O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para a região Norte, Adalberto Luís Val, participou da quarta reunião nos últimos dez anos em que cientistas e interessados na questão mundial da qualidade ambiental se reúnem para compartilhar resultados de investigação e experiências de gestão ambientais. Ele é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (INCT-ADAPTA).

Participaram do evento cerca de 200 cientistas e gestores de 40 países. A Sociedade de Toxicologia Ambiental e Química da Ásia (SETAC–Asia, sigla em inglês) teve um papel importante na organização do evento, que contou também com professores da Universidade de Auburn, nos EUA. Durante quatro dias, em Quy Nhon, Vietnam, no Centro Internacional de Ciências e Educação Interdisciplinares (ICISE, sigla em inglês), foram discutidos estudos relacionados à poluição, restauração e gestão ambiental. Nesse processo, também foram reforçadas as colaborações para a investigação de questões mundiais candentes e para ampliação dos processos de educação. “O foco do encontro foi a colaboração entre países em desenvolvimento e também com países desenvolvidos”, observou Val.

Adalberto Val em encontro de cientistas e gestores de 40 países com primeiro-ministro do Vietnam

Entre as várias questões candentes ressaltadas como as que mais requerem hoje controle de impacto para a humanidade estavam os microplásticos, o mercúrio e as mudanças climáticas, entre outras. “Notem que essas três questões destacadas estão entre aquelas com as quais a Academia Brasileira de Ciências tem se preocupado e sobre as quais mantém comissões especiais para estudo”, apontou o vice-presidente regional da ABC. Entre os estudos de remediação apresentados, merece destaque aquele que vem empregando terra-preta para reduzir a biodisponibilidade de metais no meio ambiente e nos corpos d’água.

Em sua apresentação, Adalberto Val discorreusobre os peixes da Amazônia no Antropoceno, destacando o impacto da seca extrema que ocorreu na região em 2023. Mostrou também os primeiros resultados sobre a presença de plásticos nos músculos de peixes da região e discutiu com colegas do Vietnam os desafios da capacitação e fixação de pessoal no país asiático e na Amazônia. “Há características e desafios similares entre a região amazônica e o Vietnam, assim como a outros países da região”, explicou Val.

Ainda durante a reunião em Quy Nhon, Val aceitou participar do grupo mundial que será criado para ampliar os estudos sobre a presença ambiental de microplásticos e capacitar pessoal para lidar com esse desafio. Segundo ele, “é preciso não só avaliar a extensão do problema, mas buscar alternativas para remediação e gestão de ambientes impactados.”

Reuniões ministeriais

Posteriormente, um grupo de participantes foi convidado pelo primeiro-ministro do Vietnam, senhor Tran Hong Ha, para uma reunião no palácio presidencial, em Hanói. Ele mostrou muito interesse nas questões ambientais e cse mostrou conhecedor dos desafios que o Vietnam vem enfrentando no que se refere à busca de um ambiente equilibrado que possa proporcionar qualidade de vida melhor à população de seu país. 

Hong Ha ouviu o resumo da reunião feito pelo cientista vietnamita e professor da Universidade de Auburn, Tham Hoang, e destacou que a colaboração científica para as questões mundiais é de fundamental importância. Apelou a todos para colaborar com profissionais do Vietnam de modo a fazer avançar as alternativas para um ambiente mais seguro no mundo todo. Informou que seu país tem se alinhado aos demais países do mundo no que se refere à busca de alternativas para produtos altamente poluentes, destacando os microplásticos.

Adalberto Val e o ministro H.E. Dang Quoc Khanh

Após a reunião com o primeiro-ministro o referido grupo de participantes foi chamado para uma reunião com o ministro dos recursos naturais e do meio ambiente, senhor H.E. Dang Quoc Khanh. A reunião com os participantes se deu no ministério com a presença de assessores e foi dada a oportunidade para todos os participantes se manifestarem.

Val falou sobre a Amazônia, a COP-30, que será em Belém e, na qualidade de vice-presidente da ABC para a região Norte, deixou um convite para que ele viesse conhecer os trabalhos que desenvolvemos na região. “Mostrei nossa disponibilidade para colaborar na produção de informações sobre os desafios ambientais aos quais nossas populações estão expostas. O convite foi muito bem aceito e ele prometeu que virá ao Brasil e visitará a Amazônia”, relatou o biólogo. Após a reunião, o grupo foi convidado para um jantar ao estilo vietnamita.

Enfim, uma viagem de lições.


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