Leia artigo de Drauzio Varella par a Folha de SP, em 7/2, na qual destaca o papel de dois Acadêmicos na produção da vacina da dengue:

No início dos anos 1980, a dengue era uma doença negligenciada: não havia grandes epidemias nem interesse em estudá-la. O panorama foi esse até a comunidade científica se convencer de que o aquecimento do planeta era uma ameaça real e que a proliferação de mosquitos associada a ele poderia causar epidemias pelo mundo.

Essa possibilidade motivou vários virologistas a procurar uma vacina contra a dengue, virose causada por quatro sorotipos próximos, mas distintos do ponto de vista imunológico: os sorotipos 1, 2 3 e 4. As implicações clínicas dessa diversidade são relevantes: a infecção por um deles não confere imunidade cruzada contra os demais. Assim, podemos ter a doença até quatro vezes.

A disparidade entre os vírus criou um desafio: se os quatro sorotipos provocam respostas imunológicas diferentes, como obter proteção contra todos com uma única vacina?

Um dos cientistas que se interessaram por esses problemas foi Steven Whitehead, virologista dos National Institutes of Health (NIH), que criou culturas dos quatro vírus mantidas a menos 70º Celsius, à procura de cepas mutantes atenuadas que levassem a um imunizante eficaz contra cada um deles, para numa segunda etapa juntar os quatro numa vacina única, tetravalente.

Àquela altura, entra em cena um dos maiores nomes da ciência brasileira: o saudoso professor [e Acadêmico] Isaias Raw, que trazia em seu currículo a demissão da Universidade de São Paulo durante a ditadura, por atividades supostamente subversivas que, nós, seus alunos jamais testemunhamos.

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Quando o imunologista [e Acadêmico Jorge Kalil assumiu a diretoria do Butantan, a vacina recebeu o impulso que faltava: o investimento para iniciar um estudo fase 2, com 300 voluntários saudáveis, com a finalidade de avaliar a resposta imunológica contra os quatro sorotipos.

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 A vacina do Butantan está para ser submetida ao crivo da agência; se tudo correr conforme esperado, estará disponível no próximo ano.

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O desenvolvimento dessa vacina é prova da competência tecnológica do Instituto Butantan, demonstra que temos pesquisadores de alto nível e que a ciência brasileira responde aos anseios da sociedade sempre que dispõe dos recursos necessários.

Leia o artigo na íntegra na Folha de SP