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Estudo brasileiro identifica alterações cerebrais provocadas pelo coronavírus

Um estudo brasileiro realizado por pesquisadores da Unicamp foi matéria da edição de 14 de março do Jornal Nacional. O trabalho coordenado pelo Laboratório de Proteômica da universidade reuniu oitenta pesquisadores, entre eles o alumni da ABC, Daniel Martins de Souza, que foi entrevistado pela reportagem.

Os cientistas analisaram ressonâncias de pacientes que contraíram a forma leve da Covid-19 e apresentaram sintomas neurológicos após a infecção. O resultado surpreendeu: em comum, essas pessoas apresentavam uma atrofia na região frontal do cérebro, responsável pelo raciocínio e atenção.

O trabalho identificou também os astrócitos como as células mais afetadas pelo coronavírus no sistema nervoso central. Essas células em formato de estrela têm como função dar suporte às atividades neuronais. Foi observado que, uma vez infectados, os astrócitos podem criar um ambiente tóxico, levando a uma neurodegeneração maior até do que quando os próprios neurônios são infectados.

Confira a matéria completa:

“Ainda não é o momento de desobrigar o uso de máscaras em locais fechados”, afirma Acadêmico

O Professor Titular do Instituto de Química da Unicamp, Luiz Carlos Dias, que também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), gravou mais um pequeno vídeo para discutir o cenário atual da pandemia.

Nos seis minutos da gravação, o Acadêmico se posiciona contrário ao fim da obrigação do uso de máscaras em ambientes fechados, afirmando ser favorável à medida em locais abertos – contando que se evite aglomeração. Dias também lembrou que a mudança de status da pandemia para endemia só pode ser feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e que qualquer tentativa nacional nesse sentido seria uma manobra política sem respaldo científico.

Por fim, lembrou também que as taxas de vacinação em crianças e da terceira dose em adultos, 50% e 43%, respectivamente, ainda estão aquém do necessário para conter a transmissão. “É difícil prever cenários a longo prazo, mas não podemos correr risco de surgir novas variantes” alertou Dias.

Webinário da IOC/Fiocruz homenageará o Acadêmico Ronald Shellard

O Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) irá promover seu primeiro encontro virtual de 2022 no dia 23/6, reunindo seis especialistas de múltiplas áreas para debater o tema “Covid-19 e SUS: vacinas, futuro e geopolítica”.  A sessão homenageará o físico Ronald Shellard, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e membro titular da ABC, morto no dia 7/12/2021. 

Entre os participantes estão: a epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues; o infectologista e diretor do Centro de Pesquisas Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Esper Kallas; o pesquisador do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), João Viola; o especialista em ciência, tecnologia, produção e inovação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Julio Croda; a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo; e o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA), Luis Eugenio Portela. O Acadêmico Renato Cordeiro é um dos coordenadores do evento.

O evento será transmitido pelo canal do IOC no Youtube a partir das 14h do dia 23/2.

1º Webinário da ABC em 2022 homenageia Ronald Shellard

Os participantes do 50º Webinário da ABC: Carlos Ourivio Escobar, Ana Tereza R. de Vasconcelos, Renato Janine Ribeiro, Ulisses Barres de Almeida, Luiz Davidovich, Ildeu de Castro, Marcio Portes de Albuquerque e Eduardo Barreto.

No dia 1º de fevereiro, a Academia Brasileira de Ciências deu início à série de webinários do ano de 2022. Em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Acadêmicos e pesquisadores convidados homenagearam Ronald Cintra Shellard, membro titular da ABC, morto no dia 7 de dezembro de 2021.

Organizado pelas Acadêmicas  Debora Foguel (UFRJ) e Ana Tereza Vasconcelos (LNCC), o evento contou com a participação do presidente da ABC, Luiz Davidovich, os Acadêmicos Carlos Ourivio Escobar e Ulisses Barres de Almeida e os convidados Marcio Portes de Albuquerque, Ildeu de Castro Moreira  e o empresário Eduardo Barreto, amigo de Shelard desde os seis anos de idade. Além de destacarem os feitos e o legado do pesquisador em sua carreira científica, os palestrantes ressaltaram as qualidades de Shellard como pessoa e como militante em prol da ciência brasileira.

O físico

O Acadêmico Carlos Escobar, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que conhecia Shellard há muitos anos, afirmou que era difícil separar o amigo do profissional. Após 52 anos compartilhando interesses e preocupações, ele contou um pouco da trajetória do cientista.

Shellard começou sua jornada na física em 1970, na Universidade de São Paulo (USP) e logo após a graduação fez o mestrado no Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT/Unesp, 1973). Entre 1973 e 1974, o Acadêmico aperfeiçoou-se em física e astronomia na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA) e concluiu o doutorado na mesma área na Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA). Dedicou-se à quebra dinâmica de simetria de calibre. com a tese “Dynamical Symmetry Breakdown at Two Loop and Recap”. Em 1983, o cientista deu um novo passo na carreira: ingressou no Departamento de Física da PUC-Rio, onde iniciou pesquisas em teorias de campos. 

Em 1995, Shellard foi um dos intermediários da Colaboração Auger, uma iniciativa de cientistas internacionais para construir um gigantesco observatório que investigaria a origem dos raios cósmicos de energias elevadíssimas. Em um evento com forte participação brasileira, realizado na sede da Unesco em Paris, foi tomada a decisão de construir dois observatórios, um no Norte e outro no Sul. O primeiro lugar escolhido foi a Argentina.

Depois de Auger, o cientista não abandonou mais a física de astropartículas, dedicando-se também ao projeto CTA (Cherenkov Telescope Array), projeto multinacional mundial para construir uma nova geração de instrumentos de raios gama, e ao Observatório de Raios Gama de Campo Amplo do Sul, projetado para detectar partículas de chuvas atmosféricas iniciadas por raios gama que entram na atmosfera da Terra.

Quando de seu falecimento, Shellard exercia o cargo de diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI).

Fotos de Shellard, do acervo pessoal de Carlos Escobar

O gestor

Marcio Portes de Albuquerque é vice-diretor e coordenador de Ações Institucionais do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI), onde trabalhou com Shellard desde 2015. Após seis anos de contato intenso, Albuquerque descreve o companheiro de trabalho como “um homem estratégico”. “Ele gostava de discordar, isso provavelmente o levou para a física. Sempre tinha uma estratégia para discutir com ministérios, para brigar por recursos”. Segundo Albuquerque, Shellard exercia um papel chave nas unidades de pesquisa, sempre discutindo questões relevantes, convocando especialistas para conversar e trazer dados concretos. Era um entusiasta da popularização da ciência, com atuação marcante nessa área e na formação de novos cientistas.

“Ele nunca fugia das hierarquias”, comentou Albuquerque. “Sempre assumia as responsabilidades que caíam sobre ele como gestor.” Uma prova disso foi como Shellard contornou as crises vividas enquanto estava à frente do CBPF: “Mesmo durante o apagão de recursos de 2017, uma das mais sérias crises já vividas no CBPF, Shellard nunca desanimava. Ele vestia a camisa da instituição e da ciência e, assim, valores pessoais dele se tornavam valores da instituição.”

Fotos de Shellard em eventos, compartilhadas por Albuquerque

O divulgador

Ildeu de Castro Moreira, professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou a atuação de Ronald Shellard como divulgador científico. Sua primeira ação de destaque foi como um dos idealizadores do projeto “SBPC Vai à Escola”, criado em 1995 e existente até hoje. À frente do CBPF, foi um dos idealizadores do Mural Grafite da Ciência, projeto de divulgação científica, projeto que une arte, ciência, enigmas e interatividade. Pintado no muro externo da sede do CBPF, o mural celebra a ciência como uma importante parte da cultura humana. Para Moreira, o projeto “expressa sua visão de ciência e arte e sua essência como ser humano”. Outra criação bem-sucedida de Shellard foi o programa “Físico por uma tarde”, que consistia em visitas guiadas de jovens no ensino médio à sede do CBPF. No ano de 2017, o balanço foi positivo: 16 visitas de escolas, presença de 508 alunos, participação de 12 palestrantes e 20 monitores. Mais de dez alunos que passaram pelo programa decidiram fazer física.

Enquanto editor da revista Ciência Hoje, Shellard escreveu dezenas de artigos, sempre destacando a importância da divulgação científica na formação de crianças e jovens. Além disso, sempre valorizava os institutos nacionais de pesquisa e investia na conexão das escolas com a ciência.

O mentor

Ulisses Barres de Almeida afirma que ter trabalhado com Shellard durante sua “maturação profissional” foi uma grande sorte, tamanho o aprendizado adquirido ao longo dos anos. Pesquisador associado do CBPF e membro afiliado da ABC, Almeida lembra que o professor assumia posições polêmicas para se manter em forma com o debate, mas nunca usou deboche ou superioridade para ganhar uma discussão. “Ele prezava pelas críticas construtivas, pela clareza. Sempre dizia que ‘aos trancos e barrancos, vamos dar um jeito’”, contou, recordando a positividade do professor. Das lembranças do mestre, ficou o legado de uma “escola de liderança”: “Nada o desviava de sua calma e determinação.”

O amigo

Eduardo Barreto teve a honra de conviver desde os seis anos de idade com Shellard. Sócio gestor da São José Fincorp, conheceu o cientista no Colégio Santo Américo, em São Paulo. Em sua breve apresentação, destacou o empenho do Acadêmico para trazer projetos científicos para a América do Sul.

Durante seus tempos de escola, Rony, como é chamado por Barreto, sempre manifestou claramente suas ideias e a sua obstinação às áreas de física e química – sinais do sucesso que ele alcançaria em sua trajetória. Os cientistas voltaram a ser próximos quando Shellard assumiu o comando do CBPF. Juntos, criaram algumas iniciativas, inclusive reunindo-se com ministros em busca de fornecedores para o projeto Auger. 

Ronald Shellard foi um grande cientista, amigo e profissional. Seu trabalho em prol da física e da divulgação científica será lembrado por muito tempo. 

Assista ao Webinário completo no YouTube.

 

Webinários da ABC, Ed.50: HOMENAGEM AO PROF. RONALD CINTRA SHELLARD

1Este webinário da ABC, organizado em conjunto com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), será dedicado à memória do Acadêmico Ronald Cintra Shellard, falecido no dia 7/12/2021, aos 73 anos. Ele era diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).

Os vários aspectos da atuação de Shellard como pessoa, como cientista e como lutador em prol da ciência brasileira serão apresentados por colegas e amigos na ocasião. 

  • Abertura: Luiz Davidovich (presidente da ABC) e Renato Janine Ribeiro (presidente da SBPC)
  • Moderadoras: Acadêmicas Debora Foguel (UFRJ) e Ana Tereza Vasconcelos (LNCC)

 

Apresentadores:

Luiz Davidovich, Carlos Escobar, Marcio Portes, Ildeu Moreira, Ulisses Barres e Eduardo Barreto
  • Luiz Davidovich | “Ronald Shellard, o Acadêmico”
    Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Presidente da Academia Brasileira de Ciências e secretário geral da TWAS eleito para o período 2019-2023.

  • Carlos Escobar | “Ronald Shellard, o físico”
    Professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atuou no Observatório Pierre Auger, na Argentina, e no Laboratório Nacional Fermi (Fermilab), nos EUA. É membro titular da ABC.

  • Marcio Portes de Albuquerque | “Ronald Shellard, o gestor”
    Vice-diretor e coordenador de Ações Institucionais do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI). Coordena o Setor de Engenharia de Operações da Rede-Rio de Computadores (Faperj) e o Projeto Redecomep-Rio (RNP e Faperj). 

  • Ildeu de Castro Moreira | “Ronald Shellard, o divulgador”
    Professor do Instituto de Física da UFRJ.  Atua no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências, Ensino de Física e História da Física na UFRJ e no mestrado em Divulgação Científica da Fiocruz/UFRJ/MAST/JBRJ. Dirigiu o Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia. Presidente de Honra da SBPC.

  • Ulisses Barres de Almeida | “Ronald Shellard, o mentor”
    Pesquisador associado do CBPF e membro afiliado da ABC. É vice-spokesperson do Southern Wide-Field Gamma-ray Observatory (SWGO), e membro do Conselho do Cherenkov Telescope Array (CTA), ambos grandes experimentos internacionais de astropartículas dos quais Shellard também fazia parte. 

  • Eduardo Barreto | “Ronald Shellard, o amigo”
    Sócio gestor da São José Fincorp. Conheceu Shellard no Colégio Santo Américo, em São Paulo, aos 6 anos de idade.

 


Faça sua inscrição para receber seu certificado de participação!
Assista ao nosso webinário em: www.abc.org.br/transmissao 

A emissão do certificado de participação acontecerá em até 30 dias úteis.


 

SERVIÇO
Evento: WEBINÁRIOS DA ABC – Ed. 50 | Homenagem ao Prof. Ronald Cintra Shellard
Data: 3ª feira, 01/02/2022
Hora: 16h (GMT-3)
Inscrições gratuitas:
Local: www.abc.org.br/transmissao 


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Matéria do JN traz participação de Acadêmico

Confira a matéria veiculada no G1 e no Jornal Nacional de 26/01 sobre as repercussões da nota técnica antivacina e pró-hidroxicloroquina do Ministério da Saúde. O Acadêmico Luiz Carlos Dias foi entrevistado e fez duras críticas ao Ministério.

O Ministério da Saúde publicou uma nova nota técnica para substituir a da semana passada com orientações sobre tratamento da Covid. Mas continua lá a defesa da cloroquina, que foi o principal alvo das críticas dos especialistas e entidades médicas.

A nota técnica de sexta-feira (21) dizia que a hidroxicloroquina, que a ciência já descartou, é eficaz e condenava a vacina, que a ciência atestou.

Num quadro com o título “Tecnologias em saúde propostas para Covid”, fazia uma comparação entre o kit Covid e a vacina. Nos quesitos que perguntavam se há demonstração de efetividade em estudos controlados e randomizados – quando parte dos voluntários recebe medicamento e a outra parte, placebo – e se há demonstração de segurança em estudos experimentais e observacionais, as respostas eram “sim” para hidroxicloroquina e “não” para vacinas.

As reações foram imediatas. Logo após a publicação, entidades médicas fizeram duras críticas. A Associação Médica Brasileira chegou a dizer que o documento constitui afronta grave ao enfrentamento da pandemia.

O Ministério da Saúde revogou a nota de sexta-feira por considerar que ela ensejou incorretas interpretações e publicou nova retirando o quadro comparativo. O texto em que defende o uso da hidroxicloroquina foi mantido.

Na prática, ao retirar apenas a tabela, o ministério manteve a posição que o governo adota desde o início da pandemia, em afronta à ciência e às orientações da Organização Mundial da Saúde e das agências de saúde do mundo todo, e ainda desconsidera o resultado dos estudos encomendados pelo próprio ministério para a Conitec – a comissão que auxilia o governo na adoção de políticas públicas. Depois de meses de estudos, a Conitec rejeitou o uso do kit Covid. Especialistas afirmam que o texto publicado nesta quarta continua absolutamente sem nenhum respaldo científico.

Afronta à inteligência dos cientistas brasileiros, dos pesquisadores na área de saúde, de todas as sociedades médicas. Voltar a falar em hidroxicloroquina hoje, gente, depois do sucesso das vacinas, mostra que o Ministério da Saúde está se afastando da ciência, da informação correta, está se afastando da verdade. Essa nota vai totalmente na contramão da ciência, da defesa da vida, daquilo que está pregando a Organização Mundial da Saúde. Está indo contra todas as sociedades científicas e médicas brasileiras e mundiais. Parece que, infelizmente, não há limite para o charlatanismo no país”, diz o professor Luiz Carlos Dias, membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

(…)

Nesta quarta, a ministra Rosa Weber deu prazo de cinco dias para que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o secretário apresentem explicações. O Ministério da Saúde disse que vai se manifestar dentro do prazo.

(…)

Leia a matéria completa, com vídeo da matéria, no G1.

Fiocruz desenvolve teste único para Covid-19 e gripe

Confira a matéria da Agência Fiocruz de Notícias:

 

Por meio do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), a Fiocruz — da qual a Acadêmica Nísia Trindade é presidente  — acaba de finalizar o desenvolvimento de dois novos testes moleculares para o diagnóstico da Covid-19 e um desses teve seu pedido de registro submetido, nesta terça-feira (18/1), à Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa). Trata-se do Kit Molecular Inf A/Inf B/SC2, um teste do tipo RT-PCR que diferencia os vírus da Influenza A, B e do Sars-CoV-2, possibilitando o diagnóstico destas doenças em um único teste. 

“Sempre que falamos em infecção respiratória, nos referimos a um tipo de doença que pode ser provocada por uma enorme gama de microrganismos. Por apresentarem sintomas muito semelhantes, realizar a identificação do agente causador da doença sem a realização do diagnóstico laboratorial é algo desafiador. A disponibilização destes kits no Sistema Único de Saúde [SUS] permitirá de modo econômico e com alto processamento a identificação viral oportuna destes agentes, com o método que é o padrão ouro para o diagnóstico das doenças causadas por vírus respiratórios no mundo”, explica o virologista e pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz Fernando Motta. O laboratório atua como referência em vírus respiratórios para o Ministério da Saúde.

Já o outro teste desenvolvido, o kit molecular Quadriplex SC2/VOC, vai permitir a detecção e triagem das variantes Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron do vírus Sars-CoV-2, também com a tecnologia de PCR em Tempo Real (RT-PCR). Seu uso é indicado para o diagnóstico e triagem viral a partir da identificação de cepas potencialmente importantes para a saúde pública e vigilância epidemiológica do país, designadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como VOCs (sigla em inglês para variantes de preocupação). O resultado desse teste indica a presença ou não dessas variantes. Para a identificação da variante ainda seria necessário o sequenciamento genético da amostra. O teste Quadriplex deverá ser submetido para registro junto à Anvisa até a próxima semana. 

“Ambos os kits moleculares são mais uma importante contribuição de Bio-Manguinhos em um momento em que vivenciamos um aumento de casos de Covid-19, fruto da variante Ômicron, assim como estamos registrando um alto número de infectados pela influenza. Tais testes atestam a expertise do Instituto no campo do diagnóstico, sempre com respostas rápidas em momentos sensíveis”, afirma o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Sotiris Missailidis. 

Os novos testes foram desenvolvidos com o objetivo de apoiar as estratégias de enfrentamento da pandemia provocada pelo Sars-CoV-2 e suas variantes, e também dos casos de influenza, que vêm crescendo no país. A Fiocruz tem o diferencial de ter dentro da própria instituição toda a cadeia produtiva em saúde: desde a pesquisa, passando pelo desenvolvimento tecnológico até a produção final. “Por isso, unimos todo a expertise do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, que é referência da Organização Mundial da Saúde em Covid-19 nas Américas, com a experiência e capacidade produtiva que já temos em Bio-Manguinhos”, destaca o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger.

Produção de testes

Além do desenvolvimento de novos testes para atender às demandas de monitoramento epidemiológico da Rede de Vigilância em Vírus Respiratórios da CGLAB/MS, a Fiocruz tem sido responsável pela produção de testes para o diagnóstico da Covid-19 desde o início do enfrentamento à pandemia. 

Até o momento, já foram fornecidos ao Ministério da Saúde cerca de 20 milhões de testes RT-PCR (moleculares). Em agosto de 2021, a instituição passou a produzir também testes rápidos de antígeno para os laboratórios públicos de todo o país. O fornecimento de testes ao Ministério da Saúde tem ocorrido de acordo com o cronograma e demanda estabelecida junto à pasta. Até o momento, já foram entregues cerca de 45 milhões desses testes. Atualmente, a Fiocruz é o maior produtor nacional de testes rápidos para o diagnóstico da doença e o maior fornecedor do SUS.

 

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