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#VouVacinar: participe da campanha nas redes sociais!

Durante a semana de 17 a 21 de janeiro, o Movimento Todos pelas Vacinas estará organizando a campanha #VouVacinar, com o objetivo de combater a desinformação contra a vacinação infantil. Com a ajuda de artistas e personalidades, além de divulgadores científicos, o movimento almeja promover a divulgação de conteúdo confiável e estimular a imunização de crianças de 5 a 11 anos.

Todos pelas vacinas é uma rede criada por organizações ligadas à divulgação científica e ao combate à desinformação, unidas com um único objetivo: promover a conscientização sobre a importância da vacinação contra a Covid-19 e outras doenças preveníveis por vacinas. 

Se você é cientista e deseja participar da campanha, envie seu material (arte, vídeo, imagem) para blogs@unicamp.br e todospelasvacinas@gmail.com. O conteúdo será incluído no site do Movimento. Além disso, dessa vez, as crianças também poderão participar! Quem tem de 5 a 11 anos pode enviar desenhos respondendo à pergunta:”Por que quando chegar minha vez eu #VouVacinar?” para os mesmos emails.

Na sexta-feira, dia 21, haverá uma intensa ação nas redes sociais, com o uso da hashtag e divulgação dos conteúdos enviados. Não deixe de participar! A ABC participará da ação virtual nas redes sociais e publicará uma cobertura completa no site.

Caso tenha alguma dúvida, entre em contato via mensagem direta com as contas @BlogsUnicamp ou @tdspelasvacinas no Twitter.

Vacinação de crianças: Precisamos criar uma onda de empatia para contagiar o país

Confira o artigo escrito pelo Membro Titular da ABC Luiz Carlos Dias para o Jornal da Unicamp:

 

A carga da covid-19 não é negligenciável para as crianças. Segundo os boletins epidemiológicos publicados no site do Ministério da Saúde, para a faixa etária 0 a 19 anos, o número de óbitos em 2020-2021 é de 2.625, o que implica em uma média de quatro óbitos por dia. Foram 791 óbitos na faixa etária menor que 1 ano, 397 na faixa de 1 a 5 anos e 1.437 na faixa de 6 a 19 anos. Além disso, temos mais 3.327 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com causa não especificada, o que pode incluir óbitos por covid-19. É importante observar, no entanto, que os dados totais de óbitos estão desatualizados, visto que somando os óbitos em todas as faixas etárias para 2020-2021, a soma é 564.506, quando hoje temos 620.281 pelo consórcio de imprensa (diferença de 55.775 óbitos).

Os dados estão desatualizados desde que o Ministério da Saúde sofreu um suposto ataque hacker ao Conecte SUS que ninguém até agora conseguiu desvendar. A falta de dados e transparência deixa o país sem saber a real gravidade da pandemia no momento.

Dados de óbitos de crianças

Um levantamento do UOL junto a cartórios de registro civil do país traz dados sobre óbitos de crianças na faixa etária de 5 a11 anos causados por covid. Conforme a Tabela 1, foram 324 óbitos. Os dados foram retirados do portal da transparência da Arpen-Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais).

Tabela 1. Óbitos de crianças por idade no Brasil em 2020/2021 causadas por covid-19

Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/01/10/covid-ultimas-a-serem-vacinadas-criancas-de-5-anos-sao-as-que-mais-morrem.htm
Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/01/10/covid-ultimas-a-serem-vacinadas-criancas-de-5-anos-sao-as-que-mais-morrem.htm

A Tabela 2 mostra uma estimativa da população brasileira por faixa etária para o ano de 2022. O total de crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 11 anos corresponde a 10% da população brasileira e na faixa de 0 a19 anos, a 28% da população. Os jovens de 18 e 19 anos já estão sendo vacinados, assim como os adolescentes de 12 a17 anos, 8% da população.

Tabela 2. Estimativa da população brasileira por faixa etária em 2022

Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População de Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises de Dinâmica Demográfica.
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População de Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises de Dinâmica Demográfica.

Nós não podemos admitir crianças morrendo por covid-19, quando temos à nossa disposição vacinas que evitam formas graves da doença. É inadmissível crianças sendo hospitalizadas e vindo a óbito por uma doença prevenível por vacina.

Segundo um levantamento do Instituto Butantan, na faixa de 0 a 11 anos o número de óbitos é de 1.449 mil crianças. Muito ao contrário do que apontam os números frios, são pais, mães, avós e familiares sofrendo com a perda dessas crianças. Cada uma delas tinha sonhos, tinha um futuro. Muitas não tinham nenhum tipo de doença, até que a covid chegou e com ela o negacionismo, o obscurantismo, os antivacinas, os criadores de fake news assassinas.

A Anvisa aprovou a vacina pediátrica da Pfizer/BioNTech

A vacina pediátrica da Pfizer/BioNTech foi testada em quase três mil crianças de 5 a 11 anos, com eficácia de mais de 90% e sem efeitos colaterais diferentes dos observados para qualquer outra vacina infantil. A vacinação infantil é recomendada pelas sociedades brasileiras de PediatriaPneumologia e TisiologiaImunologiaImunizaçõesInfectologiaAssociação Brasileira de Alergia e ImunologiaAssociação Médica BrasileiraConselho Nacional de Secretários da SaúdeCâmara Técnica de Assessoramento em Imunizações, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

A OMS concluiu que os benefícios das vacinas de mRNA, em todas as idades, superam o risco da infecção pela covid-19. Inúmeros órgãos e sociedades científicas e médicas internacionais também incentivam a vacinação na faixa etária pediátrica, não apenas para prevenir a doença, mas também para conter a transmissão do vírus. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e as sociedades científicas brasileiras também defendem a vacinação de crianças.

Não caia nas fake news espalhadas nas redes sociais pelos negacionistas e ativistas antivacina. Esses negacionistas representam o gabinete do ódio, que espalha fake news e desinformação que mata. O atraso em vacinar nossas crianças é uma negação absolutamente inacreditável e inaceitável da ciência. As campanhas para desacreditar as vacinas, que estão salvando milhões de vidas, são criminosas.

Vacinação de crianças e a tal consulta pública

Desde a aprovação da Anvisa, já se passaram 26 dias. Poderíamos estar vacinando e protegendo nossas crianças. Não estamos porque o Ministério da Saúde não havia comprado as vacinas, porque resolveu fazer uma consulta pública para agradar as bases negacionistas e colocar em pé de igualdade, cientistas e médicos sérios que defendem a vida, a ciência e as melhores evidências científicas, e um grupo de charlatães que se posicionam contra a ciência, contra as evidências científicas, que defendem pseudociência e achismos. Isso significa colocar no mesmo espaço cientistas respeitados com os reis e rainhas das teorias da conspiração; a Ciência contra a pseudociência e barbárie. O contraditório é importante, mas o que esses negacionistas defendem, criando e espalhando fake news, assusta e preocupa a população. As falas dos antivacinas na consulta pública foram um verdadeiro show de horrores, quando, infelizmente, eles tiveram a oportunidade de espalhar mentiras e distorcer dados usando uma plataforma que o governo federal ofereceu para pessoas irresponsáveis que se opõe a vacinas por questões comerciais, religiosas ou ideológicas.

Em consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde sobre a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de idade, maioria se manifestou contrária à necessidade de apresentação de prescrição médica para vacinação. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde sobre a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de idade, maioria se manifestou contrária à necessidade de apresentação de prescrição médica para vacinação. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Obrigatoriedade de vacinação de crianças

Ninguém pode cercear o direito à vacinação de crianças, garantido pela Lei 8.609 de 1990, como disposto no artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):

Artigo 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

  • 1º. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016).

Nós esperamos outra postura de compromisso com a saúde de nossas crianças e adolescentes por parte do Ministério da Saúde, que deveria estar orientando a população, organizando campanhas nacionais de esclarecimento e conscientização da sociedade nas várias mídias, em horário nobre.

Independentemente de quem é considerada a autoridade sanitária no ECA, se a Anvisa ou se o Ministério da Saúde, após inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunizações (PNI) e no calendário vacinal pelo Ministério da Saúde, a vacinação das crianças dependerá de conscientização coletiva, de esclarecimento e informação para que pais, avós e responsáveis entendam a sua importância. Caso não tenhamos alta adesão, como estamos em situação de grave crise sanitária com a pandemia, pode ser necessária a obrigatoriedade da vacinação de crianças.

Covid-19 também causa sequelas irreversíveis

Crianças com covid podem precisar de hospitalização, podem ter casos de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) associada à covid-19, apresentar sintomas persistentes e covid longa, o que pode prejudicá-las por toda a vida, podem ter sequelas irreversíveis, neurológicas, respiratórias, cardiovasculares e outras complicações, crianças podem morrer. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) é uma grave complicação da infecção pelo Sars-CoV-2 em crianças, uma condição que gera inflamações em diferentes partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. As crianças também podem transmitir o vírus para outras crianças, para pais, avós, que moram no mesmo lar, pessoas que têm comorbidades.

Hoje temos cerca de 76% da população vacinada com a primeira dose, aproximadamente 68% estão imunizados e pouco mais de 14,4% tomaram a dose de reforço.

Precisamos vacinar cerca de 90% da população brasileira com todas as doses necessárias para nos proteger de todas as variantes, além de manter as medidas não farmacológicas – uso de máscaras, distanciamento físico, evitando locais fechados e com pouca ventilação. Para atingir esse percentual, precisaremos de alta cobertura vacinal em nossas crianças. Assim, todas as crianças poderão voltar às escolas sem medo.

Vacinação de crianças reduzirá a transmissão do vírus e dará mais segurança para pais e responsáveis no retorno às aulas
Vacinação de crianças reduzirá a transmissão do vírus e dará mais segurança para pais e responsáveis no retorno às aulas

A imunização da faixa etária de 5 a 11 anos, que corresponde a aproximadamente 10% da população (Tabela 2), vai colaborar com a mitigação de formas graves e óbitos por covid-19 nesse grupo, reduzirá a transmissão do vírus e será uma importante estratégia para que as atividades escolares retornem ao modo presencial.

Precisamos continuar esclarecendo a população brasileira sobre a importância de tomar a dose de reforço e de vacinar nossas crianças. As populações mais vulneráveis são as mais afetadas e não têm acesso à informação qualificada que salva vidas.

É fundamental evitar que o vírus circule livremente entre as crianças, pois a ciência sabe que pessoas não vacinadas são as maiores fontes de mutações. Só assim poderemos evitar o surgimento de uma variante mais perigosa e agressiva para as crianças que, ao serem infectadas, podem funcionar como um reservatório para o Sars-Cov-2.

Enquanto o mundo não for vacinado e as pessoas continuarem a não usar máscaras e aglomerando, nós vamos conviver com variantes e teremos que tomar mais doses de vacinas. Isso é tudo que os antivacinas querem para continuar dizendo que as vacinas não são eficazes. As vacinas estão salvando milhões de vidas, mas elas oferecem uma das camadas de proteção.

Nós sabemos que nenhuma vacina protege 100% e podem surgir casos isolados onde houve falha vacinal. Os antivacinas e os negacionistas sempre vão usar estes casos isolados. Nós vamos salvar mais vidas e proteger mais as crianças com a vacinação em massa, então, deixemos nossas crianças fora dessas questões ideológicas.

Vamos criar uma onda de empatia! Assim que nossas crianças começarem a ser vacinadas, vamos espalhar fotos nas mídias sociais. Isso vai contagiar pais, mães e avós a vacinar mais crianças.

Leia o artigo no Jornal da Unicamp

‘Cada dia sem vacinar as crianças é um dia dado ao vírus para se espalhar’, diz virologista

Confira a entrevista de Amílcar Tanuri para o jornal O Globo, publicada em 06/1. Tanuri é coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

 

Considerado um dos virologistas mais experientes do Brasil, Amílcar Tanuri afirma que a pandemia está perto do fim, mas para conseguir isso será preciso vacinar as crianças o mais depressa possível. Sem a proteção dos imunizantes, elas são o alvo mais vulnerável para a transmissão do coronavírus. Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta ainda para o alto preço que o explosivo espalhamento da Ômicron já cobra ao país.

Por que estamos vendo tantos casos novos?

Porque a Ômicron é extremamente transmissível e está circulando com intensidade. Se sequenciarmos os vírus de todo mundo, veremos que ela já domina. Isso foi previsto e deve aumentar muito depois das festas de fim de ano. Porém, é importante destacar que isso até agora não resultou no aumento expressivo de casos de doença grave e morte.

Por quê?

A Ômicron, ao que tudo indica, é muito mais transmissível, mas menos patogênica. Mas há um dano sério que a Ômicron já provoca.

Qual?

Ela mata de forma indireta ao tirar da linha de frente profissionais de saúde, que, por serem muito expostos, correm maior risco de serem infectados. Mesmo que os casos deles sejam assintomáticos ou leves, eles precisam se isolar e deixam de trabalhar. E isso afeta não apenas o combate da Covid-19, mas de todas as doenças. A alta circulação da Ômicron também fere a economia e atrapalha a retomada das empresas. É preciso estabelecer um protocolo para esses casos.

(…)

Qual a urgência agora?

É vacinar as crianças de 5 a 11 anos. Já perdemos tempo demais com a relutância sem fundamento do governo federal em vacinar as crianças. Agora, temos que correr. Cada dia sem vacinar as crianças é um dia dado ao vírus para se espalhar entre elas.

As crianças chegarão sem uma segunda dose às escolas. Qual o risco?

É fundamental que elas voltem às aulas. Existe risco de contágio para as crianças e o governo federal, ao demorar a vaciná-las, aceitou o risco de Covid-19 para as crianças. Infelizmente, por causa disso, perdemos o melhor momento de contenção.

Há dois anos enfrentamos essa pandemia. Em que ponto estamos?

Acredito que estamos perto do fim. Mas temos que tomar as rédeas da situação. Isso é feito com vacinação em massa, distanciamento social e máscara, vigilância e testagem. Não é o momento para aglomerações no Carnaval. Se não tivermos blocos, será muito bom para conter a transmissão.

(…)

O que podemos esperar ao longo deste ano?

É muito possível que o coronavírus se atenue e se torne um vírus sazonal, menos patogênico e com menor capacidade de transmissão. Mas é preciso continuar a fazer sequenciamento genético, estudos virológicos. Esse vírus precisa ser mantido sob extrema vigilância, cercado. Vírus estão só à espera de uma janela de oportunidade para se espalhar.

(…)

Qual a perspectiva para a vacinação?

Possivelmente, o ciclo da Ômicron não vai durar muito. O da Delta foi de cerca de dois meses, o da Ômicron pode ser de menos. E no inverno já deveremos estar em condições de começar a planejar o calendário de vacinação de 2023, identificar os grupos que precisam de reforço.

O reforço não será para todos? Por quê?

Porque é inviável manter por tempo indefinido uma vacinação com três ou quatro doses de toda a população mundial. É possível fazer por um ou dois anos, mas não para sempre. A tendência é que possa se determinar melhor quem são os grupos de risco que precisam tomar reforços regulares.

Há laboratórios, como a Moderna, que planejam desenvolver vacinas específicas contra a Ômicron. Vamos precisar mudar a formulação das vacinas ao sabor das variantes, como acontece com a gripe?

Podemos pensar em vacinas para cepas emergentes mais perigosas, mas esse não seria meu investimento principal. Mais importante é investir no desenvolvimento de formulações de vacina que proporcionem uma proteção mais duradoura. Por exemplo, o ideal seria ter um imunizante que precisasse de apenas uma dose por ano.

 

Acesse a entrevista completa aqui.

Acadêmico explica a importância da vacinação de crianças e adolescentes

A Anvisa aprovou recentemente a imunização de crianças entre 5 e 11 anos com a vacina pediátrica da Pfizer. No último dia 15, o Instituto Butantan solicitou também a aprovação do uso da Coronavac em pessoas de 13 a 17 anos. A vacinação de crianças e adolescentes vêm sendo alvo de ataques negacionistas apoiados pelo governo federal, que ainda não adquiriu os imunizantes da Pfizer, e servidores da Anvisa já relataram ameaças e solicitaram, inclusive, proteção policial.

O professor do Instituto de Química da Unicamp e membro titular da ABC, Luiz Carlos Dias, gravou um rápido vídeo defendendo a imunização dessa faixa etária e classificando a decisão do governo de realizar uma audiência pública sobre o tema como “absurda”. O especialista fez um levantamento, utilizando dados públicos, dos números da Covid-19 entre crianças e adolescentes no país.

De acordo com os boletins do Ministério da Saúde, 2.625 pessoas de até 19 anos já morreram no país por Covid-19, número que leva em conta apenas casos confirmados e muito provavelmente está subrepresentado. Além de óbitos, crianças e adolescentes também sofrem com sintomas persistentes e sequelas irreversíveis da infecção. Os efeitos vão desde insônia até síndromes inflamatórias multissistêmicas.

Confira o vídeo completo:

Nota Oficial da Academia Nacional de Medicina sobre a variante Ômicron

A Academia Nacional de Medicina, face ao surgimento desta nova variável com possível agravamento, lembra que todas as medidas preventivas precisam ser tomadas para evitar a piora da pandemia, com lockdown e a paralisação da sociedade com recrudescimento das mortes.

Reforça ser imprescindível o investimento e financiamento das pesquisas e a capacitação de Laboratórios e Instituições que permitam o diagnóstico e a manutenção de condutas científicas adequadas.

Continua inaceitável o comportamento negacionista, anticientífico e político-demagógico.

A imunização global é necessária para o controle da pandemia e diminuir as chances de surgimento de novas variantes. O Brasil deve atuar como líder na solidariedade internacional, disponibilizando vacinas e insumos para países mais necessitados.

O exemplo adequado das autoridades deve ser obrigatório, pois evita mortes, ajuda a economia e permite o retorno a outras atividades essenciais. A omissão e condutas inadequadas precisam ser responsabilizadas.

Máscara, distanciamento físico, higienização das mãos com álcool e vacinas continuam a ser indispensáveis.

A resposta dos Brasileiros aos programas de imunização tem sido exemplar, mas é importante seguirmos tratando de convencer a todos a se vacinar, pois temos ainda que melhorar nossas taxas de imunização completa.

Acad. Rubens Belfort Jr.
Presidente
Academia Nacional de Medicina

IAP e IANAS promovem webinário sobre práticas acadêmicas predatórias

A Parceria InterAcademias (IAP, na sigla em inglês) e a Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS, na sigla em inglês), organizações das quais a ABC é membro, se uniram para promover o webinário gratuito “Práticas acadêmicas predatórias: Perspectivas e aprendizagem regionais”, que ocorrerá na próxima sexta-feira, 3/12, a partir das 13h (horário de Brasília). O objetivo do evento é contribuir para que pesquisadores das Américas e do Caribe tenham mais conhecimento sobre práticas acadêmicas predatórias, minimizando o risco de usá-las.

O webinário reunirá membros do Grupo de Trabalho do IAP, que estão liderando um estudo sobre tais práticas, e outros cientistas da região, almejando discutir o que aprenderam com as análises e ouvir as outras perspectivas sobre jornais e conferências predatórias.

Apesar de não haver limite de inscrições, os organizadores incentivam os interessados a se inscreverem o mais rápido possível através deste link. A inscrição é gratuita e obrigatória. Todos os pesquisadores, bem como aqueles em outros setores relacionados, são convidados a participar. Será possível enviar perguntas aos palestrantes durante o evento, tendo em vista uma participação mais ampla. O webinário será conduzido em inglês.

49º Webinário da ABC discutiu o sistema de saúde no pós-pandemia

Os participantes do 49º Webinário da ABC.

Continuando as discussões do webinário anterior, o 49º Webinário da ABC voltou a abordar as consequências a longo prazo da Covid-19. Com o tema “Planejando o sistema de saúde para prioridades pós-covid”, o evento foi realizado na terça feira, 23 de novembro, e reuniu importantes nomes da medicina brasileira.

Estudos apontam que 10 a 80% das pessoas que tiveram Covid-19 sintomática desenvolveram algum tipo de complicação posterior. As sequelas variam desde perda de olfato e paladar até depressão e AVC. O sistema de saúde brasileiro, que já teve de se adaptar à pandemia, terá que continuar se moldando para lidar com esses novos problemas.

Participaram do webinário a diretora-presidente do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Nadine Clausell, o ex-secretário de Saúde de Curitiba e ex-secretário Nacional de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Adriano Massuda e a diretora do Programa Global de Vigilância da Sobrevida em Câncer (Concord), Gulnar Mendonça. Inicialmente, também estava prevista a participação do ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que não pôde comparecer por questões de saúde.

A moderação do evento ficou por conta do presidente da ABC, Luiz Davidovich, e do membro titular Arnaldo Colombo.

Pandemia: impactos, lições e desafios

Nadine Clausell fez um balanço da atuação do Hospital das Clínicas de Porto Alegre durante a pandemia. Toda a infraestrutura hospitalar teve de ser adaptada para receber o fluxo de pacientes durante os momentos mais críticos. Em meio aos dados, um número traz esperança: o total de pacientes internados em CTI, que chegou a 180 no pico da doença, hoje é menor que 10.

O redirecionamento de esforços para a pandemia, infelizmente, teve custos em outras áreas. Clausell contou que cirurgias nunca pararam, mas que a fila para transplantes desacelerou. O tratamento de doenças cardiovasculares também foi muito afetado e reverteu uma tendência histórica de melhora nos indicadores brasileiros. “Toda essa demanda acumulada gerou perdas irreparáveis, muitas pessoas faleceram em casa sem conseguir internação. Outra consequência foi uma explosão de internações após as ondas da pandemia”, explicou a diretora do HCPA.

A palestrante trouxe o exemplo da insuficiência cardíaca, condição que é complicador para a Covid-19. “A insuficiência cardíaca gera muita reinternação, precisa de acompanhamento, o que diminuiu muito na pandemia. O resultado foi um aumento na mortalidade”. Clausell acredita que uma das formas de mitigar esse problema foi o teleatendimento. “Criamos novos manejos para o tratamento, avaliações remotas por imagem, com resultados positivos”, avaliou.

Para ela, essas novas práticas de atendimento vieram para ficar. Os ambulatórios híbridos criados na pandemia devem permanecer e o HCPA tem meta de manter pelo menos 20% das consultas no formato virtual. O aplicativo Meu Clínicas, criado para o monitoramento de pacientes durante a pandemia, foi outro acerto que deve se consolidar. “O enfrentamento da pandemia foi um desafio, mas trouxe muita inovação”, finalizou Clausell.

Resiliência do Sistema Único de Saúde

Adriano Massuda começou explicando o conceito de resiliência dos sistemas de saúde e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesse sentido. O caminho passa pelo fortalecimento da saúde básica, preparação e identificação de crises e gestão de risco. Passa também pelo investimento perene em educação e pesquisa e pelo combate às desigualdades inerentes do sistema.

Massuda defendeu o formato do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi crucial para o enfrentamento a pandemia no país. “O Brasil é um dos únicos países que descentralizaram a saúde para o nível municipal. O SUS é um importante passo rumo a uma saúde universal”, avaliou.

Entretanto, essa abordagem regionalizada gera lacunas quando falta coordenação central. Problemas como governanças locais frágeis, financiamento insuficiente e má alocação de recursos contribuíram para um agravamento das desigualdades regionais. O problema da demanda reprimida foi ainda maior nas regiões menos desenvolvidas do país. “A falta de um plano nacional pulverizou os esforços. Sem uma orientação geral, cada município criava a sua resposta. Isso gerou um ciclo reativo, com erros que se repetiram”, explicou Massuda.

Para o palestrante, o problema mais urgente da saúde brasileira é a austeridade fiscal. Foram apresentados dados que indicam uma relação entre o congelamento dos gastos públicos em 2017 e a piora de diversos marcadores, como a mortalidade infantil. “O teto de gastos ameaça avanços históricos e contribui para o aprofundamento da inequidade”.

Os desafios para prevenção e assistência ao câncer

No tratamento do câncer, a velocidade da resposta é fundamental para a sobrevivência. Gulnar Mendonça, diretora do Concord, programa global de monitoramento da sobrevida de pessoas com câncer, avalia que a pandemia piorou muito o acompanhamento dos casos no Brasil, com queda brusca nos diagnósticos.

Os marcadores brasileiros para a doença ainda refletem as desigualdades regionais. No mundo inteiro, a melhora nos números da doença está sempre associada a prevenção. “O câncer de colo de útero, muito associado à pobreza por causa da capacidade de prevenção com acompanhamento, decresce em todo o Brasil – menos no interior da região Norte”, exemplificou a palestrante.

O Concord avalia que 42% das mortes por câncer no Brasil poderiam ser prevenidas. “A sobrevida no câncer é fortemente influenciada por fatores socioeconômicos. No caso brasileiro, também existe um recorte racial muito explícito”, explicou Gulnar Mendonça.

Debate

Terminadas as apresentações, o espaço foi aberto para perguntas e discussões entre o público e os palestrantes. Os temas abordados giraram em torno da gestão de crises e do fortalecimento do SUS.

Gestão de crises

Nadine Clausell relatou que o HCPA já possui um grupo de planejamento para catástrofes. Criado em 2013 por conta da tragédia na boate Kiss, o grupo, formado por médicos do hospital, planeja a alocação de áreas e recursos do HCPA de modo que estejam preparados em caso de nova crise.

Para Clausell, essa resposta coordenada permitiu, entre outras coisas, que a taxa de contaminação do HCPA ficasse abaixo da média nacional. Segundo ela, “a estrutura do sistema de saúde precisa ser, ao mesmo tempo, forte e maleável, capaz de se adaptar a diferentes cenários”.

Fortalecimento do SUS

Os três palestrantes foram unânimes na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) como o melhor esforço pela universalização da saúde no Brasil. Adriano Massuda considera que a soberania nacional na área está sendo dilapidada, com o país cada vez mais dependente da importação de insumos para medicamentos. “É preciso investir também em transferência de tecnologia e para isso é preciso ter financiamento de longo prazo”, ressaltou.

Massuda acredita também ser necessário restaurar a autoridade do Ministério da Saúde. A coordenação central é necessária para integrar o sistema no pós-Covid, implementando inovações como o teleatendimento e fortalecendo a saúde básica. “O Brasil enfrentou a pandemia com a pior coordenação possível do Ministério da Saúde, isso não pode se repetir”.

Gulnar Mendonça afirmou que o país precisa ir atrás dos diagnósticos que deixaram de ser feitos durante a pandemia e acredita que o SUS é a ferramenta para isso. “O SUS é a melhor forma de atender a população. O Brasil precisa do SUS”.

 

Assista ao webinário na íntegra pelo canal da ABC no YouTube.

Fiocruz submete pedido de registro da vacina Covid-19 com IFA nacional

A Fundação Oswaldo Cruz, por meio de seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quinta-feira (25/11), o pedido de alteração pós-registro da vacina Covid-19 (recombinante), solicitando a inclusão do Instituto como unidade produtora do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) do imunizante. Confira imagens 360º da área de produção do IFA nacional do imunizante da Fiocruz

A previsão é de que a Anvisa conclua o processo em até 30 dias. Trata-se de um processo de transferência de tecnologia em tempo recorde. A conclusão de transferências de tecnologias em imunobiológicos costuma levar cerca de 10 anos. Com a vacina Fiocruz Covid-19, Bio-Manguinhos/Fiocruz concluirá a incorporação da tecnologia em apenas um ano, em atendimento à emergência sanitária.

Bio-Manguinhos/Fiocruz confeccionou a documentação para nova submissão durante cerca de dois meses, e participou de três reuniões via Parlatório, junto à Anvisa, para tratar especificamente sobre o pedido de alteração do local de fabricação do IFA. A submissão do pedido ocorre dentro do prazo previsto pela Fiocruz.

Para a obtenção de parecer favorável, a Anvisa avaliará a equivalência do processo produtivo, comprovando que as vacinas produzidas com o IFA de Bio-Manguinhos/Fiocruz possuem a mesma eficácia, segurança e qualidade daquelas processadas com o Ingrediente importado, além das metodologias analíticas exigidas e as etapas do processo produtivo.

Esta é a última etapa regulatória para a obtenção da vacina 100% nacional. Em fases anteriores, a Anvisa já havia concedido as Condições Técnico-Operacionais (CTO) da infraestrutura de produção do Ingrediente e o Certificado de Boas Práticas de Fabricação (cBPF) para produção deste insumo. Além dos documentos que compuseram o pacote entregue à Anvisa para o pedido de alteração do local de fabricação do IFA, mais dados poderão ser apresentados no decorrer da análise da Agência. 

Produção da vacina 100% nacional

Até o momento, foi concluída a produção de cinco lotes de IFA nacional, dos quais quatro foram liberados internamente e se encontram em estudos de comparabilidade analítica no exterior. No momento, outros três se encontram em processamento no Instituto. 

O processamento final (formulação, envase, revisão, rotulagem e embalagem) dos lotes com o IFA nacional e as primeiras entregas das vacinas nacionais ocorrerão somente após a aprovação da alteração pós registro pela Anvisa e pactuação com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), de modo a garantir a máxima validade das doses no momento da sua distribuição.

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