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“Estamos ousando mais”, diz primeira mulher presidente da Academia Nacional de Medicina

No dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, a membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Eliete Bouskela foi empossada como presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), se tornando a primeira mulher a ocupar o cargo em 195 anos. A cerimônia, entretanto, foi apenas simbólica, pois a Acadêmica já ocupa o cargo desde o 1º de janeiro. Para ela, a experiência está sendo interessante, e menos complicada do que esperava.

Mas além de sua liderança na área médica, Eliete Bouskela também é uma pesquisadora de destaque na ciência brasileira. Graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde seguiu até o doutorado, Eliete acumulou experiências internacionais nos Estados Unidos e na Suécia. Hoje, é professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e suas pesquisas se concentram nas áreas de fisiologia cardíaca e obesidade.

Como gestora de ciência, Eliete Bouskela atua como diretora científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), tendo sido uma das responsáveis pela criação de editais específicos para mulheres, algo raro no Brasil. A iniciativa vem dando resultados positivos, e ela espera ver outras financiadoras se interessando pelo tema.

A professora foi convidada pela ABC para uma entrevista para marcar o Dia Internacional da Mulher. Entre os muitos assuntos, ela abordou as dificuldades que as mulheres enfrentam para se tornarem cientistas no mundo todo, e que iniciativas podem ser pensadas para melhorar esse cenário. Confira:

A senhora é a primeira mulher presidente da ANM. Na ABC, tivemos Helena Nader assumindo em 2022, também a primeira mulher presidente. No MCTI temos a ministra Luciana Santos, primeira mulher a ocupar a pasta de forma titular. Você considera isso um sinal dos tempo?
Acho que estamos ousando mais. Antes a gente não tinha essa ousadia, digamos assim, de desafiar o “teto de vidro”. Agora, não é que ele não exista, mas a gente empurrou ele um pouco mais pra cima.

 

O “teto de vidro” é uma expressão que utilizamos para dizer que existem certos pontos no decorrer da carreira científica em que a proporção de mulheres vai diminuindo. Na sua carreira, você sentiu esse teto de vidro em algum momento?
Acho que depende muito da sua atitude. Eu nunca tive uma atitude subserviente. Nunca me coloquei como a “menininha”, digamos assim, mesmo quando eu era muito jovem. Mas é claro que eu percebi o número de mulheres diminuindo à medida que fui galgando postos maiores.

Mas esse não é um problema brasileiro, é mundial. A grande revolução do último século foi a mulher ter saído pra trabalhar. Tudo isso é muito novo. Até a geração da minha mãe, as mulheres não trabalhavam fora, trabalhavam em casa. Até então o homem sustentava a casa, era sua obrigação. Quando a mulher saiu para trabalhar, ela passou a dividir essa obrigação com o homem, mas não se desligou das outras obrigações. Isso tornou a vida da mulher muito difícil.

Há 20 anos atrás, saíram três artigos na Science, mostrando que a mulher só fazia carreira em países que tinham empregadas. O que significa claramente que a mulher foi trabalhar fora mas o trabalho de casa não foi dividido e, por isso, precisamos de outra mulher para que possamos fazer carreira. Em países onde não existem empregadas é muito mais difícil, as mulheres precisam desistir de casar e ter filhos. Ainda temos que avançar muito.

 

Você é uma das sete mulheres entre os 94 membros atuais da ANM. Em toda a história, são 10 mulheres em um universo de mais de 700 membros…
Isso porque elegemos três só no último ano. A ANM foi fundada em 1829 e a primeira mulher entrou em 1985.

 

Na ANM você precisa se candidatar, não é indicação. Numa carreira que, de umas décadas para cá, se tornou predominantemente feminina, você acha que mulheres são menos propensas a se candidatarem?
Tenho certeza disso. Até porque, à exceção de uma que desistiu, todas as mulheres que já se candidataram foram eleitas. Temos que levar em consideração que não é uma candidatura barata, pois você precisa visitar todos os membros da Academia. É uma tradição que tem uma razão de ser, os membros tem muito interesse de saber quem é você. É um ponto considerado muito importante, uma obrigação do novo Acadêmico.

 

E você acredita que essa visita pode ser algo que desestimule mulheres a se candidatar?
Não sei se desestimula, mas é preciso ter tempo para isso, e é algo custoso. Além do fato de que você olha no quadro de membros e quase não vê mulheres. Então esse conjunto de fatores talvez desestimule muitas a se candidatarem.

 

Mudando de assunto. Você é medica e também cientista. Na ciência é bastante recente a ideia da licença maternidade para bolsas de pesquisa e a extensão de prazos por conta da maternidade. Você tem dois filhos, na época em que você se tornou mãe, sentiu dificuldades adicionais na sua pesquisa?
É quase impossível você ser produtiva no primeiro ano da criança, ou então você não vai cuidar da criança. Porque no primeiro ano ser mãe é um trabalho em tempo integral, com muitas tarefas, como amamentação, que você simplesmente não pode delegar.

Na realidade, e isso é uma tecla que eu bato a anos, é muito ruim para o Brasil ter como base tratar diferentes como iguais. Temos que tratar diferentes de forma diferente. As obrigações de um médico são diferentes das de um geógrafo ou de um historiador. Assim como mulheres são diferentes dos homens.

Nas graduações, por exemplo, temos um problema de empregabilidade dos nossos egressos. Levando em consideração que apenas as universidades públicas – e algumas filantrópicas – fazem pesquisa, o resultado disso é confinar as possibilidades de seguir para a pós-graduação aos estudantes das universidades públicas

Isso desestimula o ingresso na carreira científica, porque você não vê a possibilidade de ter emprego. As bolsas são muito baixas e, no mestrado ou doutorado, já temos compromissos familiares que dificultam se manter apenas de bolsas para, ao final, ainda não ter emprego.

 

Recentemente saiu um número de que 77% dos alunos de ensino superior do Brasil estão em instituições privadas, enquanto 99% da pesquisa é feita nas públicas. Você acha que precisamos levar a pesquisa aos outros setores?
Não só devemos como é mandatório, senão não aumentaremos o número de pesquisadores. Em todos os países ditos desenvolvidos, a maioria dos doutores está nas indústrias, não na universidade. Você pode ser inventor na universidade, mas fazer inovação, colocar aquele produto na prateleira, não vai ser um pesquisador que vai fazer. Você precisa de uma indústria por trás da sua invenção para que ela vire efetivamente o que chamamos de inovação. As indústria brasileiras não empregam nossos doutores.

O serviço público, de uma maneira geral, está muito pouco preocupado com prazos. Quando você ganha um edital numa agência de fomento, o prazo é quase inexistente, pois você pode aumentar quase ao seu bel-prazer…

 

Mas não é infinito…
Não é, mas é muito mais elástico do que o necessário para a indústria. O prazo é fundamental para o setor privado. A gente ainda se preocupa muito em separar recursos de custeio e de capital. Isso não existe no setor privado, você aprova um orçamento e a partir daí você vai usar esse orçamento para o que for necessário. Mas o prazo precisa ser respeitado.

Agora, por alguma razão que não compreendo, nossas indústrias tem muito pouco interesse nos mestrandos e doutorandos que formamos. Eu morei sete anos na Suécia e vi que a maioria das indústrias por lá se estabelecem em cidades onde tem universidade, pois elas captam os egressos para seus quadros de pesquisa, muitas vezes sem nem doutorado. E a indústria brasileira infelizmente parece ter muito pouco interesse nesses egressos.

 

Esse é um dos grandes dilemas da ciência brasileira, essa falta de diálogo entre universidade e indústria. Até existem polos de tecnologia, incubadoras de empresas, mas a falta de interesse em inovação é palpável. Os dois lados tem culpa nisso?
Eu acho que nossas universidades tem pouco interesse em buscar a indústria, e a indústria tem menos ainda em buscar a universidade. Eu conheci alguns empresários brasileiros que quando queriam fazer P&D eles criavam hubs nos EUA, ao invés do Brasil. Isso é uma pena, isso leva à queda na procura e na qualidade das pós-graduações. É algo que precisamos pensar.

 

O desenho de incentivos para mudar esse cenário precisa partir das financiadoras. A senhora é diretora científica da Faperj, tem algum exemplo que gostaria de citar?
Nós lançamos recentemente essa bolsa para doutores nas indústrias, mas ainda é algo muito incipiente. Nós damos a bolsa para a pessoa fazer doutorado na empresa e ela precisa ter um orientador dentro da empresa. Pode ser um co-orientador, mas precisa ter essa pessoa.

 

A senhora recentemente esteve na ABC para divulgar os resultados do edital “Jovem Cientista Mulher”. Mas esse tipo de edital ainda é específico da Faperj, não se vê isso em outras Fundações ou em agências federais. É o tipo de coisa que precisamos expandir?
Claro que temos que expandir. Precisamos mostrar que a diversidade no laboratório é importante. Isso melhora inclusive a qualidade da pesquisa. Agora, precisamos sempre dar o primeiro passo. No momento em que você dá o primeiro passo outras agencias podem copiar. Tivemos uma grande procura, foi uma experiência muito boa. Os projetos eram excelentes e nós lamentamos muito não selecionar outros, mas financiamos mais do que estava previsto.

 

Outro ponto bastante sensível é o assédio. Ano passado um trabalho de membros afiliados da ABC traçou o perfil do jovem cientista brasileiro e um dos resultados, que chamou muita atenção, foi de que uma em cada duas mulheres na pesquisa sofreu algum tipo de assédio sexual. Você acha que a academia ainda fala pouco sobre isso?
Acho que fala pouco, assim como a sociedade fala pouco. E fala pouco porque, até pouco tempo atrás, se você era assediada a culpa era sua, da sua roupa, de você ter provocado. E também porque existe no Brasil uma ideia de que o “não” na realidade pode significar “talvez”. Ou seja, existe essencialmente uma falta de respeito. “Não” é “não”, e acabou.

O problema é que as mulheres não tinham coragem de denunciar. Já soube de vários casos de assédio por pesquisadores antigos e que nunca foram denunciados, porque eram pessoas muito poderosas e que poderiam retaliar. Se você pensar bem, a grande barreira é a primeira denunciar, quando uma denuncia, outras se sentem encorajadas.

 

Nas universidades já existem redes de apoio entre as alunas, mas ainda falta algo mais institucional?
Falta uma ouvidoria onde elas possam denunciar, mas uma ouvidoria onde elas sejam respeitadas. Ninguém deve tentar convencê-la de que aquilo não é real, de que é exagero. Muitas vezes as mulheres são colocadas nessa posição desconfortável. Geralmente a primeira que denuncia passa pela situação de tentarem convencê-la de que não é bem assim.

 

Como está sendo ser a primeira mulher presidente da ANM?
Está sendo interessante. A ANM tem um corpo de funcionários excelente, então está sendo menos complicado do que eu tinha pensado.

 

Você pretende atacar essa questão da desigualdade de gênero na ANM?
Eu gostaria muito. Eu tenho a posição de que, em igualdade de condições curriculares, devemos sempre optar pela mulher. É quase uma reparação histórica.

Mas o que me interessa mesmo hoje é que a ANM assessore o governo em matéria de saúde. Estou muito preocupada com o ensino médico no Brasil. Temos o maior número de escolas médicas no mundo, à frente de China e Índia, cuja população é dez vezes maior. Mas cuidamos pouco da qualidade dessas escolas e também da qualidade da residência médica.

 

O problema do surgimento de novas instituições de ensino sem o devido controle é notório, não só na medicina. Mas qual a sua preocupação com a residência médica?
Faltam bons locais para os egressos fazerem residência. A maioria dessas novas universidades não tem hospital próprio. Isso é ruim, se você está se formando em medicina clínica você precisa ter um hospital bem aparelhado e com preceptores, e não estamos vendo isso. É muito preocupante, esses jovens tomarão conta de nós no futuro.

 

Durante a pandemia, se por um lado tivemos uma atuação heroica dos profissionais de saúde na linha de frente, por outro tivemos posicionamentos duvidosos de entidades médicas e conselhos regionais. Como presidente de um órgão que é o representante máximo da classe médica no Brasil, qual sua posição sobre isso?
É uma tragédia. É o acúmulo de muitos problemas. Eu faço parte da Academia Francesa de Medicina e um dos seus membros mais admirados, um cientista responsável por descrever o vírus da AIDS, se aposentou aos 65 anos, se mudou para os EUA e hoje é um líder antivax. Você pode conceber uma coisa dessas?

Então, nem sempre a boa formação, a inteligência das pessoas, é o suficiente. A gente consegue explicar esse fenômeno entre leigos, mas entre médicos, é difícil explicar.

 

Você acredita em punição nesses casos?
Acho que sim. Acho que precisamos ter mais punição para erros médicos de forma geral. Se você levou a população a uma conclusão errada, você precisa ser punido. Mas no Brasil ainda punimos muito pouco, mesmo erros médicos crassos. Existe toda uma rede de impunidade muito triste em nosso país. Mas precisamos nos preocupar, sobretudo, para que os mais jovens não embarquem nessa, mudar a cabeça de uma pessoa mais velha é muito mais difícil.

 

Professora, estamos chegando ao final da entrevista, alguma consideração final ou alguma mensagem para as mulheres que estão entrando agora na carreira científica?
Minha mensagem é: tentem porque vale a pena. Vale muito a pena. A carreira científica é uma das mais legais que uma pessoa pode seguir, eu sou muito feliz com ela. Agora, os obstáculos estão aí pra gente superar, não são intransponíveis.

Combate à fome no Brasil precisa de apoio urgente da ciência, alerta ABC

Com os efeitos das mudanças climáticas cada vez mais sentidos no planeta, o cenário global de produção de alimentos sofrerá alterações. A ciência precisa avançar rapidamente para solucionar o dilema da próxima década – produzir com cada vez menos solo, água, insumos e esforço humano – o que será um dos principais passos para o combate à fome. O alerta é feito no livro “Segurança Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome”, a ser lançado em 14 de março na Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Mariangela Hungria

Dividido em 18 capítulos, o livro é organizado pela pesquisadora da Embrapa Mariangela Hungria, integrante da diretoria da ABC e responsável pelo grupo de trabalho sobre segurança alimentar. Ela é uma das principais especialistas no tema no país. A obra reúne o resultado do trabalho de 41 autores, de 23 instituições de pesquisa. O objetivo é apresentar um quadro da fome no Brasil e apontar como a ciência pode ajudar a agricultura, o poder público e outros setores a enfrentar a insegurança alimentar – um problema que se agravou no país em meio à pandemia e que pode piorar nos próximos anos com os impactos das mudanças climáticas.

“É preciso inovar fazendo uma ciência cidadã, em que há compromisso de diversos setores. Porque só ouvindo toda a sociedade e construindo essa ciência conjunta é que vamos conseguir definir estratégias adequadas para enfrentar a fome”, afirma Hungria.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do mundo. Apesar disso, dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN) apontam que, em 2021 e 2022, mais de 33 milhões de pessoas viviam em situação de insegurança alimentar grave, caracterizada por privação de alimentos e fome. Um paradoxo que só poderá ser resolvido com apoio da ciência e com políticas públicas de impacto, apontam os pesquisadores.

“O problema é esse: o Brasil é um grande produtor de alimentos e tem 33 milhões de pessoas passando fome. A fome tem causas múltiplas e requer estratégias multidisciplinares da ciência”, destaca Hungria.

Ciência será essencial para superar desafios na agricultura

Para resolver o problema, o livro aponta a necessidade de cooperação entre diferentes campos da ciência como forma de melhorar a produção de alimentos, valorizar a agricultura familiar e permitir parcerias entre governos, empresas e terceiro setor.

Entre as propostas apresentadas, estão o investimento em agricultura sustentável e regenerativa como forma de garantir melhor uso dos recursos; a adoção de políticas de prevenção de desastres e de gestão de riscos climáticos; o incentivo aos pequenos agricultores; a adoção de política de renda mínima que garanta a segurança alimentar e o investimento em educação no campo.

Nas últimas décadas, a ciência ajudou a agricultura a produzir mais usando novas tecnologias, como o melhoramento de plantas por engenharia genética ou o tratamento de sementes. Mas o setor terá que lidar com novos desafios nos próximos anos. Os três principais são a questão climática, com ações orientadas a reduzir a emissão de gases de efeito estufa e os desmatamentos; o combate à fome e a promoção da transição alimentar justa, com a busca por maior diversificação produtiva e mudanças no uso de insumos; e a inclusão produtiva da população mais vulnerável, com maiores oportunidades a quem precisa.

“Este ano teremos uma quebra enorme na produção por causa da seca e das mudanças climáticas. Temos que investir em ciência para ter plantas que resistam a essas condições. Só que o combate à fome não é só produzir”, pontua Hungria.

O papel das mulheres na segurança alimentar é outro ponto destacado pela publicação. Atualmente, elas representam cerca de 43% do total de produtores na agricultura familiar, além de terem destaque no processamento, comercialização e preparo de alimentos. Apesar disso, mulheres têm dificuldade no acesso à terra e enfrentam outras desigualdades de gênero.

O livro aborda ainda a desinformação em torno da insegurança alimentar, o papel da bioeconomia e da educação no combate à fome, entre outros pontos.

“O combate à fome deve estar sempre na pauta do dia”, afirma no prefácio a presidente da ABC, Helena Nader. “Esperamos que esse livro sirva de alerta à sociedade em geral e, em especial, aos tomadores de decisão, sobre a urgência do tema.”

O lançamento está marcado para às 11h, com inicio da transmissão às 11h, do dia 14 de março na sede da ABC, no Rio de Janeiro. O evento terá a presença da acadêmica Mariangela Hungria e apresentações de outros pesquisadores que participam do livro. 

 

 


Credenciamento

Profissionais da imprensa interessados em acompanhar o evento presencialmente devem enviar nome, veículo, contato e CPF para henriquegimenes@corcovadoestrategica.com.br.

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Helena Nader participa do Global Women’s Breakfast na Unesp

A União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) organizou a sexta edição do Global Women’s Breakfast, de forma presencial, no dia 27 de fevereiro de 2024. A temática da reunião deste ano, “Catalisando a Diversidade na Ciência”, discutiu as dificuldade para o protagonismo das cientistas mulheres em todos países membros da ONU. O encontro do Brasil aconteceu no Anfiteatro Central do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, SP.

A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Bonciani Nader, esteve entre as conferencistas, assim como a membra titular Marie-Anne Van Sluys. Outra Acadêmica, Vanderlan Bolzani, foi uma das coordenadoras do evento brasileiro.

Em sua fala, Nader chamou atenção para o fato de o Brasil ser o país das Américas com maior desigualdade de gênero na política, mas lembrou que o fenômeno é internacional. Em particular na ciência, a presidente da ABC citou a falta de mulheres vencedoras do Nobel como um sintoma disso. “Meninas precisam saber, desde a pré-escola, que podem ocupar o lugar que quiserem. E a sociedade, não só as mulheres, precisa incentivar isso. Até acredito que, nas universidades, conseguimos avançar mais do que em outros setores, mas não podemos viver numa bolha”, finalizou.

Presidente da ABC, Helena Nader, durante a reunião na Unesp (Foto: Jardel Aielo Sotratti/ IQ Unesp)

Helena Nader participará do Global Women’s Breakfast na Unesp

A União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) organizará a sexta edição do Global Women’s Breakfast (GWB), de forma presencial, no dia 27 de fevereiro de 2024. A temática da reunião deste ano “Catalisando a Diversidade na Ciência” objetiva ampliar as discussões sobre o protagonismo das cientistas mulheres em todos países membros da ONU. Este ano o evento será realizado no Anfiteatro Central do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, SP.

Este evento é uma homenagem mundial da IUPAC às mulheres químicas para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, criado pela UNESCO em 2015, e propõe uma reflexão mundial do papel das mulheres e jovens cientistas. A temática trata não apenas da igualdade de gênero, mas também dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (17 ODS), estabelecidos na Assembleia Geral da ONU de 2015.

O encontro é apenas um dos vários que ocorrerão no mesmo dia ao redor do mundo. A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Bonciani Nader, está entre as conferencistas, assim como a membra titular Marie-Anne Van Sluys. Outra Acadêmica, Vanderlan Bolzani, é uma das coordenadoras do evento brasileiro.

Acesse o site do Global Women’s Breakfast para mais informações.

PROGRAMA IUPAC GWB 2024 DO INSTITUTO DE QUÍMICA – UNESP, ARARAQUARA, SP

  1. Café da manhã

Horário: 8:30 – 9:00

  1. Abertura oficial do IUPAC GWB 2024 “Mulheres na ciência com arte e cultura”

Horário: 9:00 – 9:40

Conferencistas Convidados:

Adelino Vieira de Godoy Netto (Prof. Associado, Coordenador da Pós-graduação do IQAr, UNESP)

Dulce Helena Siqueira Silva (Profa.Titular representando a Pró-reitora de Pós-graduação da UNESP)

Helena Bonciani Nader (Profa. Titular da UNIFESP e Presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC)

Maria Valnice Boldrin Zanoni (Profa. Titular representando a Profa. Maysa Furlan, Vice-reitora da UNESP)

Marie-Anne Van Sluys (Profa. Titular do IB-USP, São Paulo e Vice-Presidente da ACIESP)

Sidney José Lima Ribeiro (Prof. Titular, Diretor do IQAr, UNESP)

  1. Mesa Redonda “Catalisando a diversidade na Ciência”

Horário: 9:40 – 11:00

Conferencistas Convidados:

Elizabeth Magalhães (Diretora RSC, Brasil)

Helena Bonciani Nader (Profa. Titular da UNIFESP e Presidente Academia Brasileira de Ciências – ABC)

Ian Castro-Gamboa (Prof. Associado IQAr/UNESP, Membro Fundador do LAMPS)

Marcia Aparecida Silva Graminha (Profa. Titular da FCF/UNESP)

Marie-Anne Van Sluys (Profa. Titular do IB-USP, São Paulo e Vice-Presidente da ACIESP)

Mônica Tallarico Pupo (Profa. Titular, Vice-diretora da FCFRP-USP, Ribeirão Preto, SP)

ABC sedia encontro sobre meninas e mulheres na Ciência

Na tarde do dia 19 de fevereiro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), realizou, na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o encontro “Meninas e Mulheres na Ciência: avanços e perspectivas”, em parceria com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (SMCT) e com a própria ABC. O evento é parte das celebrações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, e foi escolhido para marcar a entrega do termo de outorga para as pesquisadoras agraciadas no edital “Jovem Cientista Mulher” da Faperj.

A presidente da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, Leticia Oliveira, explicou que a iniciativa surgiu quando se constatou que a proporção de mulheres com propostas aprovadas na fundação era menor do que a de homens. A secretária municipal de C&T, Tatiana Roque, também defendeu editais específicos para mulheres.

“Precisamos desses editais não só para contrapor problemas concretos, como o assédio, o ‘teto de vidro’ para subir na carreira e, no caso das exatas, a discrepância entre o número de mulheres e homens. Mas precisamos também pelo bem da própria ciência. Temos inúmeros exemplos – na zoologia, na física, na medicina – de que sem as mulheres a ciência fica enviesada”, afirmou.

A presidente da ABC, Helena Nader, disse que os editais específicos para mulheres da Faperj são uma inovação bem-vinda no fomento à ciência, e defendeu que o modelo seja implementado também por outras fundações estaduais.

Representando as 70 cientistas contempladas no edital, a engenheira química Michelle Mothé recebeu seu termo de outorga das mãos do presidente e da diretora científica da Faperj, Jerson Lima e Eliete Bouskela. “É salutar que políticas públicas tragam cada vez mais investimentos em programas que promovam a inclusão, diversidade de pensamentos e de gênero”, disse a pesquisadora.

Ao final da cerimônia, foram anunciados também o lançamento do edital “Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação”, da Faperj, e da segunda edição do Prêmio Elisa Frota Pessoa, da SMCT.

As mulheres cientistas marcaram presença no auditório da ABC (Foto: Bruna Sampaio/ ABC)

Assista ao evento completo:

Confira os registros do evento!

Um exemplo para as mulheres na ciência

Johanna Döbereiner, que comemoraria 100 anos neste 2024 (1924-2000), fez história na agricultura do Brasil e do mundo. E também na ciência. Em 50 anos de carreira, liderou pesquisas no que iria se tornar a Embrapa Agrobiologia, orientou pesquisadores e foi indicada ao Nobel de Química. Em uma de suas descobertas, permitiu ao país economizar até US$ 2 bilhões por ano na produção agrícola. Era uma das poucas mulheres em um ambiente tomado por homens —o que não lhe custou poucos desafios.

Neste mês que marca o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência (11 de fevereiro), relembro a história de Johanna como um convite para refletirmos sobre o incentivo e reconhecimento dado às mulheres na sociedade. Embora dados recentes apontem avanços, uma análise do cenário brasileiro mostra que ainda temos um longo caminho a percorrer na busca pela equidade de gênero.

Recentemente, o Brasil passou da 94ª posição, em 2022, para a 57ª, em 2023, no ranking dos países com melhor paridade neste quesito, segundo o relatório Global Gender Gap, do Fórum Econômico Mundial. A amostra inclui 146 países. Ao observar os indicadores, contudo, percebemos que há muito ainda a melhorar, sobretudo na participação econômica e política das mulheres.

Ao mesmo tempo em que somam 51,5% da população, mulheres são apenas 17,7% das deputadas e 18% das senadoras. Também são apenas 5% no topo de empresas de capital aberto, segundo o Ibovespa. No trabalho, a remuneração também é desigual: mulheres recebem 78% do que ganham os homens, aponta o IBGE.

(…)

Leia o artigo completo na Folha de S. Paulo.

Johanna Döbereiner, uma pioneira da ciência nacional

 

Helena B. Nader

Presidente da Academia Brasileira de Ciências e professora emérita da Escola Paulista de Medicina da Unifesp

Meninas e Mulheres na Ciência: avanços e perspectivas

A Faperj convida para o evento “Meninas e Mulheres na Ciência: avanços e perspectivas”, organizado em parceria com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e a Academia Brasileira de Ciências. A sede da ABC, no Centro do Rio de Janeiro, será o local do encontro. 

Sob a orientação da Unesco e da ONU, a data homenageia e promove a importância das mulheres na ciência e tecnologia, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ao destacar suas contribuições vitais para a pesquisa científica e tecnológica.

Este evento é parte das celebrações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data estabelecida pela Assembleia das Nações Unidas em 2015, celebrada mundialmente em 11 de fevereiro. Este ano, como o 11 de fevereiro coincide com o feriado de carnaval, o evento da Faperj/SMCT/ABC será realizado em 19 de fevereiro.

O evento é aberto aos interessados e será transmitido pelo YouTube da ABC


VEJA A PROGRAMAÇÃO:

15h | Abertura
• 
Jerson Lima (Presidente da Faperj)
• Helena B. Nader (Presidente da ABC)
• Tatiana Roque (Secretária municipal de Ciência e Tecnologia)
• Eliete Bouskela (Diretora científica da Faperj)
• Leticia de Oliveira (Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj)
• Thereza Paiva (Programa Meninas e Mulheres na Ciência da SMCT)

16h | Entrega do Termo de Outorga do Edital “Jovem Cientista Mulher”

16:20h | Relançamento do Edital “Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação”

16:45h | Sobre o Prêmio Elisa Frota Pessoa da SMCT

 

 


SERVIÇO
• Evento: Meninas e Mulheres na Ciência: avanços e perspectivas
• Data: 19 de fevereiro, 2a feira
• Hora: 15h
• Local: Rua Anfilófio de Carvalho, 29, 3o andar, Centro, Rio de Janeiro

Cerimônia de entrega do 5º Prêmio Carolina Bori

No dia 6 de março, no Salão Nobre do Centro MariAntonia da USP, em São Paulo, ocorreu a entrega da 5ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” para três renomadas cientistas e membras titulares da Academia Brasileira de Ciências (ABC): a química Yvonne Mascarenhas, na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra; a antropóloga Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha, na área de Humanidades; e a biomédica Regina Pekelmann Markus, na área de Biológicas e Saúde.

Concedido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) desde 2019, o prêmio reconhece o talento de cientistas brasileiras que fortalecem o papel feminino no avanço da ciência nacional. A premiação também é parte das celebrações do “Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência”, instituído pela Unesco, e celebrado todo o dia 11 de fevereiro.

A presidente da ABC, Helena Nader, que recebeu o prêmio em sua primeira edição, esteve presente na cerimônia e parabenizou as vencedoras. Uma das idealizadoras do premiação, a Acadêmica Vanderlan Bolzani, não pôde comparecer mas gravou uma mensagem. “Estou muito feliz porque a SBPC – uma sociedade que mudou a história da política científica no país – não tinha ainda uma premiação para mulheres quando fiz a proposta. Nesta quinta edição, estou muito satisfeita não só pelas premiadas de hoje, mas por todas as mulheres premiadas nestes cinco anos”.

Da esquerda para a direita: Helena Nader, presidente da ABC; Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC; Marcia Barbosa, secretária do MCTI; Yvonne Mascarenhas, vencedora na na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra; Maria Manuela Carneiro, vencedora na área de Humanidades; Regina Pekelmann Markus, vencedora na área de Biológicas e Saúde; Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da SBPC; e Maria Helena Guarezi, secretária-executiva do Ministério das Mulheres

 

Em seguida foram exibidas mensagens das vencedoras nas quais elas discorreram um pouco sobre suas carreiras, suas histórias de vida e sobre como gostariam de aconselhar as próximas gerações de mulheres cientistas.

Yvonne Mascarenhas afirmou que o seu maior orgulho é ter ajudado a formar as seguintes gerações de pesquisadores em cristalografia e destacou que persistência e foco são fundamentais para que as mulheres consigam superar o chamado “teto de vidro” na progressão da carreira científica.

“Eu vejo o prêmio como uma homenagem merecida à Carolina, cuja memória deve ser preservada e, por isso, desejo vida longa à premiação. Carolina Bori sempre foi uma entusiasta das mulheres nas ciências e nas artes. Ela foi uma mulher muito valorosa, presidente da SBPC nos anos difíceis da ditadura, tendo um papel importante na luta para acabar com aquela situação horrível”.

Maria Manuela Carneiro contou que seu interesse pela antropologia surgiu ainda na graduação em matemática e que, a partir dos anos 70, começou a se interessar pela questão indígena, desde os estudos antropológicos até a questão da legislação. Foi assim que começou sua forte atuação na Constituinte, quando pôde colaborar de perto com Carolina Bori.

“Fico particularmente feliz com esse prêmio por ter conhecido a Carolina e admirado sua coragem e dignidade extraordinárias numa época difícil para o país. À época eu ainda era uma jovem mulher e queria ser igual a ela quando crescesse. Ela era um exemplo de cientista e de pessoa engajada na política brasileira, a qual eu tento seguir até hoje”.

Regina Pekelmann Markus contou um pouco sobre sua trajetória no estudo das neurotransmissões e argumentou a favor de que o mundo volte a trilhar um caminho de valorização e proteção da mulher em todos os âmbitos.

“A grande importância está em saber olhar, observar e perguntar. O prêmio Carolina Bori faz com que meninas possam ser inspiradas pela primeira vez a ver a ciência como possibilidade de carreira, ficando encantadas e curiosas. Nem todas vão ser cientistas, mas todas precisam saber o que é ciência. Nessa tenra idade, essa curiosidade em algumas vai se transformar naturalmente no desejo de ser cientista”.

Carolina Bori discursa na abertura da 38ª Reunião Anual da SBPC, Curitiba/PR, 1986. (Foto: Acervo SBPC)

Carolina Martuscelli Bori

A premiação deste ano é especial, já que em 2024 se comemoram os cem anos do nascimento de Carolina Bori. Ela foi uma das pioneiras na pesquisa da psicologia experimental no Brasil, tendo atuado pela implementação de cursos de psicologia em diversas universidades brasileiras, incluindo a USP, em Rio Claro, e nas universidades federais de São Carlos, Bahia, Pará e Rio Grande do Norte.

Em colaboração com Darcy Ribeiro, contribuiu para a fundação da Universidade de Brasília (UnB), onde estabeleceu o Laboratório de Psicologia Experimental e liderou o Instituto de Psicologia entre 1963 e 1965. Em 1987, Bori se tornou a primeira mulher a presidir a SBPC, onde liderou debates científicos na formulação de propostas para a Constituição Federal de 1988.

Sua atuação científica e junto ao debate público deixou um legado que inspira gerações. Recentemente, a SBPC lançou o Memorial Carolina Bori, como forma de eternizá-la.

Assista a cerimônia na íntegra:

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