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Conferência Livre: Juventudes e Ciência!

No dia 25 de abril a Conferência Livre – Juventudes e Ciência, um evento on-line que discutirá estratégias para superar os desafios enfrentados pelos pesquisadores na área de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Veja a programação:

09h00 | Os Desafios para os Jovens Doutores na Consolidação de suas Carreiras Acadêmicas

Mediador: Walter Beys (ABC)
Relator: Amurabi de Oliveira (ABC)

Apresentadores:

  • Ana Chies Santos (UFRGS)
  • Raquel Minardi (UFMG)
  • Thaiane Oliveira (UFF)
  • Helder Nakaya (USP)

11h00 | O Engajamento dos Jovens em CT&I

Mediadora: Thaiane Oliveira (ABC)
Relatora: Priscilla Olsen (ABC)

Apresentadores:

  • Priscila Duarte (ANPG e CNCTI)
  • Vanessa Fagundes (INCT, CPCT)
  • Luana Bonone (MCTI)

14h | Desafios e Estratégias para a Absorção de Recém-Doutores no Mercado de Trabalho

Mediador: Rodrigo Toniol
Relator: José Rafael Bordin

Apresentadores:

  • Márcia Barbosa (MCTI)
  • Vinicius Soares (ANPG)
  • Paulo Terra (ABC)
  • Brenno Amaro da Silveira Neto (UnB)

O evento tem apoio da Academia Brasileira de Ciências, da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação  (MCTI).

Sua participação é fundamental! 💡

Inscreva-se em https://bit.ly/abc_ciencias 

Assista em abc.org.br/transmissao

Ganhadores do Prêmio Nobel debatem ciência na USP

Evento organizado pela ABC em parceria com a Fundação Nobel com apoio da Universidade de São Paulo (USP) e da Fapesp teve destaque no Jornal Hoje da TV Globo, em 17 de abril.  A matéria, de três minutos, mostra a fila longa na entrada e entrevista estudantes e professores que foram ver as “celebridades” do mundo científico.

Os comentários e conselhos do francês Serge Haroche (Física, 2012), da norueguesa May-Britt Moser (Medicina, 2014) e o escocês David McMillan (Química, 2021) foram apresentados.

No debate com a plateia, uma estudante negra perguntou à May-Britt Moser sobre quantos estudantes negros trabalhariam em seu laboratório. A nobelista respondeu que em seu local de trabalho há alunos de 20 países diferentes e que cada um deve ter orgulho de si próprio.

A presidente da ABC também foi entrevistada: “Essa é a mensagem que eu quero deixar: ‘Eu também posso, eu preciso acreditar em mim'”.

Assista neste link


Veja a repercussão dos Diálogos Nobel Brasil 2024, na Uerj, na USP e na FIESP.

Conheça os palestrantes da Reunião Magna da ABC!

O principal evento da Academia Brasileira de Ciências, a Reunião Magna, está chegando. Será realizada nos dias 7, 8 e 9 de maio, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

A agenda está quase fechada, com a maioria dos palestrantes confirmados. As Conferências Magnas, que são seis, já estão todas confirmadas!

No dia 7 de maio, 3a feira, teremos o sociólogo NICK COULDRY, da London School of Economics, cuja pesquisa é voltada para estudos de mídia e comunicações, cultura e poder, e teoria social. Hoje, a construção da realidade é cada vez mais influenciada por algoritmos e processos de dados que rastreiam nossas atividades em plataformas online ou ao usar objetos “conectados” (a “internet das coisas”). Será que a teoria social pode revelar como, mesmo quando nos sentimos mais autênticos e conectados aos outros, ainda podemos estar profundamente envolvidos nas engren,agens do poder? 

No mesmo dia, contaremos com a presença do vice-presidente do Google, VINTON CERF. Ele é um dos arquitetos da Internet moderna, tendo co-projetado o protocolo TCP/IP que define como os computadores se comunicam em um sistema em rede. Desde 2005 ele trabalha no Google, onde agora é responsável pelo desenvolvimento de negócios do setor público para produtos e serviços avançados baseados na Internet. Ele é membro do Comitê Consultivo da NASA e do Comitê de Visitas para Tecnologia Avançada do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA. 

 

No dia 8 de maio, 4a feira, a primeira Conferência Magna será apresentada pela professora de Ciência da Computação da Universidade de Princeton, MARGARET MARTONOSI. Seu trabalho inclui a ferramenta de modelagem de energia amplamente utilizada Wattch e o projeto de rede de sensores móveis ZebraNet da Universidade de Princeton para o design e implantação real de coleiras de rastreamento de zebras no Quênia. 

Na mesma data, contaremos com a palestra de MATTHIAS SCHEFFLER, físico teórico alemão da Sociedade Max-Planck. Ele é especialmente conhecido por suas contribuições para a teoria do funcional da densidade e para a mecânica quântica de muitos elétrons, bem como por seu desenvolvimento de abordagens multiescala. Nos últimos anos, ele tem se concentrado cada vez mais em conceitos em métodos científicos centrados em dados e no objetivo de que os dados da ciência dos materiais devem ser “encontráveis e prontos para a inteligência artificial”. 

 

Finalmente, no dia 8 de maio, 5a feira, a primeira Conferência Magna será do cientista da computação RANVEER CHANDRA, diretor de Pesquisa para a Indústria e o CTO de AgriFood na Microsoft. Lidera o Grupo de Pesquisa em Redes na Microsoft Research, em Redmond, nos EUA. Anteriormente, Ranveer foi cientista-chefe da Microsoft Azure Global. Sua pesquisa foi incorporada em diversos produtos da Microsoft, incluindo wi-fi virtual no Windows 7 em diante, wi-fi de baixo consumo de energia no Windows 8, perfis de energia no Visual Studio, baterias definidas por software no Windows 10 e o protocolo do controlador sem fio no XBOX One. Ele iniciou o Projeto FarmBeats na Microsoft em 2015 e também liderou o projeto de pesquisa de bateria e o projeto de redes de espaços em branco na Microsoft Research, tendo implementado a primeira rede de espaços em branco urbana do mundo. 

A última Conferencista Magna é a antropóloga KARIN STRIER, professora da Universidade de Wisconsin-Madison. É uma autoridade internacional sobre o macaco muriqui do norte, ameaçado de extinção, que ela estuda desde 1982 na Mata Atlântica brasileira. Sua pesquisa de campo pioneira e de longo prazo tem sido fundamental para os esforços de conservação desta espécie e tem sido influente na ampliação das perspectivas comparativas sobre a diversidade comportamental e ecológica dos primatas. Atualmente, ela é co-presidente da Rede InterAmericana de Ciências (IANAS), junto com Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências.

 


Veja a programação e conheça todos os palestrantes

O EVENTO É GRATUITO, MAS REQUER INSCRIÇÃO, EM FUNÇÃO DA LOTAÇÃO DO AUDITÓRIO DO MUSEU DO AMANHÃ

INSCREVA-SE AQUI

Panorama Atual do Ensino Superior no Brasil

No dia 30 de abril, 3ª feira, às 16h, a terceira edição do Fórum ABC/SBPC de Educação Superior vai trazer Luiz Roberto L. Curi (CNE) e Elizabeth Balbachevsky (USP) para apresentarem um Panorama Atual do Ensino Superior no Brasil.

Confira! O evento é on-line e será transmitido pelo YouTube da Academia Brasileira de Ciências.

A série de eventos é coordenada pelos Acadêmicos Aldo Zarbin e Sylvio Canuto.

 

Os palestrantes:

Luiz Roberto L. Curi (CNE)

Sociólogo e doutor em Economia, ambos pela Unicamp. É conselheiro e atual presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE). Atuou no CNPq, no CGEE, foi presidente do INEP/Ministério da Educação. Atuou também no Governo do Estado de São Paulo e na Prefeitura de Campinas, entre outros destacados cargos de gestão.

 

 

Elizabeth Balbachevsky (USP)

Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP, onde é livre docente pelo Departamento de Ciência Política e professora associada no mesmo departamento. É vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisa sobre Políticas Públicas da USP (NUPPs/USP). Desenvolve pesquisas na área de políticas de ciência, inovação e ensino superior, além de estudos na área de comportamento político.

 

 

 

 


SERVIÇO:

Evento: Fórum ABC/SBPC de Educação Superior
Tema:  Panorama Atual do Ensino Superior no Brasil
Palestrantes: Luiz Roberto L. Curi (CNE) e Elizabeth Balbachevsky (USP)
Local: YouTube da ABC
Data: 30 de abril, 3a feira
Hora: 16h

Veja o que vencedores do Nobel defendem para criação de futuro mais desenvolvido e justo

A cooperação entre pesquisadores de diferentes nacionalidades e o investimento em educação e ciência serão os principais impulsionadores de um futuro mais desenvolvido e justo, na avaliação de cientistas vencedores do prêmio Nobel reunidos no Rio nesta segunda-feira (15). O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com a Fundação Nobel, abordou como a ciência pode ser usada para promover um mundo melhor.

O físico francês Serge Haroche, laureado com o Nobel da Física em 2012, acredita que os criadores de políticas devem favorecer a comunicação entre países e fomentar projetos que reúnam pesquisadores de diferentes regiões. Para ele, a comunicação e a cooperação entre cientistas são a chave para sociedades que buscam soluções para problemas semelhantes.

“É preciso garantir que a comunicação seja global entre cientistas e não seja afetada por tensões geopolíticas”, disse Haroche a jornalistas .

(…)

Haroche acredita que os impactos da ciência na economia e em outras esferas só serão possíveis se houver boa educação e investimento na ciência básica. “É difícil porque a atitude natural dos políticos costuma ser a de buscar controlar a ciência e tomar decisões de cima para baixo, mas a ciência tem seu próprio tempo”.

Para Helena Nader, presidente da ABC, o Brasil precisa desenvolver ciência própria, ao mesmo tempo em que deve criar pesquisas internacionais em parceria com cientistas de outros países.

(…)

Para o escocês David MacMillan, vencedor do Nobel de Química em 2021 e professor na Universidade de Princeton, a promoção da diversidade é fundamental para o desenvolvimento científico.

(…)

“Se você quiser resolver qualquer problema, vai querer várias pessoas pensando sobre ele. Pessoas com variados gêneros, nacionalidades e culturas pensam de forma diferente, e quando se reúnem, isso tem um impacto muito alto.”

(…)

A psicóloga e neurocientista norueguesa May-Britt Moser, vencedora do Nobel de Medicina em 2014, ponderou que as pessoas parecem ter memória curta sobre o papel da ciência e disse que, para nos prepararmos para o futuro, é necessário que a sociedade esteja pronta.

A norueguesa May-Britt Moser, vencedora do Nobel de Medicina em 2014, fala com estudantes no Rio | Foto: Clément Morin

“Pensei que aprenderíamos na pandemia o quão importante a ciência é, mas as pessoas esquecem. Se não tivéssemos pessoas trabalhando em ciência e facilitando as vacinas para salvar milhões e milhões de pessoas, teríamos um desastre muito maior”, acrescentou Moser, que também é chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

(…)

Moser falou ainda sobre a representatividade de mulheres na ciência, observando que se as mulheres não ousarem romper barreiras, o aumento da presença feminina não vai acontecer.

“Na Noruega, nós temos mulheres em diferentes campos e para mim era algo natural, eu não via diferenças até dialogar com outros países. Se as pessoas não esperam que você faça algo, você precisa lutar mais para ocupar esses lugares”.

Leia a matéria na íntegra no site do Valor

 


Veja as fotos do encontro no Rio de Janeiro

Academia Brasileira de Ciências promove encontro com três premiados pelo Nobel

A ciência precisa ser comunicada para que a população se aproxime dela. A afirmação é da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, feita durante o Diálogo Prêmio Nobel no Rio nesta segunda-feira (15).

O evento, realizado na Universidade do Estado do Rio, promoveu o encontro de estudantes de diferentes partes da América Latina com três premiados pelo Nobel.

A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, afirma que a comunicação tem papel essencial na aproximação entre ciência e sociedade.

Adam Smith, da equipe do Nobel Outreach, Anderson Brito, membro afiliado da ABC; o ganhador do Nobel David Mc Millan e a presidente da ABC, Helena Nader | Foto: Julio Cesar Guimarães

Durante o evento nesta segunda, diversos estudantes participaram dos painéis que debateram temas variados envolvendo ciência. Para a estudante de pós-graduação e bióloga Caroline Pires, é importante que o evento seja gratuito, para que mais pessoas possam participar dele. Ela conta como se sentiu representada por ter contato com uma nobelista mulher, May-Britt Moser, vencedora do Nobel de Medicina em 2014.

A reitora da Universidade do Estado do Rio (UERJ), Gulnar Azevedo e Silva, ressalta que pretende promover ainda mais encontros dessa natureza na universidade.

A agenda é promovida pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com a Fundação Nobel e acontece também na quarta-feira (17), em São Paulo.

 


Veja as fotos do encontro no Rio de Janeiro

Dicas do Nobel David MacMillan para jovens cientistas

Leia matéria de Rafael Garcia para O Globo, publicada em 15 de abril:

Um dos maiores cientistas do mundo no campo da Química, o escocês David MacMillan desembarcou no último fim de semana no Brasil para uma série de palestras com jovens estudantes e cientistas no Rio e em São Paulo, a convite da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Professor da Universidade de Princeton, nos EUA, MacMillan recebeu o Prêmio Nobel de Química de 2021 pela criação de catalisadores (substâncias que aceleram reações químicas) mais ambientalmente sustentáveis, para emprego na indústria farmacêutica, agroquímica e de materiais. Egresso de uma família de classe operária em Glasgow, o cientista promete falar ao público não só sobre temas técnicos de sua área de pesquisa, mas também sobre como o espírito de curiosidade pode impulsionar uma carreira acadêmica de sucesso.

MacMillan se junta a outros dois colegas laureados pelo Nobel, a neurocientista May-Britt Moser e o físico Serge Haroche no evento promovido pela ABC esta semana para estimular a ciência entre jovens. Em entrevista ao GLOBO, contou um pouco sobre o que espera para o encontro, que ocorre nesta segunda-feira, no Rio, e na terça, em São Paulo.

O senhor fará apresentações aqui no Brasil para plateias de jovens cientistas que buscam inspiração. Que conselhos de carreira costuma dar nessas situações?

Meu conselho é bem simples. A primeira coisa é que você busque ser você mesmo. Seja autêntico e siga o caminho que pretende seguir, sendo muito cuidadoso em não tentar seguir o de outras pessoas. Ou seja, saber qual é seu próprio talento e ir em frente. Eu cresci num ambiente de classe operária na Escócia. Meu pai era metalúrgico, minha mãe empregada doméstica, e entrar na universidade, por si só, já era um salto enorme para mim. Mas, em certo estágio, eu já sabia que era isso que eu queria fazer. Me dei conta de que, no caminho que você escolhe, há uma escada de muitos degraus, e é preciso olhar para cima e pensar. Se você olha para o topo de uma escada muito alta, a tarefa parece impossível. Mas se você olha para o próximo degrau, sempre vai parecer razoável. Se você sabe quais são seus objetivos e o que lhe é caro, sobe no próximo degrau e segue em frente. Sempre haverá fracassos no meio do caminho. Falhar é normal, mas se você mantiver a paixão e o entusiasmo pelo que gosta, vai chegar a um lugar positivo.

(…)

Muitos cientistas ganhadores do Nobel defendem espaço para uma ciência mais solta e criativa, sem objetivo de aplicações imediatas. Seu trabalho ganhou muitas aplicações na indústria química. O senhor se guia muito por aplicações ou é movido mais pela busca de conhecimento puro?

A minha ciência até agora tem sido muito aplicável, mas eu também acredito que a ciência básica fundamental é muito importante. E nós tentamos fazer as duas coisas juntas. Eu sou grande defensor do valor do impacto na ciência. Se eu puder impactar o mundo hoje, em vez de ter que esperar 30 anos, porque não fazer agora? É muito mais divertido ver as coisas poderem ser usadas imediatamente. No meu laboratório, por exemplo, nós desenvolvemos ideias que rapidamente são adotadas por empresas farmacêuticas. Podemos literalmente inventar uma reação química na terça-feira, para a indústria usá-la na sexta. Isso é sensacional e muito gratificante, porque você percebe que está contribuindo para o conhecimento do mundo. Com sorte, é possível ajudar o progresso da medicina, pouco a pouco, mas de forma real. Sendo franco, nós damos sim muito valor à praticabilidade, à adoção e, em última instância, ao impacto. Não há nada de errado em cientistas pensarem assim.

(…)


Leia a entrevista na íntegra em O Globo

 

Computador quântico ainda está muito distante, diz ganhador do Nobel

Leia matéria de Salvador Nogueira para a Folha de SP, publicada em 15 de abril, 


Serge Haroche, 79

Doutorado em física pela Universidade de Paris VI, Haroche foi laureado com o Prêmio Nobel em Física de 2012, por seu trabalho com a medição e manipulação de sistemas quânticos individuais. Professor do Collège de France desde 2001, foi seu diretor entre 2012 e 2015. [É membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e está no  Brasil para participar dos Diálogos Nobel Brasil 2024 , organizados pela ABC em parceria com a Nobel Outreach Foundation, no Rio (15/4) e em SP (17/4).]


Sua pesquisa abriu caminho para transformar a mecânica quântica em uma teoria contraintuitiva que explica o mundo do muito pequeno em potenciais aplicações práticas do dia a dia. Mas Serge Haroche alerta: ainda há mais hype do que realidade no desenvolvimento de um computador quântico de uso geral, algo que vem sendo propagado por gigantes da tecnologia.

Vencedor do Prêmio Nobel em Física de 2012, o pesquisador francês (nascido no Marrocos na época em que era uma colônia francesa), hoje com 79 anos, vem ao Brasil numa parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize Outreach, para conversar com estudantes no Rio de Janeiro —na UERJ, nesta segunda (15), e em São Paulo —na USP, na quarta-feira (17).

A proposta de um computador quântico tem um quê de revolucionário e pode, caso seja concretizada, realizar cálculos impossíveis por máquinas tradicionais. Enquanto hoje todos os computadores são baseados em bits, que só podem codificar 0 ou 1, futuras máquinas quânticas poderiam usar as peculiares propriedades das partículas elementares para processar informação. Pelas leis da mecânica quântica, elas podem codificar vários estados ao mesmo tempo (os chamados qubits, ou quantum bits), em tese viabilizando aplicações inviáveis por outros meios.

“É o aparelho que faz todas as pessoas sonharem, parece ser um tipo de Santo Graal para o público. Mas acho que ainda estamos muito longe”, diz o pesquisador. “É bom que grandes empresas, que têm muito dinheiro para gastar, como Google e Microsoft, façam isso, mas sem supervalorizar muito o que estão fazendo – o que acho que é um pouco o caso. No momento é mais um jogo de relações públicas do que de ciência real, na minha opinião.”

Quando realizou seus primeiros trabalhos demonstrando a viabilidade de aprisionar fótons (partículas de luz) individuais e medir sua interação com átomos, nos anos 1970, ele estava apenas tentando confirmar estranhas predições da mecânica quântica. “Nós nem sabíamos que havia a possibilidade de fazer ciência da informação quântica. Na verdade, aprendemos sobre isso uns dez anos depois de começarmos”, conta.

Quando realizou seus primeiros trabalhos demonstrando a viabilidade de aprisionar fótons (partículas de luz) individuais e medir sua interação com átomos, nos anos 1970, ele estava apenas tentando confirmar estranhas predições da mecânica quântica. “Nós nem sabíamos que havia a possibilidade de fazer ciência da informação quântica. Na verdade, aprendemos sobre isso uns dez anos depois de começarmos”, conta.

Hoje, diversas tecnologias, desde instrumentos para medição de alta precisão até os computadores quânticos, passando por relógios mais precisos que os atuais atômicos, estão em franco desenvolvimento –e algumas já se aproximam da maturidade.

Antes de vir ao Brasil, Haroche conversou por videoconferência com a Folha e contou o que mais o empolga, no mundo quântico e em outras áreas da ciência. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

(…)

Falamos um pouco sobre hype e gostaria de ir um pouco mais longe, porque não sei se isso acontece na Europa, mas aqui no Brasil é muito comum ver pessoas usando o mundo quântico como algo para promover coisas como medicina quântica, educação quântica, psicologia quântica… Isso o preocupa?

É ridículo. Eu estou preocupado com todas as coisas que são ataques à ciência. Um tipo de ataque à ciência é, claro, teorias de conspiração, notícias falsas, esse é um aspecto. E o outro aspecto é esse tipo de coisa que você menciona, charlatanismo. Porque há algo “misterioso” sobre a física quântica, há algumas pessoas que acreditam que a física quântica explica tudo, como transmitir pensamentos entre pessoas, curar câncer, todo tipo de coisa que é ridícula e que não tem nada a ver com isso.

(…)

Para encerrar, gostaria de perguntar o que, em tudo que se fala sobre ciência, o empolga mais neste momento?

É difícil dizer. Eu acho que há algo que está me intrigando, e algo que está me empolgando. Eu fico intrigado, é claro, como todos os cientistas, com esse problema sobre o que é energia escura, o que causa a aceleração da expansão do Universo. O que sabemos, realmente, em cosmologia, que ainda é uma grande caixa-preta, por enquanto. Há muitas observações, há teorias que, mais ou menos, explicam as observações, mas ainda não temos um tipo de modelo, um tipo de modelo padrão para a cosmologia que responda por tudo isso. Esse não é meu campo, mas gostaria de saber mais sobre isso.

Outro campo que me fascina é a busca pela vida em exoplanetas. Nós encontramos muitos, milhares de exoplanetas, alguns deles estão na faixa de distância da estrela que faz com que alguma forma de vida seja possível. E eu acho que vamos aprender muito sobre esse desenvolvimento da vida. Não estou falando de vida inteligente, mas de diferentes formas de vida. E eu acho que isso é fascinante, e acho que é uma pergunta muito profunda, a questão do nosso lugar no Universo.

Outra fronteira é entender melhor o cérebro humano, mas isso é completamente diferente, e nesse domínio a física é apenas um instrumento. O desenvolvimento de máquinas de ressonância magnética é um problema físico, mas é apenas um instrumento para entender coisas. Há muitos problemas interessantes e muitas razões por que é interessante ficar vivo o máximo tempo possível, para ver se há novos desenvolvimentos, novas coisas importantes acontecendo.

Leia a entrevista na íntegra  na Folha de SP

 

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