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Faleceu o Acadêmico Eliezer Barreiro

O Acadêmico Eliezer Jesus de Lacerda Barreiro nos deixou, aos 76 anos, nesta segunda-feira, 8 de abril. Sua carreira e suas contribuições científicas são facilmente buscadas e localizadas na internet. O que não está em seu currículo é a grandeza de caráter desse pesquisador singular, sempre à frente de seus tempos, com uma visão nacionalista para a ciência brasileira, pela qual sempre lutou, com uma plêiade de amigos e colaboradores de diferentes idades e regiões do nosso país.

A Diretoria da Academia Brasileira de Ciências se despede de você querido amigo, com esse texto de Mario Quintana, “O confidente sumido”:

“Quando um amigo morre, uma coisa não lhe perdoamos: como nos deixou assim sem mais nem menos, assim no ar, em meio de algo que lhe queríamos dizer ou — pior ainda — em meio do silêncio a dois no bar costumeiro? Que outros hábitos, que outras relações terá ele arranjado? Que novas aventuras ou desventuras de que não nos conta nada?

A nós, que sempre fomos tão bons confidentes…

Que poderemos fazer?”

Helena Nader, em nome da Diretoria da ABC


O velório será às 10h do dia 11 de abril, 5a feira, no cemitério São João Batista.

 


A Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde o Acadêmico desenvolveu sua carreira, publicou um obituário, intitulado “Adeus a Eliezer Barreiro“. Leia aqui


Assista o vídeo realizado pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) na ocasião dos 70 anos do Prof. Eliezer Barreiro. 

A memória é a consciência inserida no tempo

A Acadêmica Marcia Castro, membro correspondente da ABC e professora de demografia e chefe do Departamento de Saúde Global e População da da Escola de Saúde Pública de Harvard, publicou o seguinte artigo na Folha de S. Paulo em 7 de abril, no qual destaca que é relembrando, entendendo e aprendendo com o passado que se constrói um futuro melhor.

Para o título da coluna de hoje, pego emprestadas as palavras de Fernando Pessoa.

Este ano marca os 60 anos do golpe militar. A decisão do governo de não relembrar o golpe é lamentável. É relembrando, entendendo e aprendendo com o passado que se constrói um futuro melhor.

Foi durante a ditadura militar que a Amazônia começou a sofrer uma destruição ambiental sem precedentes. Ancoradas em ideais de integração regional e segurança nacional, as então chamadas políticas de desenvolvimento promoviam a exploração de recursos naturais ignorando por completo as demandas e cultura locais.

Isso fica claro no lema “homens sem terra para terra sem homens” promovido pelo presidente Médici que, em 1970, criou o Programa de Integração Nacional (PIN). O presidente via a Amazônia como a solução para problemas fundiários no Nordeste.

Abertura de rodovias, construção de barragens, subsídios fiscais para a agroindústria e a promoção de assentamentos agrícolas, que atraíram milhões de migrantes, transformaram a Amazônia.

Essas mudanças tiveram consequências ambientais devastadoras e impactaram a saúde pública. Entre 1964 e 1990, o número de casos de malária aumentou 412%. Em meados dos anos 80, Rondônia era considerada a capital da malária no Brasil.

A retomada da exploração desenfreada da Amazônia durante o governo Bolsonaro deixou um rastro de destruição cujas consequências ainda são sentidas. Considerando o garimpo em áreas indígenas (o que é ilegal), 62% da área garimpada desde 1985 foi aberta entre 2018 e 2022!

O resultado é semelhante ao visto durante a ditadura: malária, desnutrição, contaminação por mercúrio, violência etc. Problemas ainda não resolvidos dada a dificuldade em unir diferentes setores no efetivo restabelecimento dos serviços destruídos durante o governo anterior. Um trabalho recentemente divulgado pela Fiocruz revela as condições sanitárias precárias que yanomamis vivendo na região do alto rio Mucajaí (em Roraima) enfrentavam em outubro de 2022.

Cerca de 15% apresentavam anemia, com maior prevalência entre menores de 5 anos (27%). Com relação a medidas antropométricas, 47% apresentavam baixo peso. Entre os menores de 12 anos, 92% apresentavam baixo peso.

(…)

Somente 15,5% dos menores de 12 anos que possuíam caderneta de saúde estavam com a vacinação em dia. Além disso, anemia e deficiências na capacidade cognitiva estavam associadas a contaminação por mercúrio.

É provável que outros povos indígenas estejam enfrentando desafios semelhantes. Especialmente os Kayapó e Mundukuru que, junto com o povo Yanomami, são os mais atingidos pelo garimpo predatório. Digo “provável” pois não há dados nem monitoramento detalhados.

Esse problema foi ressaltado no plano de aperfeiçoamento da saúde indígena preparado pela Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. A solução precisa ser rápida!

Entretanto, apesar da contaminação por mercúrio ser algo amplamente discutido, a necessidade de monitorar a presença de mercúrio na água e em alimentos consumidos pelos indígenas não foi incluída no plano de aperfeiçoamento, conforme eu já havia destacado em fevereiro.

O legado da ditadura militar para a Amazônia e os indígenas persiste. Não o relembrar é uma via para repeti-lo no futuro.


Leia a coluna íntegra na Folha de S. Paulo

Morreu o Acadêmico David John Randall

David Randall era professor distinguido do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade Estadual do Colorado. Obteve seu doutorado em Ciências Atmosféricas, pela Universidade da Califórnia, Los Angeles. O mestrado e a graduação ele cursou na Universidade Estadual de Ohio, Columbus em Engenharia Aeronáutica e Astronáutica.

O Professor Randall ingressou no Departamento de Ciências Atmosféricas da CSU em 1988. Antes de sua chegada, ele ocupou cargos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e na NASA.

Como professor, Randall gostava de ministrar disciplinas relacionadas a modelagem numérica da atmosfera, dinâmica atmosférica, camada limite atmosférica, convecção e clima. Como pesquisador, tinha interesse no estudo de nuvens e clima, dinâmica climática, parametrização de nuvens e métodos numéricos. Seus projetos em andamento incluíam o desenvolvimento de métodos de parametrização de nuvens aprimorados, experimentos numéricos para determinar o papel das nuvens na manutenção do clima atual e uma investigação sobre o papel das nuvens na dinâmica climática.

O porf. Adalberto Val, vice-presidente da ABC para a região Norte comentou sobre essa perda: “Um homem excepcional, um cientista singular, um professor atento. Contribuiu como ninguém com a fisiologia comparada. Chefiou a expedição Alpha Helix à Amazônia em 1976. Minha vida profissional representa muito do que aprendi com Dave.”

Dave Randall fazendo uma palestra a bordo de um barco em Manaus, na ocasião em que recebeu o diploma de membro correspondente da ABC. Observem a projeção ao fundo.

 

Conhecimento Tradicional indígena e Conhecimento Científico: Diálogos Possíveis

“O universo científico insiste em formar pesquisadores indígenas deslocando-os de seus modos específicos e de seus modelos de conhecimento. Se a ciência quer de fato diálogo entre os diferentes modelos de conhecimento (modelos de conhecimentos sobre as plantas, sobre a água, sobre o cosmo… precisa entender nossos pensamentos, nosso jeito de ser, de pensar e de viver… nós construímos nosso conhecimento pela oralidade. A ciência precisa fazer uma experiência de mergulhar nos nossos modelos de conhecimento. Nós, com todo esforço, nós fazemos essa experiência de mergulhar no conhecimento da ciência…”

João Paulo Barreto

A fala do doutor João Paulo Barreto, indígena do povo Tukano, resume a perspectiva dos indígenas em relação à aproximação de conhecimentos com a academia, expressa na Conferência Livre Preparatória para 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia (5ª CNCTI, que será em junho) realizada no dia 21 de março, no auditório da ciência do INPA, intitulada “Sistemas de Conhecimentos: Conhecimento Tradicional indígena e Conhecimento Científico: Diálogos Possíveis”.

A comissão organizadora do evento foi composta pelo diretor do Inpa, Henrique Pereira, os pesquisadores Adalberto Val, que representa a Academia Brasileira de Ciências – ABC Norte, Ana Carla Bruno (que foi membra afiliada da ABC em 2011-2015) e Noemia Ishikawa (que foi membra afiliada da ABC em 2009-2014), e dois indígenas: o doutorando em Botânica do Inpa, Gildo Feitoza (Makuxi), e o pesquisador membro do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena da Universidade Federal do Amazonas (Neai/Ufam), Silvio Sanches Barreto (Bará), atualmente bolsista do Instituto Serrapilheira. 

Adalberto Val e Henrique Pereira, diretor do INPA

Compareceram fisicamente em torno de 100 pessoas ao evento, representando diversas instituições de ensino, como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, entre outras.

Também se fizeram representar organizações, associações e grupos indígenas de diversos povos, como por exemplo, Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (MEIAM), Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM), Centro de Medicina Indígena Bahserikowi; Colegiado dos Alunos de Pós-graduação Indígena do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFAM, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas (Makira Eta). Estavam presentes os povos Bará, Makuxi, Tukano, Munduruku, Baré, Dessano, Sateré Mawé, Borari e Waikahna.

Nos últimos 20 anos, vemos uma presença de pesquisadores e intelectuais indígenas nas instituições de ensino, nas universidades, mas ainda percebemos que a presença de pesquisadores indígenas, como produtores de conhecimentos, nas instituições de pesquisas do MCTI e seus laboratórios é quase inexistente.

De acordo com a relatora Ana Carla Bruno, a história da ciência apresenta uma série de hierarquias de sistemas de conhecimentos e campos de saberes que subordina e relega outras formas de conhecimento como secundárias ou menos importante. “O próprio tratamento que damos aos conhecimentos indígenas quando o denominamos, classificamos e reconhecemos como ‘saberes’ é uma forma de hierarquização. A relação de pesquisa entre indígenas e não indígenas, por muito tempo, foi permeada pela condição onde os indígenas eram temas, objetos, auxiliares e ‘informantes’ das pesquisas.”

“Nada para nós sem nós!”

Este lema, que vemos sendo acionado pelo Grupo de Trabalho (GT) Indígena da América Latina e Caribe da Década das Línguas Indígenas (2022-2032),  foi dito de diferentes formas e por diferentes vozes, recorrentemente, pelos estudantes e pesquisadores indígenas e suas organizações.

No evento e discussões realizados, ficou claro que, assim como em diferentes pautas, como educação, cultura e saúde, no universo da ciência e tecnologia os povos indígenas também querem espaços e instituições de CT&I que respeitem, dialoguem e reconheçam suas epistemologias, técnicas, métodos e formas de conceber e observar o mundo.

“Nas últimas duas décadas estamos observando uma importante e significativa presença de indígenas nas universidades, tornando-se produtores de conhecimentos neste universo. Mas ainda uma quase inexistente presença indígena nos institutos de pesquisas produzindo, realizando pesquisas e coordenando projetos”, apontou Ana Carla Bruno.

A Conferência foi organizada pelo INPA com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

O Inpa e as comunidades indígenas

Nos seus 70 anos de existência, o INPA produziu e desenvolveu projetos de pesquisas e trabalhos em comunidades indígenas, mas apenas nos últimos dois anos começou-se a ver a presença de estudantes indígenas nos cursos de pós-graduação.

Esta conferência livre situada no eixo 3 “Amazônia, Ciência e os Saberes Tradicional” realizada no INPA buscou refletir e debater sobre qual o lugar dos conhecimentos, dos modelos de conhecimento indígena na constituição do conhecimento científico ocidental e de que forma podemos manter diálogos mais simétricos no universo da ciência e tecnologia do nosso país.

“Penso que este diálogo pode estimular, suscitar e fazer-nos olhar este processo de construção de conhecimento e formas de categorizar e classificar o mundo a partir, com e através de outras perspectivas. Mas também será necessário, como diversas vezes ressaltados nas intervenções dos indígenas participantes do encontro, que estes espaços sejam acolhedores e que respeitem a diversidade e a diferença dos povos indígenas do Brasil”, destacou a relatora.

Propostas e soluções

Para que o objetivo de todos os participantes do encontro de fato se realize, alguns tópicos fundamentais foram levantados. São eles:

Ambientes institucionais que estejam dispostos a respeitar as diferenças é o primeiro passo para que seja efetivado o diálogo. Neste sentido, é necessário compreender que cada pesquisador indígena pode ter trajetórias acadêmicas muito distintas, histórias de vidas e situações sociolinguísticas muito diferenciadas (povo, língua, vivência na aldeia/comunidade ou na cidade);

  • Que os editais da pós-graduação sejam elaborados em conjunto com pesquisadores indígenas;
  • Que sejam elaborados editais específicos para pesquisadores indígenas, onde pudessem concorrer entre si.
  • Laboratórios indígenas de pesquisa e inovação dentro das instituições de pesquisas do MCTI, para que os indígenas desenvolvam pesquisas a partir de suas epistemologias e técnicas de observação.
  • Bolsas de pesquisas para anciãos e jovens cientistas indígenas, dentro de suas comunidades, para que mantenham suas formas próprias de transmissão de conhecimentos.
  • Que os indígenas possam ter uma inserção mais efetiva nos debates de ciência e tecnologia do país, a partir do estímulo de projetos e bolsas de iniciação científica indígena, disciplinas de pós-graduação ministradas por pesquisadores indígenas em parceria com não indígenas, feiras nacionais de ciência indígena e outras iniciativas afins.
  • Que as instituições do MCTI possam conceder título de “Notório Saber” para indígenas que não possuem formação acadêmica, mas desenvolvem pesquisas em parcerias com os cientistas indígenas e não indígenas.

Ao final do relatório, Ana Carla Bruno destacou que a colaboração e parceria de doutores e doutorandos indígenas se deu desde o início da preparação do evento. “Pensamos juntos as palestras, os palestrantes e os temas que gostaríamos de debater e a inserção de parceiros indígenas na comissão do evento foi essencial para o sucesso dela”, comentou Ana Carla Bruno.

Ela destacou ter ficado intrigada pelo evento ter sido, até então, a única conferência livre do eixo 3 “Amazônia, Ciência e os Saberes Tradicionais” que se propôs a debater, refletir e pensar qual o lugar do conhecimento indígena no universo da ciência e inovação do nosso país – e como os indígenas querem participar deste debate. “ E, enfim, ressaltamos a necessidade de um diálogo maior entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério dos Povos Indígenas”, concluiu a antropóloga.


ASSISTA AO EVENTO NA ÍNTEGRA PELO YOUTUBE DO INPA

 

5ª Conferência Nacional de CTI: Ciência e Tecnologias Quânticas (RJ e SP)

Organização: Faperj e Fapesp
Apoio: Academia Brasileira de Ciências

Coordenação: Luiz Davidovich e Marcelo Terra Cunha
Comissão Organizadora: Antonio Zelaquett KhouryFelipe FanchiniGustavo Wiederhecker e Marcelo França Santos

As Conferências Temáticas se propõem a produzir um conjunto objetivo de recomendações para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o adequado desenvolvimento da Ciência e das Tecnologias Quânticas em nosso país.

Além disso, visam engajar a sociedade brasileira na discussão sobre o impacto e a relevância das emergentes Tecnologias Quânticas, explorando questões estratégicas a elas relacionadas.

Nas duas datas, no Rio de Janeiro e em São Paulo, será apresentada uma breve introdução ao panorama atual das tecnologias quânticas no Brasil, seguida por uma discussão com especialistas convidados, com a participação ativa da comunidade.

Convidamos interessados a se inscreverem para participar tanto presencialmente, em cada uma das datas, quanto de forma remota. Encorajamos também a participação de empresas estabelecidas e startups interessadas em contribuir para o desenvolvimento das tecnologias quânticas. O documento a seguir é um bom ponto de partida:A Roadmap Towards Quantum Science and Technologies in Brazil (baixe gratuitamente!)


ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS | 05 DE ABRIL | 09h00 – 15h30


Rua Anfilófio de Carvalho, 29 / 3º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Inscrições (RJ – 05/04): https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/rj

 
PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Márcia Barbosa (Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI)
Jerson Lima (Presidente da Faperj)
Luiz Davidovich (UFRJ)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: Estado da arte no Brasil e no mundo
(20 minutos por expositor)

Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Daniel Felinto (UFPE)
Ivan Oliveira (CBPF)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)

10h50 | Discussão com o público

 
11h30 | Intervalo para almoço
 
13h30 | Mesa 2: Transferência da pesquisa em ICTs para a sociedade
(20 minutos por expositor)
 
Coordenadora: Gabriela Lemos (UFRJ)

Debatedores:
Ado Jorio (UFMG)
Jefferson Gomes (Diretor de Inovação CNI)
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)

 
14h50 | Discussão com o público
 
15h30 | Considerações finais e encerramento
 
Grupos de Trabalho
 
15h45 | GT 1: Formação e Política Científica
 
Coordenador: Marcelo França (UFRJ)

Participantes:
Luiz Davidovich (UFRJ)
Daniel Felinto (UFPE)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)
Lucas Celeri (UFG)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)

 
15h45 | GT 2: Tecnologia e Inovação
 
Coordenador: Antonio Zelaquett Khoury (UFF)

Participantes:
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Ado Jório (UFMG)
Ivan Oliveira (CBPF)
Gabriela Lemos (UFRJ)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)


FAPESP | 08 DE ABRIL | 09h00-13h00


Rua Pio XI, 1500, São Paulo, SP
Inscrições (SP – 08/04):
https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/sp

PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Fernando Menezes (Fapesp)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
Gustavo Wiederhecker (Programa QuTIA-Fapeps e Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: O Brasil no Mapa das Tecnologias Quânticas
(10 minutos por debatedor)
 
Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Paulo Nussenzveig (USP)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)
Stephen Walborn (Universidad de Concepcion)

Relator: Roberto Serra (UFABC)

 
10h30 | Coffee break
 
11h00 | Mesa 2: Empresas de Tecnologias Quânticas

Coordenador: Eunézio Thoroh de Souza (Mackenzie)

Debatedores:
Paulina Assmann (Sequre Quantum)
Julio Oliveira (Hardware Innovation Technologies)
Flavio Cruz (IFGW-Unicamp)

Relator: Niklaus Wetter (IPEN)

 
11h30 | Discussão com o público
 
12h00 | Mesa 3: Formação de Competências Quânticas

Coordenador: Bárbara Amaral (USP)

Expositores:
Ben-Hur Borges (USP-São Carlos)
Daniel Motta (Senai-SP)
Felipe Fanchini (Unesp)
Olival Freire (CNPq)

Relator: Thiago Alegre (Unicamp)

 
12h40 | Discussão com o público
 
13h10 | Encerramento
 

Os eventos serão transmitidos pelo canais do Youtube Faperj e da Agência Fapesp.

Diálogos Nobel Brasil 2024

A Academia Brasileira Ciências vai receber três ganhadores do prêmio Nobel em abril, no Rio e em São Paulo. São eles Serge Haroche (2012, Nobel de Física), May-Britt Moser (2014, Nobel de Medicina) e David MacMillan (2021, Nobel de Química).

Este será o primeiro encontro presencial entre nobelistas e estudantes brasileiros convidados, assim como com formuladores de políticas públicas e empresários. O Diálogo Nobel Brasil 2024 será o terceiro evento da parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize OutreachSaiba mais sobre os eventos anteriores aqui

O tema de 2024 é “Criando Nosso Futuro Juntos Com a Ciência”

 


RIO DE JANEIRO | 15 DE ABRIL, 2ª FEIRA, 10h00-16h00
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Teatro Odylo Costa, filho| R. São Francisco Xavier, 524 – Maracanã, Rio de Janeiro – RJ

Como a ciência beneficia a sociedade e como a sociedade pode conseguir o melhor da ciência e dos cientistas? O Diálogo Nobel no Rio de Janeiro busca respostas para essas perguntas.

Pela manhã, serão discutidos o valor da ciência, como tornar a prática da pesquisa mais inclusiva e como se comunicar de forma mais eficaz com audiências diversificadas. Os debates interativos abordarão as responsabilidades dos cientistas, o papel das universidades e estratégias para a transição para um mundo mais sustentável.

À tarde, as discussões se concentrarão em como trabalhar melhor coletivamente, tanto dentro das instituições de pesquisa quanto entre diferentes disciplinas e setores, e os caminhos a serem seguidos pela ciência e pelos cientistas, analisando se existem estratégias mais apropriadas para direcionar nossos esforços e recursos para se obter o máximo da ciência e se criar o futuro que desejamos.

PARA O EVENTO NO RIO, INSCREVA-SE AQUI!

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 4ª FEIRA, 10h00-12h00
Universidade de São Paulo (USP)
Auditório do Centro de Difusão Internacional, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Butantã, São Paulo – SP

Em uma série de conversas e debates moderados, os laureados com o Prêmio Nobel discutirão o que aprenderam com uma vida dedicada à ciência. Com a ajuda da audiência, eles abordarão o que é necessário para manter a curiosidade científica e enfrentar grandes questões, como superar os muitos contratempos enfrentados na pesquisa e como comunicar descobertas aos colegas, formuladores de políticas e ao público em geral.

PARA O EVENTO NA USP, INSCREVA-SE AQUI

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 14h30- 16h30
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)

Apenas para convidados, envolvendo lideranças empresariais e governamentais, tomadores de decisão, setor acadêmico, agências de apoio à pesquisa e imprensa.

 


QUEM SÃO OS NOBELISTAS?

Serge Haroche, May-Britt Moser e David MacMillan

 

  • Serge Haroche é um físico francês, nascido em Casablanca. Desde 2001 é professor do Collège de France. Em 2012 foi laureado, juntamente com David Wineland, com o Prêmio Nobel da Física, “por métodos experimentais inovadores que permitem a medição e a manipulação de sistemas quânticos individuais”.
  • May-Britt Moser é psicóloga e neurocientista norueguesa, chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Foi agraciada com o Prêmio Nobel de Medicina em 2014, dividido com o norueguês Edvard Moser, e o britânico-americano John O’Keefe. Juntos, eles descobriram células importantes para a codificação do espaço e também para a memória episódica. Seu trabalho abriu portas para que a ciência conquiste novos conhecimentos sobre os processos cognitivos e déficits espaciais associados às condições neurológicas humanas, como a doença de Alzheimer.
  • David MacMillan é um químico britânico, professor da Universidade de Princeton desde 2006. Em 2021 foi laureado com o Nobel de Química juntamente com Benjamin List. Sua premiação se deu em função do desenvolvimento de novos métodos na organocatálise enantioseletiva (asssimétrica), com aplicações na síntese de uma série de produtos naturais. Descobriu novos catalisadores de imínio e desenvolveu mais de 50 novos processos de reação.

O encontro no Rio de Janeiro será no dia 15 de abril, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e espera contar com participação expressiva de estudantes e jovens, numa oportunidade única para um debate intergeracional de alto nível. Saiba mais sobre a programação aqui.

No dia 17 de abril serão promovidos dois encontros em São Paulo, , ampliando o impacto da iniciativa no país e potencializando as possibilidades de intercâmbio científico. Pela manhã, o evento será na Universidade de São Paulo (USP), aberto ao público. Na parte da tarde, será na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), só para convidados.

VEJA A PROGRAMAÇÃO E INSCREVA-SE!

Conferência Livre do GT de Educação Superior em 8 de abril

O Grupo de Trabalho sobre o Ensino Superior Brasileiro da Academia Brasileira de Ciências convida a todas e todos os interessados no tema para a Conferência Livre Preparatória para a 5ª CNCTI sobre Modernização da estrutura de ensino superior brasileira para o desenvolvimento socioeconômico sustentável. O encontro será no dia 8 de abril, das 8h00 às 18h00.

O evento será híbrido, na sede da ABC, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo e possibilidade de participação remota.

O moderador será o Acadêmico Ado Jorio de Vasconcelos.

 

Veja a agenda e os palestrantes:

08h00 | Análises e propostas para o sistema de instituições de ensino superior públicas, com o objetivo de ampliar fortemente, de forma economicamente viável, a contribuição do setor público na formação de bacharéis e licenciados

Rodrigo Barbosa Capaz, Ronaldo Mota, Alexandre Brasil (a confirmar)

 

10h00 | O combate a evasão, melhorias do processo de seleção dos ingressantes, estímulo à sua permanência na instituição pela adoção de um modelo flexível que permita ao estudante definir seu itinerário acadêmico

Marcelo Knobel, Débora Foguel, Luiz Augusto Campos

 

12h00 | Intervalo para almoço

 

13h30 | Criação de centros de formação de recursos humanos em áreas estratégicas

Adalberto Fazzio, Jorge Almeida Guimarães, José Roberto Castilho Piqueira

 

16h00 | Medidas para promover uma reestruturação do sistema de avaliação de programas de Pós-Graduação, compatíveis com os objetivos de promover o desenvolvimento das áreas tecnológicas e de inovação

Antonio Gomes de Souza Filho, Adalberto Val, Márcio de Castro Silva (a confirmar)

 

18h00 | Encerramento

Morreu a Acadêmica Anita Dolly Panek

Anita Dolly Panek nasceu na Cracóvia, na Polônia, filha de asquenazitas, em 1º de setembro de 1930, mudou-se com a família para o Brasil, em 1940, depois da invasão nazista na Polônia.

No final dos anos 1940, ingressou no curso de química, pela Escola de Química da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Diplomou-se em 1954 em Química Industrial e em 1955 tornou-se instrutora de ensino na cadeira de Microbiologia Industrial e Tecnologia das Fermentações da mesma instituição. Esta disciplina foi a precursora do Instituto de Química da UFRJ.

Em 1962 obteve seu doutorado em ciências pela Universidade do Brasil, seguido da livre-docência em Microbiologia Industrial. Em 1976 ingressou como professora titular da UFRJ e em 1995 foi proclamada Professora Emérita da mesma universidade.

Dedicou a vida ao ensino e pesquisa, orientando 49 alunos de pós-graduação. Sua pesquisa era direcionada ao metabolismo energético, utilizando a célula de levedura. Seus estudos sobre o metabolismo de trealose ampliaram as especificações deste composto, antes considerado apenas uma fonte energética e agora também uma substância protetora de membranas e de proteínas, quando a célula é submetida a estresses ambientais. A trealose tem amplas e variadas utilizações, como a preservação de materiais biológicos desidratados ou liofilizados.

Foi autora de mais de 170 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, com três registros de patentes. Membra da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), membro também da American Society for Biochemistry and Molecular Biology, a Academia de Ciências da América Latina (Acal) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS). Recebeu, em 1996, a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República.

Depoimento de um orientando e admirador científico

 José João Cavalcante Mansure Brasil possui especialização em Computação Científica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado e doutorado em Bioquímica pela UFRJ, onde hoje é professor e pesquisador. Atua também como professor titular no Instituto Metodista Bennett.

É com o coração pesado que reflito sobre o falecimento da ilustríssima Professora Drª Anita Dolly Panek, uma fonte de conhecimento, resiliência e inspiração – não apenas na minha vida, mas nas vidas de inúmeros estudantes que ela impactou profundamente ao longo de sua distinta carreira.

Como minha mentora durante o mestrado e o doutorado, Drª Anita, como prefiro sempre carinhosamente chamá-la, estabeleceu as bases para minha carreira científica, incutindo em mim os princípios do pensamento crítico e da forma meticulosa em elaborar e analisar os experimentos.

Essas lições não apenas moldaram meu caminho para me tornar um cientista sênior no Instituto de Pesquisa da Universidade McGill, em Montreal, Canadá, mas também foram e são transmitidas aos meus próprios alunos, perpetuando a extraordinária influência dela em minha vida profissional.

Sua história de triunfo, chegando ao Brasil como imigrante, fugindo da guerra e ascendendo a uma posição de professora em uma das universidades mais renomadas do país, numa época em que tais conquistas eram raras para as mulheres, serve como testemunho de sua força, determinação e intelecto sem igual.

Minha admiração por ela transcende os domínios da pedagogia e da ciência, profundamente enraizada na excepcional pessoa que ela foi. O legado da Drª Anita, sem dúvida, perdurará por meio das muitas pessoas afortunadas o suficiente por terem sido orientadas por ela. À medida que continuo minha pesquisa, levo um pedaço dela comigo, aspirando honrar sua memória em cada descoberta e lição.

Drª Anita, sua contribuição para a ciência e educação no Brasil deixou uma marca indelével, e, embora você faça muita falta, seu espírito nos inspirará para sempre.

Obrigado, Drª Anita Dolly Panek, por tudo.”

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