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Descarbonização do setor de energia é pauta de conferência sobre transição energética

A Conferência ETRI 2023 é um evento aberto e as inscrições devem ser feitas neste link. Saiba mais no site da conferência.


Ciência aberta para doenças negligenciadas

Ao completar 10 anos do consórcio LOLA [Lead Optimization Latin American (LOLA)], a DNDi – que é uma organização de pesquisa sem fins lucrativos que desenvolve tratamentos para pacientes negligenciados – anuncia seu novo projeto de otimização de compostos para doenças negligenciadas: a ferramenta a Open-Chagas. O projeto é uma plataforma segura e transparente para expandir a ciência em laboratórios e países da América Latina dedicados à busca de novos medicamentos para doenças como Chagas. “Todos os pesquisadores interessados em receber apoio ao desenvolvimento de seus compostos poderão a se inscrever pelo canal do Open-Chagas, disse a coordenadora Drug Discovery da DNDi América Latina, Luiza Cruz.

Experiências e histórias inspiradoras marcaram o primeiro dia do LOLA 10. A vice-reitora da Unicamp, Maria Luiza Moretti, emocionou a plateia ao compartilhar sua história pessoal. “Eu venho de uma região endêmica para doenças negligenciadas, com as quais lidei por boa parte da minha vida, inclusive como médica, buscando atender pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes sabendo que já não havia esperança para os pacientes. E é muito frustrante constatar que até hoje ainda não há medicamentos de qualidade para atendê-los”, ressaltando a grande importância de iniciativas como do LOLA. 

A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, professora do Departamento de Bioquímica da Unifesp, ressaltou os principais desafios de saúde pública na América Latina, que engloba tantos desafios somados às doenças negligenciadas, como a pobreza, desigualdade, mudança climática, degradação ambiental, entre outros desafios globais, que afetam muito a saúde das pessoas. “Temos que falar mais sobre a impossibilidade de atingirmos os 17 objetivos para um desenvolvimento sustentável. E quando falamos em doenças negligenciadas, temos que pensar também: negligenciada por quem?” A pesquisadora criticou ainda os interesses políticos e econômicos que culminaram na demora de uma resposta mundial à pandemia de Covid-19, mesmo já havendo indícios de que algo desta magnitude estava por vir. “Precisamos de uma abordagem à saúde que seja mais colaborativa, multidisciplinar e melhor preparada para o controle de pandemias”. E finalizou congratulando o LOLA/DNDi pelo excelente trabalho na tentativa de modificar este triste panorama.

O diretor da DNDi na América Latina, pesquisador Sergio Sosa-Estani, ressaltou que o evento é de extrema importância para o consórcio LOLA planejar os passos dos próximos próximos 10 anos, conectando o interesse e conhecimento da academia com a expertise da indústria e o apoio sustentável das agências de fomento. “Tudo isso sem perder o foco no objetivo principal de porque estamos todos aqui, que é trabalhar para melhorar a vida das pessoas – e a cooperação é a única maneira possível”.

Em seguida, Jadel Kratz, diretor de Drug Discovery da DNDi América Latina, explicou como funciona a cadeia de produção de novos medicamentos e ressaltou os desafios encontrados na América Latina. “É um longo caminho, que reúne diversas expertises e muitos países não têm as capacidades necessárias para ultrapassar as etapas iniciais da descoberta de novos medicamentos. Nós estamos aqui justamente para ajudar a desenvolver essas inovações”. Kratz ressalta que o LOLA começou muito pequeno, com o objetivo de construir essas capacidades e que agora buscam expandir e fortalecer essa rede, com um objetivo para os próximos cinco anos do LOLA de conseguir identificar de oito a dez candidatos a novas drogas.

Ao explicar como se deu a criação do consórcio LOLA, o organizador do evento e pesquisador da Unicamp, [o membro titular da ABC] Luiz Carlos Dias, não poupou elogios aos seus alunos, que abraçaram e impulsionaram o projeto com grande entusiasmo. Ele relembra a grande mudança que o consórcio representou em sua carreira acadêmica, que ganhou um novo propósito. Seu laboratório estabeleceu a primeira parceria da DNDi com a academia científica na América Latina. “No início precisávamos construir as capacidades e desenvolver tecnologias mais modernas. Agora, estamos dando um passo adiante. Acredito que essa parceria, certamente, está abrindo grandes portas para inovação no Brasil e é um ótimo exemplo de ciência que busca dar um retorno para a sociedade.”

TYAN e TWAS-LACREP: Conferências na UnB reúnem jovens cientistas de ponta

A Universidade de Brasília (UnB) recebeu, entre 9 e 11 de outubro, a 23ª Conferência de Jovens Cientistas do Parceiro Regional da América Latina e do Caribe da Academia Mundial de Ciências (TWAS-LACREP) e a 2ª Conferência Regional da TYAN para a América Latina e Caribe. O evento na capital federal reuniu jovens pesquisadores internacionais de áreas distintas de ciências exatas, inovação e tecnologia. 

A presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), Jaqueline Mesquita, [que foi membra afiliada da Academia Brasileira de Ciências entre 2018 e 2022],  integrou a mesa de abertura da conferência, acompanhada de autoridades da área, do Brasil e da América Latina: o Acadêmico Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Maria Emília Walter, decana de Pesquisa e Inovação da UnB;  Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Franco Cabrerizo, chair da TYAN; Ricardo Ruviaro, diretor do Instituto de Ciências Exatas da UnB; Fabio Naro, adido científico da Embaixada da Itália no Brasil; e o Acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Franco Cabrerizo, Jaqueline Mesquita, Carlos Aragão, Maria Emilia, Ricardo Galvão, Ricardo Ruviaro e Alessandro Cortes, este embaixador da Itália no Brasil

“Nós acreditamos que a América Latina e o Caribe se deparam com um grande desafio de desenvolver sistemas e artefatos nacionais para as áreas de ciências, tecnologia e inovação. Por isso, esse evento é vital para a discussão e proposições para o avanço da Ciência no continente. Nesta conferência, tratamos vários temas riquíssimos e interligados como sustentabilidade, planejamento de iniciativas em prol do meio ambiente, biotecnologia. A ideia é que a ciência seja o motor, o componente essencial para alcançarmos juntos a sustentabilidade. Acredito que todos vocês vão voltar deste encontro com essa mensagem”, avaliou Aragão.

Fabio Naro corroborou o ponto de vista de Aragão: “É uma excelente iniciativa para desenvolver as colaborações institucionais”, pontuou.

Inácio Arruda elogiou os temas escolhidos, extremamente pertinenteso, como sustentabilidade, o aumento da representatividade de grupos minoritários na ciência e a divulgação de pesquisas de qualidade. “Fico muito feliz, em nome do MCTI, em participar de um momento especial como esse, pois confirma nossa retomada pelo apreço à ciência, que é um mecanismo também de transformação social. É uma conferência de nível muito elevado, com apoio dos principais centros de pesquisa do país, da Academia, o que torna o evento ainda mais grandioso e completo em seu propósito”, destacou Arruda.

As atividades continuaram nos dias 10 e 11/10, no Instituto de Química (IQ) da UnB, com palestras plenárias, sessões temáticas e painéis. 

As palestras sobre Mudanças Climáticas e Sustentabilidade foram ministradas pelo Acadêmico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), e Pablo Bolaños, da Universidade da Costa Rica. Uma das palestras plenárias foi proferida por Yraima Cordeiro, professora da Faculdade de Farmácia da UFRJ e afiliada da ABC no período de 2012 a 2016. No painel Open Science, um dos apresentadores foi Brenno Amaro da Silveira Neto, professor da UnB e afiliado da ABC no período de 2014 a 2018. Já a afiliada Taís Gratieri (2021-2026) participou do painel “Genética e Biotecnologia” e a Acadêmica titular Vanderlan Bolzani integrou a mesa “Ações para aumentar a presença de grupos subrepresentados na ciência”.

Leia as matérias dos dois outros dias do evento:

Conferência na UnB destaca cientistas de ponta da América Latina no 2º dia e promove interações com alunos brasileiros

Conferência em Brasília chega ao fim com intercâmbio de ideias de cientistas das Américas e interdisciplinaridade é tendência para 2024


Sobre a TWAS e a TYAN

  • A Academia Mundial de Ciências (TWAS) tem como foco a aproximação de jovens pesquisadores para contribuir na comunicação e a cooperação entre as novas gerações de cientistas. 
  • A TWAS-LACREP é a Parceria Regional para a América Latina e Caribe da TWAS, que é sediada na ABC.
  • A TYAN é a Rede de Jovens Afiliados da TWAS.

Apoio

Além de TYAN e TWAS-LACREP, apoiaram o evento o IQ/UnB, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Departamento de Matemática do Instituto de Ciências Exatas da UnB e o Instituto Serrapilheira.

1ª Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovaçao de São Carlos

O Acadêmico José Galizia Tundisi, que é secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação da cidade de São Carlos, em São Paulo, lidera a organização da 1ª Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovaçao de São Carlos. O evento será realizado entre os dias 16 e 27 de outubro.

Serão realizadas as mais diversas atividades relacionadas ao tema, em vários locais. Entre os palestrantes, estão os Acadêmicos Glaucius Oliva e Paulo Artaxo, além do próprio Tundisi.

Veja a programação no Paço Municipal!

Veja a programação na cidade!

Tela de led, cirurgia e painéis solares: como a pesquisa do Nobel de Química está na nossa rotina

Reportagem do Estadão ouviu os membros titulares da ABC Ana Flávia Nogueira e Aldo Zarbin. Confira:

O Nobel de Química deste ano foi concedido a três cientistas que criaram os chamados pontos quânticos, trazendo a até então abstrata nanotecnologia para o nosso cotidiano. Esses pequeníssimos cristais estão presentes nas telas das televisões de tecnologia LED e nos exames médicos de imagem, onde as nanopartículas são responsáveis por criar as diferentes cores.

A empresa holandesa Philips e a japonesa Sony foram pioneiras no uso dessa tecnologia para melhorar a cor e a definição das telas de suas televisões há uma década. Algumas lâmpadas de LED também incorporam pontos quânticos para conseguir novos matizes luminosos.

Os pontos quânticos também são usados na geração de imagens na medicina, para guiar cirurgiões na remoção de tecido cancerígeno e também para determinar com mais precisão os alvos de determinadas drogas oncológicas. Os cristais estão presentes em painéis solares e estufas.

“Esse prêmio já era esperado dadas todas as aplicações da tecnologia”, afirmou a diretora do Centro de Inovações em Novas Energias (Cine) da Unicamp, Ana Flávia Nogueira, integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “A grande revolução dessa pesquisa foi mostrar que a composição desses pontos é a mesma e que a diferença está no tamanho; isso era bem inesperado.”

(…)

Leia a reportagem completa no Estadão.


A Acadêmica Ana Flávia Nogueira também concedeu entrevista à Folha de S. Paulo sobre o tema, confira:

Nobel de Química 2023 vai para pontos quânticos, hoje usados em TVs e luminárias de LEDFolha de S. Paulo – 04/10/2023

UnB recebe conferência internacional de jovens cientistas

Brasília (Brasil), 6 de outubro de 2023 – Após sediar o 9º Workshop Temático Internacional de Matemática da Rede de Jovens Pesquisadores da Academia Mundial de Ciências (TYAN) e 1º Workshop TYAN-Humboldt em Matemática, a Universidade de Brasília (UnB) será palco, de 9 a 11 de outubro, de mais um evento importante. A capital federal receberá a 23ª Conferência de Jovens Cientistas do Parceiro Regional da América Latina e do Caribe da Academia Mundial de Ciências (TWAS-LACREP) e a 2ª Conferência Regional da TYAN para a América Latina e Caribe

Estão confirmados no evento pesquisadores internacionais de áreas distintas da ciência. O evento trará apresentações e discussões voltadas a diferentes temas que envolvem sustentabilidade, o aumento da representatividade de grupos minoritários na ciência e a divulgação e a promoção de trabalhos científicos de qualidade.

O objetivo é promover a troca de conhecimento e experiências entre jovens cientistas, além de discutir temas importantes para o desenvolvimento da ciência na região.

A presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), Jaqueline Mesquita, que foi afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) no período 2018-2022, fará parte da mesa de abertura da Conferência e dará as boas-vindas aos participantes na próxima segunda-feira (9). 

As atividades serão realizadas no auditório do Instituto de Química (IQ) da UnB, com palestras plenárias, sessões temáticas e painéis distribuídos diariamente no horário das 8h às 18h30. A expectativa é a presença de cerca de 100 pesquisadores de ponta do mundo todo. 

A Academia Mundial de Ciências (TWAS) tem como foco a aproximação de jovens pesquisadores para contribuir na comunicação e a cooperação entre as novas gerações de cientistas. Você pode ver a programação diária do evento neste link

Além de TYAN e TWAS-LACREP (este último sediado na ABC), apoiam o evento o IQ/UnB, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), a Academia Brasileira de Ciências, o Departamento de Matemática do Instituto de Ciências Exatas da UnB e o Instituto Serrapilheira.

Nobel de Química premia cientistas por trás dos pontos quânticos

Os laureados com o Prêmio Nobel de Química de 2023 foram anunciados no dia 4 de outubro pela Royal Swedish Academy of Sciences. Juntos, os cientistas Alexei I. Ekimov, Louis E. Brus e Moungi Bawendi são responsáveis por descobrir, desenvolver e dar escala à tecnologia dos pontos quânticos (quantum dots), com diversas aplicações, a mais famosa delas a do QLED utilizada em telas de celulares e televisores de última geração.

É conhecimento comum em química que as propriedades de uma substância são determinadas pela natureza e forma de ligação dos elementos componentes, que são governadas pelo seu número de elétrons. Entretanto, quando vamos para a dimensão das nanopartículas, percebemos que as propriedades ópticas– cor, brilho – se alteram pelos chamados fenômenos quânticos. Os três laureados conseguiram produzir partículas tão pequenas que suas propriedades diferem das de partículas maiores, e transformaram isso em novas tecnologias para a sociedade.

Alexei Ekimov conseguiu criar efeitos quânticos em partículas de vidro colorido. A cor surgia de nanopartículas de cloreto de cobre, cujo tamanho ele demonstrou que se relacionava com as características apresentadas. Alguns anos depois, Louis Brus foi o primeiro cientista do mundo a provar efeitos quânticos dependentes do tamanho em partículas flutuando livremente num fluido.

Já em 1993, Moungi Bawendi revolucionou a produção química desses pontos quânticos, conseguindo partículas quase perfeitas. Essa alta qualidade era necessária para que se ganhasse escala e previsibilidade para produção industrial.

Com isso, hoje os pontos quânticos podem ser empregados em diversas áreas. Além da tecnologia QLED, mesmo os LEDs tradicionais podem se utilizar dos pontos quânticos para atingir nuances de cor e brilho. Na medicina, os pontos quânticos são usados em reagentes bioquímicos que, entre outras aplicações, são aplicados no mapeamento de tecidos de um organismo.

A humanidade está apenas começando a trabalhar com as possibilidades abertas por essa tecnologia. O caminho que vai desde a descobertas dos pontos quânticos até suas aplicações é a história de como a ciência beneficia e gera novas formas de pensar para a humanidade. É isso que o Nobel reconhece.

Os laureados com o Nobel de Química 2023: Moungi Bawendi, Louis E. Brus e Alexei E. Ekimov

Confira o comentário do membro titular da Academia Brasileira de Ciências Fernando Galembeck sobre a premiação:

Fernando Galembeck, membro titular da ABC

Fiquei muito contente com esse resultado, pois premia algo que o cidadão comum entende e utiliza todos os dias. Nesse sentido, é parecido com o Nobel de Medicina deste ano, que premiou as vacinas de mRNA, algo que já se transformou em benefícios para a sociedade.

Existem três tipos de tecnologias em LEDs: os orgânicos, os inorgânicos e, mais recentemente, os pontos quânticos. Estes últimos permitiram um salto muito grande na qualidade das imagens das telas, e qualquer pessoa percebe isso. Mas essa é apenas uma das aplicações.

Há anos que falamos muito em nanotecnologia. Em ciência isso é muito comum, um assunto se tornar midiático e atrair atenção. Mas muitos acabam depois desaparecendo. A nanotecnologia provocou muitas mudanças científicas, e sempre nos questionávamos se ela geraria inovações concretas. Hoje ela já conseguiu, mas os pontos quânticos são, provavelmente, a maior delas. Seu uso em telas faz com que seja difundida como nenhuma outra.

Uma ideia revolucionaria que a nanotecnologia trouxe foi perceber que as propriedades de uma substância mudam quando ela está na forma de partículas muito pequenas, como é o caso dos pontos quânticos. Nessa escala, a matéria tem propriedades que um cristal maior não tem. Por exemplo, consideremos os chamados pontos de carbono, carbon dots. Ora, isso é basicamente carvão, mas, nessa escala, emite luz intensa e brilhante, algo que o carvão como conhecemos não faz.

Eu costumo lembrar que a nanotecnologia já existe na natureza. Por exemplo, o leite materno tem grande quantidade de nanopartículas, como fosfatos de cálcio, proteínas e gorduras, e o fato delas serem bem pequenas permite à criança absorver os nutrientes mais facilmente. Ou seja, a natureza descobriu nanotecnologia a muito tempo.

Os ourives também a conheciam, quando perceberam que folhas de ouro muito finas ficavam esverdeadas. O ouro à nível de nanopartículas adquire uma cor avermelhada ou azulada. É o que observamos na púrpura de Cassius, um pigmento presente em jóias antigas, hoje em museus, que já faziam uso dessas propriedades. Ou seja, é algo que já produziu vários resultados, mas esse de agora é um dos mais espetaculares. Mas é preciso ficar alerta, porque inovações ainda maiores podem aparecer.

Os três ganhadores trouxeram contribuições diferentes. Destaco o Moungi Bawendi, que descobriu maneiras de produzir pontos quânticos que viabilizaran sua produção em larga escala. A ciência pode descobrir coisas maravilhosas e nunca conseguir levar seus benefícios para muitas pessoas. Uma etapa crucial é escalonar uma pesquisa básica até conseguir fazer em grande quantidade, a um custo acessível. Esse grupo de laureados foi da descoberta até a inovação. Pasteur dizia que só existe uma ciência, não concebia separação entre a básica e a aplicada.

Em suma, esse Nobel premia um trabalho cujos resultados fazem sentido para muitas pessoas. Esse é o tipo de ciência que eu gosto.

 

Fernando Galembeck, professor aposentado do Instituto de Química da Unicamp

Nobel de Física: brasileiro atuou com vencedora

Integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o físico Anderson Gomes trabalhou, na França, com a pesquisadora francesa Anne L’Huillier, uma das agraciadas nesta terça-feira, 3, com o Nobel de Física. Gomes chegou a assinar dois estudos com Anne; pesquisas iniciais do trabalho que acabou levando ao prêmio.

“Publiquei dois artigos, no início dos anos 1990, com a (Anne) L’Huillier e sua equipe, fruto de uma cooperação internacional entre o Brasil e a França”, contou Gomes. “Ela era uma física teórica que foi para o laboratório aprender. Trabalhamos juntos. Foram artigos pioneiros neste tema que ela viria a desenvolver depois”, diz.

O Nobel de Física deste ano foi concedido a Pierre Agostini, da Universidade do Estado de Ohio (EUA); Ferenc Krausz, diretor do Instituto Max Planck de Quântica Óptica (Alemanha); e Anne L´Huillier, professora da Universidade Lund (Suécia); por suas pesquisas que “concederam à humanidade novas ferramentas para explorar o mundo dos elétrons dentro dos átomos e moléculas”.

(…)

Leia a matéria completa no Estadão.

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