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Campanha de Bolsonaro aplica seu próprio viés político à educação

Leia matéria do jornalista Bruno Boghossian para a Folha de S.Paulo, publicada em 16/10/2018.  Ele foi repórter da Sucursal de Brasília e é mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

As conspirações sobre a ideologia nas escolas atingiram o insuspeito Charles Darwin. Um general que elabora propostas na campanha de Jair Bolsonaro diz que a teoria da evolução deve ser ensinada ao lado do criacionismo (a ideia de que Deus criou diretamente o homem). “Muito da escola está voltada para orientação ideológica […]. Houve Darwin? Houve, temos de conhecê-lo. Não é para concordar, tem de saber que existiu”, afirmou Aléssio Souto ao jornal O Estado de S. Paulo.

As duas visões devem ser mantidas em esferas distintas, mas o militar segue uma linha em que a religião disputa espaço com a ciência. Ele diz que um pai “não está errado” se quiser que o professor ensine teoria da criação no lugar do darwinismo.

A sugestão causa arrepios em especialistas. “Esse debate deve ocorrer no campo da religião, nas aulas de filosofia ou sociologia”, afirma Priscila Cruz, do movimento Todos pela Educação. “Na ciência e na biologia, o criacionismo deveria ser banido.”

Ao tratar pontos do ensino científico como desvio ideológico, assessores de Bolsonaro aplicam, eles mesmos, um viés político à educação.

“Quando você iguala ciência e ideologia, você anda para trás, ignora séculos de aprendizado”, diz Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências. “A teoria da evolução não é ideológica. É resultado de percepções científicas e foi testada ao longo do tempo.”

A 12 dias da eleição, não se conhece muito sobre o programa de Bolsonaro além da criação de colégios militares. É possível deduzir que ele quer tirar das salas de aula valores como o combate ao preconceito sexual e a defesa dos direitos humanos.

Outro consultor da campanha disse ao jornal Valor Econômico que vai sonegar dos eleitores os projetos para o setor. Stavros Xanthopoylos afirmou seis vezes que só vai falar do assunto depois do segundo turno.

“É um cheque em branco”, diz Priscila Cruz. “O debate não está em cima de propostas, mas de crenças e visões de mundo. O que vamos fazer para as crianças aprenderem?”

Diretor do Museu Nacional envia carta aos candidatos à Presidência e ao Congresso

CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E AO CONGRESSO NACIONAL

Excelentíssimos Senhores Jair Bolsonaro e Fernando Haddad;
Excelentíssimos Senhores Senadores e Deputados do Congresso Nacional da República Federativa do Brasil

O dia 2 de setembro do corrente ano ficará para sempre na memória da sociedade brasileira. Naquele domingo, três meses depois da comemoração de seu bicentenário e poucos dias antes do 196° aniversário da proclamação da independência do Brasil, o Museu Nacional, a instituição científica mais antiga do nosso país, ardeu em chamas.

Esse acontecimento é daqueles marcantes, que fazem com que todos – não apenas os que militam na área da ciência e da cultura – se lembrem de onde estavam e o que estavam fazendo quando souberam da tragédia.

Como isso foi possível? Muitos fazem essa pergunta e refletem sobre o que poderia ter sido feito de diferente para evitar um desastre que levou à perda de um inestimável patrimônio, envolvendo milhões de peças culturais e científicas. Outros devem (ou deveriam) estar fazendo uma profunda reflexão do porquê, estando em posição de decisão, não agiram de forma firme no desencadeamento de ações que teriam evitado o absurdo dessa perda!

Porém, o primordial nesse momento não é procurar culpados e apontar dedos! Deixemos isso para a perícia da Polícia Federal, para os procuradores do Ministério Público e para os auditores do Tribunal de Contas da União – e para os historiadores. Caberá a estes últimos, em seu devido tempo, realizar uma análise crítica e contextualizada de como uma nação pôde deixar o seu bem mais precioso à sua própria sorte; essa que, infortunadamente, lhe faltou justo no seu bicentenário. Nunca é demais enfatizar – o que, ao longo de décadas, diretores e gestores jamais deixaram de fazer – a importância do Palácio de São Cristóvão: ali viveram D. João VI, os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, a imperatriz Leopoldina e a princesa Isabel, entre tantos outros personagens que fizeram história no país e fora dele. Até mesmo a primeira Assembleia Constituinte Republicana foi realizada naquele palácio, entre 1889 e 1891! Se há um prédio a ser preservado no nosso país, trata-se justamente da sede do Museu Nacional, um dos berços da nação brasileira!

Aplaudimos a recente iniciativa do BNDES que, na esteira dessa tragédia, lançou um edital visando a elaboração de projetos de salvaguarda de acervos preciosos em outras instituições brasileiras. Para o Museu Nacional, infelizmente, essa necessária e louvável ação chega tarde.

Como era esperado, a destruição de boa parte de uma instituição do porte do Museu Nacional transcendeu as fronteiras do território nacional e comoveu as nações de todo o mundo. Já são centenas as manifestações de apoio com, inclusive, oferta de doação de materiais raros para recompor o acervo da instituição.

Porém, o nosso país tem que fazer por merecer esse novo acervo! Para isso, é absolutamente necessário que consigamos gerar as melhores condições de segurança para pessoas e coleções, imprescindíveis para que um desastre igual ao ocorrido no dia 2 de setembro jamais se repita! É o mínimo que se espera frente às outras nações do mundo que estão dispostas a colaborar.

Pelo lado da instituição, estamos nos reorganizando. Sempre é importante frisar que o Museu Nacional, apesar de ter perdido uma parte significativa do seu acervo, não perdeu a sua capacidade de gerar conhecimento! Os nossos alunos dos diferentes cursos de pós-graduação e os nossos pesquisadores, que atuam nas mais diferentes áreas do saber, estão, mais do que nunca, cientes da sua responsabilidade em atuar em prol do desenvolvimento científico, promovendo o bem social. Estamos, inclusive, com ações de financiamento coletivo, em que procuramos envolver a Sociedade para atividades educativas para as crianças, futuro do nosso país, que não encontram financiamento nos canais governamentais.

Da mesma forma, apelamos para que V. Sas. se comprometam com a reconstrução do Museu Nacional! Para isso é fundamental que no orçamento a ser votado ainda neste ano haja uma verba substancial destinada ao Museu e um compromisso com que a mesma não seja contingenciada, como, infelizmente, ocorreu no passado recente. Essa responsabilidade compartilhada entre a instituição e V.Sas. é imperativa para que possamos devolver um novo Museu Nacional para a Sociedade brasileira!

O Museu Nacional VIVE! Mas a sua sobrevivência está atrelada à responsabilidade de V.Sas., que detêm o poder nas mãos para projetar de forma digna o futuro dessa instituição que tanto contribuiu e contribui para o desenvolvimento da nação brasileira, de modo que se possa iniciar o seu terceiro centenário com renovada esperança no futuro de todos nós.

Respeitosamente,

Alexander Kellner
Diretor do Museu Nacional/UFRJ

Aloísio Araújo diz estar com “medo” de orçamento base zero

O economista Aloísio Araújo, da FGV e do Impa, está preocupado com as propostas de candidato a presidente da República de acabar com as vinculações no Orçamento Geral da União, incluindo as da saúde e da educação. “Tenho medo de que façam um Orçamento base zero”, disse ele, em entrevista ao Valor.

Araújo, um dos brasileiros mais bem pontuados nos rankings internacionais de publicações acadêmicas em economia, afirma que não tem preferência por nenhum dos candidatos. Ele não cita nenhum nominalmente, mas Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro têm defendido a adoção de um orçamento base zero.

Um outra proposta que tem preocupado Araújo é o uso de bancos públicos para tirar inadimplentes do serviço de proteção ao crédito. A ideia foi levantada primeiro por Ciro e, depois, por Fernando Haddad (PT). Ele diz que, nesse caso, a melhor solução seria regulamentar a falência de pessoas físicas, de forma semelhante à de empresas.

No orçamento base zero, cada item de despesa do Orçamento tem que ser justificada para ser mantida no ano seguinte. Essa é uma forma de eliminar gastos que são renovados no piloto automático e que, muitas vezes, perderam a justificativa.

Um relatório recente do Banco Mundial sobre a eficiência e equidade do gasto público no Brasil mostra que as despesas com educação, que hoje equivalem a 6% do Produto Interno Bruto (PIB), já superam a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 5,5% do PIB. Alguns economistas recomendam a redução do gasto e uso mais eficiente dos recursos.

“Tem que perseguir a eficiência do gasto da educação”, concorda Araújo. “Agora, não é tão simples assim. Sou cético. Se gastar menos, pode ser que não consiga aumentar eficiência, e piore ainda mais a educação.”

Araújo cita dados recentes da Universidade de Washington, em parceria com o Banco Mundial, que mostram o aumento de gasto em saúde e educação desde a Constituição tem surtido efeito. O Brasil subiu 20 posições num ranking de capital humano, passando do 91º lugar em 1990 para 71º lugar em 2016. “O Brasil apresentou esse progresso graças à Constituição”, diz Araújo, que é vinculado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ao Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

Ele considera incorreta a comparação dos gastos do Brasil com de economias mais avançadas da OCDE. O Brasil, argumenta, começou a investir em educação com cem anos de atraso em relação a economias como Japão e Argentina, por isso segue com despesa maior. Além disso, o excesso de gastos do Brasil em relação à media dos países da OCDE é relativamente pequena, de 0,5 ponto percentual do PIB. Boa parte delas poderia desaparecer na hipótese de revisão nas bases estatísticas das Contas Nacionais, como ocorreu no passado.

“O processo de universalização educação não foi concluído ainda. Falta a educação infantil”, afirma ele, referindo-se à falta creches e pré-escola. Entre os 25% mais pobres da população, apenas 20% das crianças tem acesso a educação infantil.

Araújo já estava preocupado com a possível compressão dos gastos com saúde, educação e investimentos públicos desde a aprovação a emenda constitucional que limita o crescimento dos gastos públicos. Para ele, os cortes ocorridos nas despesas com ciência e tecnologia são preocupantes, porque se a rede de pesquisa for desmobilizada será difícil reconstrui-la no futuro.

“Os economistas, de forma geral, tem uma obsessão com o número de patentes”, afirma ele, referindo-se ao indicador mais usado de eficiência da despesa com ciência e tecnologia. “O Brasil tem uma pesquisa muito forte em petróleo e agricultura, que não gera tanta patente quanto eletrônicos e farmacêuticos. ”

Agora que o teto de gastos está em vigor, Araújo diz não fazer sentido revogá-lo. Ele diz identificar um avanço do entendimento entre os diversos candidatos de que é preciso conter o aumento do gasto público. “Podemos dar um passo adiante, cortando gastos com qualidade”, diz.

Ele diz gostar da ideia de fazer uma reforma da Previdência ainda neste ano, como proposto pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. Mais adiante, seria possível fazer o ajuste fino, afrouxando onde foi muito rigorosa e apertando onde foi muito frouxa. O gasto com funcionalismo também precisa cair. Ele argumenta que os funcionários públicos, de forma geral, têm salários mais altos do que trabalhadores da iniciativa privada, quando ajustado pela educação.

As despesas com o Judiciário e Legislativa são muito altas para os padrões internacionais. No caso do Judiciário, diz, isso se deve em parte à judicialização excessiva, que começou a ser corrigida com a reforma trabalhista e pode cair ainda mais com uma reforma tributária. A adoção de um sistema judicial pago também pode ajudar a cortar custos. Os salários do juízes, afirma, também são altos demais.

INGSA abre seleção para novos associados e oferece bolsas para pesquisadores

A Rede Internacional de Assessoria Científica Governamental (INGSA, na sigla em inglês) está oferecendo seis bolsas para desenvolvimento profissional e pesquisa no valor de €15 mil cada, para apoiar pesquisadores iniciantes e intermediários ou praticantes de políticas em países de baixa ou média renda. Apoiada pelo Conselho Internacional de Ciência (ISC, na sigla em inglês), a INGSA é uma plataforma colaborativa para intercâmbio de políticas, capacitação e pesquisa em diversas organizações globais de assessoria científica e sistemas nacionais.

O objetivo da organização com este programa é dar ênfase à perspectiva legislativa, e os projetos de pesquisa devem ajudar a responder a seguinte pergunta: Quais são os desafios em seu país/região/organização que limitam o uso de evidências científicas pelos legisladores? Como sua pesquisa contribuirá para superá-los?

Além da bolsa, os autores dos projetos selecionados receberão o título de associados de pesquisa do INGSA para o ano de seu projeto e um financiamento para concluir um novo projeto de sua escolha. As inscrições para o programa vão até 15 de novembro de 2018.

Para saber mais sobre a pesquisa, os critérios de seleção e o processo de inscrição, clique aqui.

Para se inscrever, acesse este link.

Laureados com o Nobel da Paz 2018 atuam no combate à violência sexual

A Acadêmica, socióloga e professora da Universidade de São Paulo (USP), Nadya Guimarães, comentou para o Notícias ABC sobre os trabalhos realizados por Denis Mukwege e Nadia Murad, vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2018. Acompanhe o texto na íntegra:

“O Prêmio Nobel da Paz conferido em 2018 sublinha a importância do tema da violência de gênero nas sociedades contemporâneas.  Os laureados – o médico Denis Mukwege e a ativista Nadia Murad –, o foram por seus esforços para confrontar o uso da opressão e da violência sexual como armas de guerra, como instrumentos para a sujeição de grupos e minorias, expropriados dos seus direitos pela via extrema da violação dos corpos de mulheres, muitas delas adolescentes ou crianças.

O médico Denis Mukwege dedicou grande parte de sua vida às vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo. Com sua equipe, no Hospital que dirige, tratou milhares de pacientes, vítimas dessas agressões, a maioria delas no contexto de uma longa e devastadora guerra civil. Mas o seu ativismo transcendeu a atuação meramente profissional. Movido pelo lema de que  “justiça é um assunto que importa a todos”, condenou publicamente estupros em massa e reagiu ao silencio cúmplice de governos. Ademais, atuou decididamente para que homens e mulheres, oficiais e soldados, tanto quanto autoridades locais, nacionais e internacionais, todos, enfim, compartilhassem a responsabilidade de informar e combater esse tipo de violência, que há dez anos foi definida como um crime de guerra pela ONU (cf  Resolução 1820  do seu Conselho de Segurança), ecoando o que fora estabelecido, vinte anos atrás, pelo Estatuto que rege o Tribunal Penal Internacional.

A força simbólica dessa premiação não estaria completa se a contraface desse ativismo não estivesse representada na figura da vítima que se insurge,  se liberta e clama por justiça e reparação frente à opinião publica.  Nadia Murad é essa contraface. Sua recusa a aceitar o silencio como forma de conviver com a vergonha dos abusos sexuais, sua coragem para relatar o sofrimento tão logo conseguiu fugir, fizeram-na uma vocalizadora da experiência de outras vítimas. Um exemplo, pelo ativismo; mas, igualmente, uma centelha que incendiou outras mulheres, levando-as a clamar por direitos, reparação e proteção.  Direito, no seu caso, a existir no Iraque enquanto membro da minoria yazidi. Ali, numa remota vila, Nadia Murad foi uma dentre as centenas de vítimas do ataque perpetrado pelo Estado Islâmico, em agosto de 2014, com o objetivo de exterminar a população yazidi.  Extermínio, entretanto, se declinaria de diferentes formas a depender da conjunção de gênero e idade: aos homens e mulheres idosas, a morte física, o massacre;  às mulheres mais jovens, inclusive crianças, a destruição emocional na forma do cativeiro como escravas, submetidas a sucessivos estupros e abusos sexuais.

O ativismo dos dois laureados chama a atenção do mundo para o tema da violência de gênero, na sua forma extrema de arma (e logo, crime) de guerra. Nadia Murad é a testemunha que conta sobre os abusos sexuais perpetrados.  Denis Mukwege é o médico que dedicou sua vida a defender essas vítimas.

Todavia, se a violência de gênero e a privação de direitos aparecem, aqui, no contexto de conflitos militares, configurando o que o Comitê do Nobel não hesitou em reiterar como “crimes de guerra”, por certo ela não se restringe a essas formas extremas e especialmente chocantes pelo caráter coletivo e massivo da devastação que impõe.

Ao colocar no centro da atenção internacional o tema da privação de direitos e da ausência de proteção às mulheres frente a situações de violência extrema, o Comitê do Nobel nos anima a pensar, com a literatura acadêmica e as evidencias por ela coligidas, sobre a desconcertante amplitude do exercício de tais abusos. Eles marcam a experiencia de mulheres em outras partes do mundo, mesmo fora de situações de confronto militar, e/ou de conflitos de natureza étnica ou religiosa. Assim, o uso do corpo das mulheres como forma de sujeitá-las, de privá-las de direitos, tem sido documentado e recorrentemente denunciado, por exemplo, por seu exercício contra migrantes latino-americanas em busca de ingresso (e trabalho) em território norte-americano; submetidas a abusos sexuais por parte de intermediários, eles próprios partícipes das milícias privadas do crime organizado, vêem-se expropriadas de seus parcos recursos e vilipendiadas em sua integridade física. A violência sexual, maiormente dirigida a mulheres, foi também extensamente denunciada pela literatura acadêmica e pelos organismos voltados aos direitos humanos, ao recuperarem a memória das vítimas dos regimes militares em diferentes países da América Latina.

“Um mundo mais pacífico só pode ser alcançado se as mulheres e seus direitos fundamentais e segurança forem reconhecidos e protegidos”,  sinalizou o Comitê do Nobel, quando da premiação de 2018.”

Presidente da ABC participa de debate sobre ciência e tecnologia na Fiocruz

No contexto do VI Encontro do Instituto Oswaldo Cruz, o Núcleo de Estudos Avançados da organização realizará o evento “Ciência, Tecnologia e Inovação e Meio Ambiente, no novo Governo. The day after!”. Com a participação de grandes nomes da comunidade científica, o debate acontecerá no dia 8 de novembro, às 14h, no Auditório Emmanuel Dias, da Fiocruz.

O evento será coordenado pelo Acadêmico Renato Cordeiro e Maria de Lourdes Oliveira. Integrarão a mesa o Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, o Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, o Acadêmico e Presidente de Honra da SBPC, Sergio Mascarenhas e Sergio Besserman Vianna, Presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A participação é gratuita, aberta ao público geral e não há necessidade de inscrição prévia.

Confira abaixo o pôster da atividade:

Nobel de Química 2018: foram laureados um britânico e dois norte-americanos

Leia o comentário do Acadêmico Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP), presidente da Sociedade Brasileira de Química, sobre o Nobel de Química 2018:

Três cientistas foram laureados, em 2018, pelas pesquisas no desenvolvimento de novas enzimas e anticorpos para uso nas mais diversas áreas, como novos produtos farmacêuticos, detergentes, catálise verde e biocombustíveis. Os vencedores foram o britânico Sir Gregory P. Winter e os norte-americanos Frances H. Arnold e George P. Smith.

Metade da premiação de nove milhões de coroas suecas (£ 770.000) vão para a doutora Arnold. A pesquisadora foi agraciada por suas pesquisas em biologia sintética, com foco em novas estratégias para evolução enzimáticas, realizadas no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Através de suas observações foi possível introduzir mutações genéticas específicas, visando a obtenção de enzimas estáveis e altamente ativas. O foco destas enzimas é, principalmente, a degradação de celulose, permitindo um salto significativo no desenvolvimento de produtos a partir de biomassa, incluindo combustíveis verdes para jatos comerciais.

Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter

A segunda metade do prêmio foi destinada às pesquisas realizadas por Sir Winter e Dr. Smith,  pelo desenvolvimento da metodologia de “Phage Display“, técnica que proporciona a síntese e a expressão de peptídeos/proteínas na superfície de vírus filamentosos. Estes vírus, conhecidos como fagos, infectam bactérias. Os pesquisadores desenvolveram uma tecnologia para projetar fagos geneticamente modificados que pudessem apresentar, em sua superfície (capsídeo viral), peptídeos/proteínas para uso nas ciências básicas e aplicadas, com potencial uso para terapias e diagnósticos. Um ponto de grande interesse da sociedade em geral é o fato de esta tecnologia permitir a produção de anticorpos recombinantes humanos, hoje já empregados no tratamento de diversos tipos de doenças como câncer e doenças autoimunes.

ABC e SBPC questionam candidatos quanto à CTI& E

Os presidentes da ABC, Luiz Davidovich, e da SBPC, Ildeu Moreira, assinaram cartas enviadas aos dois candidatos à Presidência da República no segundo turno com perguntas sobre seus planos para enfrentar as questões fundamentais que afligem as áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação no Brasil de hoje.

As perguntas colocadas abrangem a recuperação dos níveis orçamentários de investimento em CT&I, a extinção do contingenciamento dos recursos do FNDCT e de outros fundos destinados a atividades de pesquisa e desenvolvimento, o estabelecimento da meta de se atingir 2% do PIB para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o percurso para chegar a esse valor, assim como os planos para a educação em todos os níveis, destacando o uso de metodologias investigativas na educação básica e a manutenção da educação pública e gratuita, além da liberdade acadêmica.

As duas maiores instituições representativas da comunidade científica brasileira também convidaram os dois candidatos a apresentar suas propostas ao vivo, em encontros a serem agendados.

Leia as cartas na íntegra: para Fernando Haddad para Jair Bolsonaro.

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