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Sul Global – Norte Global: uma distância a reduzir

O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para a região Norte, Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e coordenador do Instituto nacional de Ciência e Tecnologia para Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (INCT-Adapta) foi um dos convidados para participar de um workshop na África do Sul  intitulado “How Global South Research Can Shape the Future of Comparative Physiology”

Organizado pela Companhia dos Biologistas, uma editora sem fins lucrativos dedicada a apoiar e inspirar a comunidade que se dedica à biologia, Val participou do encontro planejado pela brasileira Kênia Bícego, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e pela sul-africana Andrea Fuller, professora da Universidade de Witwatersrand, que teve lugar no Parque Kruger, em Skukuza.

Entre as várias ações que a Companhia dos Biologistas desenvolve está a publicação de cinco das mais importantes revistas científicas da área de biologia experimental e a organização de workshops sobre assuntos relevantes relacionados à biologia. A editora dedica atenção especial aos investigadores em início de carreira (ECRs, sigla em inglês), que são os futuros líderes em biologia, e a reunião em questão foi desenhada para aproximar editores e líderes globais com profissionais em início de carreira na área de fisiologia comparativa, uma disciplina da fisiologia que explora a compreensão do funcionamento de diferentes animais.

“As reuniões de trabalho aconteciam regularmente no Reino Unido, mas, a partir de 2024, ao menos uma das reuniões anuais passa a acontecer num país do sul global — e esta da África do Sul foi a primeira delas”, explicou Val.

Um momento singular da reunião foi a possibilidade de interação de ECRs com os editores de dois dos principais periódicos científicos da área: professor Craig Franklin (Universidade de Queensland, Australia), editor do Journal of Experimental Biology, e o professor Michael Hedrick (Universidade Estadual da Califórnia, EUA), editor do Comparative Biochemistry and Physiology, Parte A – Fisiologia Molecular e Integrativa. Os referidos editores mostraram detalhes das atividades rotineiras dos dois periódicos e estimularam os ECRs dos Sul Global a enviar seus manuscritos, além de darem orientações importantes para os ECRs. Enquanto o Prof. Craig destacou a necessidade da diversificação de formas de apoio à fisiologia comparativa, o Prof. Hedrick chamou a atenção para as tendências atuais da fisiologia comparativa e suas aplicações, como no caso da aquicultura.

A participação do Acadêmico Adalberto Val envolveu a discussão sobre como “Gerir um laboratório de sucesso no Sul Global: Percepções desde a Amazônia!”. Na discussão, Val deixou mensagens centrais para os ECRS do Sul Global que podem contribuir para tornar seus grupos de pesquisas e seus laboratórios competitivos com aqueles do Norte Global. Para isso, destacou que é importante valorizar o ambiente externo em que estão seus laboratórios e não só seus espaços internos, onde estão os equipamentos.

“Olhem lá para fora! Há um laboratório natural único, cheio de projetos experimentais prontos a responder à sua pergunta, como a biodiversidade, os diferentes ambientes e tipos de água, por exemplo”. Também destacou que ninguém deve mais trabalhar sozinho, pois a ciência hoje é cada vez mais produto de esforços colaborativos. Por fim, ao lembrar que “o financiamento pode ser um desafio significativo a ultrapassar, particularmente no Sul Global”, recomendou que ECRs devem “acreditar em si próprios, lembrar que a ciência é uma atividade social com fins sociais, valorizar as próprias perguntas, olhar para o seu espaço, para o seu ambiente, para a sua comunidade e conversar, cara-a-cara, com as pessoas”.

Enfim, a redução do fosso que separa o Sul do Norte Global envolve cooperação, colaboração e, principalmente, habilidade para caminhar junto, fazendo das diferenças culturais, biológicas e ambientais ferramentas para o avanço da fisiologia comparativa.

Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação sobre Cidades

A Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação sobre Cidades, marcada para o dia 21 de março, na Sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), representa um marco importante para o diálogo entre a ciência e a gestão urbana no município do Rio de Janeiro. Este evento é fruto da colaboração entre a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do município, evidenciando um esforço conjunto para integrar conhecimentos científicos e tecnológicos na resolução de questões críticas urbanas.

Sob a coordenação das professoras Helena Bonciani Nader, pela ABC, e Tatiana Roque, pela Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia (SMCT-Rio), a conferência visa ser um espaço de troca e construção coletiva, onde especialistas, gestores públicos, acadêmicos e a sociedade civil poderão contribuir com suas perspectivas e experiências.

O principal objetivo deste encontro é fomentar um debate qualificado sobre o papel da ciência e da inovação tecnológica na superação de desafios contemporâneos e futuros enfrentados pelas cidades, especialmente diante das mudanças climáticas, que já impactam diversas regiões com intensidades variadas. A escolha deste tema reflete a urgência de se pensar soluções sustentáveis e adaptativas para problemas como o aumento das temperaturas, elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos, entre outros, que afetam diretamente a qualidade de vida nos centros urbanos. A conferência busca, portanto, ser um catalisador para a criação de políticas públicas inovadoras e eficientes, que possam levar o Rio de Janeiro a um futuro mais resiliente e sustentável.

Veja aqui a programação do evento, que será  híbrido, e inscreva-se para a participação presencial. Acesse a transmissão on-line no horário marcado, caso prefira. 

 


 

 


 

Adalberto Val participa de encontro com o primeiro-ministro do Vietnam

O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para a região Norte, Adalberto Luís Val, participou da quarta reunião nos últimos dez anos em que cientistas e interessados na questão mundial da qualidade ambiental se reúnem para compartilhar resultados de investigação e experiências de gestão ambientais. Ele é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (INCT-ADAPTA).

Participaram do evento cerca de 200 cientistas e gestores de 40 países. A Sociedade de Toxicologia Ambiental e Química da Ásia (SETAC–Asia, sigla em inglês) teve um papel importante na organização do evento, que contou também com professores da Universidade de Auburn, nos EUA. Durante quatro dias, em Quy Nhon, Vietnam, no Centro Internacional de Ciências e Educação Interdisciplinares (ICISE, sigla em inglês), foram discutidos estudos relacionados à poluição, restauração e gestão ambiental. Nesse processo, também foram reforçadas as colaborações para a investigação de questões mundiais candentes e para ampliação dos processos de educação. “O foco do encontro foi a colaboração entre países em desenvolvimento e também com países desenvolvidos”, observou Val.

Adalberto Val em encontro de cientistas e gestores de 40 países com primeiro-ministro do Vietnam

Entre as várias questões candentes ressaltadas como as que mais requerem hoje controle de impacto para a humanidade estavam os microplásticos, o mercúrio e as mudanças climáticas, entre outras. “Notem que essas três questões destacadas estão entre aquelas com as quais a Academia Brasileira de Ciências tem se preocupado e sobre as quais mantém comissões especiais para estudo”, apontou o vice-presidente regional da ABC. Entre os estudos de remediação apresentados, merece destaque aquele que vem empregando terra-preta para reduzir a biodisponibilidade de metais no meio ambiente e nos corpos d’água.

Em sua apresentação, Adalberto Val discorreusobre os peixes da Amazônia no Antropoceno, destacando o impacto da seca extrema que ocorreu na região em 2023. Mostrou também os primeiros resultados sobre a presença de plásticos nos músculos de peixes da região e discutiu com colegas do Vietnam os desafios da capacitação e fixação de pessoal no país asiático e na Amazônia. “Há características e desafios similares entre a região amazônica e o Vietnam, assim como a outros países da região”, explicou Val.

Ainda durante a reunião em Quy Nhon, Val aceitou participar do grupo mundial que será criado para ampliar os estudos sobre a presença ambiental de microplásticos e capacitar pessoal para lidar com esse desafio. Segundo ele, “é preciso não só avaliar a extensão do problema, mas buscar alternativas para remediação e gestão de ambientes impactados.”

Reuniões ministeriais

Posteriormente, um grupo de participantes foi convidado pelo primeiro-ministro do Vietnam, senhor Tran Hong Ha, para uma reunião no palácio presidencial, em Hanói. Ele mostrou muito interesse nas questões ambientais e cse mostrou conhecedor dos desafios que o Vietnam vem enfrentando no que se refere à busca de um ambiente equilibrado que possa proporcionar qualidade de vida melhor à população de seu país. 

Hong Ha ouviu o resumo da reunião feito pelo cientista vietnamita e professor da Universidade de Auburn, Tham Hoang, e destacou que a colaboração científica para as questões mundiais é de fundamental importância. Apelou a todos para colaborar com profissionais do Vietnam de modo a fazer avançar as alternativas para um ambiente mais seguro no mundo todo. Informou que seu país tem se alinhado aos demais países do mundo no que se refere à busca de alternativas para produtos altamente poluentes, destacando os microplásticos.

Adalberto Val e o ministro H.E. Dang Quoc Khanh

Após a reunião com o primeiro-ministro o referido grupo de participantes foi chamado para uma reunião com o ministro dos recursos naturais e do meio ambiente, senhor H.E. Dang Quoc Khanh. A reunião com os participantes se deu no ministério com a presença de assessores e foi dada a oportunidade para todos os participantes se manifestarem.

Val falou sobre a Amazônia, a COP-30, que será em Belém e, na qualidade de vice-presidente da ABC para a região Norte, deixou um convite para que ele viesse conhecer os trabalhos que desenvolvemos na região. “Mostrei nossa disponibilidade para colaborar na produção de informações sobre os desafios ambientais aos quais nossas populações estão expostas. O convite foi muito bem aceito e ele prometeu que virá ao Brasil e visitará a Amazônia”, relatou o biólogo. Após a reunião, o grupo foi convidado para um jantar ao estilo vietnamita.

Enfim, uma viagem de lições.


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Brasil volta ao jogo em encontro de C&T do G20

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Leia matéria de Mauricio Thuswohl para Carta Capital, publicada em 14/3:

Após um primeiro ano de governo marcado pelos esforços de retomada das políticas públicas em ciência e pela revitalização dos principais mecanismos de financiamento para o setor, a comunidade científica brasileira quer aproveitar o exercício da presidência do G20 em 2024 para recuperar o terreno perdido em um cada vez mais acirrado mercado global.

Anfitriã da oitava edição do Science20 (S20), fórum que reúne as academias de ciência dos países integrantes do bloco, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) seguiu a estratégia de recolocar o Brasil em um papel de liderança no setor e pediu urgência no cumprimento dos compromissos firmados há nove anos no âmbito da Agenda 2030 da ONU, que prevê medidas para redução da desigualdade e da pobreza e proteção do meio ambiente, entre outras.

Concluída na terça-feira 12 no Rio de Janeiro, a Reunião de Iniciação do S20 – a reunião de cúpula acontecerá em julho – teve cinco eixos de discussão: Bioeconomia, Inteligência Artificial, Transição Energética, Justiça Social e Saúde. Os debates e atividades foram coordenados [pelo diretor da ABC Álvaro Prata, em consonância com a  presidente da ABC, Helena Nader]. Participaram do encontro academias de ciências de África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da Academia Europaea.

Marcos Cortesão, secretário-executivo da ABC para Programas Internacionais; Glaucius Oliva, vice-presidente da ABC para a região São Paulo; e Álvaro Prata, diretor da ABC incumbido pela presidente de conduzir a reunião do S20 | Foto: Marcos André Pinto/ABC

Leia mais no site da Carta Capital, com acesso aberto

 


Avanços em ciência e tecnologia passam pela taxação de grandes fortunas, diz ministra de CT&I

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Leia matéria de  Victoria Netto, publicada no Valor-Rio, em 11/3:

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, afirmou nesta segunda-feira (11) que a taxação de grandes fortunas também pode servir como um vetor de investimentos em ciência e tecnologia no plano nacional e global. A declaração ocorreu durante o Science G20 (S20), que ocorre nesta segunda (11) e na terça (12) no Rio.

O S20 é o núcleo de engajamento do G20 — grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia (UE) e União Africana — para a área de ciência e tecnologia, envolvendo as Academias de Ciências dos países membros.

Os debates ocorrem anualmente, coordenados pela Academia de Ciências do país que preside o G20. Neste ano, as discussões versarão em torno de cinco eixos: bioeconomia, desafios da saúde, inteligência artificial (IA), justiça social e processo de transição energética.

No evento, Santos disse que “não é possível avançar nos grandes investimentos em ciência e tecnologia” sem a agenda macroeconômica.
“Qualquer perspectiva de um salto no enfrentamento à desigualdade requer um grande investimento, e eu concordo com a pauta do ministro da Economia de que a agenda das grandes fortunas é necessária para o debate de distribuição de renda no mundo e não é diferente no Brasil”, afirmou.

No final de fevereiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs que os países de todo o mundo se unissem para taxar as grandes fortunas, em sua fala de abertura da 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20.

Neste ano, sob a presidência do Brasil, a agenda do G20 passa por três eixos principais: combate ao aquecimento global e promoção do desenvolvimento sustentável; inclusão social e combate à fome e à pobreza; e reforma das instituições globais.

Cooperação

De acordo com a ministra Luciana Santos, o acordo entre Mercosul e União Europeia segue como uma pauta prioritária na presidência do Brasil no G20 neste ano. Ela citou a cooperação internacional para a redução de desigualdades entre países de economias desenvolvidas, no hemisfério norte, e os países em desenvolvimento, no Sul Global. “Estamos determinados a fazer o acordo do Mercosul, que tem décadas e não sai do  papel. Nós tivemos uma boa conversa com o primeiro-ministro da Espanha [Pedro Sánchez], que esteve aqui na semana passada, e ele também está de acordo.

(…)

Leia a matéria na íntegra no site do Valor 

 


Science20 Brasil destaca a importância da ciência para a transformação mundial

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Leia matéria de Heitor Shimizu para Agência Fapesp, publicada em 12 de março:

Agência Fapesp – Representantes das academias de ciências de 19 países, da União Europeia e de organizações científicas do Brasil e do exterior se reuniram no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (11/03), no primeiro dia da Reunião de Iniciação do Science20 (S20).

A reunião, que foi organizada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), continua nesta terça-feira e marcou o início oficial do S20 Brasil 2024 e do processo que resultará na produção de documentos temáticos com recomendações e uma declaração final, a ser apresentada na Reunião de Cúpula (S20 Summit, em julho) e encaminhada aos chefes de estado e de governo do G20.

O G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional. Desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais. A Cúpula de Líderes do G20 será realizada nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, com presidência brasileira.

Entre as novidades deste ano está o G20 Social, espaço de participação e contribuição da sociedade civil nas discussões e formulações de políticas relacionadas à Cúpula. O G20 Social abarca as atividades de 13 grupos de engajamento, entre os quais está o S20, grupo de engajamento do G20 para a área de ciência e tecnologia, responsável por promover diálogo entre as comunidades científicas em temas críticos e produzir recomendações para os chefes de governo e de estado do G20.

“O Brasil propõe colocar no centro de sua presidência questões relacionadas às assimetrias globais de acesso e desenvolvimento de produção de ciência, tecnologia e inovação”, disse Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, na sessão de abertura da Reunião de Iniciação do S20.

Um dos pontos destacados pela ministra foi a bioeconomia. “Quando o cenário parece desafiador, abre-se uma janela de oportunidades para que as economias que já são de baixo carbono consigam embarcar em uma revolução verde e tecnológica que está em sua fase inicial. É importante destacar a necessidade de a comunidade internacional fazer regras comerciais mais favoráveis às indústrias verdes emergentes em economias em desenvolvimento e reformar direitos de propriedades intelectuais que facilitem a transferência de tecnologias para esses países”, disse.

A ABC tem a responsabilidade de organizar a 8ª edição do S20. Análogo ao G20, o S20 possui um secretariado rotativo não permanente e opera como um fórum, sendo suas cúpulas realizadas anualmente, geralmente antes da respectiva cúpula do G20. As edições passadas do S20 foram realizadas na Alemanha (2017), Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023). O mote da presidência brasileira para o G20 é “Construir um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. A ABC, por sua vez, definiu “Ciência para a Transformação Mundial” como lema para a edição de 2024 do S20.

Segundo a ABC, como vários temas poderiam ser discutidos sob esta ampla perspectiva, decidiu-se implementar cinco forças-tarefa distintas: Bioeconomia (Impulsionando o mundo em direção a um planeta sustentável), Desafios de Saúde (Qualidade, equidade e acesso), Inteligência Artificial (Ética, impacto social, regulação e partilha de conhecimento), Justiça Social (Promover a inclusão, acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades) e Processo de Transição Energética (Energias renováveis, considerações sociais e econômicas).

“Ao assumir a missão de sediar o G20, o Brasil reforça seu papel de influenciador e mediador na busca por resolver questões globais. O país ressurge como liderança em debates que colocam a ciência como protagonista na busca de soluções para temas urgentes”, disse Helena Bonciani Nader, presidente da ABC, sherpa (líder local) do Science20 Brasil 2024 e integrante do Conselho Superior da FAPESP.

Na Reunião de Iniciação do S20, os representantes das academias nacionais de ciências discutiram o documento preparado pela ABC como base para orientar a produção do documento com recomendações para ciência, tecnologia e inovação que o S20 vai preparar para a reunião do G20 em novembro.

“O tema escolhido para esta reunião, ‘Ciência para a Transformação Mundial’, é particularmente relevante para nós na África do Sul e na parte sul da África, e a chave para isso é a colaboração e a cooperação entre parceiros. Devemos trabalhar juntos para desenvolver e alcançar alguns desses objetivos. Quando olhamos para a saúde, por exemplo, não se trata apenas de equidade e acesso, mas também de oferecer uma saúde de qualidade, com uma abordagem holística e de inclusão. Em termos de inclusão social e sustentabilidade, as prioridades para acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades são absolutamente críticas, tal como a inclusão das comunidades indígenas ou o empreendedorismo, que permitirá o crescimento econômico”, disse Stephanie Burton, presidente interina da Academia de Ciências da África do Sul.

“Podemos reduzir a desigualdade por meio da tecnologia. Precisamos buscar tecnologias que melhorem e que encorajem a diversidade, e isso é uma tarefa enorme. Temos que desenvolver ferramentas tecnológicas transformadoras que promovam a equidade e a inclusão da diversidade. Um bom exemplo está no desenvolvimento de uma boa tradução automática e em tempo real, de modo que não precisemos falar todos a mesma língua, mas que possamos entender uns aos outros falando em nossa própria língua”, disse Ashutosh Sharma, representante da Academia Nacional de Ciências da Índia.

Além de apresentações das academias e de organizações científicas de países do Grupo dos Vinte (G20), o evento tem conferências e terá a apresentação de uma nova iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) focada no aprendizado em ciências para a educação, a Unesco Global Alliance of Science Learning for Education.

Mais informações: https://s20brasil.org/sobre/.


Acesse a matéria original no site da Agência Fapesp


Países de renda menor do G20 ultrapassam produção acadêmica dos ricos e China agora lidera ranking

Leia matéria de Emanuelle Bordallo para O Globo, publicada em 12/3:

Os países de renda média e baixa do Grupo dos 20 (G20) ultrapassaram a produção acadêmica das nações mais ricas, segundo estudo [do Acadêmico] Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks e professor emérito da Unicamp, apresentado durante a 8ª edição do Science20 (S20), braço científico do G20 no Brasil. De acordo com a pesquisa, a China agora lidera o ranking, que até 2020 era comandado pelos Estados Unidos, hoje na segunda posição.

Logo atrás surge a Índia, que também superou o volume de produção do Reino Unido recentemente.

Segundo Cruz, 80% das publicações científicas no mundo têm co-autores de um dos países do G20, e os Estados Unidos são o principal colaborador de 17 dos 18 países do fórum. Para o professor, adescoberta mostra como a “colaboração científica agora é obrigatória”, o que deve inspirar as trocasno S20. Nos últimos dois dias, o evento reuniu representantes das academias de ciência dos paísesmembros, organizações científicas e autoridades no Rio de Janeiro.

De acordo com Cruz, o investimento do Brasil em ciência ainda é médio em comparação aosdemais países do G20: cerca de US$ 39 bilhões, somando aportes do governo, universidades, empresas e externos. No entanto, um dos desafios é transformar os estudos em soluções lucrativas.De acordo com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o Brasil é o 13º paíscom maior produção acadêmica, mas o 49º em inovação.

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Leia mais no site do Globo

Liderança brasileira de ciência e tecnologia no G20 quer convergência e reconhece diferenças no grupo

#s20brasil | s20brasil.org

Leia matéria de Victoria Netto para o Valor, publicada em 12 de março:

O modelo do Brasil na condução dos debates sobre tecnologia e inovação no G20 será pautado pelo diálogo e não pela imposição de ideias, afirmou a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, em entrevista ao Valor nesta segunda-feira (11).

A ABC é instituição responsável por coordenar o Science 20 (S20) neste ano, um dos núcleos de engajamento do G20 Social. Os trabalhos ocorrem na esteira da presidência do Brasil no grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana, que estreou na cúpula este ano.

“Não queremos impor ideais, já houve outros momentos em que isso aconteceu e os demais países não quiseram assinar. Cada país vai expor o que é prioridade em sua visão”, disse Nader. “Precisamos buscar diálogo com os diferentes países para ter convergência, porque quanto mais gente tiver as mesmas propostas, maiores as chances de sucesso. A ciência pode dar a resposta.”

As contribuições das academias de ciência dos países membros do G20 irão gerar um documento — o “communique” —, a ser finalizado em julho. Pela primeira vez, a carta será encaminhada para a análise das nações antes da Cúpula dos Líderes, prevista para novembro, no Rio. A pauta do S20 deste ano gira em torno de cinco temas: bioeconomia, desafios de saúde, Inteligência Artificial (IA), justiça social e transição energética.

“Sem ciência, não vamos ter desenvolvimento, redução da pobreza ou transição energética”, ressaltou Nader, referindo-se à conexão do trabalho do S20 com a agenda do Brasil no G20. O país tem como eixos de atuação o combate à fome e à desigualdade social, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global.

Grupo heterogêneo

Em busca da construção de propostas conjuntas, a ABC quis trazer para o centro do debate as diferenças dos países membros do G20 para um diálogo mais realista, com a intenção de propor potenciais políticas de Estado que tenham efetivo impacto global.

De acordo com o vice-presidente sênior de redes de investigação da Elsevier e professor emérito da Universidade de Campinas, Carlos Henrique de Brito Cruz, o G20 é heterogêneo econômica e demograficamente. Alguns países têm mais dificuldade de converter as produções científicas em resultados, como o Brasil.

“Enquanto algumas nações investem centenas de bilhões de dólares em pesquisa, como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Coreia do Sul, outros aportam unidades de milhões, como Indonésia, África do Sul e Argentina”, disse o professor.

O Brasil fica em uma faixa média: o investimento total em pesquisa e desenvolvimento corresponde a aproximadamente US$ 39 bilhões – somando-se os aportes de governo, empresas, universidades e investimentos externos, de acordo com Brito Cruz.

“Os países de ingressos baixos produzem mais trabalhos científicos do que os países mais ricos, mas um dos maiores desafios em países como Brasil é obter retornos econômicos das pesquisas. No Norte Global, o setor privado contribui mais com pesquisa e desenvolvimento do que no Sul Global”, disse.

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Leia a matéria na íntegra no site do Valor


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