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Lagoa Feia, no Rio de Janeiro, ganha homenagem em lago da maior lua de Saturno, Titã

Leia matéria de Bela Lobo para Superinteressante, publicada em 7/12:

Em 2004, após sete anos de viagem interestelar, a missão Cassini-Huygens chegou na órbita de Saturno. O projeto, comandado pela Nasa, pela ESA (Agência Espacial Europeia) e pela ASI (Agência Espacial Italiana), ficou em operação até o fim de 2017. 

A missão Cassini foi uma das mais ambiciosas de seu tempo, com uma nave do tamanho de um ônibus de dois andares e equipamentos de ponta para realizar diversas medições. Ela carregava quase 33 quilos de combustível nuclear, principalmente dióxido de plutônio.

Quem conta essa história é a astrofísica Rosaly Mutel Crocce Lopes, que trabalhou na Missão Cassini a partir de 2002. No dia 27 de novembro, ela apresentou uma palestra chamada “Luas geladas e criovulcanismo: Descobertas da missão Cassini” na sede da Academia Brasileira de Ciências. 

A missão Cassini forneceu dados importantes para o estudo de Saturno e de suas luas. O planeta tem 146 satélites naturais, o maior deles é Titã. Em 2005, a nave Cassini soltou a sonda Huygens, que passou duas horas e meia caindo em direção ao solo de Titã.

Leia a matéria na íntegra, com vídeo,  no site da Super

Acadêmica Márcia Dezotti ganha prêmio por educação e difusão do conhecimento

A Acadêmica Márcia Dezotti, professora titular na UFRJ, recebeu o Prêmio por Distinção em Educação e Difusão do Conhecimento nos Campos de Tecnologias Avançadas de Oxidação.

A premiação se deu ao longo da VI Conferência Iberoamericana de Tecnologias Avançadas de Oxidação (CIPOA), realizada em Florianópolis, no estado de Santa Catarina, entre os dias 7 e 11 de outubro de 2024.

Dezotti sentiu-se muito honrada e agradeceu aos colegas brasileiros que a indicaram ao Comitê Internacional de CIPOA.  “Esse reconhecimento por tantos anos de trabalho foi uma grande emoção para mim”, disse a Acadêmica. Ela fez um agradecimento especial aos seus alunos de mestrado e doutorado.

 

Faleceu aos 93 anos o cientista Rogério Cerqueira Leite

Rogério Cézar Cerqueira Leite faleceu na madrugada do dia 1º de dezembro, aos 93 anos. Foi um dos mais importantes cientistas do país.

Ele foi o primeiro no país a utilizar o laser para estudar propriedades dos materiais. Ainda na Unicamp, implantou o Departamento de Música e em seguida o Instituto de Artes, além de ter assumido a Coordenadoria Geral das Faculdades.

Cerqueira Leite teve uma vasta produção científica. Um dos físicos mais respeitados do Brasil, publicou ao longo de sua vida acadêmica cerca de 80 artigos científicos em periódicos indexados – citados mais de 3 mil vezes por seus pares – e 15 livros sobre temas diversos, relacionados à física, energia e música clássica, incluindo um livro de contos e uma autobiografia.

Destaques da carreira

Graduado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1958, doutor em física pela Universidade de Paris (Sorbonne), em 1962.

Trabalhou como pesquisador da Bell Laboratories de 1962 até 1970. Lecionou na Universidade de Paris.

De volta ao Brasil, no início dos anos de 1970, quando se iniciaram os grandes programas de pós-graduação vinculados a grandes projetos de P&D, Cerqueira Leite dirigiu o Departamento de Física do Estado Sólido e o Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFWG-Unicamp), instituições fundamentais nas áreas de telecomunicação e de fibras ópticas.

Foi idealizador do projeto e liderou o debate que culminou na criação da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec).

Criou e dirigiu por 20 anos a Codetec, empresa que criou a primeira incubadora tecnológica do Brasil (1975-96) e desenvolveu mais de uma centena de projetos para diferentes organizações públicas e privadas.

Foi membro do grupo de trabalho de Energia da União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap).

Foi membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Conselhão).

Era presidente de Honra do Conselho de Administração do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais), entidade responsável pela gestão dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), de Biociências (LNBio), de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Nanotecnologia (LNNano).

Foi membro de vários conselhos de entidades científicas, tais como SBPC e FAPESP e consultor de várias agências estatais, tais como a Finep, e de organizações privadas.

Participou dos debates do Pró-Álcool e foi crítico feroz da tecnologia adotada pelo Programa Nuclear Brasileiro durante o governo Geisel no final dos anos 1970.

No início dos anos 80, tornou-se vice-presidente executivo da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e liderou o projeto de construção do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas.

Defendeu a instalação dos Laboratórios Nacionais de Biociências (LNBio) e de Nanotecnologia (LNNano) no início de 2000 e, no final da década, articulou a criação do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) para ampliar as oportunidades econômicas de produção do biocombustível no país. Estas instituições hoje constituem o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.

Cerqueira Leite acreditava que era possível projetar e construir equipamentos científicos competitivos no Brasil, apesar do ceticismo de parte da comunidade acadêmica e das crises econômicas e políticas. Sirius – o novo acelerador de elétrons brasileiro e maior projeto da ciência nacional – de diferentes formas, materializa suas convicções. 

Em 2017 concebeu a Ilum Escola de Ciência, uma instituição de ensino superior brasileira sem fins lucrativos gerida pelo CNPEM e financiada pelo Ministério da Educação Foi membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo desde 1978.

Professor emérito da Unicamp, Cerqueira Leite colecionou prêmios, títulos e obras de arte. Dentre eles, recebeu o “TWAS Regional Prize for Building Scientific Institutions”. Foi nomeado Personalidade do ano na categoria Inovação, Ciência e Tecnologia pelo UNA Brasil. Recebeu do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) a “Homenagem pelas inúmeras e relevantes contribuições na construção e consolidação de políticas e instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação”.Foi agraciado com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito da França e com a Cátedra da Universidade de Montreal, Canadá. 

Era pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento CIientífico e Tecnológico (CNPq). Recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico na Classe de Grã-Cruz.

Era considerado o maior colecionador brasileiro de arte africana e pré-colombiana.

Depoimentos dos seus pares

“O prof. Rogério foi um grande cientista, comprometido com o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação  associado ao desenvolvimento social e sustentável no país. Tive o privilégio de conhecê-lo e de ter participado do conselho do CNPEM por alguns anos. Inteligente, criativo e contestador, com um senso de humor muito peculiar. Não tinha medo de ousar, arriscar, sonhar. Fará falta.”
Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências

“Cientista com ”alma de artista”, com uma coleção de obras de arte de imenso valor. O seu maior legado foi a “construção” do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais), entidade responsável pela gestão dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), de Biociências (LNBio), de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Nanotecnologia (LNNano). A sua contribuição para a educação, ciência, tecnologia e inovação é imensurável.”
Jailson B. de Andrade, Vice-Presidente da Academia Brasileira de Ciências

“O  professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite foi um físico visionário e um pensador à frente de seu tempo. Sua incansável dedicação à educação e ao desenvolvimento do país deixou marcas profundas e ensinamentos que perdurarão. Sua ausência será profundamente sentida, mas seu exemplo continuará a nos inspirar e impulsionar.”
Álvaro Prata, presidente da Embrapii

“A morte de Cerqueira Leite deixa a ciência brasileira menor. Um grande cientista, que atuou como pesquisador e teve grande influência na pesquisa de física da Unicamp e como defensor público da ciência, em especial no Conselho Editorial da Folha. Mas sua maior obra, pela qual será sempre admirado, foi organizar e viabilizar a construção do primeiro síncroton brasileiro, e mais recentemente, foi a grande força por trás da montagem do Sirius, o mais importante instrumento de pesquisa científica do Brasil. Sua resiliência, tenacidade e clareza de objetivos serão exemplos permanentes para nós.” Acadêmico Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp

“O professor Rogério foi um grande cientista e um grande cidadão brasileiro. Envolveu-se nas questões importantes para o país, nunca se omitindo em dar sua opinião e participando dos grandes debates, desde a questão da democracia até as de energia renováveis. Sempre entendeu a importância de se ter grandes projetos para o país. Vai deixar saudades e fazer muita falta.”
Acadêmico Antonio José Roque da Silva, ddiretor-geral do CNPEM

Foi um eminente patriota, defensor da soberania nacional e das causas democráticas e progressistas. Sua morte abre imensa lacuna não somente nas ciências brasileiras, mas também na vida social e política.


Veja as matérias originais a partir das quais foi montado esse texto e parte da repercussão na mídia. 

AGÊNCIA BRASIL
Morre aos 93 anos o físico Rogério Cerqueira Leite

AGÊNCIA FAPESP
Morre Rogério Cezar de Cerqueira Leite

BRASIL 247
Faleceu aos 93 anos o cientista Rogério Cerqueira Leite

Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais
CNPEM se despede do Prof. Rogério Cezar de Cerqueira Leite


BAHIA NOTÍCIAS
Luto na Ciência: Morre Cerqueira Leite, físico e um dos maiores cientistas do Brasil, aos 93 anos

ESTADÃO
Morre aos 93 anos o físico Rogério Cerqueira Leite

O GLOBO
Rogério Cerqueira Leite, um dos maiores cientistas brasileiros, morre aos 93 anos

FOLHA DE S. PAULO
Morre Rogério Cezar de Cerqueira Leite, um dos principais cientistas do país, aos 93 anos

Como a cientista Rosaly Lopes pôs uma lua de Saturno na mira da Nasa para buscar vida extraterrestre

*Texto original publicado pelo O Globo

A cientista carioca Rosaly Lopes, que há três décadas trabalha no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), concedeu uma palestra nesta quarta-feira no Rio, a convite da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para falar do tema ao qual tem se dedicado nos últimos anos: a busca de vida extra-terrestre.

Os corpos celestes que a ela mais estuda, porém, não são planetas, e sim luas do Sistema Solar que possuem semelhanças geoquímicas com a Terra. Em entrevista ao GLOBO, Lopes falou desse trabalho e de seus estudos sobre Titã, uma lua de Saturno que deve receber em breve a visita de uma espaçonave-robô, em grande parte graças aos estudos que ela fez.

O que trouxe a senhora ao Brasil desta vez?

Estou em Campinas desde maio pelo programa Cesar Lattes, que recebe cientistas visitantes, num projeto que vai se encerrar agora. É um programa que também me proporcionou a oportunidade de continuar trabalhando com o professor Álvaro Crosta [titular da ABC], da Unicamp, fazendo um trabalho sobre Titã, uma lua de Saturno.

(…)

Leia a entrevista completa no O Globo.

Rosaly Lopes exibe imagem de Saturno feita pela missão Cassini (Foto: Ana Macedo/ABC)

Confira a matéria completa sobre a palestra na ABC:

ABC recebe palestra de astrônoma da Nasa sobre a missão que desvendou Saturno

A Missão Cassini-Huygens orbitou o gigante gasoso durante 13 anos, desvendando suas luas e anéis. Hoje, as luas Titã e Encélado estão entre os principais candidatos a permitirem a existência de vida.

ABC recebe palestra de astrônoma da Nasa sobre a missão que desvendou Saturno

No dia 27 de novembro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu a astrofísica brasileira Rosaly Mutel Crocce Lopes, pesquisadora da National Aeronautics and Space Administration (Nasa), para uma palestra sobre a Missão Cassini, uma empreitada conjunta entre Nasa, Agência Espacial Europeia (ESA) e Agência Espacial Italiana (ASI) para explorar as luas e os anéis de Saturno. O encontro foi organizado e mediado pelo membro titular da ABC, Alvaro Penteado Crósta.

Rosaly Lopes se formou em astronomia pela Universidade de Londres, onde fez doutorado em geologia planetária, se especializando em vulcanismo. Em 2002, ingressou na missão Cassini, lançada em 1997 e que chegaria a Saturno em 2004. A missão faria imagens do planeta, seus anéis e suas luas, e contava com radares que permitiriam sondar a superfície desses satélites. Seu nome foi dado em homenagem ao astrônomo genovês Giovanni Domenico Cassini, que, no século XVII, descobriu as primeiras luas de Saturno e a chamada divisão de Cassini, um aparente buraco entre os anéis.

“Pensávamos que na divisão Cassini não havia nada, mas com a missão foi possível ver que essa região é preenchida por anéis mais finos. Tínhamos planos de passar uma nave por entre os anéis, mas esses tiveram que ser cancelados depois disso”, brincou a astrônoma.

Rosaly Lopes exibe imagem de Saturno feita pela missão Cassini

Saturno é um gigante gasoso com 146 luas, algumas tão grandes que podem ser comparadas a pequenos planetas. Dentre esses verdadeiros mundos congelados, com oceanos subterrâneos, está Titã, a maior lua de Saturno e, até o momento, a única lua do sistema solar com uma atmosfera significativa. O nome da sonda carregada pela Cassini, Huygens, foi dado em homenagem a Christiaan Huygens, primeiro a descobrir o imponente satélite.

“Observamos que Titã tem montanhas, lagos, rios, processos de erosão, planícies, dunas e algumas montanhas altas com crateras profundas, candidatas a vulcão. Os principais processos geológicos que conhecemos no nosso próprio planeta parecem ocorrer em Titã e, por isso, a chamamos de ‘a outra Terra do Sistema Solar’”, explicou Rosaly Lopes.

No dia 24 de dezembro de 2004, foi chegada a hora da manobra mais perigosa da missão: pousar a sonda Huygens em Titã para ver sua superfície de perto. “A sonda desacoplou da nave e foi em direção à lua. A pressão atmosférica alta ajudava a pousar, mas, como não se via nada, foi emocionante. Tínhamos medo de acabar danificando ou até perdendo a sonda”, explicou a astrônoma.

Felizmente, o pouso foi um sucesso e se deu numa das muitas planícies de Titã. Em sua trajetória foi possível ver o emaranhado de dunas e rios e, uma vez no chão, tirar fotos do solo. Rosaly exibiu as imagens, que mostram um mundo rochoso. “Alguém comentou que parece Marte, mas não parece. Marte tem pedras pontudas e essas são arredondadas, isso é por causa da erosão dos rios. É o único outro lugar do sistema solar com líquidos na superfície”, explicou.

A Cassini seguiu sua viagem e outra lua chamou a atenção da pesquisadora. “Através de análises em infravermelho, foram descobertas fraturas na crosta de Encélado onde as temperaturas eram mais quentes, ou seja, processos de vulcanismo. Posteriormente, imagens mostraram a lua expelindo uma manta de vapor d’água, que contribuía para formar os anéis de Saturno”, explicou.

Em 2008, a nave fez um voo rasante a 50 quilômetros da superfície de Encélado, por entre a pluma de vapor d’água. Assim, foi possível detectar sua composição. “Água, CO­­2­, metano, nitrogênio, hidrocarbonetos. Algumas partículas com sais vindos diretamente do oceano submerso. Ingredientes necessários para a existência de vida”, conta.

A palestrante mostra as plumas de vapor d’água expelidas por Encélado

Atualmente, os oceanos submersos de Titã e Encélado são dois dos locais extraterrestres conhecidos com maiores condições de sustentar vida. Titã é mais promissora por ter uma atmosfera espessa de metano. As temperaturas de -65°C fazem com que a água só exista como gelo. Seus rios, lagos e, é claro, seu grande oceano subterrâneo, são todos feitos de metano líquido. Por não ter o mesmo fenômeno de vulcanismo de Encélado, não foi possível para a missão Cassini analisar a composição desse misterioso ambiente.

Em 2017 as baterias acabaram e a Cassini embarcou em sua última viagem, um mergulho na atmosfera de Saturno, onde foi esmagada pela pressão. Ao longo do trajeto, a nave orbitou o planeta várias vezes, passando muito perno de seus anéis, antes de finalmente perder o contato. “Havia o risco de a nave se chocar contra Encélado ou Titã, mundos com alguma possibilidade de existir vida, causando contaminação. Então, o nosso protocolo pedia que a destruíssemos”, explicou.

Novas expedições já estão sendo planejadas para Saturno e para Júpiter, com equipamentos mais modernos que permitirão análises ainda melhores. “Já existem radares sendo desenvolvidos que podem permitir ultrapassar a crosta de gelo e observar os oceanos submersos. Mas isso vai depender de quantos quilômetros de espessura essa crosta tem, não sabemos. Estão sendo pensados como alvos Titã, Encélado e Europa, em Júpiter. Eu defendo uma missão para Encélado porque lá o material já vem em nossa direção”, argumentou Rosaly Lopes.

Em seguida, os ouvintes, presencial e virtualmente, tiveram a oportunidade de perguntar. Algumas questões foram técnicas. “Como a Cassini manda informações para a Terra?”, perguntou um aluno. “A nave tem uma antena poderosa que fica sempre voltada para a Terra, comunicando-se com antenas nos EUA, na Espanha e na Austrália. Dessa forma conseguimos captar o sinal independente de como esteja a rotação da Terra. A informação leva cerca de uma hora e meia para chegar”, respondeu Rosaly.

Outras intervenções giraram em torno de uma questão fundamental, que sempre aparece quando falamos do espaço sideral. Estamos mesmo sozinhos no universo?

“Há quem fale em vida baseada em hidrocarbonetos, algo que seria tão diferente que não sei se seríamos capazes de detectar. Acredito que a maior chance, se existir, está nos oceanos. Mas é muito difícil de sequer imaginar, porque só conhecemos um exemplo. Não temos um referencial de comparação. Por isso é ainda mais importante continuarmos procurando”, defendeu a astrônoma.

Assista a palestra completa:

VEJA A REPERCUSSÃO DA PALESTRANO JORNAL O GLOBO:

Como a cientista Rosaly Lopes pôs uma lua de Saturno na mira da Nasa para buscar vida extraterrestre
Em entrevista ao O Globo, a geóloga e astrônoma brasileira, que ministrou palestra na ABC, fala sobre Titã, destino da missão que será realizada por um drone-laboratório.

Caminhos para o Brasil pós-COP29

Em meio a negociações expectativas para a COP 30, o Programa Mudanças Climáticas Fapesp faz uma avaliação dos resultados práticos das 29 Conferências do Clima já realizadas e os caminhos que o Brasil deve percorrer para cumprir com seu papel na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O evento será realizado no dia 3 de dezembro, das 14h às 16h, no IAG-USP.

ABERTURA

Marcio de Castro Silva, diretor científico da Fapesp
Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais
Ricardo Trindade, Universidade de São Paulo (USP)

PALESTRANTES

Paulo Artaxo, Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais
Thelma Krug, The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)
Karen Silverwood-Cope, WRI Brasil

INSCREVA-SE EM https://fapesp.br/eventos/cop29_inscricao 

LOCAL: Auditório Prof. Dr. Paulo Benevides Soares – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) – Rua do Matão, 1226 (Bloco G) – São Paulo/SP

TRANSMISSÃO AO VIVO: pelo canal da Agência Fapesp no You Tube

Cientistas marcam posição em defesa da evolução biológica: “É fato”

Leia matéria de Herton Escobar, publicada no Jornal da USP em 18 de novembro:

A evolução por seleção natural é uma das teorias mais bem consolidadas da ciência, amparada por mais de 160 anos de evidências científicas que confirmam e expandem os conceitos fundamentais apresentados originalmente por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace para explicar a origem das espécies, ainda em meados do século 19. É considerada uma pedra-fundamental das ciências biológicas, tão indispensável para descrever a evolução da vida na Terra quanto as “leis” da física e da química são para descrever o funcionamento do universo e a estrutura da matéria.

A evolução da desinformação e do negacionismo científico nos últimos anos, porém, propeliu a Academia Brasileira de Ciências (ABC) a produzir um livro para reiterar seu posicionamento em defesa da teoria. O título não poderia ser mais assertivo: A Evolução é Fato.

Lançado inicialmente no Rio de Janeiro (onde fica a sede da ABC), em 19 de setembro, a obra, disponível gratuitamente neste link, é assinada por 28 cientistas, oriundos de diversas disciplinas e filiados a diversas instituições de pesquisa (incluindo 16 autores da USP). Seu conteúdo está organizado em 22 seções, que passeiam pelos diversos campos de pesquisa que se relacionam com a teoria evolutiva e que são influenciados por ela, como os primórdios da vida na Terra, a origem da espécie humana e a evolução das bactérias resistentes a antibióticos.

Um novo lançamento está agendado para esta terça-feira, 19 de novembro, no auditório da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com a participação de vários autores em mesas-redondas que irão debater as temáticas centrais do livro.

“Compreender a evolução é fundamental para enfrentarmos desafios atuais como a conservação da biodiversidade, a proliferação de doenças infecciosas e a resistência a antibióticos, incluindo a aplicação dos conceitos da teoria evolutiva para aprimorar a compreensão de doenças comuns na sociedade contemporânea, como diabetes e câncer”, diz a biomédica Helena Nader, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e atual presidente da ABC, no prefácio do livro. “Este conhecimento nos capacita a tomar decisões conscientes e fundamentadas sobre o meio ambiente e nossa saúde.”

O livro pode ser baixado gratuitamente no site da ABC. Cópias impressas serão entregues a escolas e usadas em iniciativas de divulgação e educação científica, a serem organizadas pela Academia. Escrita em linguagem simples, a obra é voltada para o público leigo (não especializado no assunto), apresentando-se como uma síntese do conhecimento e das evidências científicas que embasam a teoria evolutiva.

A tese central da teoria (muito resumidamente) é que todos os seres vivos — animais, plantas, fungos e microrganismos — possuem uma ancestralidade comum e evoluem a partir da seleção natural de características que lhes conferem uma chance maior ou menor de sobrevivência, dentro de um determinado ambiente. 

“Uma resposta para a sociedade”

O organizador do livro foi o geneticista e bioquímico Carlos Menck, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que há décadas pesquisa os mecanismos moleculares envolvidos no reparo de DNA e na indução de mutações genéticas — dois temas fundamentais para a compreensão dos processos evolutivos.

Segundo Menck, a ideia de produzir um livro sobre evolução já circulava pelos membros da ABC há muitos anos; desde que a as academias nacionais de Ciência e de Medicina dos Estados Unidos publicaram uma obra conjunta sobre o tema (Science, Evolution and Creationism), em 2008. Mas o projeto só decolou mesmo em 2021, quando o então presidente da academia brasileira, Luiz Davidovich, o convidou para coordenar a elaboração do livro. Era um momento de grande preocupação com o avanço do negacionismo e da desinformação científica nos meios digitais.

(…)

Criacionismo

A maior parte do negacionismo associado à teoria evolutiva provém de movimentos criacionistas, de cunho religioso, com vertentes que variam desde uma negação completa da evolução até uma argumentação híbrida, de que a evolução acontece, mas depende de intervenção divina para funcionar. Uma dessas vertentes é o chamado “design inteligente”, que busca se apresentar como uma teoria concorrente da evolução, supostamente capaz de comprovar “cientificamente” que a vida e o universo foram criados já na sua forma atual por uma inteligência divina.

“A ABC entende que religião e ciência não são mutuamente excludentes”, afirma Helena Nader, presidente da ABC, no prefácio do livro. “No entanto”, completa ela, “cabe lembrar que este livro reafirma a importância da evolução como conceito central para entender a vida na Terra, destacando o papel dos métodos científicos rigorosos e das evidências empíricas na formação do nosso conhecimento. (…) Por meio desta publicação, a ABC aponta como a ciência se diferencia do criacionismo e expressa, de forma inequívoca (…) que o criacionismo ou design inteligente não têm lugar na explicação da origem da vida no mundo em que vivemos.”

(…)

Para Menck, o design inteligente é “uma ideia que pode ser muito bem discutida numa aula de teologia”, mas que não pode, de forma alguma, ser interpretada como uma teoria científica. “A resposta dela para todas as questões que se colocam é sempre a mesma: que houve um criador. Isso não é ciência”, diz o professor. 

Para mais informações: Carlos Menck, cfmmenck@usp.br. Para ler gratuitamente o livro clique aqui.

Inscrições para o lançamento do livro na Fapesp podem ser feitas neste link.


Leia a matéria na íntegra, aberta, no Jornal da USP

Astrofísica da NASA Rosaly Lopes fará palestra na ABC

No dia 27 de novembro às 16h, na sede da ABC, a astrofísica brasileira Rosaly Mutel Crocce Lopes da NASA, fará uma palestra intitulada “Luas geladas e criovulcanismo: Descobertas da missão Cassini”. Ela será apresentada pelo Acadêmico Álvaro Penteado Crósta.

A missão Cassini-Huygens orbitou Saturno de 2004 a 2017 fazendo novas descobertas sobre a atmosfera, os anéis e as muitas luas de Saturno. A Cassini carregava uma sonda, Huygens, que pousou em Titã, a maior lua de Saturno, revelando sua superfície pela primeira vez. Nos últimos meses da missão a Cassini orbitou mais perto de Saturno e, finalmente, mergulhou no planeta em setembro de 2017, encerrando a missão. A palestra analisará as muitas descobertas feitas pela missão e por sua equipe internacional de cientistas, principalmente a geologia da paisagem de Titã, desvendada pelo sensor imageador de radar, e o vulcanismo de gelo nas luas Encélado e Titã. A palestra também abordará a possibilidade da lua Titã ser habitável.

Sobre a palestrante 

Rosaly Mutel Crocce Lopes é brasileira, carioca. Mudou-se para Londres aos 18 anos e ingressou no curso de astronomia na Universidade de Londres, onde formou-se como uma das primeiras da classe em 1978. No seu último semestre, fez um curso de ciência planetária com o geólogo John Guest e na terceira semana de curso, o Monte Etna, na Itália, explodiu. Rosaly então resolveu mudar de área e estudar vulcões, tanto na Terra quanto no espaço.

Fez o mestrado e o doutorado na mesma universidade. Em seu doutorado, Rosaly se especializou em geologia e vulcanologia planetária, terminando seu Ph.D. em ciência planetária em 1986 com uma tese que comparava os processos vulcânicos em Marte e na Terra. Durante o doutoramento, viajou bastante, visitando vulcões ativos e tornou-se membro do time de vigilância de erupções vulcânicas do Reino Unido. Estudou ainda criovulcanismo em luas geladas.

Ingressou no Jet Propulsion Laboratory, da NASA, em Pasadena, EUA, como pesquisadora residente, em 1989 e depois de dois anos, tornou-se membro do projeto da sonda Galileo, onde identificou 71 vulcões ativos na superfície de Io, satélite de Júpiter. Em 2002 passou a integrar a equipe do Radar Cassini, no qual atuou até 2019. Integrou também a missão New Horizons, como colaboradora nas observações do sobrevoo de Júpiter. Atualmente ela é vice-diretora e cientista-chefe da Diretoria de Ciências Planetárias do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Seus trabalhos incluem 156 publicações revisadas por pares e dez livros. 

Foi homenageada com diversos prêmios e títulos, dentre os quais o Prêmio de Serviço Público Excepcional da NASA (2019) e Medalha de Serviço Excepcional (2007); Prêmio Embaixadora da American Geophysical Union (AGU) e membro honorário (2018); Membro da Geological Society of America (2015); Membro da American Association for the Advancement of Science (2006). O asteroide (22454) foi batizado como Rosalylopes.

INSCREVA-SE para participar presencialmente 


O evento será transmitido pelo YouTube da ABC

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