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Computador quântico ainda está muito distante, diz ganhador do Nobel

0Leia matéria de Salvador Nogueira para a Folha de SP, publicada em 15 de abril, 


Serge Haroche, 79

Doutorado em física pela Universidade de Paris VI, Haroche foi laureado com o Prêmio Nobel em Física de 2012, por seu trabalho com a medição e manipulação de sistemas quânticos individuais. Professor do Collège de France desde 2001, foi seu diretor entre 2012 e 2015. [É membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e está no  Brasil para participar dos Diálogos Nobel Brasil 2024 , organizados pela ABC em parceria com a Nobel Outreach Foundation, no Rio (15/4) e em SP (17/4).]


Sua pesquisa abriu caminho para transformar a mecânica quântica em uma teoria contraintuitiva que explica o mundo do muito pequeno em potenciais aplicações práticas do dia a dia. Mas Serge Haroche alerta: ainda há mais hype do que realidade no desenvolvimento de um computador quântico de uso geral, algo que vem sendo propagado por gigantes da tecnologia.

Vencedor do Prêmio Nobel em Física de 2012, o pesquisador francês (nascido no Marrocos na época em que era uma colônia francesa), hoje com 79 anos, vem ao Brasil numa parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize Outreach, para conversar com estudantes no Rio de Janeiro —na UERJ, nesta segunda (15), e em São Paulo —na USP, na quarta-feira (17).

A proposta de um computador quântico tem um quê de revolucionário e pode, caso seja concretizada, realizar cálculos impossíveis por máquinas tradicionais. Enquanto hoje todos os computadores são baseados em bits, que só podem codificar 0 ou 1, futuras máquinas quânticas poderiam usar as peculiares propriedades das partículas elementares para processar informação. Pelas leis da mecânica quântica, elas podem codificar vários estados ao mesmo tempo (os chamados qubits, ou quantum bits), em tese viabilizando aplicações inviáveis por outros meios.

“É o aparelho que faz todas as pessoas sonharem, parece ser um tipo de Santo Graal para o público. Mas acho que ainda estamos muito longe”, diz o pesquisador. “É bom que grandes empresas, que têm muito dinheiro para gastar, como Google e Microsoft, façam isso, mas sem supervalorizar muito o que estão fazendo – o que acho que é um pouco o caso. No momento é mais um jogo de relações públicas do que de ciência real, na minha opinião.”

Quando realizou seus primeiros trabalhos demonstrando a viabilidade de aprisionar fótons (partículas de luz) individuais e medir sua interação com átomos, nos anos 1970, ele estava apenas tentando confirmar estranhas predições da mecânica quântica. “Nós nem sabíamos que havia a possibilidade de fazer ciência da informação quântica. Na verdade, aprendemos sobre isso uns dez anos depois de começarmos”, conta.

Quando realizou seus primeiros trabalhos demonstrando a viabilidade de aprisionar fótons (partículas de luz) individuais e medir sua interação com átomos, nos anos 1970, ele estava apenas tentando confirmar estranhas predições da mecânica quântica. “Nós nem sabíamos que havia a possibilidade de fazer ciência da informação quântica. Na verdade, aprendemos sobre isso uns dez anos depois de começarmos”, conta.

Hoje, diversas tecnologias, desde instrumentos para medição de alta precisão até os computadores quânticos, passando por relógios mais precisos que os atuais atômicos, estão em franco desenvolvimento –e algumas já se aproximam da maturidade.

Antes de vir ao Brasil, Haroche conversou por videoconferência com a Folha e contou o que mais o empolga, no mundo quântico e em outras áreas da ciência. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

(…)

Falamos um pouco sobre hype e gostaria de ir um pouco mais longe, porque não sei se isso acontece na Europa, mas aqui no Brasil é muito comum ver pessoas usando o mundo quântico como algo para promover coisas como medicina quântica, educação quântica, psicologia quântica… Isso o preocupa?

É ridículo. Eu estou preocupado com todas as coisas que são ataques à ciência. Um tipo de ataque à ciência é, claro, teorias de conspiração, notícias falsas, esse é um aspecto. E o outro aspecto é esse tipo de coisa que você menciona, charlatanismo. Porque há algo “misterioso” sobre a física quântica, há algumas pessoas que acreditam que a física quântica explica tudo, como transmitir pensamentos entre pessoas, curar câncer, todo tipo de coisa que é ridícula e que não tem nada a ver com isso.

(…)

Para encerrar, gostaria de perguntar o que, em tudo que se fala sobre ciência, o empolga mais neste momento?

É difícil dizer. Eu acho que há algo que está me intrigando, e algo que está me empolgando. Eu fico intrigado, é claro, como todos os cientistas, com esse problema sobre o que é energia escura, o que causa a aceleração da expansão do Universo. O que sabemos, realmente, em cosmologia, que ainda é uma grande caixa-preta, por enquanto. Há muitas observações, há teorias que, mais ou menos, explicam as observações, mas ainda não temos um tipo de modelo, um tipo de modelo padrão para a cosmologia que responda por tudo isso. Esse não é meu campo, mas gostaria de saber mais sobre isso.

Outro campo que me fascina é a busca pela vida em exoplanetas. Nós encontramos muitos, milhares de exoplanetas, alguns deles estão na faixa de distância da estrela que faz com que alguma forma de vida seja possível. E eu acho que vamos aprender muito sobre esse desenvolvimento da vida. Não estou falando de vida inteligente, mas de diferentes formas de vida. E eu acho que isso é fascinante, e acho que é uma pergunta muito profunda, a questão do nosso lugar no Universo.

Outra fronteira é entender melhor o cérebro humano, mas isso é completamente diferente, e nesse domínio a física é apenas um instrumento. O desenvolvimento de máquinas de ressonância magnética é um problema físico, mas é apenas um instrumento para entender coisas. Há muitos problemas interessantes e muitas razões por que é interessante ficar vivo o máximo tempo possível, para ver se há novos desenvolvimentos, novas coisas importantes acontecendo.

Leia a entrevista na íntegra  na Folha de SP

 

Diálogo Nobel Brasil 2024: COMEÇOU!

A Academia Brasileira Ciências vai receber três ganhadores do prêmio Nobel em abril, no Rio e em São Paulo. São eles Serge Haroche (2012, Nobel de Física), May-Britt Moser (2014, Nobel de Medicina) e David MacMillan (2021, Nobel de Química).

Este será o primeiro encontro presencial entre nobelistas e estudantes brasileiros convidados, assim como com formuladores de políticas públicas e empresários. O Diálogo Nobel Brasil 2024 será o terceiro evento da parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize Outreach. Saiba mais sobre os eventos anteriores aqui

O tema de 2024 é “Criando Nosso Futuro Juntos Com a Ciência”.



RIO DE JANEIRO | 15 DE ABRIL, 2ª FEIRA, 10h00-16h00
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Teatro Odylo Costa, filho| R. São Francisco Xavier, 524 – Maracanã, Rio de Janeiro – RJ

Como a ciência beneficia a sociedade e como a sociedade pode conseguir o melhor da ciência e dos cientistas? O Diálogo Nobel no Rio de Janeiro busca respostas para essas perguntas.

Pela manhã, serão discutidos o valor da ciência, como tornar a prática da pesquisa mais inclusiva e como se comunicar de forma mais eficaz com audiências diversificadas. Os debates interativos abordarão as responsabilidades dos cientistas, o papel das universidades e estratégias para a transição para um mundo mais sustentável.

À tarde, as discussões se concentrarão em como trabalhar melhor coletivamente, tanto dentro das instituições de pesquisa quanto entre diferentes disciplinas e setores, e os caminhos a serem seguidos pela ciência e pelos cientistas, analisando se existem estratégias mais apropriadas para direcionar nossos esforços e recursos para se obter o máximo da ciência e se criar o futuro que desejamos.

VEJA A PROGRAMAÇÃO

Assista ao evento do Rio de Janeiro:

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 4ª FEIRA, 10h00-12h00
Universidade de São Paulo (USP)
Auditório do Centro de Difusão Internacional, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Butantã, São Paulo – SP

Em uma série de conversas e debates moderados, os laureados com o Prêmio Nobel discutirão o que aprenderam com uma vida dedicada à ciência. Com a ajuda da audiência, eles abordarão o que é necessário para manter a curiosidade científica e enfrentar grandes questões, como superar os muitos contratempos enfrentados na pesquisa e como comunicar descobertas aos colegas, formuladores de políticas e ao público em geral.

VEJA A PROGRAMAÇÃO

Acesse a transmissão do evento em SP:

 

SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 14h30- 16h30
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)

Apenas para convidados, envolvendo lideranças empresariais e governamentais, tomadores de decisão, setor acadêmico, agências de apoio à pesquisa e imprensa.


Quem são os nobelistas?

Serge Haroche, May-Britt Moser e David MacMillan
  • Serge Haroche é um físico francês, nascido em Casablanca, no Marrocos. Desde 2001 é professor de Física Quântica do Collège de France. Em 2012 foi laureado, juntamente com David Wineland, com o Prêmio Nobel da Física, “por métodos experimentais inovadores que permitem a medição e a manipulação de sistemas quânticos individuais”. Haroche é membro das Academias de Ciências da França e da Europa. É também membro estrangeiro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, da Academia Americana de Artes e Ciências e das Academias de Ciências do Brasil, Colômbia, Rússia e Marrocos. É Doutor Honoris Causa do Weizmann Institute e das Universidades de Montreal, Patras, Strathclyde e Bar Ilan.
  • May-Britt Moser é psicóloga e neurocientista norueguesa, chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Foi agraciada com o Prêmio Nobel de Medicina em 2014, dividido com o norueguês Edvard Moser, e o britânico-americano John O’Keefe. Sua pesquisa busca compreender a base neuronal das funções cognitivas superiores e é focada em navegação espacial e memória, porque essas são funções cognitivas fundamentais que compartilhamos com todos os animais. Os artigos de Moser têm atraído interesse especial porque a representação espacial é uma das primeiras funções a serem caracterizadas em um nível mecanicista em redes neuronais, e habilidades de navegação comprometidas são um dos principais sintomas da doença de Alzheimer.
  • David MacMillan é um químico britânico, professor da Universidade de Princeton desde 2006. Em 2021 foi laureado com o Nobel de Química juntamente com Benjamin List “pelo desenvolvimento da organocatálise assimétrica”. Catalisadores são substâncias que aceleram reações químicas sem se tornarem parte do produto final, importantes para a habilidade dos químicos em construir moléculas. Em 2000, os dois pesquisadores desenvolveram um novo tipo de catálise que se baseia em pequenas moléculas orgânicas e tem tornado a química mais amigável ao meio ambiente. É utilizada, por exemplo, em pesquisa farmacêutica.

 

Conferência Livre do GT de Educação Superior: Segunda Sessão

A segunda sessão do evento promovido pelo GT de Educação Superior da ABC com o tema “Modernização da estrutura de ensino superior brasileira para o desenvolvimento socioeconômico sustentável” contou com apresentações de Luiz Augusto Campos e dos Acadêmicos Débora Foguel e Marcelo Knobel. O Acadêmico Ado Jório de Vasconcelos foi o moderador.

O foco da mesa era o combate à evasão, melhorias do processo de seleção dos ingressantes e o estímulo à sua permanência na instituição, pela adoção de um modelo flexível que permita ao estudante definir seu itinerário acadêmico.

Diploma de nível superior no Brasil hoje tem vários significados

O doutor em Sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Luiz Augusto de Souza Carneiro de Campos, onde atua como professor adjunto de Sociologia e Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ), atua em pesquisas sobre desigualdades raciais e democracia, e cienciometria. Ele é editor-chefe da revista DADOS e colunista do jornal Nexo. Coordena o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e o Observatório das Ciências Sociais (OCS). Na ocasião, falou sobre as mudanças recentes e os desafios futuros para o ensino superior público no Brasil.

“Havia um sistema de transição específico. No ensino básico, as escolas públicas têm menor qualidade e o ensino privado, pago, tem qualidade superior.  Já no nível superior, a relação era inversa. Então o sistema era invertido, havia uma reprodução das desigualdades”, ressaltou Campos.

O processo de massificação e diversificação, com as ações afirmativas, mudou o sistema como um todo. “Essas mudanças serviram para mitigar as desigualdades. Houve uma diversificação étnico-racial e socioeconômica, sendo esta última a maior diferenciação interna.

Luiz Augusto Campos mostrou que, em 2001, a classe A ocupava 55% das vagas no ensino superior público e hoje ocupa 28%. A soma das classes C, D e E reponde por 50% das matrículas. “A universidade não estava preparada para isso e passou a procurar ‘dar seu jeito’.  Alguns cursos conseguiram resolver bem o desafio; outros, nem tanto. “Nos cursos de engenharia e medicina houve inclusão, mas muito menor do que nas outras áreas”, destacou.

Tratando do problema da evasão, Campos apontou que ela não se distribui de forma equânime em relação a gênero, raça e socioeconômica. “Não há diferença entre cotistas e não cotistas, mas ocorre com muito mais frequência com as mulheres e os homens negros”, relatou.

A evasão, de acordo com o sociólogo, tem questões internas. Campos ressaltou que o SISU demora muito a oferecer opções para os alunos. “O indivíduo queria medicina, não passou, mas deu pra entrar em enfermagem. Aí ele não gosta e consegue uma vaga em outra universidade ou na mesma; abandona a enfermagem e ocupa essa outra vaga. Então ele é computado como evadido, sendo que às vezes foi apenas transferido”, explicou. Outro problema são as milhares de opções que, quando apresentadas, provocam muitos erros de escolha por parte dos alunos, já que nosso ensino médio não prepara para a escolha de carreira.

Mas Campos vai além do diagnóstico, aponta soluções. Ele propôs a adoção de ciclos básicos, num sistema baseado em seleção por grandes áreas e especializações posteriores. Essa organização em grandes áreas implicaria na redução do número de opções no SISU e viria acompanhada das diplomações do ciclo completado, o que facilitaria a entrada no mercado de trabalho e reduziria o abandono.

“Além dos diplomas intermediários, que existem na maioria dos países, o novo sistema abriria múltiplas entradas no ensino superior e possibilitara também um maior trânsito entre áreas. A pessoa poderia receber um diploma com dois anos de curso, outro depois de mais dois anos numa área macro e mais um, depois de um ano se especializando numa área micro”, avaliou Luiz Campos.

O sociólogo abordou ainda o problema crônico da permanência dos alunos nos cursos. “É preciso que haja uma política de permanência unificada, que venha a fundir as políticas nacionais existentes e unificar os programas locais. E precisam ser simplificadas, com redução das complexidades burocráticas”.​

Fatores que podem levar à mobilidade ou evasão são extremamente diversificados

A Acadêmica Débora Foguel, doutora em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é professora titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis da UFRJ. Segundo seus estudos e sua experiência, a evasão é maior é nos dois primeiros anos, período que Foguel chama de “Vale da Morte”. “Nas licenciaturas, a evasão é muito grande. Na licenciatura em física, 70% evadem”, apontou.

Ela falou sobre as dificuldades de se obter informações sobre evasão. “Não temos dados, não sabemos quando é evasão ou quando é mobilidade. Os levantamentos não possibilitam identificar as razões ou os fatores que ocasionaram a evasão, que podem estar relacionadas aos próprios estudantes, ao curso e à instituição ou a aspectos socioculturais e econômicos externos”, relatou.​ De fato, conhecer as causas da evasão permitiria que a instituição e os governos desenhassem estratégias e políticas adequadas para mitiga-la.​ “Nada é monitorado, é preciso termos dados robustos”, apontou. 

Procurando então identificar os fatores que podem levar à mobilidade ou evasão, Foguel compreendeu o quanto são diversificados. Podem ser relacionados a características individuais dos estudantes, como habilidades de estudo​, formação escolar anterior​ deficiente, incompatibilidade entre a vida acadêmica e as exigências do mundo do trabalho. “Muitas vezes há uma desmotivação dos alunos com cursos escolhidos em segunda ou terceira opção​. Já vi turmas inteiras em odontologia, por exemplo, onde nenhum tinha escolhido o curso como primeira opção”.

Há também fatores internos das instituições que levam o aluno a abandonar o curso, como currículos desatualizados, falta de formação pedagógica ou desinteresse dos docentes, o que pode levar a ​critérios impróprios de avaliação do desempenho discente​, uma cultura institucional de desvalorização da docência na graduação​. “O pequeno número de programas institucionais para o estudante, como iniciação científica, monitoria etc.​, também desestimula ou até impossibilita a permanência do estudante no curso, assim como a estrutura de apoio insuficiente, como laboratórios de ensino e equipamentos de informática, por exemplo”. E há os fatores externos, como necessidade de trabalhar e consequente falta de tempo para estudar, por exemplo. 

Pesquisando sobre o tema, Débora Foguel encontrou num relatório do grupo SoU_Ciencia (um centro de estudos formado por pesquisadores e em diálogo com a sociedade que visa contribuir para as políticas públicas e a valorização da ciência brasileira), uma tese de doutorado de um aluno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gustavo Bruno de Paula, intitulada “Desigualdades Sociais e Evasão no Ensino Superior: uma Análise em Diferentes Níveis do Setor Federal Brasileiro” ​e orientada pelo Prof. Cláudio Marques Martins Nogueira.

Eles analisaram uma amostra de 184.936 estudantes ingressantes em 2016 e estudaram cuidadosamente a evasão. “Conseguiram separar as duas categorias, evasão ou mobilidade, e a pesquisa mostrou que 93% dos evadidos estavam cursando outra coisa um ano depois”, apontou a Acadêmica. Ela levantou alguns tópicos que mereciam destaque:

  • A maior parte dos ingressantes era composta por estudantes negros e por aqueles que concluíram o ensino médio nas escolas públicas.
  • Estudantes brancos vindos da rede privada estavam nos bacharelados de maior prestígio, ao passo que os negros estavam mais nas licenciaturas.
  • Estudantes de licenciaturas e bacharelados de menor prestígio tinham mais probabilidade de evadir mais do curso.
  • Cursos noturnos tinham mais negros oriundos de escolas públicas.
  • Negros oriundos de escola pública receberam mais apoio social.
  • Não havia diferença quanto a participação de negros e brancos em atividades extracurriculares.
  • Estudantes que recebiam apoio social ou participavam de atividades extracurriculares tinham mais probabilidade de permanência.
  • Estudantes mais velhos evadiam mais do que os mais jovens.
  • Mulheres não evadiam mais que homens.
  • Cotistas não evadiam mais que não-cotistas.
  • Negros não evadiam mais que brancos
  • Estudantes dos cursos noturnos não evadiam mais que os dos cursos diurnos.

Enfim, Foguel alertou para a urgência de uma reforma do modelo de universidade e questionou alguns tópicos repetidos em discussões sobre o tema. Ela apontou que sim, é preciso que a universidade seja mais relevante. “Mas para quem?” É preciso que esteja mais conectada às necessidades do setor empresarial. “Sim. E por que não para as necessidades dos pequenos produtores, movimentos sociais, governos e outros setores da sociedade?” Precismos de uma universidade que dê menos aula e que deixe mais tempo livre para os estudantes. “Pode ser. Mas quando eu fecho a porta da minha sala de aula, ali é meu mundo com minhas alunas e alunos”.

Uma nova abordagem para o sucesso da educação superior brasileira 

O Acadêmico Marcelo Knobel, físico, reitor da Unicamp entre 2017 e 2021, apresentou um caso de sucesso: o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS) da Unicamp, que ele ajudou a criar e que provou que é possível se implementar soluções muito simples e alcançar excelentes resultados.

Quando foi reitor, Knobel tinha metas. Uma delas era desconstruir o vestibular, para oferecer um futuro a estudantes com menos oportunidades. Foram criadas, então, outras formas de ingresso na Unicamp: a entrada pelas Olimpíadas de Matemática, pelas cotas raciais, um vestibular indígena feito em São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, além do ProFIS. Hoje são seis modalidades diferentes pelas quais alguém pode se tornar aluno da Unicamp.

O Acadêmico contou que pensava que o ProFIS seria replicado pelo Brasil afora, que outros fariam algo parecido, mas isso não aconteceu. “Internacionalmente repercutiu muito, até hoje eu sou chamado pra falar do programa. Mas aqui ainda é novidade”.

Para contextualizar, ele apontou que 60% das escolas públicas de Campinas nunca tinham colocado um aluno na Unicamp.  “O vestibular da Unicamp tem 70 mil candidatos para 3.300 vagas. Sabendo da dificuldade pra entrar, os jovens de baixa renda ou de escolas mais fracas nem prestavam o vestibular”, destacou. A proposta então era tentar furar essa bolha.

A distribuição das 120 vagas é feita por meio de cotas geográficas para as 96 escolas de ensino médio de Campinas, oferecendo no mínimo uma vaga por escola. “Temos escolas de excelência e outras fracas.  A vaga é para o melhor estudante daquela escola, naquele ano. Ora, há estudantes excelentes em escolas ruins e vice-versa. Então, alunos não tão bons, que são os melhores de escolas fracas, entram”.

Depois de dois anos de discussões, foi estabelecido, em 2011, o ProFIS – um programa universitário interdisciplinar de educação geral, de dois anos, visando a inclusão social. Nesse período, os estudantes têm acesso a um currículo bastante diverso, visando o desenvolvimento das chamadas “soft skills”. As disciplinas envolvem análise crítica, comunicação oral e escrita, trabalho em equipe e solução de problemas, pesquisa quantitativa e qualitativa, inglês, literatura, matemática, estatística, humanidades, artes, ciências naturais, mudanças climáticas, ciências da saúde, enfim, oferecem uma ampliação da visão de mundo.

Depois desses dois anos iniciais, cada estudante, baseado no seu desempenho, pode escolher qualquer curso dentro da Unicamp, de acordo com as vagas oferecidas. Os cursos têm liberdade para oferecer vagas para egressos do ProFIS. “Usamos as vagas ociosas, não precisamos criar vagas novas”. No início, a medicina ofereceu duas vagas. Mas, segundo Knobel, deu tão certo que agora a medicina oferece dez vagas. “É um curso com 300 candidatos por vaga no vestibular. Dez delas são oferecidas para os alunos egressos do ProFIS.”

Com a implementação do programa, o perfil da Unicamp mudou. “O percentual de pretos e pardos aumentou muito. No ProFIS, 80% dos estudantes tem renda familiar per capita menor que um salário mínimo e meio”.

No caso de alunos em situação de renda familiar muito baixa, o ProFIS oferece bolsa especial de um salário mínimo e meio. Outros alunos têm bolsas de valor menor. “Mas todos recebem transporte, alimentação, suporte médico e psicológico, assistência social e têm muitos monitores para ajudar no estudo de línguas, por exemplo, e dar apoio em outras dificuldades que os alunos do ProFIS possam ter.”

Enfim, o programa conseguiu de fato efetivar a inclusão social. Hoje, existe uma fila de professores da Unicamp querendo ensinar no ProFIS, de acordo com Knobel. Ele afirmou que os estudantes são diferenciados e que depois que entram nos cursos tradicionais, performam no mesmo nível dos estudantes que entraram pelo vestibular.

“Temos que pensar fora da caixa para conseguir não mudar nada que já existe, mas criar coisas novas”, concluiu o Acadêmico.


Acesse as outras matérias  do evento!

Conferência Livre do GT de Educação Superior: Primeira Sessão

Conferência Livre do GT de Ensino Superior: 3ª e 4ª Sessões

Conferência Livre do GT de Educação Superior

Na manhã de 8 de abril, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promoveu o evento híbrido “Modernização da estrutura de ensino superior brasileira para o desenvolvimento socioeconômico sustentável”. A organização foi do Grupo de Trabalho sobre o Ensino Superior Brasileiro da ABC e o evento foi caracterizado como uma Conferência Livre Preparatória para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e inovação (5CNCTI).

A primeira mesa tratou de análises e propostas para o sistema de instituições de ensino superior públicas, com o objetivo de ampliar fortemente, de forma economicamente viável, a contribuição do setor público na formação de bacharéis e licenciados.

A mesa contou com o Acadêmico Ado Jório de Vasconcelos como moderador e os professores Alexandre Brasil (on-line, de Brasília), o Acadêmico Rodrigo Barbosa Capaz e Ronaldo Mota como palestrantes.

O desafio da educação sem deixar ninguém para trás

O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (SESU/MEC) Alexandre Brasil Carvalho da Fonseca, doutor em sociologia e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está há um mês na função.

Em sua análise, houve uma descontinuidade nas políticas de ensino superior, desde 2016. “O programa de extensão universitária, por exemplo, foi totalmente destruído. Em 2013 o orçamento era de três, quatro milhões. Aí vai subindo até 2015, quando esteve em 82 milhões. Em 2016, era de cinquenta e poucos milhões, e nos anos de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022 o orçamento para extensão foi de ZERO reais”, destacou Brasil.

No momento, ele está avaliando a dimensão do ingresso nas universidades federais, a permanência e, após a formatura, a empregabilidade destes ex-alunos. Na política adotada pelo ministério de não deixar ninguém para trás, esses são os três focos da SESU. “Estamos em discussão com os outros ministérios, do Desenvolvimento, da Indústria, para discutir isso”, ressaltou Alexandre Brasil.

Nas estatísticas apresentadas pelo secretário da SESU, metade dos jovens que terminam o ensino médio no país nem tenta entrar na universidade. “Há muitas vagas ociosas no sistema público de educação superior hoje em dia”, relatou o secretário. De fato, o número de ingressantes está aquém da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e corresponde à metade dos indices europeus.

Alexandre Brasil apontou que as políticas públicas de alcance nacional têm que incluir as universidades públicas, que estão distribuídas por todo o território brasileiro. “A prioridade não é ampliar as vagas e sim preencher as vagas. É preciso analisar que cursos devem ser oferecidos em cada local, ter uma visão estratégica. “

Sobre o sistema de cotas, ele observou que neste ano de 2024, 23 mil estudantes não ingressariam sem essa oportunidade. “Estes cotistas apresentam melhor resultado no sentido da permanência na universidade, mostrando que as políticas de assistência estudantil mais dedicadas colaboram para evitar a evasão.”

Apontar soluções e pensar fora da caixa

O Acadêmico Rodrigo Barbosa Capaz, membro do GT da ABC sobre Educação Superior, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É também presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), eleito para o período de 2023 a 2025, e diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

Capaz contextualizou sua fala explicando que quando foi convidado para participar do Grupo de Trabalho da ABC sobre Educação Superior, a tarefa que lhe foi dada desde o inicio foi apontar soluções e pensar fora da caixa.

Apresentando seu diagnóstico, Capaz mostrou que apenas 23% dos jovens brasileiras entre 21 e 34 anos estão cursando ou cursaram a educação superior, enquanto a média da OCDE é de 47%. E dentre esses 23%, apenas 22% estão em universidades públicas. 88% estão nas privadas. “Estas cresceram nos últimos anos a uma taxa de dois milhões de matrículas em dez anos, especialmente nos cursos de ensino a distância (EAD)”, alertou o palestrante.

Esse não é o melhor quadro, se queremos indicativos de qualidade na educação superior. De acordo com Capaz, “85% das universidades públicas federais têm IGC [Índice Geral de Cursos] 4 e 5​, enquanto apenas 21% das IES [instituições de ensino superior] privadas com fins lucrativos têm IGC 4 e 5​”, informou, reiterando que os dados eram de 2022.

E quais seriam possíveis estratégias pra mudar esse cenário? Como aumentar as matrículas no ensino superior público, de modo a garantir a formação de profissionais devidamente qualificados?

Para começar, Capaz concorda com Alexandre Brasil: é preciso preencher as vagas ociosas e, ao mesmo tempo, pensar em expansão. “E a expansão dificilmente virá através das universidades federais, que são as nossas ‘universidades de pesquisa’, que materializam o preceito constitucional da indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão”, destacou.

Outra estratégia básica é trabalhar profundamente a maneira de ensinar, porque, pelo visto, ela não está adequada ao público atual, seja em universidades públicas ou privadas. O Acadêmico mostrou um gráfico que compara instituições públicas e privadas, acompanhando alunos que entraram em 2013 e que, portanto, deveriam terminar o curso em 2016 ou 2017. “Podemos ver que houve evasão de 52% nas públicas e 59% nas privadas. Ou seja, falhamos em formar recursos humanos”.

Capaz apresentou um interessante estudo de caso de ensino superior público da California. São três tipos de ensino superior. Apenas 10% das matrículas estão nas universidades de pesquisa (University of California – UC); 18% dos estudantes estão nas California State Universities (CSU). A maioria dos estudantes universitários – 54% –, estão nas California Community Colleges (CCC), que oferecem cursos de dois anos com foco no mercado de trabalho, podendo seguir posteriormente para um curso completo de bacharelado. Elas têm taxas de aceitação mais altas, custo menor e campi localizados em uma mistura de áreas urbanas e rurais. “O sistema oferece mobilidade, flexibilidade, muito diferente do brasileiro, que é engessado. O gasto por aluno nas universidades de pesquisa é muito maior, e a massificação é feita principalmente pelas CCCs”, relatou o Acadêmico.

No Brasil também existem os cursos tecnológicos, que duram de dois a três anos. “Mas 91% são nas universidades privadas e 82% destes, em EAD”, observou Rodrigo Capaz.

As recomendações do GT para reverter o quadro são objetivas.

A primeira foca na recuperação da infraestrutura e o combate à evasão nas universidades federais, com metas de retenção dos alunos nos cursos, maior flexibilidade de horários no regime presencial e adoção de EAD de forma complementar, em regime híbrido. “As nossas universidades de pesquisa precisam de infraestrutura condizente com sua missão”, defendeu.

A segunda visa encarar de frente a realidade: a EAD veio para ficar. “Então, é preciso qualificar e ampliar a oferta de EAD no sistema público de ensino superior, dado que, de fato, ela é um instrumento poderoso de expansão do ensino”, avaliou Capaz.

A terceira e última recomendação é a reestruturação do ensino superior público brasileiro, por meio da criação de um novo sistema de instituições de ensino superior (IES), no modelo de “college” (faculdade), com foco em ensino, para atuar de forma complementar às universidades e aos institutos federais. A proposta inclui mecanismos para evitar a escolha precoce do curso de graduação e oferecer flexibilidade, mobilidade, agilidade e diversidade de opções aos estudantes. “Isso pode ajudar muito o ensino superior público a absorver uma fração substancial dos estudantes que hoje precisam pagar pelo ensino privado.”

“Sabemos fazer coisas boas e para muitos, desde que nunca ao mesmo tempo”

Ronaldo Mota, professor titular aposentado de Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), atualmente diretor-secretário da Academia Brasileira de Educação e ex-reitor da Estácio, lançou a questão: como fazer coisas boas e para muitos, ao mesmo tempo? “Essa é a nossa dificuldade. O desafio é transformar quantidade em qualidade qualificada”, apontou.

Mota focou nos problemas metodológicos, da forma de ensinar. “Agora há uma boa oportunidade de mudança, com a revolução digital e metacogniçao. Hoje temos que preparar pessoas para se desenvolver e estudar coisas novas para o resto da vida. Isso exige uma mudança radical na forma de ensinar e na maneira de aprender”, disse Ronaldo Mota.

O palestrante apontou que os seres humanos “dominaram’ o planeta por conta de três características funcionando juntas: força física, habilidades cognitivas e as habilidades metacognitivas.Estas se referem ao fato de sabermos aprender com os erros, refletir sobre a nossa própria reflexão”.

No entanto, como se distribui a transferência do conhecimento hoje nas universidades? Em módulos, com avaliação no fim de cada módulo. “Isso é o ensino cognitivo”, explicou. Ora, segundo o professor, o momento principal da aprendizagem é quando o indivíduo reflete sobre o seu proprio processo de aprendizagem. “É quando ele ganha consciência do seu processo. Em que horário aprende melhor, em que condições… É quando ele é capaz de criar percursos de aprendizagem e a consciência de que ele tem um compromisso com a educação permanente”, esclareceu Mota.

“A realidade atual, nós gostando ou não, é da educação digital”, como Mota prefere nomear. Entre 2010 e 2021, a EAD cresceu 307% no país, enquanto o ensino presencial decaiu 48%, afirmou o palestrante. “Então, precisamos aprimorá-la”.

Na percepção de Ronaldo Mota, as plataformas de aprendizagem no sistema público federal são muito limitadas. “Precisamos construir um sistema público federal de plataformas de aprendizagem, colocar em escala nacional. Um sistema que interligue todas as universidades, institutos e universidades estaduais. A qualidade das plataformas é o diferencial.”

As universidades públicas, que detém 90% da pesquisa feita no Brasil, padecem de muitas amarras, a começar da própria figura jurídica. “São autarquias da administração indireta, sob controle do TCU. Uma ideia que sempre surge é transformá-las em organizações sociais.” A OS é um tipo de associação privada, com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, que recebe subvenção do Estado para prestar serviços de relevante interesse público.​ “Na minha opinião há demasiados riscos envolvidos, mas é uma opção a ser considerada, se assim entenderem os gestores responsáveis e a comunidade acadêmica diretamente envolvida.”


Acesse as notícias sobre as outras mesas do evento!

Conferência Livre do GT de Educação Superior

Conferência Livre do GT de Ensino Superior: 3ª e 4ª Sessões

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Ciência e Sociedade: um diálogo necessário

Em 2014, a neurocientista norueguesa May-Britt Moser foi agraciada, em conjunto com Edvard Moser e John O’Keefe, com o Prêmio Nobel de Medicina, pela descoberta de células que funcionam como uma espécie de GPS cerebral, guardando pontos de localização. O trabalho, feito por meio do estudo de cérebro de roedores, abriu novo caminho para pesquisas sobre doenças como o Alzheimer.

Em 2012, Serge Haroche foi laureado junto com David Wineland com o Nobel de Física, “por métodos experimentais inovadores que permitem a medição e manipulação de sistemas quânticos individuais”, reforçando novos estudos em áreas como a computação quântica.

Já há três anos, em 2021, David MacMillan conquistou o Nobel de Química com Benjamin List pela descoberta de novos métodos de construção de moléculas. O trabalho teve forte repercussão na indústria farmacêutica, tornando a química mais verde.

São três exemplos de descobertas da ciência fundamental, vista muitas vezes em segundo plano, e que mostram como a ciência desempenha papel primordial na transformação da sociedade. Para que isso continue a ocorrer, no entanto, é preciso superar uma série de desafios.

(…)

Leia o artigo completo no Estadão.


Helena Nader – presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Marco Antonio Zago – presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp)

Pedro Wongtschowski – presidente do conselho superior de inovação e competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

Diálogos Nobel Brasil 2024

A Academia Brasileira Ciências vai receber três ganhadores do prêmio Nobel em abril, no Rio e em São Paulo. São eles Serge Haroche (2012, Nobel de Física), May-Britt Moser (2014, Nobel de Medicina) e David MacMillan (2021, Nobel de Química).

Este será o primeiro encontro presencial entre nobelistas e estudantes brasileiros convidados, assim como com formuladores de políticas públicas e empresários. O Diálogo Nobel Brasil 2024 será o terceiro evento da parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a Nobel Prize OutreachSaiba mais sobre os eventos anteriores aqui

O tema de 2024 é “Criando Nosso Futuro Juntos Com a Ciência”

 


RIO DE JANEIRO | 15 DE ABRIL, 2ª FEIRA, 10h00-16h00
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Teatro Odylo Costa, filho| R. São Francisco Xavier, 524 – Maracanã, Rio de Janeiro – RJ

Como a ciência beneficia a sociedade e como a sociedade pode conseguir o melhor da ciência e dos cientistas? O Diálogo Nobel no Rio de Janeiro busca respostas para essas perguntas.

Pela manhã, serão discutidos o valor da ciência, como tornar a prática da pesquisa mais inclusiva e como se comunicar de forma mais eficaz com audiências diversificadas. Os debates interativos abordarão as responsabilidades dos cientistas, o papel das universidades e estratégias para a transição para um mundo mais sustentável.

À tarde, as discussões se concentrarão em como trabalhar melhor coletivamente, tanto dentro das instituições de pesquisa quanto entre diferentes disciplinas e setores, e os caminhos a serem seguidos pela ciência e pelos cientistas, analisando se existem estratégias mais apropriadas para direcionar nossos esforços e recursos para se obter o máximo da ciência e se criar o futuro que desejamos.

PARA O EVENTO NO RIO, INSCREVA-SE AQUI!

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 4ª FEIRA, 10h00-12h00
Universidade de São Paulo (USP)
Auditório do Centro de Difusão Internacional, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Butantã, São Paulo – SP

Em uma série de conversas e debates moderados, os laureados com o Prêmio Nobel discutirão o que aprenderam com uma vida dedicada à ciência. Com a ajuda da audiência, eles abordarão o que é necessário para manter a curiosidade científica e enfrentar grandes questões, como superar os muitos contratempos enfrentados na pesquisa e como comunicar descobertas aos colegas, formuladores de políticas e ao público em geral.

PARA O EVENTO NA USP, INSCREVA-SE AQUI

VEJA A PROGRAMAÇÃO

 


SÃO PAULO | 17 DE ABRIL, 14h30- 16h30
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)

Apenas para convidados, envolvendo lideranças empresariais e governamentais, tomadores de decisão, setor acadêmico, agências de apoio à pesquisa e imprensa.

 


QUEM SÃO OS NOBELISTAS?

Serge Haroche, May-Britt Moser e David MacMillan

 

  • Serge Haroche é um físico francês, nascido em Casablanca. Desde 2001 é professor do Collège de France. Em 2012 foi laureado, juntamente com David Wineland, com o Prêmio Nobel da Física, “por métodos experimentais inovadores que permitem a medição e a manipulação de sistemas quânticos individuais”.
  • May-Britt Moser é psicóloga e neurocientista norueguesa, chefe do departamento do Centro de Computação Neural na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Foi agraciada com o Prêmio Nobel de Medicina em 2014, dividido com o norueguês Edvard Moser, e o britânico-americano John O’Keefe. Juntos, eles descobriram células importantes para a codificação do espaço e também para a memória episódica. Seu trabalho abriu portas para que a ciência conquiste novos conhecimentos sobre os processos cognitivos e déficits espaciais associados às condições neurológicas humanas, como a doença de Alzheimer.
  • David MacMillan é um químico britânico, professor da Universidade de Princeton desde 2006. Em 2021 foi laureado com o Nobel de Química juntamente com Benjamin List. Sua premiação se deu em função do desenvolvimento de novos métodos na organocatálise enantioseletiva (asssimétrica), com aplicações na síntese de uma série de produtos naturais. Descobriu novos catalisadores de imínio e desenvolveu mais de 50 novos processos de reação.

O encontro no Rio de Janeiro será no dia 15 de abril, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e espera contar com participação expressiva de estudantes e jovens, numa oportunidade única para um debate intergeracional de alto nível. Saiba mais sobre a programação aqui.

No dia 17 de abril serão promovidos dois encontros em São Paulo, , ampliando o impacto da iniciativa no país e potencializando as possibilidades de intercâmbio científico. Pela manhã, o evento será na Universidade de São Paulo (USP), aberto ao público. Na parte da tarde, será na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), só para convidados.

VEJA A PROGRAMAÇÃO E INSCREVA-SE!

Conferência Livre do GT de Educação Superior em 8 de abril

O Grupo de Trabalho sobre o Ensino Superior Brasileiro da Academia Brasileira de Ciências convida a todas e todos os interessados no tema para a Conferência Livre Preparatória para a 5ª CNCTI sobre Modernização da estrutura de ensino superior brasileira para o desenvolvimento socioeconômico sustentável. O encontro será no dia 8 de abril, das 8h00 às 18h00.

O evento será híbrido, na sede da ABC, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo e possibilidade de participação remota.

O moderador será o Acadêmico Ado Jorio de Vasconcelos.

 

Veja a agenda e os palestrantes:

08h00 | Análises e propostas para o sistema de instituições de ensino superior públicas, com o objetivo de ampliar fortemente, de forma economicamente viável, a contribuição do setor público na formação de bacharéis e licenciados

Rodrigo Barbosa Capaz, Ronaldo Mota, Alexandre Brasil (a confirmar)

 

10h00 | O combate a evasão, melhorias do processo de seleção dos ingressantes, estímulo à sua permanência na instituição pela adoção de um modelo flexível que permita ao estudante definir seu itinerário acadêmico

Marcelo Knobel, Débora Foguel, Luiz Augusto Campos

 

12h00 | Intervalo para almoço

 

13h30 | Criação de centros de formação de recursos humanos em áreas estratégicas

Adalberto Fazzio, Jorge Almeida Guimarães, José Roberto Castilho Piqueira

 

16h00 | Medidas para promover uma reestruturação do sistema de avaliação de programas de Pós-Graduação, compatíveis com os objetivos de promover o desenvolvimento das áreas tecnológicas e de inovação

Antonio Gomes de Souza Filho, Adalberto Val, Márcio de Castro Silva (a confirmar)

 

18h00 | Encerramento

Membros afiliados da ABC refletem sobre reunião do S20

1Entre os dias 11 e 12 de março de 2024, um grupo de membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi convidado a participar da Reunião de Iniciação da 8ª edição do Science 20 (S20), evento que reuniu representantes das academias de ciências de 19 países, além da União Europeia,  a União Africana e outras organizações internacionais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Saiba mais.

O encontro, inserido na agenda do G20 e tendo o Brasil como anfitrião este ano, foi organizado pela Academia Brasileira de Ciências, com o objetivo primordial de fomentar o diálogo entre a comunidade científica dos países do G20 e elaborar recomendações relevantes para os governos dos países participantes. Com o tema geral “Ciência para a Transformação Mundial”, foram debatidos cinco tópicos de relevância global: bioeconomia, inteligência artificial, desafios da saúde, justiça social e processo de transição energética.

Rodrigo Toniol, Thaiane Oliveira, Uéverton dos Santos Souza, Julia Clarke, Joanna Souza-Fabjan e Tiago Mendes.

Ao longo dos dois dias de debate, o grupo de membros afiliados da ABC composto por Thaiane Oliveira, Ulisses Pereira, Julia Clarke, Rodrigo Toniol, Joanna Souza-Fabjan, Tiago Mendes e Uéverton dos Santos Souza refletiu sobre alguns aspectos do encontro e expressou algumas das reflexões compartilhadas.

A revolução da inteligência artificial requer aprofundamento nas humanidades

Houve um consenso sobre a natureza única da revolução tecnológica atual, impulsionada pela inteligência artificial (IA). Diferentemente das revoluções tecnológicas anteriores, onde os postos de trabalho de menor nível intelectual eram os mais impactados, na era da IA cargos de alto nível intelectual também estão sujeitos à substituição. Esta é uma preocupação compartilhada por muitos representantes, que enfatizaram a importância de ferramentas de IA de acesso aberto. Os dados utilizados para treinar esses algoritmos são gerados por todos e, portanto, devem ser considerados bens comuns acessíveis a todos. A concentração dessas ferramentas nas mãos daqueles com recursos financeiros pode ampliar ainda mais as desigualdades entre nações e indivíduos.

Apesar dos inegáveis benefícios trazidos pela inteligência artificial e pela rápida evolução das tecnologias de comunicação, há um consenso emergente entre os países sobre a necessidade de examinar cuidadosamente os impactos dessas tecnologias, especialmente sobre as comunidades mais vulneráveis. Questões cruciais como vigilância de dados, privacidade e segurança cibernética destacam a urgência de aprofundar o debate sobre a ética no uso dessas tecnologias, tanto na esfera nacional quanto na governança global.

Ficou claro nos debates que o desenvolvimento científico e tecnológico não pode ser encarado como uma ferramenta para exercer controle sobre as populações, restringir liberdades individuais ou perpetuar injustiças sociais. Assim, é imprescindível que haja uma reflexão ética profunda sobre o emprego dessas inovações, garantindo que contribuam para o bem-estar social, para a democracia nos países e para o avanço da humanidade como um todo.

Para tanto, destacou-se a importância do investimento nas pesquisas em humanidades. Enquanto o progresso científico e tecnológico avança em ritmo acelerado, é fundamental que todas as áreas do conhecimento reconheçam a importância do aspecto social em suas pesquisas. Além disso, em diversas falas dos representantes de academias mundiais ficou evidente a necessidade vital de fortalecer o papel das humanidades para a formulação de políticas públicas, garantindo uma abordagem holística e socialmente comprometida, alinhada às necessidades da sociedade.

Essa preocupação se destaca no cenário contemporâneo, em que apesar do avanço tecnológico e a proliferação de ferramentas de comunicação e informação que oferecem um potencial extraordinário para conectar as sociedades globalmente, paradoxalmente, essa era de conectividade está sendo marcada por uma dificuldade crescente de diálogo e comunicação efetiva entre os diversos estratos da sociedade.

Nesse contexto, é fundamental destacar o papel crucial das academias de ciências mundiais. Elas não apenas acompanham os planos de ciência, tecnologia & inovação dos países, mas também desempenham um papel ativo na construção da opinião pública, promovendo o engajamento entre ciência, governo, sociedade e formuladores de políticas. Essa interação dinâmica é essencial para garantir que o progresso científico e tecnológico esteja alinhado com as necessidades e valores da sociedade.

Além disso, as academias contribuem para uma abordagem mais democrática e inclusiva no desenvolvimento de políticas e estratégias, fortalecendo assim a soberania nacional sobre seu próprio conhecimento dos países do G20. Conforme foi apontado pelo Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks e professor emérito da Unicamp, regiões como a Amazônia possuem um vasto potencial de conhecimento e recursos que devem ser protegidos e valorizados como parte do patrimônio global da humanidade. É crucial promover um reconhecimento do avanço do conhecimento científico no Sul, enquanto se promovem diálogos mais equitativos e inclusivos entre o Norte e o Sul global. Isso implica reconhecer e celebrar as contribuições únicas de cada país, suas forças produtivas de conhecimento para o avanço maior do conhecimento humano, visando uma colaboração global baseada na justiça social.

Um aspecto fundamental destacado durante as discussões foi o impacto que todas essas mudanças terão sobre a população jovem. Dentre os desafios destacados pelos representantes presentes, evidenciou-se a importância de analisar cuidadosamente como a IA, mudanças climáticas, transição energética e outros tópicos abordados pelos grupos de trabalho afetarão essa demografia. Essa preocupação também se estende aos jovens cientistas, cujo futuro está intimamente ligado aos desenvolvimentos nessas áreas. A rápida evolução de tecnologias de IA pode alterar significativamente a natureza do trabalho científico, exigindo outras habilidades e competências adaptativas das novas gerações.

Além disso, desafios globais como as mudanças climáticas, crises sanitárias, transição energética e cibersegurança, entre outros, representam questões urgentes que demandarão soluções inovadoras e interdisciplinares, nas quais os jovens cientistas de todo o mundo terão um papel crucial a desempenhar. Neste sentido, destacamos que os jovens cientistas precisarão estar preparados para enfrentar esses desafios, adquirindo habilidades interdisciplinares, capacidade de adaptação e uma compreensão abrangente das questões éticas e sociais relacionadas à IA e às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, é necessário que sejam criadas oportunidades e apoio para que os jovens cientistas possam contribuir de forma significativa para enfrentar esses desafios globais, garantindo assim um futuro sustentável e próspero para as próximas gerações.

“Acreditamos que jovens cientistas como nós e as próximas gerações de cientistas serão fundamentais para construir as tão necessárias pontes com a sociedade, destacadas em inúmeras falas e pela audiência presente. Para tanto, se faz necessário um compromisso conjunto de todos os setores da sociedade, incluindo governos, instituições acadêmicas, setor privado e sociedade civil para uma atenção especial às novas gerações de cientistas, para garantir que esses jovens profissionais das diversas áreas da ciência, entre elas Humanidades, sejam capacitados e apoiados em suas jornadas científicas, possibilitando assim uma participação significativa e eticamente comprometida no diálogo entre ciência e sociedade. Somente através de um diálogo inclusivo e aberto promovido pela ciência, poderemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias emergentes para promover o bem comum e construir um futuro mais justo e sustentável para todos”, conclui o documento enviado à Academia Brasileira de Ciências pelos membros afiliados.

“Foi uma imensa honra ser convidada pela ABC para participar da reunião de abertura do S20 como observadora. A alegria só não foi maior do que a energia contagiante que permeou todo o evento. Foi incrivelmente inspirador conhecer e ter a oportunidade de ouvir cientistas notáveis discutindo temas tão relevantes e variados, desde o uso ético das ferramentas de inteligência artificial até os desafios sanitários globais e a busca por um planeta mais sustentável! Este evento foi um verdadeiro impulso para seguir adiante, repleta de determinação, consciente das questões urgentes que nossa sociedade enfrenta e inspirada a contribuir de forma significativa para um futuro melhor.”

Joanna Souza-Fabjan, doutora em Ciências Veterinárias pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF) no curso de Medicina Veterinária e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Medicina Veterinária e de Ciências e Biotecnologia, ambos da UFF. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

“Foi muito importante acompanhar o evento e ter uma visão ampla de como a ciência feita por nós, hoje, pode ajudar a orientar as diretrizes para o futuro. A ciência faz parte da nossa vida, tanto como indivíduos quanto como sociedade. Portanto, um debate embasado em ciência sobre temas que nos afetam no dia a dia é muito importante e necessário. Para mim, foi especialmente estimulante ouvir sobre as preocupações envolvendo a área da saúde – muitas das quais compartilho e abordo em minhas pesquisas. Além disso, foi muito interessante ouvir a opinião de especialistas de outras áreas sobre assuntos tão presentes e determinantes para a vida de todos nós. Considero que a ABC fez um excelente trabalho na elaboração do documento preliminar e na realização do evento, que vejo como muito bem-sucedido.”

Julia Clarke, doutora em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  Professora adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

 

 

“A natureza de reuniões como a do S20 é necessariamente de fomento à cooperação internacional. Por isso mesmo, o tom geral do encontro foi identificar problemas transversais e buscar termos comuns para enfrentá-los. No entanto, isso não significa que este também não seja um encontro para que a comunidade internacional se solidarize com questões locais mais específicas, como foi o caso da demonstração de apoio aos profundos cortes orçamentários que os cientistas argentinos estão sofrendo.”

Rodrigo Toniol, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

“Participar das discussões na Reunião de Iniciação do S20 foi uma excelente oportunidade para minha carreira científica. Foi gratificante ouvir de diversos representantes a importância de reconhecer o papel das humanidades e da comunicação para fortalecer o diálogo com a sociedade. Uma ciência comprometida com o bem-estar deve valorizar não apenas o avanço tecnológico, mas também compreender as questões éticas e sociais que permeiam nossa sociedade. Reconhecer a diversidade de conhecimentos é fundamental para preservar a soberania nacional e global. Através desse compromisso conjunto e do diálogo aberto promovido pela ciência, podemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias e outros conhecimentos emergentes para construir um futuro mais justo e sustentável para todos.”

Thaiane Oliveira, doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora efetiva da UFF, onde coordena o Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2022-2026.

 

“A participação como ouvinte no S20 possibilitou o melhor entendimento de como a política pública aplicada ao desenvolvimento científico pode ser enriquecida a partir da discussão e visão de comunidades com elevada diversidade, tal como os participantes dos eventos. Entender os pontos em comum e específicos de cada nação e blocos políticos relacionados às preocupações com desenvolvimento científico e tecnológico é uma ferramenta valiosa para nosso próprio crescimento como cientista, aliado às demandas e necessidades sociais.  Os importantes tópicos discutidos durante a reunião estão integrados ao meus projetos e discutidos dentro dos grupos de pesquisa que tenho maior relacionamento, de forma a amplificar as importantes mensagens obtidas do evento. Além disso, foi possível realizar novos contatos para futuras colaborações no âmbito mundial, contribuindo para uma ciência mais integrativa, internacionalizada e acessível.”

Tiago de Oliveira Mendes, doutor em Bioinformática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor adjunto A do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Membro afiliado da ABC MG&CO eleito para o período 2022-2026.

 

“Participar das discussões no S20 foi muito interessante e enriquecedor. Em especial, como cientista da computação, ver as preocupações globais sobre a influência de tecnologias e inteligências artificiais na sociedade e na manutenção da democracia reforça o quanto a regulamentação do uso de ferramentas de IA deve ser discutida na atualidade. Também me chamou atenção a preocupação sobre o potencial aumento da desigualdade tecnológica entre países, uma vez que grande parte do volume de dados bem como o poder de processamento desses dados estão centralizados em poucas empresas sediadas em países ricos, o que também coloca em questão a reprodutibilidade dos experimentos e seus resultados.”

Uéverton dos Santos Souza, doutor em Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Instituto de Computação da UFF. Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

 

“A reunião de iniciação do S20 foi emocionante desde o convite que recebemos! No dia do evento, senti uma emoção indescritível ao estar perto e conversar com pessoas que tanto admiro. Foi especial perceber que a ciência está repleta de pessoas incríveis que pensam de forma ampla, fora da caixa, com o objetivo de impactar significativamente na transformação para um mundo melhor. Também foi gratificante ver que os temas que nortearam o evento se encaixam perfeitamente com minha linha de pesquisa, como a aquacultura na bioeconomia e a resistência aos antibacterianos, que são temas relevantes nos desafios da saúde. Nunca um evento me estimulou tanto a seguir na ciência, especialmente focada na inovação e na construção da ciência brasileira do futuro.”

Ulisses de Pádua Pereira, doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Membro afiliado da ABC Sul eleito para o período 2024-2028.

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