que influenciem políticas de longo prazo e tragam impactos para as mulheres na ciência.

 

Entidades científicas criticam ausência do setor na organização da COP30

Leia matéria de Danielle Brant para a Folha de S.Paulo, publicada em 20 de fevereiro:

A ABC (Academia Brasileira de Ciências) e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) divulgaram uma carta aberta ao presidente Lula (PT) na qual cobram a participação de um integrante do campo da ciência e tecnologia no conselho que organiza a COP30, conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.

No documento, as entidades científicas afirmam que, em junho de 2023, encaminharam ao petista um ofício abordando a ausência do Ministério da Ciência e Tecnologia no Conselho Nacional para a COP30. Segundo a ABC e a SBPC, a mesma carta foi enviada para a Casa Civil e para o Ministério do Meio Ambiente.

“Dado que até o momento não recebemos resposta e considerando a urgência do tema, reiteramos a solicitação para que o MCTI integre o conselho supracitado, juntamente com os demais ministérios designados”, indicam as entidades, que argumentam que a discussão sobre mudanças climáticas deve se basear em evidências científicas.

“O Brasil deve priorizar a inclusão da ciência nas discussões da COP30, seguindo o exemplo de sua atuação em fóruns como o G20 e os Brics, onde a ciência e a inovação têm sido pilares para o desenvolvimento sustentável e a cooperação internacional”, continuam.

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Leia matéria na íntegra no site da Folha.

Leia a nota original no site da ABC.

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