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Conhecimento Tradicional indígena e Conhecimento Científico: Diálogos Possíveis

“O universo científico insiste em formar pesquisadores indígenas deslocando-os de seus modos específicos e de seus modelos de conhecimento. Se a ciência quer de fato diálogo entre os diferentes modelos de conhecimento (modelos de conhecimentos sobre as plantas, sobre a água, sobre o cosmo… precisa entender nossos pensamentos, nosso jeito de ser, de pensar e de viver… nós construímos nosso conhecimento pela oralidade. A ciência precisa fazer uma experiência de mergulhar nos nossos modelos de conhecimento. Nós, com todo esforço, nós fazemos essa experiência de mergulhar no conhecimento da ciência…”

João Paulo Barreto

A fala do doutor João Paulo Barreto, indígena do povo Tukano, resume a perspectiva dos indígenas em relação à aproximação de conhecimentos com a academia, expressa na Conferência Livre Preparatória para 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia (5ª CNCTI, que será em junho) realizada no dia 21 de março, no auditório da ciência do INPA, intitulada “Sistemas de Conhecimentos: Conhecimento Tradicional indígena e Conhecimento Científico: Diálogos Possíveis”.

A comissão organizadora do evento foi composta pelo diretor do Inpa, Henrique Pereira, os pesquisadores Adalberto Val, que representa a Academia Brasileira de Ciências – ABC Norte, Ana Carla Bruno (que foi membra afiliada da ABC em 2011-2015) e Noemia Ishikawa (que foi membra afiliada da ABC em 2009-2014), e dois indígenas: o doutorando em Botânica do Inpa, Gildo Feitoza (Makuxi), e o pesquisador membro do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena da Universidade Federal do Amazonas (Neai/Ufam), Silvio Sanches Barreto (Bará), atualmente bolsista do Instituto Serrapilheira. 

Adalberto Val e Henrique Pereira, diretor do INPA

Compareceram fisicamente em torno de 100 pessoas ao evento, representando diversas instituições de ensino, como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, entre outras.

Também se fizeram representar organizações, associações e grupos indígenas de diversos povos, como por exemplo, Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (MEIAM), Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM), Centro de Medicina Indígena Bahserikowi; Colegiado dos Alunos de Pós-graduação Indígena do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFAM, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas (Makira Eta). Estavam presentes os povos Bará, Makuxi, Tukano, Munduruku, Baré, Dessano, Sateré Mawé, Borari e Waikahna.

Nos últimos 20 anos, vemos uma presença de pesquisadores e intelectuais indígenas nas instituições de ensino, nas universidades, mas ainda percebemos que a presença de pesquisadores indígenas, como produtores de conhecimentos, nas instituições de pesquisas do MCTI e seus laboratórios é quase inexistente.

De acordo com a relatora Ana Carla Bruno, a história da ciência apresenta uma série de hierarquias de sistemas de conhecimentos e campos de saberes que subordina e relega outras formas de conhecimento como secundárias ou menos importante. “O próprio tratamento que damos aos conhecimentos indígenas quando o denominamos, classificamos e reconhecemos como ‘saberes’ é uma forma de hierarquização. A relação de pesquisa entre indígenas e não indígenas, por muito tempo, foi permeada pela condição onde os indígenas eram temas, objetos, auxiliares e ‘informantes’ das pesquisas.”

“Nada para nós sem nós!”

Este lema, que vemos sendo acionado pelo Grupo de Trabalho (GT) Indígena da América Latina e Caribe da Década das Línguas Indígenas (2022-2032),  foi dito de diferentes formas e por diferentes vozes, recorrentemente, pelos estudantes e pesquisadores indígenas e suas organizações.

No evento e discussões realizados, ficou claro que, assim como em diferentes pautas, como educação, cultura e saúde, no universo da ciência e tecnologia os povos indígenas também querem espaços e instituições de CT&I que respeitem, dialoguem e reconheçam suas epistemologias, técnicas, métodos e formas de conceber e observar o mundo.

“Nas últimas duas décadas estamos observando uma importante e significativa presença de indígenas nas universidades, tornando-se produtores de conhecimentos neste universo. Mas ainda uma quase inexistente presença indígena nos institutos de pesquisas produzindo, realizando pesquisas e coordenando projetos”, apontou Ana Carla Bruno.

A Conferência foi organizada pelo INPA com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

O Inpa e as comunidades indígenas

Nos seus 70 anos de existência, o INPA produziu e desenvolveu projetos de pesquisas e trabalhos em comunidades indígenas, mas apenas nos últimos dois anos começou-se a ver a presença de estudantes indígenas nos cursos de pós-graduação.

Esta conferência livre situada no eixo 3 “Amazônia, Ciência e os Saberes Tradicional” realizada no INPA buscou refletir e debater sobre qual o lugar dos conhecimentos, dos modelos de conhecimento indígena na constituição do conhecimento científico ocidental e de que forma podemos manter diálogos mais simétricos no universo da ciência e tecnologia do nosso país.

“Penso que este diálogo pode estimular, suscitar e fazer-nos olhar este processo de construção de conhecimento e formas de categorizar e classificar o mundo a partir, com e através de outras perspectivas. Mas também será necessário, como diversas vezes ressaltados nas intervenções dos indígenas participantes do encontro, que estes espaços sejam acolhedores e que respeitem a diversidade e a diferença dos povos indígenas do Brasil”, destacou a relatora.

Propostas e soluções

Para que o objetivo de todos os participantes do encontro de fato se realize, alguns tópicos fundamentais foram levantados. São eles:

Ambientes institucionais que estejam dispostos a respeitar as diferenças é o primeiro passo para que seja efetivado o diálogo. Neste sentido, é necessário compreender que cada pesquisador indígena pode ter trajetórias acadêmicas muito distintas, histórias de vidas e situações sociolinguísticas muito diferenciadas (povo, língua, vivência na aldeia/comunidade ou na cidade);

  • Que os editais da pós-graduação sejam elaborados em conjunto com pesquisadores indígenas;
  • Que sejam elaborados editais específicos para pesquisadores indígenas, onde pudessem concorrer entre si.
  • Laboratórios indígenas de pesquisa e inovação dentro das instituições de pesquisas do MCTI, para que os indígenas desenvolvam pesquisas a partir de suas epistemologias e técnicas de observação.
  • Bolsas de pesquisas para anciãos e jovens cientistas indígenas, dentro de suas comunidades, para que mantenham suas formas próprias de transmissão de conhecimentos.
  • Que os indígenas possam ter uma inserção mais efetiva nos debates de ciência e tecnologia do país, a partir do estímulo de projetos e bolsas de iniciação científica indígena, disciplinas de pós-graduação ministradas por pesquisadores indígenas em parceria com não indígenas, feiras nacionais de ciência indígena e outras iniciativas afins.
  • Que as instituições do MCTI possam conceder título de “Notório Saber” para indígenas que não possuem formação acadêmica, mas desenvolvem pesquisas em parcerias com os cientistas indígenas e não indígenas.

Ao final do relatório, Ana Carla Bruno destacou que a colaboração e parceria de doutores e doutorandos indígenas se deu desde o início da preparação do evento. “Pensamos juntos as palestras, os palestrantes e os temas que gostaríamos de debater e a inserção de parceiros indígenas na comissão do evento foi essencial para o sucesso dela”, comentou Ana Carla Bruno.

Ela destacou ter ficado intrigada pelo evento ter sido, até então, a única conferência livre do eixo 3 “Amazônia, Ciência e os Saberes Tradicionais” que se propôs a debater, refletir e pensar qual o lugar do conhecimento indígena no universo da ciência e inovação do nosso país – e como os indígenas querem participar deste debate. “ E, enfim, ressaltamos a necessidade de um diálogo maior entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério dos Povos Indígenas”, concluiu a antropóloga.


ASSISTA AO EVENTO NA ÍNTEGRA PELO YOUTUBE DO INPA

 

5ª Conferência Nacional de CTI: Ciência e Tecnologias Quânticas (RJ e SP)

Organização: Faperj e Fapesp
Apoio: Academia Brasileira de Ciências

Coordenação: Luiz Davidovich e Marcelo Terra Cunha
Comissão Organizadora: Antonio Zelaquett KhouryFelipe FanchiniGustavo Wiederhecker e Marcelo França Santos

As Conferências Temáticas se propõem a produzir um conjunto objetivo de recomendações para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o adequado desenvolvimento da Ciência e das Tecnologias Quânticas em nosso país.

Além disso, visam engajar a sociedade brasileira na discussão sobre o impacto e a relevância das emergentes Tecnologias Quânticas, explorando questões estratégicas a elas relacionadas.

Nas duas datas, no Rio de Janeiro e em São Paulo, será apresentada uma breve introdução ao panorama atual das tecnologias quânticas no Brasil, seguida por uma discussão com especialistas convidados, com a participação ativa da comunidade.

Convidamos interessados a se inscreverem para participar tanto presencialmente, em cada uma das datas, quanto de forma remota. Encorajamos também a participação de empresas estabelecidas e startups interessadas em contribuir para o desenvolvimento das tecnologias quânticas. O documento a seguir é um bom ponto de partida:A Roadmap Towards Quantum Science and Technologies in Brazil (baixe gratuitamente!)


ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS | 05 DE ABRIL | 09h00 – 15h30


Rua Anfilófio de Carvalho, 29 / 3º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Inscrições (RJ – 05/04): https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/rj

 
PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Márcia Barbosa (Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI)
Jerson Lima (Presidente da Faperj)
Luiz Davidovich (UFRJ)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: Estado da arte no Brasil e no mundo
(20 minutos por expositor)

Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Daniel Felinto (UFPE)
Ivan Oliveira (CBPF)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)

10h50 | Discussão com o público

 
11h30 | Intervalo para almoço
 
13h30 | Mesa 2: Transferência da pesquisa em ICTs para a sociedade
(20 minutos por expositor)
 
Coordenadora: Gabriela Lemos (UFRJ)

Debatedores:
Ado Jorio (UFMG)
Jefferson Gomes (Diretor de Inovação CNI)
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)

 
14h50 | Discussão com o público
 
15h30 | Considerações finais e encerramento
 
Grupos de Trabalho
 
15h45 | GT 1: Formação e Política Científica
 
Coordenador: Marcelo França (UFRJ)

Participantes:
Luiz Davidovich (UFRJ)
Daniel Felinto (UFPE)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)
Lucas Celeri (UFG)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)

 
15h45 | GT 2: Tecnologia e Inovação
 
Coordenador: Antonio Zelaquett Khoury (UFF)

Participantes:
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Ado Jório (UFMG)
Ivan Oliveira (CBPF)
Gabriela Lemos (UFRJ)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)


FAPESP | 08 DE ABRIL | 09h00-13h00


Rua Pio XI, 1500, São Paulo, SP
Inscrições (SP – 08/04):
https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/sp

PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Fernando Menezes (Fapesp)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
Gustavo Wiederhecker (Programa QuTIA-Fapeps e Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: O Brasil no Mapa das Tecnologias Quânticas
(10 minutos por debatedor)
 
Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Paulo Nussenzveig (USP)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)
Stephen Walborn (Universidad de Concepcion)

Relator: Roberto Serra (UFABC)

 
10h30 | Coffee break
 
11h00 | Mesa 2: Empresas de Tecnologias Quânticas

Coordenador: Eunézio Thoroh de Souza (Mackenzie)

Debatedores:
Paulina Assmann (Sequre Quantum)
Julio Oliveira (Hardware Innovation Technologies)
Flavio Cruz (IFGW-Unicamp)

Relator: Niklaus Wetter (IPEN)

 
11h30 | Discussão com o público
 
12h00 | Mesa 3: Formação de Competências Quânticas

Coordenador: Bárbara Amaral (USP)

Expositores:
Ben-Hur Borges (USP-São Carlos)
Daniel Motta (Senai-SP)
Felipe Fanchini (Unesp)
Olival Freire (CNPq)

Relator: Thiago Alegre (Unicamp)

 
12h40 | Discussão com o público
 
13h10 | Encerramento
 

Os eventos serão transmitidos pelo canais do Youtube Faperj e da Agência Fapesp.

Diálogos Nobel Brasil 2024

A Academia Brasileira Ciências vai receber três ganhadores do prêmio Nobel em abril, no Rio e em São Paulo. São eles Serge Haroche (2012, Nobel de Física), May-Britt Moser (2014, Nobel de Medicina) e David MacMillan (2021, Nobel de Química).

Este será o primeiro encontro presencial entre nobelistas e estudantes brasileiros convidados, assim como com formuladores de políticas públicas e empresários. O Diálogo Nobel Brasil 2024 será o terceiro evento da parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize OutreachSaiba mais sobre os eventos anteriores aqui

O tema de 2024 é “Criando Nosso Futuro Juntos Com a Ciência”

 


RIO DE JANEIRO | 15 DE ABRIL, 2ª FEIRA, 10h00-16h00
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Teatro Odylo Costa, filho| R. São Francisco Xavier, 524 – Maracanã, Rio de Janeiro – RJ

Como a ciência beneficia a sociedade e como a sociedade pode conseguir o melhor da ciência e dos cientistas? O Diálogo Nobel no Rio de Janeiro busca respostas para essas perguntas.

Pela manhã, serão discutidos o valor da ciência, como tornar a prática da pesquisa mais inclusiva e como se comunicar de forma mais eficaz com audiências diversificadas. Os debates interativos abordarão as responsabilidades dos cientistas, o papel das universidades e estratégias para a transição para um mundo mais sustentável.

À tarde, as discussões se concentrarão em como trabalhar melhor coletivamente, tanto dentro das instituições de pesquisa quanto entre diferentes disciplinas e setores, e os caminhos a serem seguidos pela ciência e pelos cientistas, analisando se existem estratégias mais apropriadas para direcionar nossos esforços e recursos para se obter o máximo da ciência e se criar o futuro que desejamos.

PARA O EVENTO NO RIO, INSCREVA-SE AQUI!

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 4ª FEIRA, 10h00-12h00
Universidade de São Paulo (USP)
Auditório do Centro de Difusão Internacional, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Butantã, São Paulo – SP

Em uma série de conversas e debates moderados, os laureados com o Prêmio Nobel discutirão o que aprenderam com uma vida dedicada à ciência. Com a ajuda da audiência, eles abordarão o que é necessário para manter a curiosidade científica e enfrentar grandes questões, como superar os muitos contratempos enfrentados na pesquisa e como comunicar descobertas aos colegas, formuladores de políticas e ao público em geral.

PARA O EVENTO NA USP, INSCREVA-SE AQUI

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 14h30- 16h30
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)

Apenas para convidados, envolvendo lideranças empresariais e governamentais, tomadores de decisão, setor acadêmico, agências de apoio à pesquisa e imprensa.

 


QUEM SÃO OS NOBELISTAS?

Serge Haroche, May-Britt Moser e David MacMillan

 

  • Serge Haroche é um físico francês, nascido em Casablanca. Desde 2001 é professor do Collège de France. Em 2012 foi laureado, juntamente com David Wineland, com o Prêmio Nobel da Física, “por métodos experimentais inovadores que permitem a medição e a manipulação de sistemas quânticos individuais”.
  • May-Britt Moser é psicóloga e neurocientista norueguesa, chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Foi agraciada com o Prêmio Nobel de Medicina em 2014, dividido com o norueguês Edvard Moser, e o britânico-americano John O’Keefe. Juntos, eles descobriram células importantes para a codificação do espaço e também para a memória episódica. Seu trabalho abriu portas para que a ciência conquiste novos conhecimentos sobre os processos cognitivos e déficits espaciais associados às condições neurológicas humanas, como a doença de Alzheimer.
  • David MacMillan é um químico britânico, professor da Universidade de Princeton desde 2006. Em 2021 foi laureado com o Nobel de Química juntamente com Benjamin List. Sua premiação se deu em função do desenvolvimento de novos métodos na organocatálise enantioseletiva (asssimétrica), com aplicações na síntese de uma série de produtos naturais. Descobriu novos catalisadores de imínio e desenvolveu mais de 50 novos processos de reação.

O encontro no Rio de Janeiro será no dia 15 de abril, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e espera contar com participação expressiva de estudantes e jovens, numa oportunidade única para um debate intergeracional de alto nível. Saiba mais sobre a programação aqui.

No dia 17 de abril serão promovidos dois encontros em São Paulo, , ampliando o impacto da iniciativa no país e potencializando as possibilidades de intercâmbio científico. Pela manhã, o evento será na Universidade de São Paulo (USP), aberto ao público. Na parte da tarde, será na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), só para convidados.

VEJA A PROGRAMAÇÃO E INSCREVA-SE!

Conferência Livre do GT de Educação Superior em 8 de abril

O Grupo de Trabalho sobre o Ensino Superior Brasileiro da Academia Brasileira de Ciências convida a todas e todos os interessados no tema para a Conferência Livre Preparatória para a 5ª CNCTI sobre Modernização da estrutura de ensino superior brasileira para o desenvolvimento socioeconômico sustentável. O encontro será no dia 8 de abril, das 8h00 às 18h00.

O evento será híbrido, na sede da ABC, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo e possibilidade de participação remota.

O moderador será o Acadêmico Ado Jorio de Vasconcelos.

 

Veja a agenda e os palestrantes:

08h00 | Análises e propostas para o sistema de instituições de ensino superior públicas, com o objetivo de ampliar fortemente, de forma economicamente viável, a contribuição do setor público na formação de bacharéis e licenciados

Rodrigo Barbosa Capaz, Ronaldo Mota, Alexandre Brasil (a confirmar)

 

10h00 | O combate a evasão, melhorias do processo de seleção dos ingressantes, estímulo à sua permanência na instituição pela adoção de um modelo flexível que permita ao estudante definir seu itinerário acadêmico

Marcelo Knobel, Débora Foguel, Luiz Augusto Campos

 

12h00 | Intervalo para almoço

 

13h30 | Criação de centros de formação de recursos humanos em áreas estratégicas

Adalberto Fazzio, Jorge Almeida Guimarães, José Roberto Castilho Piqueira

 

16h00 | Medidas para promover uma reestruturação do sistema de avaliação de programas de Pós-Graduação, compatíveis com os objetivos de promover o desenvolvimento das áreas tecnológicas e de inovação

Antonio Gomes de Souza Filho, Adalberto Val, Márcio de Castro Silva (a confirmar)

 

18h00 | Encerramento

Morreu a Acadêmica Anita Dolly Panek

Anita Dolly Panek nasceu na Cracóvia, na Polônia, filha de asquenazitas, em 1º de setembro de 1930, mudou-se com a família para o Brasil, em 1940, depois da invasão nazista na Polônia.

No final dos anos 1940, ingressou no curso de química, pela Escola de Química da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Diplomou-se em 1954 em Química Industrial e em 1955 tornou-se instrutora de ensino na cadeira de Microbiologia Industrial e Tecnologia das Fermentações da mesma instituição. Esta disciplina foi a precursora do Instituto de Química da UFRJ.

Em 1962 obteve seu doutorado em ciências pela Universidade do Brasil, seguido da livre-docência em Microbiologia Industrial. Em 1976 ingressou como professora titular da UFRJ e em 1995 foi proclamada Professora Emérita da mesma universidade.

Dedicou a vida ao ensino e pesquisa, orientando 49 alunos de pós-graduação. Sua pesquisa era direcionada ao metabolismo energético, utilizando a célula de levedura. Seus estudos sobre o metabolismo de trealose ampliaram as especificações deste composto, antes considerado apenas uma fonte energética e agora também uma substância protetora de membranas e de proteínas, quando a célula é submetida a estresses ambientais. A trealose tem amplas e variadas utilizações, como a preservação de materiais biológicos desidratados ou liofilizados.

Foi autora de mais de 170 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, com três registros de patentes. Membra da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), membro também da American Society for Biochemistry and Molecular Biology, a Academia de Ciências da América Latina (Acal) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS). Recebeu, em 1996, a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República.

Depoimento de um orientando e admirador científico

 José João Cavalcante Mansure Brasil possui especialização em Computação Científica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado e doutorado em Bioquímica pela UFRJ, onde hoje é professor e pesquisador. Atua também como professor titular no Instituto Metodista Bennett.

É com o coração pesado que reflito sobre o falecimento da ilustríssima Professora Drª Anita Dolly Panek, uma fonte de conhecimento, resiliência e inspiração – não apenas na minha vida, mas nas vidas de inúmeros estudantes que ela impactou profundamente ao longo de sua distinta carreira.

Como minha mentora durante o mestrado e o doutorado, Drª Anita, como prefiro sempre carinhosamente chamá-la, estabeleceu as bases para minha carreira científica, incutindo em mim os princípios do pensamento crítico e da forma meticulosa em elaborar e analisar os experimentos.

Essas lições não apenas moldaram meu caminho para me tornar um cientista sênior no Instituto de Pesquisa da Universidade McGill, em Montreal, Canadá, mas também foram e são transmitidas aos meus próprios alunos, perpetuando a extraordinária influência dela em minha vida profissional.

Sua história de triunfo, chegando ao Brasil como imigrante, fugindo da guerra e ascendendo a uma posição de professora em uma das universidades mais renomadas do país, numa época em que tais conquistas eram raras para as mulheres, serve como testemunho de sua força, determinação e intelecto sem igual.

Minha admiração por ela transcende os domínios da pedagogia e da ciência, profundamente enraizada na excepcional pessoa que ela foi. O legado da Drª Anita, sem dúvida, perdurará por meio das muitas pessoas afortunadas o suficiente por terem sido orientadas por ela. À medida que continuo minha pesquisa, levo um pedaço dela comigo, aspirando honrar sua memória em cada descoberta e lição.

Drª Anita, sua contribuição para a ciência e educação no Brasil deixou uma marca indelével, e, embora você faça muita falta, seu espírito nos inspirará para sempre.

Obrigado, Drª Anita Dolly Panek, por tudo.”

A indústria brasileira ancorada na ciência

Leia artigo do Acadêmico Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022 – 2030 O Brasil e o Mundo que queremos, publicado no Monitor Mercantil em 28/3:

Historicamente, a ciência tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento industrial, introduzindo novos produtos e processos, que impulsionaram a inovação e, como consequência, o surgimento de novas indústrias e o aumento da produtividade. Portanto, investir em ciência é essencial para o crescimento industrial e o bem-estar da sociedade.

Nas últimas décadas o conhecimento científico tem sido exponencial, causando grandes mudanças nos costumes e causando alterações nas políticas econômicas globais. A bola da vez é a Inteligência Artificial (IA) que representa uma mudança disruptiva global, com possíveis efeitos tanto no aumento da produtividade em vários setores da economia, quanto na perda de empregos em larga escala e o aumento da desigualdade entre as economias.

Convidada a coordenar os debates sobre a Neoindustrialização, um dos temas da 5ª Conferência Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), que será realizada em junho de 2024, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) organizou debates de temas importantes, como transição energética, inteligência artificial, agricultura familiar, bioeconomia e transição ecológica. O relatório desses debates, com a participação de 62 convidados foi entregue recentemente ao coordenador da 5CNCTI, o físico Sérgio Rezende, ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O relatório enfatiza os desafios, as sugestões e recomendações para um desenvolvimento industrial virtuoso nas próximas décadas. Entre eles, a necessidade de investimento na formação de recursos humanos qualificados e em políticas para fixação de talentos. As recomendações apresentadas incluem também a estruturação de programas para o desenvolvimento de manufaturas de baixo carbono, o estímulo a parcerias entre empresas e instituições de pesquisa.

Foi também sugerido, com respeito ao aprimoramento do ambiente regulatório, a criação de um ambiente favorável aos investimentos em inovação, proporcionando incentivos e reduzindo entraves burocráticos. Em relação aos minerais estratégicos, recomenda-se o investimento do conhecimento geológico para avaliar a disponibilidade de minerais e criar rotas de produção e incentivar a instalação de plantas industriais que agreguem valor ao produto bruto.

Com respeito à agricultura familiar, ela oferece oportunidades significativas, incluindo a produção agroflorestal, cultivo de sementes orgânicas, geração de insumos orgânicos e contribuição para metas de descarbonização e considerar que essa atividade é também um importante gerador de empregos e renda em todo o país. Uma agricultura familiar baseada em práticas agroflorestais pode ser um catalisador para a transformação social, promovendo inclusão socioeconômica e desenvolvimento local.

No setor da saúde foi ressaltado que a interseção entre políticas de inovação, políticas públicas de saúde e industrialização, onde a regulação e a colaboração entre diversos atores desempenham papeis cruciais. Este setor é pioneiro no alinhamento entre inovação, política industrial e de serviços, com investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), impulsionando transformações significativas. Com uma contribuição de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), gerando 9 milhões de empregos e representando 35% do esforço nacional em P&D, a indústria desempenha um papel crucial como catalisador da transformação tecnológica.

Por questões históricas, a industrialização do Brasil aconteceu tardiamente. No entanto, o Brasil possui recursos humanos qualificados que atuam em pesquisa em várias áreas de conhecimento. A comunidade científica atua principalmente nas Universidades públicas e em Institutos de Pesquisas federais e estaduais. Fortalecer essas instituições e as agências de fomento, certamente, vai contribuir para o bem-estar das futuras gerações e consolidar a soberania do País. Oxalá, isso aconteça.

Membros afiliados da ABC refletem sobre reunião do S20

1Entre os dias 11 e 12 de março de 2024, um grupo de membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi convidado a participar da Reunião de Iniciação da 8ª edição do Science 20 (S20), evento que reuniu representantes das academias de ciências de 19 países, além da União Europeia,  a União Africana e outras organizações internacionais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Saiba mais.

O encontro, inserido na agenda do G20 e tendo o Brasil como anfitrião este ano, foi organizado pela Academia Brasileira de Ciências, com o objetivo primordial de fomentar o diálogo entre a comunidade científica dos países do G20 e elaborar recomendações relevantes para os governos dos países participantes. Com o tema geral “Ciência para a Transformação Mundial”, foram debatidos cinco tópicos de relevância global: bioeconomia, inteligência artificial, desafios da saúde, justiça social e processo de transição energética.

Rodrigo Toniol, Thaiane Oliveira, Uéverton dos Santos Souza, Julia Clarke, Joanna Souza-Fabjan e Tiago Mendes.

Ao longo dos dois dias de debate, o grupo de membros afiliados da ABC composto por Thaiane Oliveira, Ulisses Pereira, Julia Clarke, Rodrigo Toniol, Joanna Souza-Fabjan, Tiago Mendes e Uéverton dos Santos Souza refletiu sobre alguns aspectos do encontro e expressou algumas das reflexões compartilhadas.

A revolução da inteligência artificial requer aprofundamento nas humanidades

Houve um consenso sobre a natureza única da revolução tecnológica atual, impulsionada pela inteligência artificial (IA). Diferentemente das revoluções tecnológicas anteriores, onde os postos de trabalho de menor nível intelectual eram os mais impactados, na era da IA cargos de alto nível intelectual também estão sujeitos à substituição. Esta é uma preocupação compartilhada por muitos representantes, que enfatizaram a importância de ferramentas de IA de acesso aberto. Os dados utilizados para treinar esses algoritmos são gerados por todos e, portanto, devem ser considerados bens comuns acessíveis a todos. A concentração dessas ferramentas nas mãos daqueles com recursos financeiros pode ampliar ainda mais as desigualdades entre nações e indivíduos.

Apesar dos inegáveis benefícios trazidos pela inteligência artificial e pela rápida evolução das tecnologias de comunicação, há um consenso emergente entre os países sobre a necessidade de examinar cuidadosamente os impactos dessas tecnologias, especialmente sobre as comunidades mais vulneráveis. Questões cruciais como vigilância de dados, privacidade e segurança cibernética destacam a urgência de aprofundar o debate sobre a ética no uso dessas tecnologias, tanto na esfera nacional quanto na governança global.

Ficou claro nos debates que o desenvolvimento científico e tecnológico não pode ser encarado como uma ferramenta para exercer controle sobre as populações, restringir liberdades individuais ou perpetuar injustiças sociais. Assim, é imprescindível que haja uma reflexão ética profunda sobre o emprego dessas inovações, garantindo que contribuam para o bem-estar social, para a democracia nos países e para o avanço da humanidade como um todo.

Para tanto, destacou-se a importância do investimento nas pesquisas em humanidades. Enquanto o progresso científico e tecnológico avança em ritmo acelerado, é fundamental que todas as áreas do conhecimento reconheçam a importância do aspecto social em suas pesquisas. Além disso, em diversas falas dos representantes de academias mundiais ficou evidente a necessidade vital de fortalecer o papel das humanidades para a formulação de políticas públicas, garantindo uma abordagem holística e socialmente comprometida, alinhada às necessidades da sociedade.

Essa preocupação se destaca no cenário contemporâneo, em que apesar do avanço tecnológico e a proliferação de ferramentas de comunicação e informação que oferecem um potencial extraordinário para conectar as sociedades globalmente, paradoxalmente, essa era de conectividade está sendo marcada por uma dificuldade crescente de diálogo e comunicação efetiva entre os diversos estratos da sociedade.

Nesse contexto, é fundamental destacar o papel crucial das academias de ciências mundiais. Elas não apenas acompanham os planos de ciência, tecnologia & inovação dos países, mas também desempenham um papel ativo na construção da opinião pública, promovendo o engajamento entre ciência, governo, sociedade e formuladores de políticas. Essa interação dinâmica é essencial para garantir que o progresso científico e tecnológico esteja alinhado com as necessidades e valores da sociedade.

Além disso, as academias contribuem para uma abordagem mais democrática e inclusiva no desenvolvimento de políticas e estratégias, fortalecendo assim a soberania nacional sobre seu próprio conhecimento dos países do G20. Conforme foi apontado pelo Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks e professor emérito da Unicamp, regiões como a Amazônia possuem um vasto potencial de conhecimento e recursos que devem ser protegidos e valorizados como parte do patrimônio global da humanidade. É crucial promover um reconhecimento do avanço do conhecimento científico no Sul, enquanto se promovem diálogos mais equitativos e inclusivos entre o Norte e o Sul global. Isso implica reconhecer e celebrar as contribuições únicas de cada país, suas forças produtivas de conhecimento para o avanço maior do conhecimento humano, visando uma colaboração global baseada na justiça social.

Um aspecto fundamental destacado durante as discussões foi o impacto que todas essas mudanças terão sobre a população jovem. Dentre os desafios destacados pelos representantes presentes, evidenciou-se a importância de analisar cuidadosamente como a IA, mudanças climáticas, transição energética e outros tópicos abordados pelos grupos de trabalho afetarão essa demografia. Essa preocupação também se estende aos jovens cientistas, cujo futuro está intimamente ligado aos desenvolvimentos nessas áreas. A rápida evolução de tecnologias de IA pode alterar significativamente a natureza do trabalho científico, exigindo outras habilidades e competências adaptativas das novas gerações.

Além disso, desafios globais como as mudanças climáticas, crises sanitárias, transição energética e cibersegurança, entre outros, representam questões urgentes que demandarão soluções inovadoras e interdisciplinares, nas quais os jovens cientistas de todo o mundo terão um papel crucial a desempenhar. Neste sentido, destacamos que os jovens cientistas precisarão estar preparados para enfrentar esses desafios, adquirindo habilidades interdisciplinares, capacidade de adaptação e uma compreensão abrangente das questões éticas e sociais relacionadas à IA e às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, é necessário que sejam criadas oportunidades e apoio para que os jovens cientistas possam contribuir de forma significativa para enfrentar esses desafios globais, garantindo assim um futuro sustentável e próspero para as próximas gerações.

“Acreditamos que jovens cientistas como nós e as próximas gerações de cientistas serão fundamentais para construir as tão necessárias pontes com a sociedade, destacadas em inúmeras falas e pela audiência presente. Para tanto, se faz necessário um compromisso conjunto de todos os setores da sociedade, incluindo governos, instituições acadêmicas, setor privado e sociedade civil para uma atenção especial às novas gerações de cientistas, para garantir que esses jovens profissionais das diversas áreas da ciência, entre elas Humanidades, sejam capacitados e apoiados em suas jornadas científicas, possibilitando assim uma participação significativa e eticamente comprometida no diálogo entre ciência e sociedade. Somente através de um diálogo inclusivo e aberto promovido pela ciência, poderemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias emergentes para promover o bem comum e construir um futuro mais justo e sustentável para todos”, conclui o documento enviado à Academia Brasileira de Ciências pelos membros afiliados.

“Foi uma imensa honra ser convidada pela ABC para participar da reunião de abertura do S20 como observadora. A alegria só não foi maior do que a energia contagiante que permeou todo o evento. Foi incrivelmente inspirador conhecer e ter a oportunidade de ouvir cientistas notáveis discutindo temas tão relevantes e variados, desde o uso ético das ferramentas de inteligência artificial até os desafios sanitários globais e a busca por um planeta mais sustentável! Este evento foi um verdadeiro impulso para seguir adiante, repleta de determinação, consciente das questões urgentes que nossa sociedade enfrenta e inspirada a contribuir de forma significativa para um futuro melhor.”

Joanna Souza-Fabjan, doutora em Ciências Veterinárias pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF) no curso de Medicina Veterinária e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Medicina Veterinária e de Ciências e Biotecnologia, ambos da UFF. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

“Foi muito importante acompanhar o evento e ter uma visão ampla de como a ciência feita por nós, hoje, pode ajudar a orientar as diretrizes para o futuro. A ciência faz parte da nossa vida, tanto como indivíduos quanto como sociedade. Portanto, um debate embasado em ciência sobre temas que nos afetam no dia a dia é muito importante e necessário. Para mim, foi especialmente estimulante ouvir sobre as preocupações envolvendo a área da saúde – muitas das quais compartilho e abordo em minhas pesquisas. Além disso, foi muito interessante ouvir a opinião de especialistas de outras áreas sobre assuntos tão presentes e determinantes para a vida de todos nós. Considero que a ABC fez um excelente trabalho na elaboração do documento preliminar e na realização do evento, que vejo como muito bem-sucedido.”

Julia Clarke, doutora em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  Professora adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

 

 

“A natureza de reuniões como a do S20 é necessariamente de fomento à cooperação internacional. Por isso mesmo, o tom geral do encontro foi identificar problemas transversais e buscar termos comuns para enfrentá-los. No entanto, isso não significa que este também não seja um encontro para que a comunidade internacional se solidarize com questões locais mais específicas, como foi o caso da demonstração de apoio aos profundos cortes orçamentários que os cientistas argentinos estão sofrendo.”

Rodrigo Toniol, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

“Participar das discussões na Reunião de Iniciação do S20 foi uma excelente oportunidade para minha carreira científica. Foi gratificante ouvir de diversos representantes a importância de reconhecer o papel das humanidades e da comunicação para fortalecer o diálogo com a sociedade. Uma ciência comprometida com o bem-estar deve valorizar não apenas o avanço tecnológico, mas também compreender as questões éticas e sociais que permeiam nossa sociedade. Reconhecer a diversidade de conhecimentos é fundamental para preservar a soberania nacional e global. Através desse compromisso conjunto e do diálogo aberto promovido pela ciência, podemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias e outros conhecimentos emergentes para construir um futuro mais justo e sustentável para todos.”

Thaiane Oliveira, doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora efetiva da UFF, onde coordena o Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2022-2026.

 

“A participação como ouvinte no S20 possibilitou o melhor entendimento de como a política pública aplicada ao desenvolvimento científico pode ser enriquecida a partir da discussão e visão de comunidades com elevada diversidade, tal como os participantes dos eventos. Entender os pontos em comum e específicos de cada nação e blocos políticos relacionados às preocupações com desenvolvimento científico e tecnológico é uma ferramenta valiosa para nosso próprio crescimento como cientista, aliado às demandas e necessidades sociais.  Os importantes tópicos discutidos durante a reunião estão integrados ao meus projetos e discutidos dentro dos grupos de pesquisa que tenho maior relacionamento, de forma a amplificar as importantes mensagens obtidas do evento. Além disso, foi possível realizar novos contatos para futuras colaborações no âmbito mundial, contribuindo para uma ciência mais integrativa, internacionalizada e acessível.”

Tiago de Oliveira Mendes, doutor em Bioinformática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor adjunto A do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Membro afiliado da ABC MG&CO eleito para o período 2022-2026.

 

“Participar das discussões no S20 foi muito interessante e enriquecedor. Em especial, como cientista da computação, ver as preocupações globais sobre a influência de tecnologias e inteligências artificiais na sociedade e na manutenção da democracia reforça o quanto a regulamentação do uso de ferramentas de IA deve ser discutida na atualidade. Também me chamou atenção a preocupação sobre o potencial aumento da desigualdade tecnológica entre países, uma vez que grande parte do volume de dados bem como o poder de processamento desses dados estão centralizados em poucas empresas sediadas em países ricos, o que também coloca em questão a reprodutibilidade dos experimentos e seus resultados.”

Uéverton dos Santos Souza, doutor em Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Instituto de Computação da UFF. Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

 

“A reunião de iniciação do S20 foi emocionante desde o convite que recebemos! No dia do evento, senti uma emoção indescritível ao estar perto e conversar com pessoas que tanto admiro. Foi especial perceber que a ciência está repleta de pessoas incríveis que pensam de forma ampla, fora da caixa, com o objetivo de impactar significativamente na transformação para um mundo melhor. Também foi gratificante ver que os temas que nortearam o evento se encaixam perfeitamente com minha linha de pesquisa, como a aquacultura na bioeconomia e a resistência aos antibacterianos, que são temas relevantes nos desafios da saúde. Nunca um evento me estimulou tanto a seguir na ciência, especialmente focada na inovação e na construção da ciência brasileira do futuro.”

Ulisses de Pádua Pereira, doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Membro afiliado da ABC Sul eleito para o período 2024-2028.

Repercussão da Reunião de Iniciação do S20 foi intensa

Nos dias 11 e 12 de março a ABC organizou a Reunião de Iniciação do Science 20 Brasil.

Veja a repercussão do evento na grande mídia – antes, durante e depois. 

Brasil volta ao jogo em encontro de C&T do G20

Avanços em ciência e tecnologia passam pela taxação de grandes fortunas, diz ministra de CT&I

Science20 Brasil destaca a importância da ciência para a transformação mundial

Países de renda menor do G20 ultrapassam produção acadêmica dos ricos e China agora lidera ranking

Liderança brasileira de ciência e tecnologia no G20 quer convergência e reconhece diferenças no grupo

’É preciso atitude política para superar o atraso tecnológico’, diz ministra de C,T&I

Science 20 debate no Rio transformações em ciência e tecnologia

S20, braço científico do G20, tem início nesta segunda (11) no Rio de Janeiro

A chance de o Brasil fazer a diferença no mundo

 

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