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Inscrições abertas para a Escola de Talentos 2025

O Instituto Principia abriu inscrições para a Escola de Talentos, um programa gratuito de formação para jovens cientistas do 1º ano do Ensino Médio. O instituto é uma fundação sem fins lucrativos que atua desde 1951 com atividades científicas e conta hoje com os Acadêmicos Beatriz Leonor Silveira Barbuy, Débora Peres MenezesNathan Jacob Berkovits no seu Conselho Científico.

O programa da Escola de Talentos é dividido em duas etapas:

  • 1ª etapa (12 meses): aprofundamento em física e outras ciências com orientação de doutores das principais universidades do Brasil.
  • 2ª etapa (18 meses): desenvolvimento de um projeto de iniciação científica com mentoria individual.

As atividades são online, no contraturno escolar, com encontros presenciais, incluindo um evento anual em São Paulo.

Evento “Escola de Talentos de Portas Abertas”

Data: 15 de março de 2025 (sábado), das 13h30 às 16h

Local: Domo Digital – Instituto Principia (Rua Pamplona, 145 – Bela Vista – SP). Haverá transmissão ao vivo.

Inscrições: As inscrições começam em 17 de fevereiro de 2025. A seleção será feita por professores da USP, Unicamp, Unesp e outras universidades renomadas, podendo incluir entrevistas online ou presenciais.

Inclusão e apoio: O programa é totalmente gratuito e oferece suporte financeiro para estudantes em situação de vulnerabilidade, além de acompanhamento pedagógico e psicológico.

Quem foi o brasileiro que fez a Igreja perdoar Galileu Galilei

No 25o aniversário de morte do Acadêmico, matéria de Edison Veiga para Deustsche Welle (DW) foi publicada pela UOL, em 16/2:

Quando o cientista brasileiro [e membro da Academia Brasileira de Ciências, que presidiu de 1965 a 1967] Carlos Chagas Filho (1910-2000) foi convidado pelo então papa Paulo 6° (1897-1978) para presidir a Pontifícia Academia de Ciências, logo decidiu priorizar a resolução de uma dívida histórica da milenar Igreja Católica com a ciência: o chamado Processo Galileu.

Eram tempos de Inquisição quando o astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) concluiu que a Terra não estava no centro do universo e girava em torno do Sol. Em 1615, a Igreja abriu um processo contra ele. Para escapar da fogueira, o cientista foi obrigado a se retratar e, mesmo assim, teve de passar o resto da vida em prisão domiciliar.

De tempos em tempos o assunto vinha à tona, em geral com pesadas críticas do mundo científico ao abuso do Vaticano contra um dos maiores gênios da história. Na opinião de Chagas Filho, era hora de passar a história a limpo.

Em sua autobiografia Um Aprendiz de Ciência, o brasileiro, assumidamente católico, lembra que o assunto era fonte de críticas “dos agnósticos à Igreja” e que não era justo que Galileu — ao contrário do físico Albert Einstein (1879-1955), que “nunca fora incomodado pela Igreja” — seguisse sofrendo “forte perseguição”.

Durante os 16 anos em que presidiu a academia, de 1972 a 1988, Chagas Filho liderou esses estudos que fundamentaram o perdão ao astrônomo. Em 1992, o papa João Paulo 2° (1920-2005) oficialmente reabilitou Galileu Galilei, reconhecendo o erro da Igreja ao condená-lo.
 
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Um dos dois brasileiros que hoje integram a academia, o físico Vanderlei Bagnato, professor na Universidade de São Paulo (USP), ressalta que a passagem de Chagas Filho pela instituição, como “único brasileiro que foi presidente da academia” foi marcada pela preocupação “em fazer com que a ciência fosse um benefício a serviço do homem”.
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Chagas Filho morreu há 25 anos, em 16 de fevereiro de 2000. Ele tinha 89 anos e vivia no Rio de Janeiro.
 

Política de Trump paralisa pesquisa sobre doença de Chagas no Brasil

Leia matéria de Herton Escobar para o Jornal da USP, publicada em 12 de fevereiro:

Os efeitos da política de Donald Trump nos Estados Unidos já estão sendo sentidos na ciência brasileira. Um grande projeto de pesquisa sobre doença de Chagas no Brasil está paralisado por conta das restrições impostas pelo novo presidente norte-americano ao financiamento de programas no exterior. O projeto é liderado pela professora Ester Sabino, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, em inglês), a mais renomada agência de fomento à pesquisa biomédica no mundo.

Realizado em parceria com três universidades de Minas Gerais, o projeto é 100% brasileiro e foi um dos poucos fora do eixo Estados Unidos-Europa a serem contemplados no último edital dos Centros de Pesquisa em Medicina Tropical (TMRCs), um programa do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) — que faz parte do NIH —, voltado para o estudo de doenças tropicais negligenciadas. 

O financiamento é de aproximadamente US$ 400 mil por ano, para cinco anos de pesquisa (2022-2026). O objetivo do projeto é desenvolver novas metodologias para o diagnóstico e o tratamento de Chagas, que é uma das doenças tropicais mais negligenciadas no mundo. Estima-se que menos de 10% dos pacientes são diagnosticados e menos de 1%, recebe tratamento; e há apenas uma droga de referência para a doença, desenvolvida na década de 1960.

Sabino conta que, ao enviar a ordem de pagamento das despesas de janeiro ao NIH (no valor de US$ 23 mil), recebeu a informação de que o pagamento fora rejeitado e que era necessário aguardar orientações do Escritório de Administração e Orçamento (OMB) do governo americano, sem maiores explicações. O bloqueio parece estar vinculado a uma Ordem Executiva assinada por Trump no dia de sua posse, em 20 de janeiro, decretando uma pausa de 90 dias no pagamento de todas as formas de assistência internacional (foreign aid).

A pesquisadora brasileira, agora, não sabe como vai pagar as despesas de janeiro nem se o projeto terá continuidade após esse período. Por enquanto, está tudo paralisado. “Como é que eu vou continuar o estudo sem saber se vou ter dinheiro para pagar as contas?”, questionou Sabino, em entrevista ao Jornal da USP. A ordem de Trump diz que os programas e projetos deverão passar por uma avaliação de “eficiência programática e consistência com a política internacional dos Estados Unidos”, podendo ou não ser continuados após esse período. Considerando as metas de corte no orçamento federal que vêm sendo anunciadas pelo governo daquele país, há uma probabilidade alta de o financiamento da pesquisa ser cancelado.

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Leia a matéria na íntegra, aberta, no Jornal da USP.

‘Aves-do-paraíso’ brilham em verde e amarelo intenso para acasalar; estudo revela biofluorescência

Leia matéria de Rayane Macedo para o G1-São Paulo, publicada em 16 de fevereiro: 

Não basta as penas coloridas e os movimentos corporais, machos de aves-do-paraíso possuem uma outra tática para atrair fêmeas: eles são biofluorescentes. É o que aponta uma pesquisa recente da revista “Royal Society Open Science”.

Em espécies de peixes, anfíbios, fungos e até de mamíferos já foi observada a presença desse fenômeno. Os cientistas acreditam que essa capacidade pode ter diferentes funções na natureza, como comunicação, camuflagem ou até atração de parceiros.

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A biofluorescência é visível para os humanos?

Sim! Mas, para os humanos enxergarem de forma efetiva são necessários outros aspectos como a intensidade da cor, o contraste com cores escuras ou a luz do ambiente.

“Quando a cor é muito intensa, como em alguns cogumelos, é possível ver a olho nu. Mas isso é muito difícil de ser visualizado na maioria das vezes”, informa Norberto Peporine Lopes, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Lopes participou do grupo de pesquisa que descobriu, pela primeira vez, a bioflurescência nos anfíbios (grupo de animais vertebrados como sapos, rãs e perecas). Ele explica que em áreas de floresta e com pouca luz era muito difícil enxergar o brilho fluorescente dos animais. Isso só era possível quando ele utilizava uma lanterna ou quando o bicho tinha uma cor muito intensa.

No caso das aves, elas não necessitam de muitos fatores para conseguirem enxergar as cores biofluorescentes. Isso acontece porque elas possuem uma visão mais aguçada, capaz de ver até ondas de luz em comprimentos altos, como na faixa azul ou ultravioleta (UV).

Leia a matéria na íntegra no site do G1 SP

E se o Polo Norte derreter? Cientistas explicam as projeções para 2035

Leia matéria de Bruno Bucis para Metrópoles, publicada em 16 de fevereiro:

O Polo Norte enfrenta um derretimento acelerado nos últimos anos. Segundo projeções publicadas em janeiro na revista Nature Communications Earth & Environment, é esperado que a última zona de gelo permanente do Ártico derreta em julho de 2035.

Afinal de contas, isso significa que a terra do Papai Noel vai deixar de ter gelo para sempre? Quais impactos o derretimento desta zona terá para as diversas espécies que dependem do gelo e do frio para sobreviver? Como o fenômeno pode afetar o restante do mundo?

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Apesar da área extensa, o território é pouco povoado, justamente pelo clima inóspito, concentrando menos de 150 mil habitantes. Nos últimos anos, porém, a região passou a sofrer um progressivo aumento da exploração econômica.

O glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), afirma que estamos vivendo uma acelerada transformação na região.

“Temos visto que a cada verão a cobertura de gelo do Ártico está menor e esta é a zona com maior aquecimento proporcional do mundo — até três vezes maior do que algumas regiões do globo. A tendência é clara: o gelo está derretendo mais rápido”, diz Simões.

De acordo com o especialista em zonas de gelo permanente, isso ocorre por que o terreno sem gelo absorve mais energia do sol do que a neve, que tende a refleti-la de volta. Então quanto menos neve há, mais a água e a terra absorvem calor, gerando um ciclo maior de aquecimento.

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E se o Polo Norte derretesse para sempre?

Com o degelo progressivo, espécies como ursos polares e focas-aneladas ficam com a sobrevivência ameaçada. O desaparecimento do gelo marinho, habitat essencial para esses animais, poderia provocar um colapso da biodiversidade da região, além de afetar o mundo como um todo.

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Estima-se que, até o ano de 2100, o nível global dos oceanos suba cerca de 30 centímetros com o derretimento permanente do gelo do Polo Norte. O aumento global pode ultrapassar um metro nas décadas seguintes, com impactos até no Brasil.

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É possível evitar?

“Se nada for feito e esse aquecimento levar ao derretimento do gelo marinho, inclusive durante o inverno, é claro que o processo pode tomar uma direção incontrolável. Se a temperatura global continuar subindo, a sobrevivência em geral fica ameaçada”, afirma Simões.

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Leia a matéria na íntegra, aberta, no site Metrópoles.

Brasileiro entra na lista dos 50 mais influentes do mundo em 2025 pelo The Washington Post

Leia matéria de Bernardo Yoneshigue para O Globo, publicada em 14 de fevereiro:

O renomado pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, de 76 anos, foi escolhido como uma das 50 pessoas mais influentes de 2025 e que estão “moldando nossa sociedade” pelo jornal americano The Washington Post. O epidemiologista, que cunhou o conceito de alimentos ultraprocessados, é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), onde fundou o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens).

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Ao The Washington Post, o brasileiro afirmou ser preciso “uma reorientação em nossas políticas de alimentação e nutrição” e defendeu medidas como a restrição de propagandas dos ultraprocessados, rótulos de advertência nas embalagens e cobrança de impostos para que a receita gerada subsidie alimentos mais saudáveis.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo

COP30 não pode ser COP do petróleo, diz Carlos Nobre

*Texto original na Folha de S. Paulo

A discussão sobre autorização de pesquisa de exploração de petróleo na Bacia Foz do Amazonas é totalmente contraditória com a COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que o país sediará em novembro, afirma o climatologista Carlos Nobre.

Nesta quarta-feira (12), o presidente Lula (PT) criticou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pela demora na análise do pedido da Petrobras para estudar a viabilidade técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Nobre lembra que o próprio Lula, na cúpula de chefes de Estado do G20, propôs aos países desenvolvidos antecipar as metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 e que isso exige que não haja nenhuma nova exploração de petróleo em nenhum lugar do mundo.

“O presidente Lula foi muito correto. Até para zerar as emissões de 2050 não faria sentido novas explorações de petróleo, carvão e gás natural”, afirma. Além disso, argumenta, a discussão sobre autorizar pesquisas para estudar viabilidade de técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas entra em conflito com a COP30 que Belém sediará em novembro.

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Leia reportagem completa na Folha.

O cancelamento de Maria Rita Kehl e as armadilhas do identitarismo

Leia artigo do Acadêmico Rodrigo Toniol, professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para a Folha de S. Paulo, publicado em 12 de fevereiro:

Na semana passada, a psicanalista Maria Rita Kehl foi alvo de um linchamento virtual, após críticas ao que chamou de “movimento identitário”. A reação à fala dela incluiu um argumento que lembra os piores crimes da humanidade: a ideia de que ela deveria se calar por conta de uma “herança moral” transmitida geneticamente.

Os acusadores se referiam ao fato de o avô de Kehl ter sido um eugenista no início do século 20, sugerindo, portanto, que ela teria herdado, pelos genes, a “paleta moral” dele.

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A crítica feita pela psicanalista que motivou o ataque virtual foi que o movimento identitarista é um “nicho narcísico”. Segundo ela, na dinâmica deste movimento, apenas quem pertence ao grupo pode falar sobre ele. Eles têm o “lugar de fala”. Para todos os outros, resta apenas o “lugar de cale-se”, conforme Kehl propôs.

Maria Rita Kehl é uma das maiores psicanalistas do Brasil e atuou junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra por décadas. Convidada por Dilma Rousseff, compôs a Comissão Nacional da Verdade, que apurou os crimes contra os direitos humanos durante a ditadura. Na semana passada, porém, sua biografia foi reduzida à “neta do pai da eugenia brasileira”.

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Na mitologia grega, a qual Kehl fez referência, Narciso era um jovem muito belo que fora amaldiçoado pela deusa Nêmesis. Seu castigo foi que nunca se apaixonasse por ninguém além de seu próprio reflexo e sempre desprezasse os outros por não serem tão belos quanto ele.

Esse é o paradoxo do identitarismo, embora tenha surgido como um movimento para tratar da diferença, ele mesmo não consegue lidar com o diferente. Tal e qual Narciso.

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Narciso, apaixonado por si mesmo, se afogou ao ver seu reflexo nas águas e tentar agarrá-lo. [A ninfa] Eco terminou a vida isolada em uma caverna, sem nunca poder conversar com ninguém.

Assim como Maria Rita Kehl, temo pelo risco que o campo progressista democrático corre ao ser capturado por movimentos que nos levarão para o fundo do rio ou para as profundezas da solidão em uma caverna.

Leia a matéria na  íntegra no site da Folha de S.Paulo

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