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Revistas predatórias e ciência de baixo impacto: cortando o mal pela raiz

O mundo acadêmico está vivendo uma revolução sem precedentes. Foi-se o tempo em que pesquisadores submetiam um artigo científico para uma revista científica de forma gratuita, e os editores da revista cuidadosamente selecionavam apenas o material que julgassem ser de maior qualidade para publicação, já que a revista arcaria com custos de produção e impressão. Nesse modelo antigo, a qualidade do material publicado e a “tradição” da revista eram essenciais para que editoras pudessem vender assinaturas e recuperar seu investimento na produção do material publicado. O efeito colateral negativo desse sistema é que ele restringe o acesso aos artigos científicos (e, portanto, ao conhecimento) para aqueles que pagam as assinaturas, sejam eles os próprios pesquisadores ou as bibliotecas das universidades. No Brasil, a Capes paga anualmente às grandes editoras científicas para que as instituições acadêmicas do País possam acessar publicações científicas pelo portal Periódicos Capes.

Hoje, com o elogiável avanço do modelo open access (acesso aberto), a necessidade de assinatura foi removida e uma parcela cada vez maior dos artigos científicos está gratuitamente disponível na internet para qualquer pessoa ler. No entanto, revistas ainda incorrem em custos pela produção e disseminação de artigos científicos, e esse custo hoje migrou do leitor para o autor do artigo. Cientistas ao redor do mundo pagam valores que podem chegar a astronômicos US$ 10 mil para cada artigo que publicam, nos chamados Article Processing Charges (APCs). Entretanto, o pagamento de APCs para publicação de artigos tem efeitos colaterais nefastos, que foram completamente subdimensionados na concepção desse novo sistema. Um desses efeitos é que cada artigo rejeitado pela revista é uma oportunidade perdida de recolher APC dos autores e cada artigo aceito é lucro para a editora, independente de quantas pessoas se interessam por ler esse material posteriormente. Portanto, a revista científica passou a ter menor responsabilidade pela qualidade do material que publica, disparando o mercado de publicações científicas no mundo todo.

Algumas editoras menos escrupulosas foram rápidas em identificar o potencial econômico dessa mudança e turbinaram a produção de novas revistas científicas, claramente com interesses comerciais. Infraestruturas digitais foram criadas para facilitar e acelerar os procedimentos de submissão, revisão e aceite de artigos, desprezando parcial ou totalmente a crucial etapa de revisão por pares. Por exemplo, algumas revistas científicas (mesmo em editoras tradicionais) criaram capacidade para publicar mais de 10 mil artigos científicos de acesso aberto por ano, gerando lucros fantásticos para as editoras. Com práticas editoriais pouco éticas e visando ao lucro pela publicação de artigos científicos em quantidade, essas editoras e revistas, conhecidas pelo termo “predatórias”, desqualificam todo o sistema de publicações científicas. Vale ressaltar que esse lucro é gerado às custas de editores e revisores geralmente não remunerados, e que pesquisadores muitas vezes são instrumentalizados para recrutar novos artigos para as revistas na forma de editores convidados para edições especiais sobre um tema específico. Apesar de edições especiais legítimas terem um valor acadêmico importante, seu superdimensionamento recente demonstra o sucesso comercial dessa estratégia.

(…)

Leia o artigo completo no Jornal da USP.

Desmatamento e Degradação Zero na Amazônia Brasileira

Em novo artigo publicado na revista científica Trends in Ecology & Evolution, da editora CellPress, a ecóloga e membra titular da ABC Ima Célia Guimarães Vieira e o geógrafo José Maria Cardoso da Silva, fazem uma revisão de acompanhamento da meta brasileira de desmatamento zero. O compromisso, assumido pelo Governo Federal logo que tomou posse em 2023, estipula que o país deva conseguir zerar tanto o desmatamento quanto a degradação florestal até 2030.

No artigo, os pesquisadores avaliam que, para cumprir com o objetivo, é preciso que o conceito de sustentabilidade vá além da parte ambiental e passe a englobar aspectos socioeconômicos das diferentes regiões da Amazônia. É preciso construir sistemas econômicos que incentivem o uso eficiente das áreas já desmatadas ao mesmo tempo que incentive a preservação em áreas públicas e privadas. Dentre as propostas, está a de transformação das áreas públicas não designadas, que constituem vastas extensões de terra no miolo da Amazônia, em reservas ambientais ou indígenas.

Leia o artigo completo na CellPress.

(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real).

5ª Conferência Nacional de CTI: Ciência e Tecnologias Quânticas (RJ e SP)

Organização: Faperj e Fapesp
Apoio: Academia Brasileira de Ciências

Coordenação: Luiz Davidovich e Marcelo Terra Cunha
Comissão Organizadora: Antonio Zelaquett KhouryFelipe FanchiniGustavo Wiederhecker e Marcelo França Santos

As Conferências Temáticas se propõem a produzir um conjunto objetivo de recomendações para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o adequado desenvolvimento da Ciência e das Tecnologias Quânticas em nosso país.

Além disso, visam engajar a sociedade brasileira na discussão sobre o impacto e a relevância das emergentes Tecnologias Quânticas, explorando questões estratégicas a elas relacionadas.

Nas duas datas, no Rio de Janeiro e em São Paulo, será apresentada uma breve introdução ao panorama atual das tecnologias quânticas no Brasil, seguida por uma discussão com especialistas convidados, com a participação ativa da comunidade.

Convidamos interessados a se inscreverem para participar tanto presencialmente, em cada uma das datas, quanto de forma remota. Encorajamos também a participação de empresas estabelecidas e startups interessadas em contribuir para o desenvolvimento das tecnologias quânticas. O documento a seguir é um bom ponto de partida:A Roadmap Towards Quantum Science and Technologies in Brazil (baixe gratuitamente!)


ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS | 05 DE ABRIL | 09h00 – 15h30


Rua Anfilófio de Carvalho, 29 / 3º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Inscrições (RJ – 05/04): https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/rj

 
PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Márcia Barbosa (Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI)
Jerson Lima (Presidente da Faperj)
Luiz Davidovich (UFRJ)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: Estado da arte no Brasil e no mundo
(20 minutos por expositor)

Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Daniel Felinto (UFPE)
Ivan Oliveira (CBPF)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)

10h50 | Discussão com o público

 
11h30 | Intervalo para almoço
 
13h30 | Mesa 2: Transferência da pesquisa em ICTs para a sociedade
(20 minutos por expositor)
 
Coordenadora: Gabriela Lemos (UFRJ)

Debatedores:
Ado Jorio (UFMG)
Jefferson Gomes (Diretor de Inovação CNI)
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)

 
14h50 | Discussão com o público
 
15h30 | Considerações finais e encerramento
 
Grupos de Trabalho
 
15h45 | GT 1: Formação e Política Científica
 
Coordenador: Marcelo França (UFRJ)

Participantes:
Luiz Davidovich (UFRJ)
Daniel Felinto (UFPE)
Carlos Monken (UFMG)
Liliana Sanz (UFU)
Lucas Celeri (UFG)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)

 
15h45 | GT 2: Tecnologia e Inovação
 
Coordenador: Antonio Zelaquett Khoury (UFF)

Participantes:
Guilherme Temporão (PUC-Rio)
Ado Jório (UFMG)
Ivan Oliveira (CBPF)
Gabriela Lemos (UFRJ)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)


FAPESP | 08 DE ABRIL | 09h00-13h00


Rua Pio XI, 1500, São Paulo, SP
Inscrições (SP – 08/04):
https://fapesp.br/eventos/cttq/inscricao/sp

PROGRAMA
 
09h00 | Abertura
 
Fernando Menezes (Fapesp)
Marcelo Terra Cunha (Unicamp)
Gustavo Wiederhecker (Programa QuTIA-Fapeps e Unicamp)
 
09h30 | Mesa 1: O Brasil no Mapa das Tecnologias Quânticas
(10 minutos por debatedor)
 
Coordenadora: Márcia Barbosa (MCTI)

Debatedores:
Paulo Nussenzveig (USP)
Valeria da Silva (Senai-Cimatec)
Stephen Walborn (Universidad de Concepcion)

Relator: Roberto Serra (UFABC)

 
10h30 | Coffee break
 
11h00 | Mesa 2: Empresas de Tecnologias Quânticas

Coordenador: Eunézio Thoroh de Souza (Mackenzie)

Debatedores:
Paulina Assmann (Sequre Quantum)
Julio Oliveira (Hardware Innovation Technologies)
Flavio Cruz (IFGW-Unicamp)

Relator: Niklaus Wetter (IPEN)

 
11h30 | Discussão com o público
 
12h00 | Mesa 3: Formação de Competências Quânticas

Coordenador: Bárbara Amaral (USP)

Expositores:
Ben-Hur Borges (USP-São Carlos)
Daniel Motta (Senai-SP)
Felipe Fanchini (Unesp)
Olival Freire (CNPq)

Relator: Thiago Alegre (Unicamp)

 
12h40 | Discussão com o público
 
13h10 | Encerramento
 

Os eventos serão transmitidos pelo canais do Youtube Faperj e da Agência Fapesp.

Morreu a Acadêmica Anita Dolly Panek

Anita Dolly Panek nasceu na Cracóvia, na Polônia, filha de asquenazitas, em 1º de setembro de 1930, mudou-se com a família para o Brasil, em 1940, depois da invasão nazista na Polônia.

No final dos anos 1940, ingressou no curso de química, pela Escola de Química da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Diplomou-se em 1954 em Química Industrial e em 1955 tornou-se instrutora de ensino na cadeira de Microbiologia Industrial e Tecnologia das Fermentações da mesma instituição. Esta disciplina foi a precursora do Instituto de Química da UFRJ.

Em 1962 obteve seu doutorado em ciências pela Universidade do Brasil, seguido da livre-docência em Microbiologia Industrial. Em 1976 ingressou como professora titular da UFRJ e em 1995 foi proclamada Professora Emérita da mesma universidade.

Dedicou a vida ao ensino e pesquisa, orientando 49 alunos de pós-graduação. Sua pesquisa era direcionada ao metabolismo energético, utilizando a célula de levedura. Seus estudos sobre o metabolismo de trealose ampliaram as especificações deste composto, antes considerado apenas uma fonte energética e agora também uma substância protetora de membranas e de proteínas, quando a célula é submetida a estresses ambientais. A trealose tem amplas e variadas utilizações, como a preservação de materiais biológicos desidratados ou liofilizados.

Foi autora de mais de 170 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, com três registros de patentes. Membra da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), membro também da American Society for Biochemistry and Molecular Biology, a Academia de Ciências da América Latina (Acal) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS). Recebeu, em 1996, a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República.

Depoimento de um orientando e admirador científico

 José João Cavalcante Mansure Brasil possui especialização em Computação Científica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado e doutorado em Bioquímica pela UFRJ, onde hoje é professor e pesquisador. Atua também como professor titular no Instituto Metodista Bennett.

É com o coração pesado que reflito sobre o falecimento da ilustríssima Professora Drª Anita Dolly Panek, uma fonte de conhecimento, resiliência e inspiração – não apenas na minha vida, mas nas vidas de inúmeros estudantes que ela impactou profundamente ao longo de sua distinta carreira.

Como minha mentora durante o mestrado e o doutorado, Drª Anita, como prefiro sempre carinhosamente chamá-la, estabeleceu as bases para minha carreira científica, incutindo em mim os princípios do pensamento crítico e da forma meticulosa em elaborar e analisar os experimentos.

Essas lições não apenas moldaram meu caminho para me tornar um cientista sênior no Instituto de Pesquisa da Universidade McGill, em Montreal, Canadá, mas também foram e são transmitidas aos meus próprios alunos, perpetuando a extraordinária influência dela em minha vida profissional.

Sua história de triunfo, chegando ao Brasil como imigrante, fugindo da guerra e ascendendo a uma posição de professora em uma das universidades mais renomadas do país, numa época em que tais conquistas eram raras para as mulheres, serve como testemunho de sua força, determinação e intelecto sem igual.

Minha admiração por ela transcende os domínios da pedagogia e da ciência, profundamente enraizada na excepcional pessoa que ela foi. O legado da Drª Anita, sem dúvida, perdurará por meio das muitas pessoas afortunadas o suficiente por terem sido orientadas por ela. À medida que continuo minha pesquisa, levo um pedaço dela comigo, aspirando honrar sua memória em cada descoberta e lição.

Drª Anita, sua contribuição para a ciência e educação no Brasil deixou uma marca indelével, e, embora você faça muita falta, seu espírito nos inspirará para sempre.

Obrigado, Drª Anita Dolly Panek, por tudo.”

A indústria brasileira ancorada na ciência

Leia artigo do Acadêmico Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022 – 2030 O Brasil e o Mundo que queremos, publicado no Monitor Mercantil em 28/3:

Historicamente, a ciência tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento industrial, introduzindo novos produtos e processos, que impulsionaram a inovação e, como consequência, o surgimento de novas indústrias e o aumento da produtividade. Portanto, investir em ciência é essencial para o crescimento industrial e o bem-estar da sociedade.

Nas últimas décadas o conhecimento científico tem sido exponencial, causando grandes mudanças nos costumes e causando alterações nas políticas econômicas globais. A bola da vez é a Inteligência Artificial (IA) que representa uma mudança disruptiva global, com possíveis efeitos tanto no aumento da produtividade em vários setores da economia, quanto na perda de empregos em larga escala e o aumento da desigualdade entre as economias.

Convidada a coordenar os debates sobre a Neoindustrialização, um dos temas da 5ª Conferência Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), que será realizada em junho de 2024, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) organizou debates de temas importantes, como transição energética, inteligência artificial, agricultura familiar, bioeconomia e transição ecológica. O relatório desses debates, com a participação de 62 convidados foi entregue recentemente ao coordenador da 5CNCTI, o físico Sérgio Rezende, ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O relatório enfatiza os desafios, as sugestões e recomendações para um desenvolvimento industrial virtuoso nas próximas décadas. Entre eles, a necessidade de investimento na formação de recursos humanos qualificados e em políticas para fixação de talentos. As recomendações apresentadas incluem também a estruturação de programas para o desenvolvimento de manufaturas de baixo carbono, o estímulo a parcerias entre empresas e instituições de pesquisa.

Foi também sugerido, com respeito ao aprimoramento do ambiente regulatório, a criação de um ambiente favorável aos investimentos em inovação, proporcionando incentivos e reduzindo entraves burocráticos. Em relação aos minerais estratégicos, recomenda-se o investimento do conhecimento geológico para avaliar a disponibilidade de minerais e criar rotas de produção e incentivar a instalação de plantas industriais que agreguem valor ao produto bruto.

Com respeito à agricultura familiar, ela oferece oportunidades significativas, incluindo a produção agroflorestal, cultivo de sementes orgânicas, geração de insumos orgânicos e contribuição para metas de descarbonização e considerar que essa atividade é também um importante gerador de empregos e renda em todo o país. Uma agricultura familiar baseada em práticas agroflorestais pode ser um catalisador para a transformação social, promovendo inclusão socioeconômica e desenvolvimento local.

No setor da saúde foi ressaltado que a interseção entre políticas de inovação, políticas públicas de saúde e industrialização, onde a regulação e a colaboração entre diversos atores desempenham papeis cruciais. Este setor é pioneiro no alinhamento entre inovação, política industrial e de serviços, com investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), impulsionando transformações significativas. Com uma contribuição de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), gerando 9 milhões de empregos e representando 35% do esforço nacional em P&D, a indústria desempenha um papel crucial como catalisador da transformação tecnológica.

Por questões históricas, a industrialização do Brasil aconteceu tardiamente. No entanto, o Brasil possui recursos humanos qualificados que atuam em pesquisa em várias áreas de conhecimento. A comunidade científica atua principalmente nas Universidades públicas e em Institutos de Pesquisas federais e estaduais. Fortalecer essas instituições e as agências de fomento, certamente, vai contribuir para o bem-estar das futuras gerações e consolidar a soberania do País. Oxalá, isso aconteça.

Membros afiliados da ABC refletem sobre reunião do S20

1Entre os dias 11 e 12 de março de 2024, um grupo de membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi convidado a participar da Reunião de Iniciação da 8ª edição do Science 20 (S20), evento que reuniu representantes das academias de ciências de 19 países, além da União Europeia,  a União Africana e outras organizações internacionais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Saiba mais.

O encontro, inserido na agenda do G20 e tendo o Brasil como anfitrião este ano, foi organizado pela Academia Brasileira de Ciências, com o objetivo primordial de fomentar o diálogo entre a comunidade científica dos países do G20 e elaborar recomendações relevantes para os governos dos países participantes. Com o tema geral “Ciência para a Transformação Mundial”, foram debatidos cinco tópicos de relevância global: bioeconomia, inteligência artificial, desafios da saúde, justiça social e processo de transição energética.

Rodrigo Toniol, Thaiane Oliveira, Uéverton dos Santos Souza, Julia Clarke, Joanna Souza-Fabjan e Tiago Mendes.

Ao longo dos dois dias de debate, o grupo de membros afiliados da ABC composto por Thaiane Oliveira, Ulisses Pereira, Julia Clarke, Rodrigo Toniol, Joanna Souza-Fabjan, Tiago Mendes e Uéverton dos Santos Souza refletiu sobre alguns aspectos do encontro e expressou algumas das reflexões compartilhadas.

A revolução da inteligência artificial requer aprofundamento nas humanidades

Houve um consenso sobre a natureza única da revolução tecnológica atual, impulsionada pela inteligência artificial (IA). Diferentemente das revoluções tecnológicas anteriores, onde os postos de trabalho de menor nível intelectual eram os mais impactados, na era da IA cargos de alto nível intelectual também estão sujeitos à substituição. Esta é uma preocupação compartilhada por muitos representantes, que enfatizaram a importância de ferramentas de IA de acesso aberto. Os dados utilizados para treinar esses algoritmos são gerados por todos e, portanto, devem ser considerados bens comuns acessíveis a todos. A concentração dessas ferramentas nas mãos daqueles com recursos financeiros pode ampliar ainda mais as desigualdades entre nações e indivíduos.

Apesar dos inegáveis benefícios trazidos pela inteligência artificial e pela rápida evolução das tecnologias de comunicação, há um consenso emergente entre os países sobre a necessidade de examinar cuidadosamente os impactos dessas tecnologias, especialmente sobre as comunidades mais vulneráveis. Questões cruciais como vigilância de dados, privacidade e segurança cibernética destacam a urgência de aprofundar o debate sobre a ética no uso dessas tecnologias, tanto na esfera nacional quanto na governança global.

Ficou claro nos debates que o desenvolvimento científico e tecnológico não pode ser encarado como uma ferramenta para exercer controle sobre as populações, restringir liberdades individuais ou perpetuar injustiças sociais. Assim, é imprescindível que haja uma reflexão ética profunda sobre o emprego dessas inovações, garantindo que contribuam para o bem-estar social, para a democracia nos países e para o avanço da humanidade como um todo.

Para tanto, destacou-se a importância do investimento nas pesquisas em humanidades. Enquanto o progresso científico e tecnológico avança em ritmo acelerado, é fundamental que todas as áreas do conhecimento reconheçam a importância do aspecto social em suas pesquisas. Além disso, em diversas falas dos representantes de academias mundiais ficou evidente a necessidade vital de fortalecer o papel das humanidades para a formulação de políticas públicas, garantindo uma abordagem holística e socialmente comprometida, alinhada às necessidades da sociedade.

Essa preocupação se destaca no cenário contemporâneo, em que apesar do avanço tecnológico e a proliferação de ferramentas de comunicação e informação que oferecem um potencial extraordinário para conectar as sociedades globalmente, paradoxalmente, essa era de conectividade está sendo marcada por uma dificuldade crescente de diálogo e comunicação efetiva entre os diversos estratos da sociedade.

Nesse contexto, é fundamental destacar o papel crucial das academias de ciências mundiais. Elas não apenas acompanham os planos de ciência, tecnologia & inovação dos países, mas também desempenham um papel ativo na construção da opinião pública, promovendo o engajamento entre ciência, governo, sociedade e formuladores de políticas. Essa interação dinâmica é essencial para garantir que o progresso científico e tecnológico esteja alinhado com as necessidades e valores da sociedade.

Além disso, as academias contribuem para uma abordagem mais democrática e inclusiva no desenvolvimento de políticas e estratégias, fortalecendo assim a soberania nacional sobre seu próprio conhecimento dos países do G20. Conforme foi apontado pelo Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks e professor emérito da Unicamp, regiões como a Amazônia possuem um vasto potencial de conhecimento e recursos que devem ser protegidos e valorizados como parte do patrimônio global da humanidade. É crucial promover um reconhecimento do avanço do conhecimento científico no Sul, enquanto se promovem diálogos mais equitativos e inclusivos entre o Norte e o Sul global. Isso implica reconhecer e celebrar as contribuições únicas de cada país, suas forças produtivas de conhecimento para o avanço maior do conhecimento humano, visando uma colaboração global baseada na justiça social.

Um aspecto fundamental destacado durante as discussões foi o impacto que todas essas mudanças terão sobre a população jovem. Dentre os desafios destacados pelos representantes presentes, evidenciou-se a importância de analisar cuidadosamente como a IA, mudanças climáticas, transição energética e outros tópicos abordados pelos grupos de trabalho afetarão essa demografia. Essa preocupação também se estende aos jovens cientistas, cujo futuro está intimamente ligado aos desenvolvimentos nessas áreas. A rápida evolução de tecnologias de IA pode alterar significativamente a natureza do trabalho científico, exigindo outras habilidades e competências adaptativas das novas gerações.

Além disso, desafios globais como as mudanças climáticas, crises sanitárias, transição energética e cibersegurança, entre outros, representam questões urgentes que demandarão soluções inovadoras e interdisciplinares, nas quais os jovens cientistas de todo o mundo terão um papel crucial a desempenhar. Neste sentido, destacamos que os jovens cientistas precisarão estar preparados para enfrentar esses desafios, adquirindo habilidades interdisciplinares, capacidade de adaptação e uma compreensão abrangente das questões éticas e sociais relacionadas à IA e às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, é necessário que sejam criadas oportunidades e apoio para que os jovens cientistas possam contribuir de forma significativa para enfrentar esses desafios globais, garantindo assim um futuro sustentável e próspero para as próximas gerações.

“Acreditamos que jovens cientistas como nós e as próximas gerações de cientistas serão fundamentais para construir as tão necessárias pontes com a sociedade, destacadas em inúmeras falas e pela audiência presente. Para tanto, se faz necessário um compromisso conjunto de todos os setores da sociedade, incluindo governos, instituições acadêmicas, setor privado e sociedade civil para uma atenção especial às novas gerações de cientistas, para garantir que esses jovens profissionais das diversas áreas da ciência, entre elas Humanidades, sejam capacitados e apoiados em suas jornadas científicas, possibilitando assim uma participação significativa e eticamente comprometida no diálogo entre ciência e sociedade. Somente através de um diálogo inclusivo e aberto promovido pela ciência, poderemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias emergentes para promover o bem comum e construir um futuro mais justo e sustentável para todos”, conclui o documento enviado à Academia Brasileira de Ciências pelos membros afiliados.

“Foi uma imensa honra ser convidada pela ABC para participar da reunião de abertura do S20 como observadora. A alegria só não foi maior do que a energia contagiante que permeou todo o evento. Foi incrivelmente inspirador conhecer e ter a oportunidade de ouvir cientistas notáveis discutindo temas tão relevantes e variados, desde o uso ético das ferramentas de inteligência artificial até os desafios sanitários globais e a busca por um planeta mais sustentável! Este evento foi um verdadeiro impulso para seguir adiante, repleta de determinação, consciente das questões urgentes que nossa sociedade enfrenta e inspirada a contribuir de forma significativa para um futuro melhor.”

Joanna Souza-Fabjan, doutora em Ciências Veterinárias pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF) no curso de Medicina Veterinária e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Medicina Veterinária e de Ciências e Biotecnologia, ambos da UFF. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

“Foi muito importante acompanhar o evento e ter uma visão ampla de como a ciência feita por nós, hoje, pode ajudar a orientar as diretrizes para o futuro. A ciência faz parte da nossa vida, tanto como indivíduos quanto como sociedade. Portanto, um debate embasado em ciência sobre temas que nos afetam no dia a dia é muito importante e necessário. Para mim, foi especialmente estimulante ouvir sobre as preocupações envolvendo a área da saúde – muitas das quais compartilho e abordo em minhas pesquisas. Além disso, foi muito interessante ouvir a opinião de especialistas de outras áreas sobre assuntos tão presentes e determinantes para a vida de todos nós. Considero que a ABC fez um excelente trabalho na elaboração do documento preliminar e na realização do evento, que vejo como muito bem-sucedido.”

Julia Clarke, doutora em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  Professora adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2024-2028.

 

 

“A natureza de reuniões como a do S20 é necessariamente de fomento à cooperação internacional. Por isso mesmo, o tom geral do encontro foi identificar problemas transversais e buscar termos comuns para enfrentá-los. No entanto, isso não significa que este também não seja um encontro para que a comunidade internacional se solidarize com questões locais mais específicas, como foi o caso da demonstração de apoio aos profundos cortes orçamentários que os cientistas argentinos estão sofrendo.”

Rodrigo Toniol, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

“Participar das discussões na Reunião de Iniciação do S20 foi uma excelente oportunidade para minha carreira científica. Foi gratificante ouvir de diversos representantes a importância de reconhecer o papel das humanidades e da comunicação para fortalecer o diálogo com a sociedade. Uma ciência comprometida com o bem-estar deve valorizar não apenas o avanço tecnológico, mas também compreender as questões éticas e sociais que permeiam nossa sociedade. Reconhecer a diversidade de conhecimentos é fundamental para preservar a soberania nacional e global. Através desse compromisso conjunto e do diálogo aberto promovido pela ciência, podemos aproveitar plenamente o potencial das tecnologias e outros conhecimentos emergentes para construir um futuro mais justo e sustentável para todos.”

Thaiane Oliveira, doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora efetiva da UFF, onde coordena o Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação. Membra afiliada da ABC RJ eleita para o período 2022-2026.

 

“A participação como ouvinte no S20 possibilitou o melhor entendimento de como a política pública aplicada ao desenvolvimento científico pode ser enriquecida a partir da discussão e visão de comunidades com elevada diversidade, tal como os participantes dos eventos. Entender os pontos em comum e específicos de cada nação e blocos políticos relacionados às preocupações com desenvolvimento científico e tecnológico é uma ferramenta valiosa para nosso próprio crescimento como cientista, aliado às demandas e necessidades sociais.  Os importantes tópicos discutidos durante a reunião estão integrados ao meus projetos e discutidos dentro dos grupos de pesquisa que tenho maior relacionamento, de forma a amplificar as importantes mensagens obtidas do evento. Além disso, foi possível realizar novos contatos para futuras colaborações no âmbito mundial, contribuindo para uma ciência mais integrativa, internacionalizada e acessível.”

Tiago de Oliveira Mendes, doutor em Bioinformática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor adjunto A do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Membro afiliado da ABC MG&CO eleito para o período 2022-2026.

 

“Participar das discussões no S20 foi muito interessante e enriquecedor. Em especial, como cientista da computação, ver as preocupações globais sobre a influência de tecnologias e inteligências artificiais na sociedade e na manutenção da democracia reforça o quanto a regulamentação do uso de ferramentas de IA deve ser discutida na atualidade. Também me chamou atenção a preocupação sobre o potencial aumento da desigualdade tecnológica entre países, uma vez que grande parte do volume de dados bem como o poder de processamento desses dados estão centralizados em poucas empresas sediadas em países ricos, o que também coloca em questão a reprodutibilidade dos experimentos e seus resultados.”

Uéverton dos Santos Souza, doutor em Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Instituto de Computação da UFF. Membro afiliado da ABC RJ eleito para o período 2024-2028.

 

“A reunião de iniciação do S20 foi emocionante desde o convite que recebemos! No dia do evento, senti uma emoção indescritível ao estar perto e conversar com pessoas que tanto admiro. Foi especial perceber que a ciência está repleta de pessoas incríveis que pensam de forma ampla, fora da caixa, com o objetivo de impactar significativamente na transformação para um mundo melhor. Também foi gratificante ver que os temas que nortearam o evento se encaixam perfeitamente com minha linha de pesquisa, como a aquacultura na bioeconomia e a resistência aos antibacterianos, que são temas relevantes nos desafios da saúde. Nunca um evento me estimulou tanto a seguir na ciência, especialmente focada na inovação e na construção da ciência brasileira do futuro.”

Ulisses de Pádua Pereira, doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Membro afiliado da ABC Sul eleito para o período 2024-2028.

Edição especial de revista da American Chemical Society homenageia Vanderlan Bolzani

A membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Vanderlan Bolzani foi homenageada com uma edição especial da Journal of Natural Products, da American Chemical Society (ACS).O artigo é assinado pelos pesquisadores Helena Mannochio-Russo, Cristiano Soleo de Funari e Leticia V. Costa-Lotufo. Confira os três primeiros parágrafos, traduzidos ao português:

Edição especial em homenagem à professora Vanderlan da Silva Bolzani

É com grande prazer que apresentamos este número especial dedicado à inspiradora carreira científica de nossa amiga e colega Professors Vanderlan da Silva Bolzani, do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (IQ/UNESP), Brasil. Vanderlan se dedica há mais de 40 anos ao desenvolvimento de pesquisas em química de produtos naturais com contribuição significativa para desvendar a biodiversidade invisível brasileira. Agradecemos aos seus antigos alunos, colaboradores e colegas, que quiseram prestar-lhe esta merecida homenagem, reconhecendo a sua enorme importância para a Química dos Produtos Naturais. Esse esforço resultou em uma coleção incrível de artigos e esperamos sinceramente que você goste tanto quanto nós.

Vanderlan, nascida em uma vila de pescadores no litoral da Paraíba, Brasil, desde cedo se encantou pela natureza. A sua curiosidade sobre o mundo natural floresceu rapidamente, tornando-se uma paixão numa época e lugar onde as oportunidades educacionais e profissionais para as meninas eram limitadas. Sendo a mais velha de seis filhos, Vanderlan enfrentou estes desafios de frente, nunca se deixando intimidar pelos obstáculos e dificuldades no seu caminho. Sua trajetória acadêmica iniciou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba. Porém, Vanderlan logo percebeu seu maior interesse por cursos voltados para a compreensão dos organismos vivos e sua química, migrando para a Faculdade de Farmácia. Ela se formou em Farmácia em 1972 pela mesma universidade. Em 1975, Vanderlan mudou-se para São Paulo, maior cidade do Brasil, onde ingressou no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) sob a orientação do Prof. Otto Richard Gottlieb, renomado pesquisador na área de química de Produtos naturais. Na USP, concluiu o mestrado em Química Orgânica em 1978, onde descreveu um diterpeno, a diasina, isolado de Croton diasii.

Então, em 1978, Vanderlan voltou para a Universidade Federal da Paraíba, desta vez como professora assistente. Sua passagem por lá foi breve, pois em 1980 ingressou na Universidade Estadual Paulista (UNESP), também como professora assistente. Em 1982, ela completou seu doutorado em Química Orgânica sob a supervisão do Prof. Gottlieb, aprofundando-se no estudo de alcalóides indólicos como marcadores quimiotaxonômicos em Angiospermas. O Prof. Gottlieb foi um dos pioneiros na química de produtos naturais no Brasil, principalmente no desenvolvimento dos conceitos básicos da quimiossistemática. De 1992 a 1994, Vanderlan fez estágio de pós-doutorado no Virginia Polytechnic Institute and State University, EUA, onde estabeleceu uma colaboração muito frutífera e de longo prazo com o Prof. David Kingston.

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Leia o artigo completo, em inglês, pela ACS Publications.


A importância de Vanderlan Bolzani na formação de cientistas em química (Fonte: J. Nat. Prod. 2024, 87, 3, 453-455)

Jacob Palis é agraciado com medalha em sua cidade natal

Pesquisador emérito e diretor-geral do IMPA de 1993 a 2003, Jacob Palis foi um dos escolhidos pela Câmara Municipal de Uberaba (MG), cidade onde nasceu, para receber a Medalha Major Eustáquio. Criada em 1985, a honraria é a mais relevante da cidade e homenageia pessoas beneméritas que tenham feito ato de real importância relacionado ao município, bem como personagens ilustres, a título de Honoris Causa.

A distinção será entregue ao pesquisador em 1º de abril, no Auditório Esmeralda da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, durante a cerimônia de abertura da EMALCA – Escola de Matemática da América Latina e do Caribe. O evento procura, principalmente na região do Triângulo Mineiro e regiões vizinhas, jovens talentosos para seguir estudos de pós-graduação em matemática, ciência e engenharia. A iniciativa busca aperfeiçoar docentes do ensino secundário de Uberaba em temas de matemática escolar e estimular estudantes a continuar estudos universitários em matemática, ciência e engenharia. Esta edição da EMALCA é dedicada a Jacob Palis. O evento está com inscrições abertas. 

Biografia

Nascido em Uberaba (MG), Jacob Palis, 83 anos, formou-se em engenharia pela antiga Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ). Concluiu mestrado e doutorado na Universidade da Califórnia (EUA), nos anos 1960. 

No início dos anos 1990, foi membro do Conselho Científico do Centro Internacional de Física Teórica (ICTP, na sigla em inglês) e presidente da instituição de 2003 a 2005. Palis também foi secretário-geral da Academia Mundial de Ciências (TWAS) de 2001 a 2006 e presidente a entidade entre 2007 e 2012.

Presidiu ainda a Academia Brasileira de Ciências (ABC) no período 2007-2016 e a União Internacional de Matemática (IMU) de 1999 a 2002. Em 2005, Jacob foi condecorado Cavaleiro da Ordem pela Legião de Honra da França.

Em 2018, recebeu nova condecoração: a medalha de Oficial da Legião de Honra da França, pelo trabalho de excelência realizado em prol da ciência mundial e das relações científicas entre a França e o Brasil. Mais recentemente, em 2019, conquistou o prêmio Abdus Salam Award, dividido com o físico Sandro Radicella e com a Biblioteca Marie Curie.

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