pt_BR

Os peixes da Amazônia estão vulneráveis frente às ações humanas

Leia matéria de Juliana Vicentini com o Acadêmico Adalberto Val para a ComCiência, publicada em 22/1: 

A biota aquática da Amazônia é um patrimônio natural bastante diverso. Ela é composta por insetos, crustáceos, moluscos, plantas, algas, anfíbios, répteis, mamíferos, rotíferos (animais microscópicos) e poríferos (conhecidos como esponjas). Também há peixes de grande porte como o tambaqui (Colossoma macropomum), espécies carnívoras a exemplo da piranha (família Characidae) e ornamentais como o peixe-cardeal (Paracheirodon axelrodi).

Os peixes da Amazônia são extremamente importantes, pois oferecem diversos serviços sociais e ecossistêmicos. Dentre eles, destacam-se o fato de integrarem a dieta da população, serem fonte de renda, regularem o ciclo de nutrientes na água, controlarem a proliferação de espécies que podem gerar desequilíbrio ecológico, fazerem parte de práticas culturais de povos tradicionais e ribeirinhos, e promoverem o ecoturismo, detalha o artigo publicado por Fernando Pelicice e colaboradores.

O território amazônico possui três mil espécies de peixes conhecidas e esse número pode aumentar. “Com o advento da biologia molecular aplicada a esses processos de identificação de espécies é muito provável que isso seja revisto. O próprio pirarucu (Arapaima gigas), dado como um gênero mono específico, deixou de ser. Há um processo que vai desmembrar em pelo menos mais uma ou duas espécies. É muito difícil dar um número final, mas, hoje, são três mil com nome e sobrenome”, explica Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A biodiversidade de peixes amazônicos envolve espécies de respiração aérea obrigatória, que dependem do oxigênio atmosférico para respirar, e espécies com respiração aérea facultativa, que utilizam o oxigênio disponível na água caso esteja disponível em quantidades adequadas. “Há algumas outras espécies que são de respiração aquática, mas que desenvolveram mecanismos para poder tomar oxigênio próximo à superfície da coluna d’água”, completa Adalberto Val que também é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

(…)

Adalberto Val explica que o mercúrio é utilizado para separar o ouro depois que ele está garimpado, pois é o único metal líquido, e evapora facilmente com calor. Depois, perde a temperatura e volta a precipitar. “Está concentrado em locais de mineração, mas se espalha por toda a Amazônia. Também jogam o que sobra do mercúrio na beira do rio e aí contamina todo o sistema”, alerta o pesquisador.

Os peixes são vulneráveis ao mercúrio, que bioacumula. “Ele não fica só nas escamas, é absorvido por fígado e trato digestivo, por exemplo. Isso acontece porque ele é mais solúvel, mais tóxico e penetra mais rapidamente no corpo dos animais”, esclarece Val.

A Organização Mundial de Saúde adverte que a concentração de mercúrio em peixes deve ter como máximo 0,5 ppm. De acordo com os estudos realizados pelo Observatório do Mercúrio na Amazônia e pelo WWF, 31% dos peixes apresentaram valores maiores do que o limite estabelecido. Dentre as espécies com maior concentração, destacam-se dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) com 8,71ppm, apapá (Pellona castelnaeana) com 7,48 ppm e piranha-preta (Serrasalmus rhombeus) com 5,00 ppm. A contaminação dos peixes coloca em risco as populações que os consomem.

As chamas para além do ambiente terrestre

Em 2024, a área queimada da Amazônia atingiu 25 milhões de hectares, segundo o Mapbiomas. O fogo na floresta causa impactos no ecossistema aquático, com a mortandade de peixes. Isso ocorre “porque a destruição chega nas áreas de interface da terra firme e dos ambientes aquáticos. Em alguns casos há até a queima dessa vegetação aquática superficial, portanto, um ambiente aquático pegando fogo”, detalha Adalberto Val da ABC.

O pesquisador do Inpa ainda destaca mais danos relacionados. “Depois do fogo, as cinzas, com metais e compostos orgânicos tóxicos para os animais, correm para dentro dos corpos d´água. Elas são alcalinas e as águas da Amazônia, em geral, são ácidas. Isso muda o pH típico e interfere na sobrevivência dos animais”, diz. Além disso, as espécies de respiração aérea respiram a fumaça. “Eles acabam morrendo por causa da intoxicação dessa fumaça das queimadas”, diz.

Os efeitos das mudanças climáticas

 Os peixes da Amazônia são mais vulneráveis do que espécies encontradas em outros biomas, porque “vivem próximos aos limites térmicos. Então, qualquer pequeno aumento de temperatura é um risco. Temos uma mortalidade muito grande de peixes quando há aumento da temperatura”, lamenta Adalberto Val.

Além disso, os peixes também sofrem com a alteração química da água, destaca o pesquisador. “As mudanças climáticas tornam os ambientes da Amazônia, que já são ácidos, ainda mais ácidos, porque o aumento de CO2 sobre as águas forma o ácido carbônico. Ele torna as águas ainda mais quentes e ainda mais hipóxicas (com menos oxigênio)”, adverte.

Ao longo do processo evolutivo os peixes desenvolveram adaptações, mas não para dar conta de situações climáticas extremas e rápidas. “O CO2 aumentado no sistema causa um mundo de modificações e muitos não vão conseguir sobreviver por conta delas”, completa o pesquisador do Inpa.

*Juliana Vicentini é doutora em ciências (USP) e especialista em jornalismo científico no Labjor/Unicamp

Leia a matéria na íntegra, aberta, no site da ComCiência

Pesquisa científica pode perder força no mundo com saída dos EUA da OMS, dizem especialistas

A decisão de Donald Trump de tirar os EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) enfraquece o financiamento em pesquisas científicas e prejudica a resposta mundial no combate às doenças. É o que explicam especialistas ouvidos pelo Valor.

Para o médico Rubens Belfort, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina, a saída dos EUA da OMS diminui a capacidade global de lidar com doenças. “O enfraquecimento da OMS vai afastar um grupo grande de cientistas americanos, que investiam dinheiro e tempo em projetos de pesquisa de conhecimento médico.”

O médico explica que a decisão de Trump prejudica o Brasil, uma vez que os Estados Unidos têm uma grande capacidade de pesquisa. A saída do país da OMS, diz, causa uma diminuição nas pesquisas americanas realizadas no Brasil. “A própria indústria vai ter que se reorganizar e conseguir em outros centros educacionais aquilo que a ciência americana oferecia para eles”, afirma.

(…)

Leia a matéria na íntegra no site do Valor

 

O desconhecido trabalho dos cientistas brasileiros

O Acadêmico Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro da Educação, foi um dos convidados do podcast Jabuticaba sem Caroço/Sputnik Brasil para tratar da  importância dos cientistas para um país e debater as consequências do desconhecimento da população – e dos políticos – sobre o trabalho desses profissionais. 

Será que o  desconhecimento do que eles fazem contribui para desacelerar o avanço da ciência no Brasil?

Para debater o trabalho desses profissionais na formação do conhecimento nacional, Thaiana de Oliveira e Arthur Neto convidaram também Luis Felipe Skinner, do Departamento de Ciências da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Ouça o podcast Jabuticaba sem Caroço/Sputnik Brasil!

A crescente participação dos estados no apoio à Ciência e Tecnologia

Leia artigo do Acadêmico Wanderley de Souza*, publicado no Monitor Mercantil em 22 de janeiro:

Ao longo de muitos anos (desde o descobrimento até 1950) a atividade científica em laboratórios brasileiros não contou com um apoio organizado por parte do governo. Algumas iniciativas importantes e com impacto na ciência mundial ocorreram em algumas instituições governamentais, entre as quais destaco o Instituto Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro (criado inicialmente em 1900 como Instituto Seroterápico e transformado em 1908 no Instituto Oswaldo Cruz, que hoje integra a Fundação Oswaldo Cruz) e vários institutos no estado de São Paulo, como o Instituto Agronômico de Campinas (criado em 1887), Instituto Butantã (1901), Instituto Biológico (1927) e o Instituto Adolpho Lutz (1940). A atividade de pesquisa realizada nessas instituições era financiada principalmente com recursos orçamentários próprios e algumas doações de pessoas físicas.

A criação de órgãos federais voltados especificamente para o apoio à pesquisa científica surgiu em decorrência de atividades da Academia Brasileira de Ciências (criada em 1916) e que teve participação importante na criação, em 1951, de instituições como o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e da Coordenação de Apoio a Pessoal de nível Superior (Capes). Essas duas agências constituem, ainda hoje, alicerces fundamentais para o apoio à pesquisa científica e a formação de recursos humanos altamente qualificados em cursos de pós-graduação.

Importante ainda destacar a criação de um fundo para o desenvolvimento tecnológico no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em seguida a criação da Financiadora de Projetos (Finep), em 1967, e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT, criado em 1969), que tem a Finep como secretaria-executiva e que hoje constitui a maior fonte de financiamento à C&T no País.

Um fato marcante no apoio à atividade científica no país foi a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 1960, e que tem sido vital para o crescimento da atividade científica e tecnológica em todas as instituições do estado de São Paulo. Este fato, aliado ao apoio às Universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp) e outras instituições, explica o fato de São Paulo liderar as atividades científicas no país e contar com importantes universidades, aqui incluindo as federais de São Paulo e de São Carlos, fazendo com que o Estado de São Paulo conte com um parque acadêmico de excelência.

(…)

Wanderley de Souza é professor titular da UFRJ, membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Nacional de Medicina e da US National Academy of Sciences.

Leia o artigo aberto, na íntegra, no site do Monitor Mercantil

“Bomba climática”: em Davos, Carlos Nobre analisa saída americana do Acordo de Paris

Leia matéria de Lia Rizzo para Exame, publicada em 21 de janeiro:

“É pior do que está sendo noticiado”, afirmou nesta terça-feira, (21), em Davos, uma das mais renomadas autoridades brasileiras em políticas ambientais e climáticas. Em conversa com [o Acadêmico] Carlos Nobre, a especialista se referia ao grande tema desta manhã nas conversas de cafezinho do Fórum Econômico Mundial: a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

As primeiras avaliações sobre a decisão anunciada ontem por Donald Trump, logo após sua posse – esperada, mas que ainda assim abalou a comunidade científicica mundial – são de que a saída americana do acordo terá consequências potencialmente mais graves que a primeira retirada em 2017.

Em entrevista exclusiva à EXAME, o cientista Carlos Nobre compartilhou suas percepções sobre impactos de curto e médio prazo, particularidades do momento atual, riscos sanitários e para as relações multilarais e como a decisão reverbera na COP30.

Efeito dominó global

“Quando os Estados Unidos se retiram do Acordo de Paris uma semana depois que cidades inteiras na Califórnia foram apagadas do mapa, isso diz muito”, destaca Nobre, referindo-se aos milhares de desabrigados e à destruição sem precedentes na região.”É uma sinalização grave e muito ruim”.

Para ele, com histórico de responsabilidade por 80% das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis, os EUA representam mais do que nunca, a peça-chave no combate às mudanças climáticas.

O especialista ressalta que, como segundo maior emissor atual depois da China e líder em emissões per capita, a decisão do país pode desencadear um efeito dominó global ao relaxar seus compromissos ambientais. “É como uma licença para que outras nações sigam o mesmo caminho”, pontua.

O pior momento da história

Carlos Nobre considera que o timing da decisão americana é especialmente preocupante. “A crise climática é muito pior do que 8 anos atrás”, adverte o climatologista, lembrando que pela primeira vez a temperatura global superou 1,5°C em 2024.

Com os eventos climáticos extremos se intensificando exponencialmente, superando até mesmo as previsões científicas mais pessimistas, como ocorreu com os incêndios em Los Angeles, ele considera que a postura do novo presidente norte-americando carrega o agravante de ter sido politicamente instrumentalizados pela atual administração.
(…)

O especialista alerta ainda para os riscos sanitários associados, observando que a saída dos EUA do acordo, combinada com sua retirada da Organização Mundial da Saúde (OMS), aumenta as preocupações sobre novas epidemias e pandemias.

Conforme sua análise, as ondas de calor, já identificadas pela OMS como principal causa de mortes relacionadas ao clima, tendem a se intensificar com o aumento das emissões americanas. “Não são fenômenos naturais”, conclui o cientista sobre as ondas de calor atuais.

(…)

Leia a matéria na íntegra no site da EXAME 

 

Acadêmico alerta que transtorno bipolar não tratado é doença progressiva

Leia entrevista de Ricardo Zorzetto com o Acadêmico Flávio Kapczinski para a revista Pesquisa Fapesp, ed. 347, de janeiro de 2025:

Nos últimos meses, o psiquiatra gaúcho [e Acadêmico] Flávio Kapczinski está empenhado em dois grandes projetos. Um é consolidar, em parceria com colaboradores, um sistema que classifica os graus de evolução do transtorno bipolar. Marcado pela alternância de episódios de depressão com os de mania ou hipomania, essa doença mental afeta 3% da população. Não tratado, o transtorno costuma se agravar até atingir o ponto de reduzir a capacidade de lidar com tarefas simples, como organizar as atividades do dia.

Após mais de dez anos de discussão, uma força-tarefa internacional de especialistas reunida na Conferência Anual da Sociedade Internacional de Transtorno Bipolar de 2024, realizada na Islândia, chegou a um modelo consensual que organiza a progressão da doença, levando em conta o número de episódios, a ocorrência de comorbidades e o prejuízo funcional.

“Ele deve ajudar os médicos a escolher o tratamento mais adequado para cada caso”, afirma Kapczinski, que é pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor emérito da Universidade McMaster, no Canadá.

O segundo grande projeto que Kapczinski tem pela frente é coordenar, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o primeiro estudo que deve determinar, em uma amostra representativa da população brasileira, a prevalência (frequência de casos) das doenças mentais mais graves.

Leia a entrevista aqui.

Morre o cientista colombiano Manuel Elkin Patarroyo, pioneiro da vacina contra a malária

Leia matéria publicada em O Globo, em 9/1:

O governo colombiano informou a morte do cientista e professor colombiano Manuel Elkin Patarroyo, criador da primeira vacina sintética contra a malária, aos 78 anos. Essa doença tropical parasitária é transmitida pela picada de mosquitos infectados e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), causou 597 mil mortes em 2023.

Nas palavras de Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), “Patarroyo era um cientista brilhante com muitas colaborações com o Brasil. Grande perda para a ciência mundial.”

“Apesar das ofertas para trabalhar em centros de pesquisa no resto do mundo, ela decidiu se estabelecer em seu país, a Colômbia, trabalhando com uma pequena equipe interdisciplinar”, diz uma breve biografia da Fundação Princesa das Astúrias da Espanha, que em 1994 lhe concedeu o prêmio Príncipe das Astúrias. Ao longo de sua carreira recebeu outros reconhecimentos por suas pesquisas e seu nome passou a figurar entre os candidatos ao Prêmio Nobel de medicina.

Desde 1984, Patarrayo foi o primeiro diretor do Instituto de Imunologia do Hospital San Juan de Dios, em Bogotá. Lá ele desenvolveu sua vacina SPf66 contra a malária entre 1986 e 1988, a primeira a ser reconhecida pela OMS.

“Suas contribuições e legado em imunologia serão sempre lembrados, assim como sua engenhosidade, entusiasmo e dedicação à pesquisa e à ciência”, afirmou a Faculdade de Medicina da Universidade Nacional da Colômbia em comunicado publicado no X, à qual esteve ligado por mais de 50 anos.

(…)

Ele era a favor da universalização da ciência para evitar que suas conquistas fossem monopolizadas por grandes grupos econômicos, por isso em 1993 Patarroyo rejeitou uma oferta de 60 milhões de dólares de um laboratório bioquímico e em 12 de maio de 1993 renunciou aos direitos de exploração da vacina contra a malária à OMS.

Globo de Ouro

Leia artigo do Acadêmico Isaac Roitman*, publicado em 8/1 no Monitor Mercantil:

A premiação de Fernanda Torres no Globo de Ouro foi importante para a recuperação da autoestima do povo brasileiro, que percebe que ainda está muito longe de extinguir a pobreza e a desigualdade social. Convivemos com um elevado contingente de analfabetos, com um ambiente de extrema violência, falsos discursos, um egocentrismo agudo e uma corrupção permanente. Nossos jovens, em sua maioria, têm uma educação precária. Os serviços de saúde são deficientes, e as oportunidades são para poucos. Nesse quadro, a saúde física e mental da sociedade brasileira é abalada por um sentimento de inferioridade.

Em 1950, quando a seleção brasileira foi derrotada pela seleção uruguaia de futebol na final da Copa do Mundo, em pleno Maracanã, o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues criou a expressão “complexo de vira-lata”, que se refere a um sentimento de inferioridade por parte dos brasileiros em relação a outros países, especialmente os desenvolvidos. Isso é percebido na crença de que o Brasil, sua cultura e suas realizações são inferiores às de outras nações. Após 74 anos, já é hora de enterrar esse sentimento negativo.

A premiação coloca na pauta uma importante reflexão: apesar de ser desprezada pela maioria dos governantes, a arte brasileira ainda sobrevive e brilha. Vamos tentar fazer um pequeno recorte em três dimensões das artes em nosso país: literatura, artes plásticas e música.

Na literatura brasileira, temos escritores e escritoras excepcionais que deixaram um legado extraordinário. Entre eles: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Manuel Bandeira e Machado de Assis.

Nas artes plásticas, destacam-se artistas como Arthur Bispo do Rosário, Djanira da Motta e Silva, Hélio Oiticica, Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral.

Na música, tanto clássica como popular, podemos citar gênios que encantaram várias gerações, como Ary Barroso, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues, Luiz Gonzaga, Claudio Santoro, Vinicius de Moraes, Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Heitor Villa-Lobos, Carlos Gomes, Renato Russo, Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Alceu Valença, Milton Nascimento, Gilberto Gil, entre outros.

Todos os artistas citados merecem as nossas homenagens e representam matéria-prima para a construção da autoestima da sociedade brasileira. Todos e todas merecem ganhar um Globo de Ouro ou uma homenagem semelhante.

A cultura do Brasil é uma síntese da influência dos vários povos e etnias que formam a nossa sociedade. Ela não é perfeitamente homogênea, mas um mosaico de diferentes vertentes culturais. A diversidade cultural do Brasil pode ser uma fonte de riqueza e criatividade. Além de proporcionar saúde mental à sociedade brasileira, pode promover o turismo e a exportação cultural.

Além disso, a arte é um importante veículo de comunicação que detém um papel terapêutico significativo, constituindo-se como uma ferramenta da arteterapia. As artes são adequadas para ajudar a compreender e comunicar conceitos e emoções, estimulando todos os sentidos e até mesmo a capacidade de empatia. Assim, permitem que as pessoas se conectem emocional e intelectualmente com o mundo ao seu redor.

A premiação no Globo de Ouro, além de alimentar o orgulho de ser brasileiro ou brasileira, pode ser um estopim para um salto no financiamento para os artistas e suas atividades. Um povo que se alimenta da arte é um povo solidário e amoroso. Obrigado à dupla – Fernanda, mãe e filha – por deixar nossos corações cheios de alegria e iluminar caminhos para que, no futuro, tenhamos um país justo e feliz. Esse é o nosso sonho. Vamos todos, como um coral, cantar bem alto e com alegria: “Ainda estamos aqui”. Esse será o nosso mantra.

* Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e membro do Movimento 2022 – 2030 o Brasil e o Mundo que queremos.

teste