pt_BR

Sociedade Brasileira de Química homenageia Cesar Lattes com relatos inéditos

Neste mês de julho comemorou-se o centenário do cientista brasileiro Cesar Lattes. O eterno membro da Academia Brasileira de Ciências, cujo nome é homenageado na Plataforma Lattes, desempenhou um importante papel no progresso científico e especificamente na valorização da ciência brasileira.

Nascido em Curitiba, Lattes foi o pesquisador brasileiro que mais chegou perto de ganhar um prêmio Nobel – recebeu 7 indicações. Como homenagem, a Sociedade Brasileira de Química criou uma edição especial de seu Boletim, com dois relatos inéditos do também Acadêmico Fernando Galembeck, que conviveu com o Cesar Lattes: um dos textos discorre sobre suas contribuições científicas na visão de um químico; e outro texto traz curiosidades e mostra outras facetas intrigantes do cientista.

Outro relato curioso vem do professor Alfredo Ricardo Marques de Oliveira (UFPR), que curiosamente acaba complementando o texto escrito por Galembeck. Além disso, o boletim conta com uma curadoria de textos sobre o Cesar Lattes, um relato sobre a descoberta de uma obra de arte esquecida feita em homenagem a Lattes pelo grande escultor curitibano João Turin, narrado pelos professores Ildeu de Castro Moreira (UFRJ) e Rodrigo Reis (UFPR). Ao fim, uma arte criada pela artista Yaku (@y4kugh0st), inspirada em Cesar Lattes.

Confira!

Acadêmicos recebem título da Universidade de Córdoba

Os Acadêmicos Susana I. Córdoba Torresi e Roberto M. Torresi, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, foram agraciados com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional de Córdoba, fundada em 1613, na cidade de Córdoba, na Argentina.

Esse reconhecimento celebra suas contribuições acadêmicas e profissionais e destaca o vínculo duradouro com sua alma mater.

“Receber tal distinção de uma universidade tão antiga e prestigiada enriquece ainda mais nossos percursos. Este reconhecimento não é apenas pessoal, mas também um testemunho do valor das colaborações internacionais e da comunidade acadêmica global”, disse Susana.

Os Acadêmicos agradeceram profundamente às instituições brasileiras que lhes ofereceram oportunidades para contribuir com a ciência e a educação.

 

Acadêmica recebe o prêmio Women in Science no Congresso Mundial de Inflamação

A médica imunologista Patricia Torres Bozza, membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi agraciada ontem (24/07) com o prêmio Women in Science da International Association of Inflammation Societies (IAIS). A premiação é entregue a cada dois anos, no Congresso Mundial de Inflamação, e reconhece mulheres que fizeram carreiras de destaque na área de imunologia.

Patricia está em Quebec, no Canadá, onde ocorreu o congresso. Ela destacou que o prêmio é fruto da colaboração de muitos pesquisadores. “Foi uma alegria e uma honra imensa, representa muito do trabalho em equipe que fazemos no Brasil, do ambiente colaborativo que temos nas sociedades de inflamação e entre os diferentes grupos. É também um reconhecimento da área da Inflamação no país”, afirmou.

A Acadêmica Patricia Bozza fez questão de reconhecer a pesquisa colaborativa como fundamental para o prêmio

Sessão Científica: Saúde e Clima

No dia 8 de agosto, às 15h30, a Academia Nacional de Medicina (ANM) organizará em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) a Sessão Científica Saúde e Clima. A série de seminários durará três horas e contará com a participação da presidente da ABC, Helena Nader; a presidente da ANM e membra da ABC, Eliete Bouskela, e os Acadêmicos Rubens Belfort Jr, Cesar Victora, Antonio Nardi, Paulo Artaxo, Marcelo Morales, Flávio Kapczinski.

A reunião se dará em formato híbrido, presencial na sede da ANM, localizada na avenida Gen. Justo, 365, Centro, Rio de Janeiro; e online na plataforma Zoom. Para participar, inscreva-se no site da ANM.

Embrapii elege novo presidente

Leia nota de Julio Wiziack na Folha de SP, em 19/7:

[O Acadêmico] Álvaro Toubes Prata será o novo presidente da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), órgão que mantém contratos de gestão com o gestão com os ministérios da Ciência Tecnologia e Inovação , Educação, Indústria e Saúde.

O nome foi aprovado na reunião do conselho nesta sexta (19) e ele assume o cargo no início de agosto.

Prata atuou no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação entre 2012 e 2018, onde foi secretário-executivo, secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento.

Na UFSC foi professor da Engenharia Mecânica por 44 anos, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação (2000 a 2004) e reitor (2008 a 2012). Foi pesquisador no CNPq de 1992 a 2022 e recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico – Classe Grã Cruz, e o Prêmio Anísio Teixeira em reconhecimento à sua contribuição ao desenvolvimento das instituições educacionais, científicas e tecnológicas no Brasil.

É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Engenharia.

Leia a nota na íntegra no site da Folha de SP

Ouçam a ciência no G20

Leia artigo de opinião da presidente da ABC, Helena Nader, publicado em O Globo em 22/7:

Tem ciência no G20. Com independência e responsabilidade, representantes das academias de ciências dos países do bloco trabalharam para chegar a consensos, respeitando as diversidades de um grupo heterogêneo. O comunicado final — norteado pelos temas inteligência artificial, bioeconomia, transição energética, desafios da saúde e justiça social — reforça o compromisso de transformar o mundo pela ciência.

Nos últimos anos, por causa da pandemia, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Agora, outros alertas têm sido feitos sobre o risco de novas emergências — não apenas na saúde, mas também ambientais, econômicas e sociais.

O comunicado final do Science20 (S20), dirigido a chefes de Estado e governo, sublinha esses alertas. Com a revolução em curso gerada pela inteligência artificial, cientistas do G20 deixaram claro em suas recomendações a necessidade urgente de regulamentar o tema e adotar medidas de proteção a trabalhadores e valores humanos, sem frear a inovação.
 
(…)

Em meio às mudanças climáticas, é simbólico que cientistas das maiores economias do mundo, inclusive algumas que têm no petróleo sua força econômica, reconheçam em seus alertas que é preciso aumentar o uso de fontes de energia com baixas emissões de carbono. É expressivo também que abordem novas alternativas energéticas.

A diplomacia exige consensos; a ciência, rigor. Ao unir as duas vertentes, o S20 avança definindo critérios para a bioeconomia e promovendo a participação das comunidades indígenas e tradicionais na tomada de decisões. Propõe ainda cooperação internacional e multilateral, chance única de alavancar a bioeconomia e atingir um desenvolvimento sustentável.

(…)

Infelizmente, não existe fórmula mágica. Mas há um consenso: é preciso um olhar atento para a ciência — e desta, para a sociedade.

É o reconhecimento de que, sem ciência, não há justiça social. Ao reunir a comunidade científica, o S20 converte essa visão em propostas que podem fazer diferença não só para o G20, mas para todo o mundo. Cabe ao Brasil, agora, incorporá-las a seu rol de recomendações finais.

Nos últimos anos, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Que os líderes do G20 reforcem essa máxima.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo.

 

 

Falecimento do Prof. Jeremy McNeil

Jeremy McNeil | Foto: Western University

A comunidade internacional da ecologia química está de luto, pelo falecimento do caro colega Prof. Jeremy McNeil, da Western University, Canadá. Ele era membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na área de Ciências Agrárias desde 2018.

Formou-se pela Universidades de Western Ontario (bacharelado em Zoologia)  e obteve o PhD em Entomologia/Ecologia pela North Carolina State University. Atuou nas universidade de Laval, dos Açores, de Silpakorn (Tailândia), de Toronto, de Western Ontario, de Montreal e foi diretor do Biotron. 

Integrou inúmeros comitês no Canadá e no exterior. Foi membro do Conselho da Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas) e da Parceria InterAcademias (IAP)

Considerado internacionalmente um dos gigantes da ecologia química, Jeremy era membro de longa data da Associação Ásia-Pacifico de Ecologistas Químicos (APACE, sigla em inglês) e ex-presidente da Sociedade Internacional de Ecologia Química (ISCE, sigla em inglês), da qual recebeu a Medalha de Prata.

O presidente da APACE, Alvin Hee, lamentou profundamente em nota a perda de “um filho favorito da ecologia química. Sua paixão pela vida sempre nos inspirará.” 

Era membro de diversas sociedades e similares, algumas das quais presidiu ou participou das diretorias: Federação Canadense de Sociedades Biológicas, Sociedade Canadense de Zoólogos, Sociedade Entomológica das Américas, Sociedade Entomológica do Canadá, Sociedade Entomológica de Ontario, Sociedade Entomológica do Quebec, Rede Interamericana de Academias de Ciências, Sociedade Internacional de Ecologia Química e Sociedade Entomológica Real do Canadá.

No site da Western University há um depoimento de McNeil sobre sua própria pesquisa: “O principal objetivo do meu programa de pesquisa é compreender as estratégias reprodutivas de insetos que migram em resposta a mudanças de habitat previsíveis ou imprevisíveis. A pesquisa é de natureza multidisciplinar, abrangendo aspectos comportamentais e ecológicos, bem como utilizando abordagens fisiológicas e moleculares para entender os mecanismos que controlam a biologia reprodutiva em espécies onde a localização e escolha de parceiros são moduladas por feromônios sexuais. Também tenho interesse em diferentes aspectos das interações planta-inseto e hospedeiro-parasitoide que envolvem sinais químicos (infochemicais). De modo geral, escolhi trabalhar com espécies de pragas, ou seus inimigos naturais, como sistemas de pesquisa modelo. Isso nos permite não apenas abordar questões básicas da biologia reprodutiva, mas também gerar dados que podem ser utilizados no desenvolvimento de abordagens mais racionais e ambientalmente sustentáveis para o controle de insetos.”

Sua pesquisa atravessava fronteiras com diferentes organismos. Tinha muito entusiasmo na promoção da ciência para as crianças. Jeremy McNeil alcançou o que a ciência, de modo geral, está tentando fazer: realizar uma boa ciência para o bem da humanidade.

ABC na SBPC | Fundo Amazônia e a ciência pela bioeconomia

O desenvolvimento sustentável da região amazônica norteou os debates na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (76ª SBPC), realizada entre os dias 7 e 13 de julho na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. Na tarde do dia 12, o tema foi abordado em sessões com a participação de membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e outros pesquisadores proeminentes na área sócio-ambiental.

O Fundo Amazônia e a Ciência

Defensor de longa data de maiores investimentos na região, o biólogo e vice-presidente da ABC para a Região Norte, Adalberto Val, reforçou que os valores atuais não correspondem nem aos 9% do PIB nacional produzidos na Amazônia. “O bioma amazônico é do tamanho dos Estados Unidos, quantas universidades existem por lá? Precisamos pensar a Amazônia na escala correta”, apontou.

A floresta é um mosaico de regiões menores muito distintas entre si, com biodiversidades complexas cujas diferenças precisam ser consideradas em qualquer programa de conservação ou restauração. Além disso, é um ambiente social muito diverso, e isso precisa aparecer nas discussões. “Precisamos parar de discutir clima, biodiversidade e sociedade de forma separada. Ações ambientais só são maximizadas quando consideram o social”, insistiu Val.

Uma importante fonte de fomento ao desenvolvimento sustentável do bioma é o Fundo Amazônia, uma iniciativa internacional onde países aportam recursos para a região. O fundo foi suspenso entre 2019 e 2022 devido à forma como o governo brasileiro tratou a questão ambiental, mas foi retomado em 2023 com novos investimentos. Para Val, entretanto, o Fundo Amazônia ainda financia pouca produção científica. “Não adianta considerar cenário dos países desenvolvidos, precisamos usar as informações que temos aqui. Na Amazônia não dá para importar ciência”, alertou o Acadêmico.

A socióloga Edna Maria Ramos de Castro, professora da UFPA e especialista em sociologia ambiental, criticou ainda não haver um edital do Fundo Amazônia específico para a ciência. “As dinâmicas que vivemos hoje estavam apontadas nas pesquisas há 40 anos. Modelamos o desmatamento que iria ocorrer com a BR 163 Cuiabá-Santarém, modelamos o avanço para o Sul do Pará, está tudo publicado”, lembrou.

Mesa redonda “FUNDO AMAZÔNIA E A ESTRATÉGIA DE DESMATAMENTO ZERO EM 2030”: Adalberto Val, Edna Castro e Francisco Assis Mendonça (Foto: reprodução SBPC)

A sociobioeconomia que queremos

O conceito de bioeconomia se tornou um jargão entre pesquisadores e demais atores envolvidos na busca por um futuro sustentável para a Amazônia. Trata-se da transição da economia regional para novas bases, que podem, inclusive, ser mais rentáveis que o modelo predatório atual. A inclusão das populações locais nesse processo é tão fundamental que já se fala em um novo termo, sociobioeconomia, para explicitar ainda mais esse ponto.

Reconhecendo a importância que os termos têm na formação de discursos favoráveis à sustentabilidade, é mais importante entender do que se trata essa sociobioeconomia. Produtos florestais como o açaí, o cacau, a castanha e os diversos peixes amazônicos – que já são muito difundidos na cultura local – podem e devem conquistar o mercado nacional e internacional, gerando renda para a região. O mesmo ocorre com o ecoturismo. Mas tudo isso precisa ser feito de forma sustentável. Segundo o climatologista e Acadêmico Carlos Nobre, existem em toda a Amazônia cerca de 170 iniciativas regionais nesse sentido, o que ainda é muito pouco.

De acordo com o economista Francisco de Assis Costa, as formas de produção “bioeconômicas” dividem-se em dois grupos: extrativismo não-intensivo e agroflorestas. O açaí, por exemplo, está nesse segundo grupo e já movimenta recursos na casa dos bilhões de reais, a maior parte para o mercado regional e nacional. “Precisamos fugir da commoditiezação, da generalização do produto, e valorizar a diversidade e as especificidades locais. Para isso precisaremos de inovação em toda a cadeia produtiva”, explicou.

Edna Castro vai na mesma linha, afirmando que a Amazônia é insustentável como produtora de commodities. “O que ocorre com o açaí hoje é um processo que ganha magnitude a partir de uma base de pequenos produtores. Se essa produção se tornar empresarial, passará a funcionar na lógica do mercado global, produzindo numa escala acima e se tornando insustentável”, avaliou.

A bióloga da Embrapa e especialista em agroflorestas Joice Ferreira, destacou que a rentabilidade por hectare dos produtos da bioeconomia é três vezes maior que a da soja e dez vezes maior que a da pecuária. “Ainda assim, o cenário atual é de commoditiezação, o que só leva a baixos indicadores sociais e desigualdades”, lamentou.

Mesa-redonda “CAMINHOS PARA AFASTAR A AMAZÔNIA DO PONTO DE NÃO-RETORNO COM UMA NOVA SOCIOBIOECONOMIA”: Harley Silva, Francisco de Assis Costa, Joice Ferreira e Carlos Nobre (Foto: UFPA)

Assista às mesas-redondas:

CAMINHOS PARA AFASTAR A AMAZÔNIA DO PONTO DE NÃO-RETORNO COM UMA NOVA SOCIOBIOECONOMIA

FUNDO AMAZÔNIA E A ESTRATÉGIA DE DESMATAMENTO ZERO EM 2030 (a imagem de capa do vídeo a seguir não corresponde à sessão correta)

teste