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Inscrições abertas para a Reunião Magna da ABC 2025!

Entre os dias 6 e 8 de maio, no Museu do Amanhã (RJ), especialistas brasileiros e convidados estrangeiros vão debater o tema “Amazônia já! Sem tempo a perder”, em evento coordenado pelo vice-presidente da ABC para a região Norte, Adalberto Val.

Veja a programação atualizada!

INSCREVA-SE!

A entrada é gratuita. Veja os temas e os coordenadores das sessões plenárias, que terão três palestrantes cada, com nomes ainda a confirmar:

AMAZÔNIA URBANA
Prof. Saint Clair Cordeiro da Trindade Jr.
Professor titular do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado em Políticas Urbanas no Instituto de Altos Estudos da América Latina da Universidade Paris III/ Sorbonne Nouvelle, na França.

AMAZÔNIA NO FUTURO
Profa. Ima Vieira
Doutora em Ecologia pela Universidade de Stirling, na Escócia. Pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal do Pará (UFPA). Assessora científica da Presidência da Finep.

SAÚDE ÚNICA NA AMAZÔNIA
Prof. Marcus Lacerda
Médico da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado e especialista em Saúde Pública da Fiocruz-Amazônia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e professor adjunto da Universidade do Texas – Braço Médico (UTMB).

DIVERSIDADE CULTURAL NA AMAZÔNIA
Prof. André Baniwa
Líder indígena, empreendedor social.
Graduado em Gestão Ambiental (Uninter) e mestrando em Sustentabilidade Profissional junto a Povos Tradicionais (UnB).

INFRAESTRUTURA FÍSICA (CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E EDUCACIONAL)
Profa. Maria Olivia Simão
Doutora em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). 

Professores de ensino médio e início de graduação que levarem suas turmas ganham três exemplares do livro da ABC “Evolução é fato” para si e para sua escola!

ABC divulga declaração sobre ameaças à Ciência e Educação nos EUA

Declaração da Academia Brasileira de Ciências sobre
as Ameaças à Ciência e à Educação nos Estados Unidos da América

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) manifesta sua profunda preocupação com os recentes ataques à ciência e à educação nos Estados Unidos da América, com cortes drásticos no financiamento de pesquisas, restrições e censura a estudos sobre mudanças climáticas, desigualdades sociais, gênero, saúde pública e pesquisa médica, entre outros temas, além do desmantelamento de políticas de diversidade, equidade e inclusão.

A redução drástica de verbas e de pessoal para instituições, como Instituto Nacional de Saúde (NIH), Agência de Proteção Ambiental (EPA), Departamento de Agricultura (USDA), Departamento de Energia (DOE) e Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), atingem a ciência americana e impactam diretamente a capacidade global de enfrentar desafios como pandemias, emergências climáticas, produção de alimentos, além de retardar avanços tecnológicos.

A interrupção de colaborações internacionais e a saída de instituições multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UN HRC), comprometem o compartilhamento de conhecimentos essenciais para combater problemas globais.

A ciência é um bem comum da humanidade e seu enfraquecimento em qualquer nação afeta toda a comunidade global. Expressamos solidariedade aos professores, pesquisadores, estudantes e instituições afetadas por essas medidas. A Academia Brasileira de Ciências reafirma seu compromisso com a liberdade acadêmica, o pensamento crítico e a valorização do conhecimento científico como base para o desenvolvimento e o bem-estar das sociedades.

Rio de Janeiro, 12 de março de 2025.

Diretoria da ABC


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Ciência sob pressão: ALLEA alerta para restrições nos EUA e mobiliza comunidade internacional

DECLARAÇÃO DA ALLEA SOBRE AS AMEAÇAS À LIBERDADE ACADÊMICA E À COLABORAÇÃO INTERNACIONAL EM PESQUISA NOS ESTADOS UNIDOS

A Federação Europeia de Academias de Ciências e Humanidades (ALLEA) expressa grande preocupação com as crescentes ameaças à liberdade acadêmica, tanto nos Estados Unidos quanto em outras partes do mundo. Os recentes desdobramentos relacionados à ciência e à pesquisa acadêmica nos EUA, incluindo ordens executivas que congelam bilhões de dólares em financiamento federal para pesquisa e a censura de temas como mudanças climáticas e gênero, estão forçando muitas agências científicas e organizações de pesquisa norte-americanas a suspender abruptamente suas operações normais. Esse tipo de censura e supressão política da linguagem —seja por meio de restrições de financiamento, controle legislativo ou interferência institucional—compromete fundamentalmente a integridade das iniciativas científicas e acadêmicas, não apenas nos EUA, mas globalmente, dado o caráter internacional do ecossistema de pesquisa (1).

A liberdade acadêmica é um pilar fundamental das sociedades democráticas e essencial para a produção de conhecimento e inovação em todo o mundo. A natureza aberta e colaborativa da pesquisa global depende fortemente da capacidade dos pesquisadores e das instituições científicas de operarem sem interferência política indevida (2). A ALLEA está profundamente preocupada com o fato de que as ações da administração dos EUA possam ter consequências amplas e devastadoras para programas de pesquisa essenciais (globais), particularmente em áreas como saúde, clima, gênero e ciências sociais. Essas novas restrições também ameaçam as carreiras da nova geração de acadêmicos, engenheiros e profissionais da saúde, podendo causar danos duradouros à pesquisa básica, que sustenta a maioria das descobertas científicas, além de comprometer os esforços para garantir um mundo saudável, justo e seguro para todos. Por exemplo, a restrição ao compartilhamento de dados transatlânticos coloca em risco pesquisas em ambos os lados do Atlântico, ameaçando décadas de colaboração que levaram a descobertas revolucionárias. A longa e sólida tradição de intercâmbio de dados entre os EUA e a Europa tem sido fundamental para o avanço da ciência, e as novas ordens executivas representam um retrocesso não apenas para a ciência, mas para a sociedade como um todo.

Diante disso, encorajamos nossos membros, parceiros e organizações alinhadas e instamos governos nacionais e instituições internacionais nos EUA, na Europa e em outras regiões a permanecerem vigilantes e a fortalecerem os esforços contínuos para salvaguardar a liberdade acadêmica e a autonomia das instituições científicas, comprometendo-se com ações e medidas adotadas por meio de acordos interinstitucionais e supranacionais na Europa e globalmente (3).

Notas:

  1. As ordens executivas mencionadas afetam a continuidade do trabalho científico, o financiamento atual e novos programas de subsídios, além de resultarem na retirada de chamadas públicas e na remoção de bancos de dados. Para uma visão geral dos cortes e seus impactos, consulte: Trump orders cause chaos at science agencies. [Acessado em 19/02/2025].
  2. Para declarações anteriores e iniciativas em defesa da liberdade acadêmica, consulte: Academic Freedom – ALLEA; Stockholm Charter for Academic Freedom; Royal Irish Academy Statement on the Principles of Academic Freedom. [Todos acessados em 19/02/2025].
  3. Consulte também, por exemplo, a resolução do Parlamento Europeu sobre a promoção da liberdade de pesquisa científica na UE e o Chamado à Ação da UNESCO sobre a Liberdade e Segurança dos Cientistas. [Todos acessados em 19/02/2025].

Sobre a ALLEA

A ALLEA é a Federação Europeia de Academias de Ciências e Humanidades, representando aproximadamente 60 academias de 40 países europeus. Desde sua fundação em 1994, a ALLEA atua em nome de seus membros nos âmbitos europeu e internacional, promovendo a ciência como um bem público global e facilitando a colaboração científica além das fronteiras e disciplinas. Saiba mais em http://www.allea.org.

Instituições que assinam a declaração (em ordem alfabética):

  1. Academia das Ciências de Lisboa (Academy of Sciences of Lisbon)
  2. Académie des Sciences (French Academy of Sciences)
  3. Académie Royale des Sciences, des Lettres et des Beaux-Arts de Belgique (Royal Academy of Sciences, Letters and Fine Arts of Belgium)
  4. Accademia Nazionale dei Lincei, Italy
  5. Academy of Sciences and Arts of Bosnia and Herzegovina
  6. Achucarro Basque Center for Neuroscience
  7. Amsterdam Business School
  8. Amsterdam University Medical Centre (AUMC)
  9. Artificial Intelligence for Mental Health (AIMH)
  10. Association of ERC Grantees (AERG)
  11. Association for Psychological Science (APS), International
  12. Austrian Academy of Sciences (OeAW)
  13. Austrian Chemical Society – GÖCH
  14. Austrian Neuroscience Association
  15. BAP Academy, Turkiye
  16. Belgian Science Policy Office (BELSPO)
  17. Berlin-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften (Berlin-Brandenburg Academy of Sciences and Humanities)
  18. Bilim Akademisi (Science Academy), Turkiye
  19. Brazilian Academy of Sciences
  20. British Ecological Society
  21. Centro Interdisciplinare Linceo Giovani, Italy
  22. Centre for Advanced Study Sofia
  23. Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), France
  24. Coimbra Group
  25. Confederacion de Sociedades Cientificas de España (COSCE)
  26. Council of Finnish Academies
  27. Cymdeithas Ddysgedig Cymru (The Learned Society of Wales)
  28. Data Archiving and Networked Services (DANS), Netherlands
  29. Digital Aesthetics Research Centre (DARC) at Aarhus University
  30. Dutch Research Council (NWO)
  31. Dutch Young Academy
  32. Earth and Life Institute, UCLouvain, Belgium
  33. Ehrensvärd Society, Finland
  34. Einstein Foundation Berlin
  35. Epigenetics Society, International
  36. European Academies’ Science Advisory Council (EASAC)
  37. European Countries Biologists Association
  38. European Public Health Association (EUPHA)
  39. European Society for Clinical Virology
  40. Erasmus University Rotterdam
  41. Faculty of Social and Behavioural Sciences, University of Amsterdam, Netherlands
  42. Faculty of Social Sciences, Radboud University, Netherlands
  43. Federación de Asociaciones Científico Médicas Españolas (Federation of Spanish Scientific and Medical Associations – FACME)
  44. Federation of European Academies of Medicine (FEAM)
  45. Federation of Finnish Learned Societies
  46. Finnish Medical Society Duodecim
  47. Forskerbevægelsen / Movement for a Free Academia in Denmark
  48. Fryske Akademy, Netherlands
  49. German National Academy of Sciences Leopoldina
  50. German Society for Music Psychology (DGM)
  51. Independent Scientific Advisory Group for Emergencies (SAGE), United Kingdom
  52. Institute of Geophysics, Polish Academy of Sciences
  53. International Meteor Organization
  54. International Society for Plant Pathology
  55. Israel Academy of Sciences and Humanities
  56. Italian Association fo Plant Protection (Associazione Italiana per la Protezione delle Piante, AIPP)
  57. Italian Society of Plant Pathology
  58. Kohtuus ry, Finland
  59. Lancet Regional Health-Europe, Lancet
  60. Leiden University
  61. Leibniz Institute for East and Southeast European Studies, Regensburg (Germany)
  62. Movement for a Free Academia in the Nordic Countries
  63. Munich Research Institute for the Economics of Aging and SHARE Analyses (MEA)
  64. Netherlands Institute for Biology (NIBI)
  65. Netherlands Institute for Health Services Research
  66. New Europe College, Institute for Advanced Study, Romania
  67. Norwegian Academy of Science and Letters (DNVA)
  68. Real Academia de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales de España (Royal Spanish Academy of Sciences)
  69. Romanian Academy
  70. Royal Academy of Sciences and Arts of Barcelona (RACAB)
  71. Royal Danish Academy of Sciences and Letters
  72. Royal Irish Academy
  73. Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences (KNAW)
  74. Royal Norwegian Society of Sciences and Letters (DKNVS)
  75. Royal Observatory of Belgium
  76. Royal Society of Edinburgh
  77. Royal Swedish Academy of Letters, History and Antiquities
  78. Royal Swedish Academy of Sciences
  79. Science & Policy Exchange, Canada
  80. Science Europe
  81. Senckenberg Gesellschaft für Naturforschung, Germany
  82. Sexual Violence Research Initiative (SVRI), International
  83. Slovak Academy of Sciences
  84. Sociedad Española de Bioquímica y Biología Molecular (Spanish Society of Biochemistry and Molecular Biology – SEBBM)
  85. Sociedad Española de Epidemiología (Spanish Society of Epidemiology – SEE)
  86. Sociedad Española de Genética (Spanish Society of Genetics – SEG)
  87. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciencia (Brazilian Society for the Advancement of Science – SBPC)
  88. Spanish Biophysical Society
  89. Spanish Society of Positive Psycholgy
  90. Stichting Onderwijs Midden-Limburg (SOML), Netherlands
  91. Stockholm Resilience Centre at Stockholm University
  92. Studies Center on Science, Communication and Society (Universitat Pompeu Fabra Barcelona)
  93. Swiss Academies of Arts and Sciences
  94. Tilburg University TSB Developmental Psychology Department
  95. Universiteiten van Nederland (Universities of the Netherlands)
  96. University of Twente, Netherlands
  97. Vrije Universiteit Amsterdam (Free University Amsterdam), Netherlands
  98. Wissenschaft im Dialog, Germany
  99. Wissenschaftskolleg zu Berlin/ Institute for Advanced Study
  100. Y-Säätiö sr, Finland
  101. Young Academy of Belgium (Flanders)
  102. Young Academy Finland
  103. Young Academy of Spain
  104. Young Academy of Sweden

Acesse a versão original do documento, em inglês, neste link

Ulisses Barres é escolhido para representar o Brasil junto ao observatório internacional CTAO

O astrofísico Ulisses Barres de Almeida, que foi membro afiliado da ABC no período 2017-2022, foi indicado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para representar o Brasil no Conselho do Observatório Cherenkov Telescope Array (CTAO), o maior e mais avançado observatório de astronomia de raios-gama do mundo.

A participação brasileira no projeto foi aprovada como Terceira-Parte do Observatório, um marco para a ciência nacional. Ulisses, que é pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Fìsicas (CBPF) e apoiado pela Faperj, por meio do programa Cientista do Nosso Estado, também acaba de ser eleito diretor do Centro Latino-Americano de Física (CLAF).

Leia o perfil de Ulisses Barres, escrito pela Comunicação da ABC na ocasião de sua posse como afiliado.

Avanço na educação atenuaria futura epidemia de demência

Leia matéria de Rafael Garcia, publicada no jornal O Globo em 9 de março:

Existem diversos fatores de risco por trás da perda de memória associadas à doença de Alzheimer e a outras demências. Um novo estudo, porém, mostra que no Brasil um fator tem peso maior: a escolaridade. A pesquisa, que mostra a educação como calcanhar de Aquiles da saúde mental dos idosos do país, foi coordenada pelo cientista gaúcho Eduardo Zimmer, [que foi membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) no período 2019-2023].

— A sua educação no início da vida, paradoxalmente, vai definir a sua saúde cerebral quando adulto — explica o pesquisador. Farmacólogo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e bolsista do Instituto Serrapilheira, Zimmer foi pioneiro em usar inteligência artificial para fazer uma análise estatística desse cenário.

(…)

Em entrevista ao GLOBO, Zimmer explica o conceito de “reserva cognitiva” para uma saúde mental mais resiliente, e defende que seja usado na políticas na área.

— A ideia é evitar que no futuro a gente tenha uma epidemia não viral de demência no Brasil, como a gente teme que possa acontecer — diz.

(…)

Brilho da maturidade

Leia matéria de Leticia Paludo para Gaúcha Zero Hora publicada em 8 de março:

De 2024 até março de 2025, o público testemunhou Kamala Harris, aos 60 anos, entrar na disputa por um dos cargos políticos mais importantes do mundo: a presidência dos Estados Unidos. Também viu a estrela de Hollywood Demi Moore e a atriz brasileira Fernanda Torres serem indicadas ao Oscar pela primeira vez, ou então levando para casa suas primeiras estatuetas do Globo de Ouro aos 62 e 59 anos, respectivamente.

(…)

Quando colocados lado a lado, esses feitos são uma oportunidade para debater sobre reconhecimento profissional, etarismo e a possibilidade cada vez maior das mulheres alcançarem sucesso na maturidade.

(…)

Aos 77 anos, a biomédica Helena Nader é a primeira mulher a assumir a presidência da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – uma instituição de 109 anos de existência. Ela está no comando da ABC desde 2022 e, além disso, é pesquisadora na área da glicobiologia, professora emérita da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que comandou por seis anos.

Mesmo com todos esses títulos que reluzem no currículo e lhe rendem reconhecimento do público amplo, Helena deixa claro que sucesso para ela é o respeito e carinho dos seus estudantes:

— Um dos momentos em que mais senti sucesso foi com meus ex-alunos, e fico emocionada ao falar disso — diz ela, com a voz embargada. — Formei muitos mestres, doutores, pós-doutores, e vê-los dizer com orgulho “Obrigada por aquilo que você me ensinou” não tem preço. É claro que, em um cargo, você faz muita coisa e é prestigiada. Mas o agradecimento dos indivíduos para quem tentei dar instrumentos e condições é o que há de melhor, pois vem de dentro — afirma Helena.

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Helena Nader assumiu a [presidência da] Academia Brasileira de Ciências após os 70 anos.
(Foto: Cristina Lacerda / Divulgação ABC)

Descendente de imigrantes italianos e libaneses, ela foi a primeira da família a ir para a universidade, incentivada pelos pais que diziam: “Não há limite para o que você quiser fazer, a não ser aquele que você mesma colocar.”

Helena Nader fez parte da segunda turma de Ciências Biomédicas da Escola Paulista de Medicina – uma formação inovadora no país à época – voltada para a criação das bases das pesquisas na área da saúde. Não se deixou frear diante da ditadura – que estava presente em sala de aula por meio de informantes que reportavam as atividades aos militares –, nem pela falta de colegas mulheres no seu campo de atuação, nem pelo etarismo.

Hoje, quando questionada sobre a importância de ser uma mulher com mais de 70 anos à frente da ABC, ela responde:

— É fantástico! Espero que meninas quando conhecerem a minha trajetória digam: “Que legal, como mulher posso fazer tudo isso”. Acredito que só se muda uma nação pela educação e pela ciência. E se tiver um outro lado, eu vou estar lá, lutando pela educação, te garanto.

As mulheres estarem conquistando grandes feitos em idades cada vez mais avançadas, para Helena, se deve, em parte, por conta do esforço de ensinar sobre igualdade de gênero nas escolas e também em casa. Ela cita, inclusive, o exemplo de Fernanda Torres, que em diversos discursos, agradecia aos pais por não terem colocado limites ao que poderia fazer e conquistar. Contudo, ainda é necessário intensificar esse movimento, avalia Helena:

— É preciso educar homens e mulheres da mesma maneira. Chega de ser o homem o que vai ser servido. A mulher não é feita para cuidar. Ela é para o que quiser ser, inclusive, cuidar, se ela desejar. Tem que pensar sobre isso, porque, se não for ensinado enquanto são pequenos, será difícil mudar quando for mais velho.

(…)

Leia a matéria na íntegra no site da Gaúcha Zero Hora.

 

Nísia diz ter sido alvo de campanha misógina na Saúde: ‘Não devemos aceitar’

Leia matéria da Carta Capital publicado em 10 de março:

A agora ex-ministra da Saúde, [a Acadêmica] Nísia Trindade, afirmou ter enfrentado uma “campanha sistemática” que buscava desvalorizar o seu trabalho e a sua capacidade no cargo, ao longo de dois anos. Ela se despediu formalmente da pasta nesta segunda-feira 10, com a posse de Alexandre Padilha.

Nísia disse ter encontrado um ministério “desmontado e desacreditado”, após os quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência. Segundo ela, a pasta havia perdido a autoridade de coordenação do Sistema Único de Saúde, o SUS.

“Durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade”, disse Nísia na cerimônia. “Não é possível e não devemos aceitar como natural comportamento político dessa natureza.”

Desde o primeiro ano de governo, o cargo de Nísia era cobiçado por lideranças do Centrão, de olho na capilaridade e no Orçamento da Saúde — eram mais de 218 bilhões de reais em 2024.

(…)

“É preciso destacar a recuperação da cobertura vacinal após os anos de negacionismo. O Brasil saiu da vergonhosa lista dos vinte países com mais crianças não vacinadas no mundo: em 2021, ocupava o sétimo lugar”, destacou.

Nísia Trindade é carioca e tem sua trajetória acadêmica em universidades públicas do Rio de Janeiro. Pesquisadora, foi a primeira mulher a comandar a Fundação Oswaldo Cruz, posto que ocupou entre 2017 e 2023.

(…)

Em 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

Na gestão à frente da Fiocruz, destacou-se na pandemia, período em que a entidade virou uma das grandes referências no acompanhamento de casos, vacinação e estudos para a prevenção da Covid-19 — o Observatório da Covid produziu os principais boletins epidemiológicos do País. Foi uma das articuladoras da parceria com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford que possibilitou que os imunizantes fossem produzidos 100% em solo nacional.

 

8 de março: entrevista de Helena Nader na TV Gazeta

Veja a entrevista da presidente da ABC, Helena Nader, na TV Gazeta, realizada em função do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a partir de 7′ neste link.

Ela conta que quando entrou no curso de biomedicina na então Escola Paulista de Medicina, hoje Unifesp, a maioria era de homens.  “E hoje, quando olhamos os cursos na área da Ciências da Saúde, a maioria é de mulheres. Sofríamos assédio – em especial, assédio moral – o homem era a inteligência, aquele que vai dar certo; a mulher era uma aposta. Aquilo se tornou um desafio: nós vamos provar quem somos.”

Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências em mais de cem anos, Helena lembra que em 2007 as mulheres eram apenas 7% dos membros da ABC, número que aumentou para 28% atualmente. “O avanço não conseguiu chegar ainda aos cargos mais altos da carreira científica”. Ela observou que durante a pandemia a produção científica das mulheres caiu e a dos homens aumentou, o que mostra aonde a sociedade está errando, a seu ver.

Assista  a reportagem na íntegra a partir de 7′ do vídeo, com participação de outras pesquisadoras de destaque no Brasil.

 

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