pt_BR

Falecimento do Acadêmico Luiz Antonio Barreto de Castro

A Diretoria da ABC lamenta a perda do Acadêmico Luiz Antonio Barreto de Castro, o Luiz ABC, como era mais conhecido. 

Luiz ABC nasceu no Rio de Janeiro em 1939 e ingressou na Escola Nacional de Agronomia em 1959. Iniciou suas atividades científicas em 1960 como aluno de Charles Frederick Robbs na área de fitopatologia; posteriormente, em 1961, como aluno de Dalmo Catauli Giacommetti, recebeu uma bolsa de estudos de iniciação científica do Conselho Nacional de Pesquisa para estudar recursos genéticos de hortaliças. Concluiu o curso de engenharia agronômica em 1962 e trabalhou por três anos no Departamento de Horticultura do Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola do Ministério da Agricultura no estado do Rio, onde estabeleceu o primeiro Laboratório de Tecnologia de Sementes em 1965.

Iniciou sua carreira como professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em 1965, seguindo até 1981 como professor assistente e, depois, como professor adjunto do Departamento de Horticultura, nas áreas de hortaliças, tecnologia de sementes e bioquímica vegetal. Realizou mestrado em Tecnologia de Sementes na Universidade Estadual do Mississippi, concluído em 1970, publicando em seguida vários trabalhos científicos nas áreas de fisiologia de sementes e melhoramento de hortaliças.

Começou a cursar o doutorado em Fisiologia Vegetal/Biologia Molecular na Universidade da Califórnia-Davis (UCLA), em 1973. Sua tese foi na área de proteínas da soja: caracterização, isolamento e síntese in vitro. Voltou ao Brasil em 1977 e trabalhou durante dois anos no laboratório de Maury Miranda, no Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Posteriormente, estabeleceu o Laboratório de Biologia Molecular na UFRRJ, até ser contratado pela Embrapa, em 1980, para desenvolver a primeira iniciativa de engenharia genética vegetal no Brasil, no Cenargen, em Brasília.

Luiz ABC deu início à biotecnologia vegetal no Brasil quando nenhuma planta transgênica havia sido obtida no mundo. Em dez anos, o Cenargen se tornou o melhor Centro de Pesquisa em Biotecnologia Vegetal do Brasil, tendo sido credenciado como Centro de Excelência do Centro Internacional para Biotecnologia  Engenharia Genética (ICGEB, sigla em inglês) em Trieste/Nova Déli. Visitou a UCLA por três meses todos os anos, entre 1986 e 1992, como pós-doutorando de Robert Goldberg, patrocinado pela Fundação Rockefeller. Assim, consolidou seus estudos em expressão de genes e biologia do desenvolvimento de plantas, publicando vários artigos científicos na área  e obtendo as primeiras patentes brasileiras na área de engenharia genética vegetal.

Em seguida, trabalhou por nove anos como coordenador de pesquisa para o então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), ocupando a posição de secretário de Ciência e Tecnologia e secretário-executivo do Programa de Apoio do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT). No MCT, contribuiu para estabelecer as leis básicas necessárias para o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil: proteção de cultivares, patentes, biossegurança e prospecção de biodiversidade. Voltou à Embrapa em julho de 1999 para ser diretor da Secretaria de Propriedade Intelectual, e exerceu o cargo de chefe geral do Cenargen. 

O velório acontecerá no Rio de Janeiro, no Memorial do Carmo, no dia 29 de dezembro, de 10h às 13h.

Novos membros da ABC eleitos em 2023

Após Assembleia Geral Ordinária realizada em 4 de dezembro, a Diretoria da ABC divulgou o resultado das eleições para membros titulares, correspondentes e afiliados.

A posse se dará mediante a concordância do termo de aceite, que foi enviado para todos os eleitos por e-mail.

Este ano as mulheres são maioria entre os titulares eleitos, com 60%. Essa proporção reflete uma tendência rumo à igualdade de gênero no topo da carreira científica, que cada vez mais se reflete nos quadros da Academia Brasileira de Ciências. Entre os membros afiliados, a equidade também foi atingida, com 50%,

Os membros titulares e correspondentes receberão seus diplomas em maio de 2024, durante a Reunião Magna da ABC, a ser realizada na cidade do Rio de Janeiro.

Já os membros afiliados terão suas cerimônias de diplomação associadas a simpósios científicos em cada região, que serão realizados de acordo com o seguinte cronograma:

Região Norte 1ª quinzena de agosto de 2024
Região NE & ES 2ª quinzena de agosto de 2024
Região MG & CO 1ª quinzena de setembro de 2024
Região RJ 2ª quinzena de setembro de 2024
Região SP 1ª quinzena de outubro de 2024
Região Sul 2ª quinzena de outubro de 2024

Entenda o passo-a-passo para a eleição.


Conheça os eleitos!

MEMBROS TITULARES
Ciências Matemáticas
Nancy Lopes Garcia (Unicamp)

Ciências Físicas
Andrea Brito Latgé (UFF)
Daniela Lazzaro (ON)
Luis Carlos Bassalo Crispino (UFPA)

Ciências Químicas
Cristina Wayne Nogueira (UFSM)

Ciências da Terra
Marly Babinski (USP)

Ciências Biológicas
Neusa Hamada (INPA)
Vera Lucia Imperatriz Fonseca (USP)

Ciências Biomédicas
Ana Maria Caetano de Faria (UFMG)
Marcio Lourenço Rodrigues (Fiocruz)
Patricia Chakur Brum (USP)

Ciências da Saúde
Monica Roberto Gradelha (UFRJ)
Selma Maria Bezerra Jeronimo (UFRN)

Ciências Agrárias
Antonio Costa de Oliveira (UFPel)
Francisco Murilo Zerbini Junior (UFV)
Segundo Sacramento Urquiaga Caballero (Embrapa)

Ciências da Engenharia
Eduardo Antônio Barros da Silva (UFRJ)
Julio Romano Meneghini (USP)
Teresa Bernarda Ludermir (UFPE)

Ciências Sociais
Renato Janine Ribeiro (USP)

 

MEMBROS CORRESPONDENTES
• Alberto Rodolfo Kornblihtt (Ciências Biológicas, Argentina)
• José Alejandro Madrigal (Ciências Biomédicas, Reino Unido)
• Karen Barbara Strier (Ciências Biológicas, EUA)

 

MEMBROS AFILIADOS
Região Norte
Aurora Miho Yanai Nascimento (INPA, Ciências Biológicas)
Karen Janones da Rocha (UNIR, Ciências Agrárias)
Pedro Tupã Pandava Aum (UFPA. Ciências da Engenharia)
Sonaira Souza da Silva (UFAC, Ciências Biológicas)
Verônica Scarpini Candido (UFPA, Ciências da Engenharia)

Região Nordeste e Espírito Santo
Anielle Christine Almeida Silva (UFAL, Ciências Físicas)
Bruna Aparecida Souza Machado (SENAI/FIEB, Ciências da Saúde)
Bruno Solano de Freitas Souza (Fiocruz, Ciências Biomédicas)
Enelise Katia Piovesan (UFPE, Ciências da Terra)
Yuri Gomes Lima (UFC, Ciências Matemáticas)

Região Minas Gerais e Centro Oeste
Ana Paula de Carvalho Teixeira (UFMG, Ciências Químicas)
Daniel Mendes Pereira Ardisson Araújo (UnB, Ciências Biológicas)
Luiz Antonio Ribeiro Junior (UnB, Ciências Físicas)
Marcos Vinicius Silva (UFTM, Ciências Biomédicas)
Sumbal Saba (UFG, Ciências Químicas)

Região Rio de Janeiro
Clécio Roque de Bom (CBPF, Ciências Físicas)
Joana Maria Gonçalves de Souza Fabjan (UFF, Ciências Agrárias)
Julia Helena Rosauro Clarke (UFRJ, Ciências Biológicas)
Rodrigo Ferreira Toniol (UFRJ, Ciências Sociais)
Uéverton dos Santos Souza (UFF, Ciências da Engenharia)

Região São Paulo
Gabriel Ravanhani Schleder (CNPEM, Ciências Físicas)
Igor Dias Jurberg (Unicamp, Ciências Químicas)
João Vitor da Silva (Unicamp, Ciências Matemáticas)
Larissa Dias da Cunha (USP, Ciências Biomédicas)
Maria Carolina Quecine (USP, Ciências Agrárias)

Região Sul
Cristiane Luchese (UFPel, Ciências Biológicas)
José Reck Júnior (IPVDF, Ciências Biológicas)
Luciana Tovo Rodrigues (UFPel, Ciências da Saúde)
Renata Rojas Guerra (UFSM, Ciências Matemáticas)
Ulisses de Padua Pereira (UEL, Ciências Agrárias)

Empossados membros da Comissão de Ética

No 3 de maio, aniversário da Academia Brasileira de Ciências, a presidente Helena B. Nader deu posse aos novos membros da Comissão de Ética, com mandato de três anos. 

A nova comissão foi formada em atenção ao Estatuto da ABC e ao Código de Ética e Conduta para os Membros aprovados em 2022 . É composta por cinco membros titulares, nomeados pela Diretoria da ABC. São eles Alberto Henrique Frade Laender (UFMG, computação), Antonio Gomes de Souza Filho (UFC, física), Edson Hirokazu Watanabe (UFRJ, engenharia), Mara Helena Hutz (UFRGS, genética) e Nadya Araujo Guimarães (USP, sociologia).

A Comissão de Ética tem competências para:

a) Receber as denúncias e encaminhá-las para averiguação por órgãos internos ou externos.

b) Solicitar documentos internos ou externos visando à apuração dos fatos e, se necessário, solicitar a intervenção dos órgãos competentes.

c) Em caso de denúncias cuja penalização seja de competência de outros órgãos, internos ou externos, encaminhar o material pertinente aos mesmos com as provas que tiverem sido colhidas.

d) Cumprir as normas internas que disciplinam sua competência e procedimentos que devem ser seguidos.

e) Proporcionar direitos de contraditório e ampla defesa a todos quantos estejam sendo investigados a partir das denúncias recebidas.

f) Responder às dúvidas recebidas acerca da interpretação do Código.

g) Com base em apurações e direito de defesa, propor punição (advertência privada, advertência pública, expulsão) de membro da Academia que tenha sido considerado(a) culpado(a) de violação do Código de Ética e Conduta da ABC.

Novos membros da ABC eleitos em 2022

Após Assembleia Geral Ordinária realizada em 1/12/2022, a Diretoria da ABC divulgou o resultado das eleições para membros titulares, correspondentes e afiliados.

Todos os eleitos tomam posse no dia 1º de janeiro de 2023. Os membros titulares e correspondentes receberão seus diplomas no dia 10 de maio de 2023, durante a Reunião Magna da ABC. Os membros afiliados terão suas cerimônias de diplomação associadas à simpósios científicos em cada região, para que apresentem suas pesquisas, em datas que serão agendadas futuramente.

O site da Academia possui uma página que explica o passo-a-passo para a eleição. A Diretoria da ABC também já divulgou o cronograma eleitoral para 2023, disponível aqui no site da ABC. Fiquem atentos.

A ABC dá as boas vindas aos novos membros, listados abaixo:

MEMBROS TITULARES

Ciências Matemáticas
• Carolina Bhering de Araujo (IMPA)
• Celina Miraglia Herrera de Figueiredo (UFRJ)

Ciências Físicas
• Rodrigo Barbosa Capaz (CNPEM & UFRJ)

Ciências Químicas
• Ana Flávia Nogueira (Unicamp)
• Severino Alves Junior (UFPE)

Ciências da Terra
• Rômulo Simões Angélica (UFPA)

Ciências Biológicas
• Gustavo Henrique Goldman (USP)
• Ima Célia Guimarães Vieira (MPEG)

Ciências Biomédicas
• Denise Pires de Carvalho (UFRJ)
• Marta Maria Geraldes Teixeira (USP)
• Rafael Roesler (UFRGS)

Ciências da Saúde
• Bernardo Galvão Castro Filho (Escola Bahiana de Medicina)

Ciências Agrárias
• Anete Pereira de Souza (Unicamp)

Ciências da Engenharia
• Francisco de Assis Tenório de Carvalho (UFPE)
• Segen Farid Estefen (UFRJ)

Ciências Sociais
• Alcida Rita Ramos (UnB)
• Sérgio França Adorno de Abreu (USP)

 

MEMBROS CORRESPONDENTES

• Alberto Mantovani (Instituto Clinico Humanitas, Itália)
• Béla Bollobás (Universidade de Memphis, EUA)
• Hans Lischka (Texas Tech University, EUA)
• Hernan Makse (City College of New York, EUA)
• Igor Correia de Almeida (University of Texas, EUA)
• Jitender P. Dubey (Beltsville Agricultural Research Center, EUA)
• Paras Nath Prasad (University of Buffalo, EUA)
• Marcia Caldas de Castro (Harvard University, EUA)

 

MEMBROS AFILIADOS

Região Norte
• Alejandro Ferraz do Prado (Ciências Biológicas, UFPA)
• Allan Klynger da Silva Lobato (Ciências Agrárias, UFRA)
• Bruno Oliva Gimenez (Ciências Agrárias, INPA)
• Patrik Ferreira Viana (Ciências Biológicas, INPA)
• Valter Monteiro de Azevedo Santos (Ciências Biológicas, UFT)

Região Nordeste e Espírito Santo
• Bruna Leal Lima Maciel (Ciências da Saúde, UFRN)
• Débora Castelo Branco de Souza Collares Maia (Ciências Biológicas, UFC)
• Gardênia de Sousa Pinheiro (Ciências Físicas, UFPI)
• Marcio Henrique Batista (Ciências Matemáticas, UFAL)
• Ramón Raudel Pena Garcia (Ciências da Engenharia, UFRPE)

Região Minas Gerais e Centro Oeste
• Eugenio Damaceno Hottz (Ciências Biomédicas, UFJF)
• Jamal Rafique Khan (Ciências Químicas, UFMS)
• Juliana Reis Machado e Silva (Ciências da Saúde, UFTM)
• Manuel Houmard (Ciências da Engenharia, UFMG)
• Sérgio Henrique Godinho Silva (Ciências Agrárias, UFLA)

Região Rio de Janeiro
• Adriana Bastos Carvalho (Ciências da Saúde, UFRJ)
• Francisco Thiago Sacramento Aragão (Ciências da Engenharia, UFRJ)
• Joana Portugal Pereira (Ciências da Engenharia, UFRJ)
• Paulo Cruz Terra (Ciências Sociais, UFF)
• Priscilla Christina Olsen (Ciências Biomédicas, UFRJ)

Região São Paulo
• Anderson Fernandes de Brito (Ciências Biológicas, Inst Todos p Saúde)
• Bruno Campos Janegitz (Ciências Químicas, UFSCar)
• Leonardo Tomazeli Duarte (Ciências da Engenharia, UNICAMP)
• Maurício Roberto Cherubin (Ciências da Terra, USP)
• Pedro da Silva Peixoto (Ciências Matemáticas, USP)

Região Sul
• Cristiane Regina Guerino Furini (Ciências Biomédicas, PUCRS)
• Cristina Furlanetto (Ciências Físicas, UFRGS)
• Ethel Antunes Wilhelm (Ciências Biológicas, UFPel)
• Jaime Andrés Lozano Cadena (Ciências da Engenharia, UFSC)
• Marcos Britto Correa (Ciências da Saúde, UFPel)

Moysés Nussenzveig, ícone da Ciência Nacional

Leia texto enviado pelo ex-presidente da ABC e físico Luiz Davidovich, professor emérito da UFRJ, em 6/11:

“No dia 5 de novembro, perdemos uma luz intensa, um farol. Perda para a ciência e o país, para familiares, discípulos e amigos, perdemos um gigante, um ícone, um humanista.

Cientista renomado, autor de artigos e livros prestigiados internacionalmente, comprometido com o ensino de ciência, defensor destemido de cientistas perseguidos e do apoio à ciência, Moysés fará muito falta, nesses tempos desafiadores, em que o retorno da esperança se beneficiaria da luz intensa de sua personalidade iluminada, para ajudar a traçar caminhos seguros rumo a um futuro melhor de um país sofrido.

Em artigo publicado na Folha de São Paulo em 24 de agosto de 1994, com o título “O Exterminador do Futuro”, Moysés escreveu: “O que têm em comum Arnold Schwarznegger com a equipe econômica do governo Collor? Ambos desempenham o papel de ‘exterminadores do futuro’, embora em sentidos diversos: o ator, representando o cyborg enviado do futuro para eliminar, no presente, ameaças potenciais; a política econômica do governo, exterminando a ciência brasileira — e juntamente com ela, nosso futuro.” Esses comentários, representativos de sua acuidade, aplicam-se perfeitamente ao atual governo. E testemunham a militância de Moysés pela causa da ciência.

Participou de comissões importantes para o planejamento da ciência, foi presidente da Sociedade Brasileira de Física, criou e dirigiu o Departamento de Física-Matemática da USP, dirigiu o Instituto de Física da USP, participou de vários conselhos científicos e editoriais no Brasil e no exterior, idealizou o Programa de Laboratórios Associados que serviu de inspiração para o Programa de Núcleos de Excelência do MCT (Pronex). Foi fundador e coordenador da Coordenação de Programas de Estudos Avançados (Copea) da UFRJ, um programa interdisciplinar com ciclos de palestras para o público geral, dadas por especialistas nacionais e internacionais, que deu origem a livros de divulgação de alta qualidade, um dos quais, sobre Complexidade e Caos, foi agraciado pelo prêmio Jabuti do ano 2000.

A dimensão atemporal está presente em seus trabalhos científicos, que não tratavam de temas momentaneamente na moda e continuam a ser referência obrigatória, muitos anos depois de publicados. Entre eles, menciono três que tiveram e continuam a ter forte impacto, descrevendo a física do arco-íris (“Theory of the Rainbow”) e do efeito auréola (“Theory of the Glory”), e que reinterpretam a difração como um fenômeno de tunelamento (“Diffraction as Tunneling”).

Por que trabalhar nesses temas? Moysés deu a resposta, em entrevista publicada na Revista da Fapesp: “Tive muita sorte: só trabalhei em temas que considero bonitos. Fico feliz de ter contribuído com o entendimento de coisas tão belas como a auréola. O que mais me motiva a estudar um assunto, definitivamente, é que ele seja belo”.

Seus três livros científicos continuam impactantes em diversas áreas de pesquisa, sobre Causalidade e Relações de Dispersão, Ótica Quântica e Efeitos de Difração em Espalhamento Semiclássico. Rigor, clareza na explanação, apresentação guiada pela beleza do tema, são as marcas de seus trabalhos.

Sua atividade de pesquisa teve amplo reconhecimento: foi agraciado com o Prêmio Max Born da Optical Society of America (1986), tornou-se fellow dessa sociedade (1987) e da American Physical Society (1993) e foi homenageado com a criação de uma cátedra que leva seu nome na Universidade de Tel-Aviv (1993). É membro titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1974, da Academia Mundial de Ciências (TWAS) desde 2001, da Academia de Ciências da América Latina, da qual foi membro fundador, desde 1982, e recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia em 1995. Recebeu o Prêmio Jabuti nos anos 1999 e 2000.

Nascido em São Paulo, em 23 de agosto de 1932, na juventude chegou a contemplar ser diretor de cinema. O tamanho de sua filmoteca é consequência dessa primeira paixão: cerca de 500 títulos, incluindo clássicos do cinema. Vencedor de um concurso da Alliance Française, seu destino voltou-se para a ciência: cursou um ano de matemática em Paris em 1951 e, retornando ao Brasil, foi admitido na USP, sem vestibular, graduando-se em física em 1954. Concluiu seu doutorado em física em 1957, na USP, sob a orientação do professor Guido Beck, renomado físico austríaco, com quem teve uma “relação de pai para filho”, segundo Moysés. Seu período de pós-doutoramento incluiu passagens por Eindhoven (1958), Utrecht (1959), Birmingham e Zürich (1960).

De volta ao Brasil, trabalhou no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, onde chegou a professor titular em 1962, com apenas 29 anos. Em 1963, foi para o Courant Institute da New York University, como professor visitante. Os acontecimentos políticos brasileiros de 1964 fizeram com que permanecesse nos Estados Unidos até 1975, primeiro como visitante no Institute for Advanced Studies de Princeton (1964-1965) e na Universidade de Rochester (1965-1968), e depois como pesquisador sênior e professor titular desta última (1968-1975).

Acolheu-me na Universidade de Rochester, quando deixei o Brasil, em 1969, expulso da universidade, vítima do Decreto 477 da ditadura militar. Lá, tive o privilégio de tê-lo como professor em um maravilhoso curso de eletromagnetismo e como orientador de minha tese de doutorado. Separado que fui, traumaticamente, dos amigos e da família, Moysés e Micheline ocuparam esse lugar, foram uma família para mim.

Nos Estados Unidos, liderou manifestações de cientistas norte-americanos em defesa dos cientistas perseguidos pela ditadura e publicou um artigo, na revista Science, sobre as perseguições a cientistas na América Latina, pois elas ocorriam não só no Brasil, mas também na Argentina. Retornando ao Brasil, foi professor titular da USP (1975-1983) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1983-1994). Em 1994, tornou-se professor titular do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, septuagenário, tornou-se professor emérito da UFRJ em 2004, após a aposentadoria compulsória.

Além da investigação científica, as atividades de ensino e de divulgação da ciência sempre ocuparam lugar de destaque em seu trabalho. Didata de exposição clara e cativante, seus cursos são referências para estudantes e professores. Foi idealizador de um kit de ciência para a educação básica, construído com a participação de um conjunto de cientistas. E que aguarda, ainda, ser reconhecido e utilizado para a iniciação científica de jovens.

Motivado pela beleza dos temas que pesquisava, Moysés era de fato um artista da ciência: suas palestras eram magníficas e a profundidade e a beleza de suas apresentações impactavam audiências que lotavam auditórios. Fez mais que isso: escreveu uma coleção maravilhosa de física básica (Prêmio Jabuti de 1999), muito superior, pelo rigor e clareza, a outros livros, traduzidos do inglês, frequentemente adotados em nossas universidades. Há alguns anos, aprofundou-se na biologia, que descrevia em belíssimas palestras, apreciadas com entusiasmo no Brasil e no exterior. Criou um laboratório de pinças óticas na UFRJ, influenciando, com seu entusiasmo e sua curiosidade, jovens pesquisadores nessa área, coautores, com Moysés, de artigos importantes. Escreveu um belo livro sobre a origem da vida para o público geral, publicado em 2019.

Agora, temos que lidar com essa falta sentida e difícil de absorver. Mas sua obra continua, fazemos parte dela, todas as milhares de pessoas que usufruíram de sua convivência e seus ensinamentos, que assistiram suas palestras inspiradoras, que aprenderam física em seus cursos e seus livros e que foram contagiadas pela beleza de sua ciência. Esse é o seu legado, aqui está e permanecerá.”

Veja a nota da UFRJ e a mensagem dos filhos, Helena e Paulo

Nota em defesa da saúde nas Instituições de Ensino Superior

NOTA EM DEFESA DA SAÚDE NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

As associações signatárias reafirmam a autonomia das instituições de ensino superior, especialmente as federais, para protegerem as respectivas comunidades da pandemia que já custou mais de 600 mil vidas ao Brasil, assim tomando – sempre que a seu ver for necessário – as medidas recomendadas pelos cientistas, a saber: distanciamento físico, porte de máscara, higienização constante das pessoas e dos espaços e, finalmente, a exigência de comprovante de vacinação completa.

A Constituição garante às universidades autonomia e, perante a ameaça que volta a recrudescer, com a nova variante da covid se espalhando rapidamente pelo mundo, esta autonomia necessariamente inclui o direito de adotar os cuidados exigidos pela preservação do bem maior que é a vida.

Portanto, consideramos que o despacho do Sr. Ministro da Educação, Marcelo Queiroga, nesta data, além de desrespeitar a autonomia constitucional das instituições de ensino superior, está errado no mérito, por impossibilitar – verbo que emprega o ato ministerial – a adoção de medidas indispensáveis para garantir o direito, também constitucional, à vida.

Brasil, 30 de dezembro de 2021

Academia Brasileira de Ciências (ABC)
Associação brasleira de Saúde Coletiva (Abrasco)
Associação Brasileira de Educação Médica (Abem)
Associação Brasilera de Enfermagem (ABEn)
Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Abruc)
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes)
Academia Nacional de Medicina (ANM)
Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG
Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Asfoc
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap
Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional CIentífica e Tecnológica (Conif)
Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra
Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis (Ibrachics)
Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.BR)
Observatório do Conhecimento
Federações de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de
Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) 
Editora Redeunida
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe
Sou Ciência
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES
União Nacional dos Estudantes (UNE)

>>> Baixe o PDF

Novos membros da ABC eleitos em 2021

Após Assembleia Geral Ordinária realizada em 2/12/2021, a Diretoria da ABC divulgou o resultado das eleições para membros titulares, correspondentes e afiliados.

Todos os eleitos tomam posse no dia 1o de janeiro. Os membros titulares e correspondentes receberão seus diplomas em maio de 2022, durante a Reunião Magna da ABC. Os membros afiliados terão suas cerimônias de posse associadas à simpósios científicos em cada região, para que apresentem suas pesquisas.

A Diretoria da ABC também já divulgou o cronograma eleitoral para 2022, disponível aqui no site da ABC. Fiquem atentos.

A ABC dá as boas vindas aos novos membros, listados abaixo:

MEMBROS TITULARES

Ciências Matemáticas
• Robert David Morris (IMPA / RJ)

Ciências Físicas
• Débora Peres Menezes (UFSC)
• Marcelo Knobel (Unicamp)

Ciências Químicas
• Adriano Defini Andricopulo (USP)
• Liane Marcia Rossi (USP)

Ciências da Terra
• Fernando Flecha de Alkmim (UFOP)

Ciências Biológicas
• Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos (LNCC / RJ)

Ciências Biomédicas
• Fabrício Rodrigues dos Santos (UFMG)
• Thereza Christina Barja Fidalgo (UERJ)

Ciências da Saúde
• Ester Cerdeira Sabino (USP)

Ciências Agrárias
• Fatima Maria de Souza Moreira (UFLA)

Ciências Sociais
• Claudia Lee Williams Fonseca (UFRGS)
• Niéde Guidon (FUMDHAM / PI)

* Este ano, excepcionalmente, não houve eleitos na categoria de Membros Titulares para a área de Ciências da Engenharia.

MEMBROS CORRESPONDENTES

• Angela Villela Olinto (Ciências Físicas, UChicago)
• Thomas Lovejoy (Ciências Biológicas, George Mason University)

MEMBROS AFILIADOS

Região Norte
• Daniel Magnabosco Marra (Ciências da Terra, Inpa / AM)
• Giovana Anceski Bataglion (Ciências Químicas, UFAM)
• Horácio Antonio Braga Fernandes de Oliveira (Ciências da Engenharia, UFAM)
• Jeremias da Silva Leão (Ciências Matemáticas, UFAM)
• Jorge Rodrigues de Sousa (Ciências da Saúde, UEPA)

Região Nordeste e Espírito Santo
• Domingos Benício Oliveira Silva Cardoso (Ciências Biológicas, UFBA)
• Elisama Vieira dos Santos (Ciências Químicas, UFRN)
• Josiane Dantas Viana Barbosa (Ciências Biomédicas, SENAI / BA)
• Pedro Pedrosa Rebouças Filho (Ciências da Engenharia, IFCE)
• Rafael Chaves Souto Araujo (Ciências Físicas, UFRN)

Região Minas Gerais e Centro Oeste
• Boniek Gontijo Vaz (Ciências Químicas, UFG)
• Matheus Pereira Porto (Ciências da Engenharia, UFMG)
• Miriam Cristina Santos Amaral (Ciências da Engenharia, UFMG)
• Taís Gratieri (Ciências da Saúde, UnB)
• Tiago Antônio de Oliveira Mendes (Ciências da Saúde, UFV)

Região Rio de Janeiro
• Carlos Eduardo Ganade (Ciências da Terra, CPRM)
• Gabriela Ribeiro Pereira (Ciências da Engenharia, UFRJ)
• Marcelo Trovó Lopes de Oliveira (Ciências Biológicas, UFRJ)
• Simon Griffiths (Ciências Matemáticas, PUC)
• Thaiane Oliveira (Ciências Sociais, UFF)

Região São Paulo
• Ademir Pastor Ferreira (Ciências Matemáticas, Unicamp)
• Bruno Cogliati (Ciências Agrárias, USP)
• Diego Stéfani Teodoro Martinez (Ciências Químicas, CNPEM)
• Luiz Osório Silveira Leiria (Ciências Biomédicas, USP)
• Taícia Pacheco Fill (Ciências Químicas, Unicamp)

Região Sul
• Amurabi Pereira de Oliveira (Ciências Sociais, UFSC)
• José Rafael Bordin (Ciências Físicas, UFPel)
• Markus Berger Oliveira (Ciências Biomédicas, Hospital de Clínicas de Porto Alegre)
• Tiago Elias Allievi Frizon (Ciências Químicas, UFSC)
• Vinicius Farias Campos (Ciências Biológicas, UFPel)

ABC publica nota em repúdio a áudio divulgado em redes sociais

NOTA DE REPÚDIO

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) repudia as declarações, amplamente divulgadas por um áudio nas redes sociais, com críticas não fundamentadas às vacinas que começam a ser distribuídas no Brasil. Esse áudio, atribuído a um membro da ABC, contém material que contraria frontalmente o conhecimento científico sobre o mecanismo de ação e os efeitos das vacinas disponíveis no território nacional.

A diversidade de opiniões é saudável e fundamental para o desenvolvimento da ciência. No entanto, não se pode admitir posicionamento que contrarie o método científico e premissas éticas de observações e recomendações que possam afetar a saúde pública.

Declarações desse tipo são um desserviço à ciência e à sociedade, desqualificando o processo de vacinação da população, em um momento particularmente trágico. Reiteramos que o Brasil só vencerá a guerra contra a COVID-19 se a vacinação for maciça, urgente e para todos. As vacinas produzidas no país têm eficácia comprovada para esse fim.

Este é um tempo que requer solidariedade e lucidez. A desinformação e a politização dos medicamentos e vacinas vitimizam a população brasileira.

Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2021.

Luiz Davidovich
Presidente

teste