A ABC lamenta o falecimento do Acadêmico Fernando Costa e Silva Filho, ocorrido em 27 de janeiro. Silva-Filho foi professor titular na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), atuando no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) de 2012 até 2019, logo após sua aposentadoria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Graduado em biologia, concluiu o mestrado e doutorado no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Realizou dois pós-doutorados internacionais, na State University of New York, em Buffalo, EUA, e no Instituto Politécnico Nacional do México, Cidade do México. Além disso, especializou-se em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial pelo Centro de Referência em Inteligência Empresarial da Coppe-UFRJ.
Sua destacada atuação acadêmica foi marcada por estudos sobre a fisiologia das interações entre células, bem como entre células e a matriz extracelular. Ao longo de sua trajetória, foi membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências de Nova Iorque e da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, demonstrando seu impacto e reconhecimento tanto nacional quanto internacional.
Fernando Costa e Silva Filho publicou dezenas de trabalhos científicos que, ao longo dos anos, cumularam mais de 1.500 citações. No LBCT, foi pioneiro na implementação da linha de pesquisa em bioengenharia, que continua em pleno desenvolvimento, consolidando seu legado inovador.
Faleceu no dia 14 de janeiro, aos 87 anos, o membro associado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e ex-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Paulo Milton Barbosa Landim. O Acadêmico esteve à frente da Unesp entre 1989 e 1993, durante o período em que se concretizou a autonomia universitária, prevista pela Constituição de 88, para as instituições estaduais de São Paulo.
Nascido na cidade de São Paulo, Paulo Landim formou-se em Geologia pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1961 e em 1967 doutorou-se pela mesma instituição. Em 1978 foi aprovado para o cargo de Professor Titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, onde foi um dos fundadores do curso de Geologia da universidade.
Membro associado da ABC desde 1974, Landim foi um pesquisador muito atuante e referência nas Ciências da Terra. Além da ABC, era membro também da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da Sociedade Brasileira de Geologia e de sociedades internacionais como a Computer Oriented Geological Society e a International Association for Mathematical Geology. Seus principais interesses de pesquisa estavam na Estratigrafia e evolução tecto-sedimentar, sobretudo da Bacia intracratônica do Paraná e, nos últimos anos de sua carreira, dedicou-se à aplicação de métodos geoestatísticos e estatísticos multivariados em Geociências.
Aposentou-se em 1998 e recebeu o título de professor emérito da Unesp em 1999. Em 2002, foi titulado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, uma das principais distinções científicas do Brasil. No campus de Rio Claro, Landim empresta seu nome ao Museu de Paleontologia e Estratigrafia da Unesp, que reúne um acervo de coleções de fósseis e rochas sedimentares.
Mesmo aposentado, Landim continuou contribuindo para a ciência nacional, trabalhando como professor voluntário do Departamento de Geologia Aplicada, com atuação ainda no Grupo de Pesquisa sobre Estudos e Pesquisas Agrícolas Georreferenciadas junto ao Departamento de Solos e Recursos Ambientais da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, em Botucatu.
A Academia Brasileira de Ciências manifesta sua solidariedade com familiares e amigos do Acadêmico neste momento de dor. O legado de Paulo Landim para a Unesp e para a geologia brasileira permanece como marco da vida e obra deste grande cientista.
O governo colombiano informou a morte do cientista e professor colombiano Manuel Elkin Patarroyo, criador da primeira vacina sintética contra a malária, aos 78 anos. Essa doença tropical parasitária é transmitida pela picada de mosquitos infectados e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), causou 597 mil mortes em 2023.
Nas palavras de Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), “Patarroyo era um cientista brilhante com muitas colaborações com o Brasil. Grande perda para a ciência mundial.”
“Apesar das ofertas para trabalhar em centros de pesquisa no resto do mundo, ela decidiu se estabelecer em seu país, a Colômbia, trabalhando com uma pequena equipe interdisciplinar”, diz uma breve biografia da Fundação Princesa das Astúrias da Espanha, que em 1994 lhe concedeu o prêmio Príncipe das Astúrias. Ao longo de sua carreira recebeu outros reconhecimentos por suas pesquisas e seu nome passou a figurar entre os candidatos ao Prêmio Nobel de medicina.
Desde 1984, Patarrayo foi o primeiro diretor do Instituto de Imunologia do Hospital San Juan de Dios, em Bogotá. Lá ele desenvolveu sua vacina SPf66 contra a malária entre 1986 e 1988, a primeira a ser reconhecida pela OMS.
“Suas contribuições e legado em imunologia serão sempre lembrados, assim como sua engenhosidade, entusiasmo e dedicação à pesquisa e à ciência”, afirmou a Faculdade de Medicina da Universidade Nacional da Colômbia em comunicado publicado no X, à qual esteve ligado por mais de 50 anos.
(…)
Ele era a favor da universalização da ciência para evitar que suas conquistas fossem monopolizadas por grandes grupos econômicos, por isso em 1993 Patarroyo rejeitou uma oferta de 60 milhões de dólares de um laboratório bioquímico e em 12 de maio de 1993 renunciou aos direitos de exploração da vacina contra a malária à OMS.
Foi com profundo pesar que a Academia Brasileira de Ciências recebeu a notícia do falecimento de seu membro titular Lauro Tatsuo Kubota, no dia 4 de outubro. O Acadêmico era professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Grão-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Kubota nasceu em 20 de junho de 1964, em Goio-Erê, Paraná, quinto filho dos dez de Ossamu Kubota e Fuçae Kubota. Formou-se bacharel em química pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 1985, mestre em química pelo Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 1988 e doutor em ciências pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 1993, sob a orientação do professor Yoshitaka Gushikem. Realizou o pós-doutorado na Universidade de Lund, Suécia, entre 1997 e 1998 com a supervisão do professor Lo Gorton.
Foi professor assistente da Faculdade de Ciências da Unesp-Bauru de 1989 a 1994. Contratado pela Unicamp em 1994, como professor assistente doutor, tornou-se livre-docente em 2000, professor associado em 2001 e, em 2009, professor titular. Foi um dos pioneiros na utilização de sílica gel modificada com catalisadores para o desenvolvimento de sensores eletroquímicos. Também iniciou a utilização de materiais inorgânicos para a imobilização de cofatores enzimáticos que levou ao desenvolvimento de sensores eletroquímicos, denominados de biomiméticos. Introduziu novas estratégias de modificação de eletrodos para o desenvolvimento de biossensores para aplicação clínica, ambiental e alimentícia. Desenvolvia pesquisas voltadas ao desenvolvimento de dispositivos analíticos descartáveis e de baixo custo com o conceito denominado de “point-of-care”.
Além da Ordem Nacional do Mérito Científico, também foi premiado com o prêmio de Invento do Ano (2000), entregue pelo governo do estado de São Paulo, o Prêmio Zeferino Vaz de Reconhecimento Acadêmico (2004) e o Prêmio Rheinboldt-Hauptmann em 2023. Foi assessor de agências de fomento nacionais e internacionais. Também era membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp). Atuou como membro do corpo editorial de importantespublicações da química analítica e eletroquímica, como a Sensors and Actuators B: Chemical, da ChemElectroChem, da Analytical Methods, Sensors Diagnostics, da Electrochemical Sciences Advances e da ACS Measurement Sciences Au.
Publicou mais de 400 artigos em periódicos especializados, os quais receberam mais de 14.500 citações. É autor/co-autor de 26 patentes e participou do desenvolvimento de vários produtos tecnológicos. Orientou 18 dissertações de mestrado, 36 teses de doutorado, supervisionou 30 pós-doutores, além de ter orientado 25 trabalhos de iniciação científica na área de química.
A ABC manifesta sua solidariedade com os familiares e amigos do Acadêmico neste momento de luto.
Foi com grande pesar que a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu, no dia 2 de setembro, a notícia do falecimento de seu membro titular Ramayana Gazzinelli, aos 91 anos. O velório está acontecendo hoje, 3 de setembro, até às 16h, no Cemitério do Bonfim (capela 1), em Belo Horizonte.
Nascido em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em 1933, Ramayana completou o curso primário em Belo Horizonte, onde fez também o secundário e a universidade. Formou-se em 1956 em Engenharia Civil pela UFMG e, em 1958, especializou-se em Engenharia Nuclear. Cursou mestrado (1962) e doutorado (1964) em Física na prestigiada Universidade Columbia, de Nova York.
O professor foi o primeiro doutor em física a se fixar em Minas Gerais, para onde voltou e ajudou a criar um grupo de pesquisas em Física da Matéria Condensada e a iniciar a pós-graduação em Física na UFMG. Na universidade, criou um laboratório de ressonância magnética eletrônica. Sua principal linha de atuação foi o estudo de defeitos pontuais e transições de fase em materiais isolantes.
Ramayana Gazzinelli teve participação na reforma universitária da década de 60 e atuou em diversos órgãos colegiados da universidade. Assumiu a posição de professor titular em 1974, tendo sido coordenador da pós-graduação e chefe do departamento na UFMG.
O Acadêmico também ocupou as posições de membro do Conselho, Secretário de Ensino e Presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF); membro do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq em três mandatos; membro do Comitê de Física do Estado Sólido do Centro Latino-Americano de Física; membro da Comissão de Física para o Desenvolvimento da “International Union for Pure and Applied Physics” e membro do Conselho Curador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Ramayana deixa a esposa, Alzira, e os filhos Gustavo, Letícia, Elisa e Ricardo, este último também membro titular da ABC. A Academia expressa sua solidariedade com todos os familiares e amigos neste momento de despedida.
Ramayana Gazzinelli faleceu ontem, 02/09, aos 91 anos
É com profundo pesar que a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu a notícia do falecimento de seu membro colaborador Dr. Shankar Prashad Bhattacharyya, que atualmente atuava como professor de Engenharia Elétrica na Texas A&M University.
Shankar formou-se Bacharel em Tecnologia pelo Instituto Indiano de Tecnologia, em Bombay, Índia, e cursou mestrado e doutorado na Rice University, EUA. Em 1971, chegou ao Brasil para estabelecer-se como professor na Coppe – UFRJ, onde posteriormente foi chefe do Departamento de Engenharia Elétrica.
Sua pesquisa focava na área de Controle Automático, na qual contribuiu com a primeira solução do problema de Servomecanismo Multivariável. O Acadêmico acumulou honrarias ao longo da carreira, como associado da NASA Research, fellow do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e da Federação Internacional de Controle Automático (IFAC); além de membro correspondente da ABC desde 2012.
O professor Shankar Bhattacharyya amava o Brasil, onde constituiu família e fez grandes amizades ao longo da vida. A ABC se solidariza com seus parentes e amigos neste momento de dor.
Membro titular da Academia Brasileira de Ciências faleceu aos 96 anos. Confira homenagem escrita por quatro de seus alunos:
Com profunda tristeza, informamos o falecimento do Professor Milton Luiz Laquintinie Formoso ocorrido nesta madrugada, dia 15 de março de 2024. Com pesar e gratidão, prestamos nossa homenagem a uma figura inigualável, cuja partida deixa um vazio imensurável no mundo da ciência e da educação. Nascido em Pelotas, RS, filho de Sylvio Garcia Formoso e Maria Laquintinie Formoso, veio de uma família de educadores (como seu avô e bisavô), inspirado desde cedo pelo legado de seus antecessores.
Desde seus primeiros anos, mostrou-se destinado a uma vida de dedicação ao conhecimento. Seu percurso acadêmico, desde os primeiros anos de estudo no Rio Grande e Pelotas até sua graduação em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi marcado pela vontade de ser um cientista. Ao ingressar na Escola de Engenharia da UFRGS, iniciou sua jornada de pesquisa e descoberta, culminando em seu doutorado no Anortosito Capivarita e também em suas especializações em Geoquímica em renomadas instituições nos Estados Unidos e na França. Foi um dos pioneiros no estudo de argilominerais no Brasil. Incorporou a geoquímica analítica e com isso ampliou as fronteiras do curso de geologia para as gerações de pesquisadores desde então.
Milton Luiz Formoso
Ao longo de sua distinta carreira acadêmica, o Professor Formoso orientou e inspirou inúmeras mentes brilhantes, deixando sua marca indelével não apenas na pesquisa científica, mas também na formação de novas gerações de cientistas. Membro da Academia Brasileira de Ciências (1992), Professor Emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998), Comendador (2002) e Grã-Cruz (2005) da Ordem Nacional do Mérito Científico. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Poitiers/França (2005). Medalha de Ouro Henri Gorceix, pela formação de Mestres e Doutores em Geologia (2012). Presidente da Sociedade Brasileira de Geoquímica (1993-1995, 1997-1999 e 2000-2002). Coordenou o importante Projeto de cooperação internacional CAPES/COFECUB (1990-1997 e 2000-2004) com 11 orientações de doutorado em co-tutela com as Universidades de Poitiers e Toulouse/França. Desde 1978 é membro da Association Internationale pour l’Etude des Argiles (AIPEA) e único representante da América Latina do Nomenclature Committee e da International Association of Geochemistry and Cosmochemistry.
Sua trajetória demonstra seu compromisso com o avanço da ciência e sua visão de um mundo onde o conhecimento é compartilhado sem fronteiras. Com entusiasmo dizia: “Pergunte ao velho mestre”. Atuava em Geologia e Geoquímica, com ênfase em alteração de rochas, mineralogia de argilas e processos hidrotermais, principalmente nos seguintes temas: bentonitas e caolins, petrologia e geoquímica de rochas. Publicou mais de 105 artigos científicos, dois livros, 9 capítulos de livros. Orientou 18 doutorados e 30 mestrados.
O Professor Formoso se dedicou igualmente para a construção institucional ao longo de sua trajetória na Universidade. Participou da criação e fundação do Instituto de Geociências da UFRGS em 1957 e criou o Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica (CPGq), dos quais também foi Diretor.
O Professor Formoso era torcedor do Sport Clube Internacional e profundo conhecedor de futebol e da história do colorado. Era um amante da música e grande conhecedor da música popular brasileira. Possuía um senso de humor inteligente e único, que marcava as suas interações pessoais.
Querido Professor Formoso, seu legado de sabedoria, generosidade e paixão pelo conhecimento viverá para sempre. Que sua memória continue a inspirar e orientar aqueles que buscam desvendar os mistérios da natureza e contribuir para o avanço da humanidade. Sua luz continuará a brilhar em cada descoberta e em cada coração que ele tocou.
Daniele Aparecida Matoso graduou-se em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e cursou o mestrado em Genética e Evolução na Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Fez o doutorado em Genética pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-doutorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com período sanduíche na Universidade de Lisboa.
Tornou-se então professora na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), no Departamento de Genética, onde coordenou o grupo de Pesquisa de Biotecnologia e Citogenômica Animal, desenvolvendo em ecotoxicologia, citogenômica, epigenética e biologia molecular. Estudava a ação de contaminantes, como pesticidas, metais tóxicos, micro e nanoplásticos, em ambientes aquáticos naturais e controlados. Orientava ainda mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva do INPA. Realizou outro pós-doutorado na UEPG, no Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva (2023-2024).
A pesquisadora foi eleita como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para o período 2012–2016, pela região Norte, onde atuava. Em entrevista dada na época do seu ingresso, afirmou seu interesse e dedicação também à divulgação científica. “Sempre gostei de apresentar minhas pesquisas para o público leigo, especialmente adolescentes, na tentativa de atraí-los para a carreira científica.” Para os jovens com os quais interagia, costumava destacar algumas das características que considerava básicas para um cientista, como perseverança, curiosidade e vontade de fazer a diferença. “Àqueles que pretendem seguir carreira, eu diria que fazer ciência no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo, não faz a pessoa ficar rica, mas a faz ser uma pessoa melhor e feliz”, reforçou na ocasião.
Daniele Matoso morreu aos 47 anos, em 17 de fevereiro, após grande luta contra um câncer agressivo. A Diretoria da ABC apresenta seus pêsames à família.