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A palestra especial do segundo dia do Simpósio Brasil-França sobre Biodiversidade promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com a Academia de Ciências da França, foi ministrada pelo biofísico Eric Karsenti. Ele foi diretor-científico da expedição Tara Oceans, que durou três anos e tinha como foco entender como os ecossistemas marinhos funcionam e como evoluíram.
O palestrante relatou que o projeto Tara Oceans surgiu em 2009 com o objetivo de estudar a vida invisível aos olhos: protistas, bactérias, vírus e plânctons foram os protagonistas da pesquisa, considerando a importância da vida marinha e como esse ecossistema é crucial. “A interação entre os organismos é positiva, na sua maioria. Cooperação é mais importante do que competição nesse ambiente”, esclareceu.
“Foram mais de mil pessoas envolvidas nesse projeto”, contou Karsenti, cuja equipe era formada por especialistas da área da taxonomia, oceanografia, bioinformática, ecologia microbiana, celular, molecular e gerenciamento de dados, entre outras áreas.
A compreensão do ciclo dos oceanos, a partir do levantamento de dados e análise do material coletado, principalmente o plâncton, é o objetivo da pesquisa. “Usamos aparelhos de alta tecnologia para entender a biogeografia dos organismos em nível genômico, a dinâmica populacional e as interações bióticas – ou seja, a evolução da vida marinha”, apontou.
Karsenti explicou que 98% do volume da biosfera são de plâncton. “Ele é a base da rede de alimentação oceânica, responsável pelo sequestro de carbono no oceano e gera o oxigênio que respiramos”, apontou. E destacou que o plâncton também está sendo afetado pelas mudanças climáticas.
O palestrante destacou a contribuição brasileira ao projeto, através de parcerias com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Ao fim de sua apresentação, Karsenti deixou um convite aos demais pesquisadores ali presentes: “Estamos abertos para fechar parcerias com instituições e pesquisadores que queiram implementar o projeto em água doce”, concluiu. Em 2015, Eric Karsenti recebeu a Medalha de Ouro do CNRS, a maior distinção científica francesa.