O ano de 2024 marca o centenário de nascimento da cientista Johanna Döbereiner, e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) está organizando uma série de ações para comemorar o marco. A abertura dessas ações será no dia 20 de fevereiro, a partir das 10 horas, na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ), com a realização de duas mesas-redondas sobre a pesquisadora.

A cerimônia contará com a presença da presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, que estará na mesa de abertura ao lado da presidente da ABC, Helena Nader, do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine, e de representante da Secretaria de Política e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes.

Além de ressaltar a importância de Johanna para o cenário científico nacional e para a agricultura brasileira, o evento abrirá as portas aos presentes para aquele que foi o principal local de trabalho da pesquisadora. Os visitantes poderão conferir o acervo da chamada “Sala JD”, com algumas das lembranças deixadas pela cientista, que foi a primeira chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, e ainda terão a oportunidade de prestigiar o recebimento, na Unidade, de um busto de bronze feito em homenagem à Johanna, cedido pela Prefeitura Municipal de Seropédica.


As mesas-redondas serão transmitidas on-line pelo YouTube, aqui.


As ações do centenário estão sendo idealizadas por um comitê organizador formado por representantes da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).


Confira abaixo a programação do evento de abertura:

10h00| Recepção dos convidados

10h30 |  Mesa-redonda
Abertura do ano do centenário de nascimento de Johanna Dobereiner – a revolução biológica na agricultura
• Silvia Massruhá, Embrapa
Helena Nader, ABC
Renato Janine, SBPC
• Osvaldo Moraes, MCTI

11h30 | Mesa-redonda
Johanna, a mulher cientista e seu legado para a formação de cientistas, empresários e seu compromisso com a comunicação para a sociedade
Avilio Franco
• Ivo Baldani
Mariangela Hungria
• Everaldo Zonta
• Sergio Brandão
• Representante da ANPII (nome a confirmar)

12h30 | Inauguração de escultura em homenagem à Johanna Döbereiner e encerramento


Quem foi Johanna Döbereiner?

Johanna nasceu em 1924 na cidade de Aussig, Republica Tcheca, uma região de influência alemã. No Pós-guerra, ainda jovem, precisou deixar a capital Praga às pressas, fugindo com os avós da perseguição à população de língua alemã, fato que implicou na morte de sua mãe, em um campo de concentração. Na Alemanha Ocidental, teve o contato com a terra e a agricultura, trabalhou em fazendas para sustentar a família e custear os estudos na Faculdade de Agronomia da Universidade de Munique, na qual ingressou em 1947. Ali ela conheceu o estudante de Medicina Veterinária, Jürgen Döbereiner, com quem se casou em 1950.

Seguindo os passos do pai, também cientista, Johanna e o marido vieram para o Brasil em 1948. Aqui, foi contratada pelo Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola, atual Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa. Fruto de uma educação isonômica, sem diferenciação de gênero, conduzida pela mãe, destacou-se em um universo predominantemente masculino. Com suas pesquisas, conquistou não apenas a comunidade científica brasileira como teve seu trabalho reconhecido mundialmente.

A principal linha de pesquisa de Johanna Döbereiner foi visando à fixação biológica do nitrogênio (FBN) e as bactérias capazes de realizar esse processo por meio da captação do nitrogênio presente no ar e sua transformação em um elemento assimilável pelas plantas. Seus estudos foram fundamentais para o avanço do programa brasileiro Pró-Álcool e também para colocar o Brasil como segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. Além de substituir adubos químicos nitrogenados, a FBN tem vantagens econômicas, sociais e ambientais para o produtor, para o consumidor e para o meio ambiente. Conforme dados da Embrapa, estima-se que a FBN tenha uma contribuição global para os diferentes ecossistemas da ordem de 258 milhões de toneladas de nitrogênio (N) por ano, sendo que a contribuição na agricultura é estimada em 60 milhões de toneladas.