As palestrantes Claudia Sá Rego Matos e Gabriela de Assis Costa Moreira.
Organizadoras da atividade de educação científica “Uma Aventura no Museu“, promovida pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), a museóloga Claudia Sá Rego Matos e a física Gabriela de Assis Costa Moreira ficaram responsáveis pela última atividade do 4º Encontro Nacional de Membros Afiliados da ABC, realizado entre 24 e 26 de junho, em Fortaleza, Ceará.
O foco das cientistas foi abordar a educação museal e a comunicação em ciências voltadas para a questão de gênero. A atividade principal da educação museal não é ensinar ou instruir, mas sim mediar. Enquanto processo de educação não-formal, visa difundir conhecimento. “Em divulgação científica, o maior desafio é comunicar ciência npara quem não está a fim de ouvir falar sobre ciência”, explicou Cláudia Matos.
No entanto, elas reforçaram que é a população que financia a ciência que é feita na universidade” e, portanto, divulgar ciência é dar retorno à sociedade sobre um conhecimento que a ela pertence. E a melhor estratégia, de acordo com as cientistas e mediadoras, é partir do que as pessoas já conhecem, para que se sintam próximas dos conteúdos científicos que se pretende divulgar.
Palestrantes e membros afiliados da ABC se reuniram para participar da atividade proposta por Matos e Moreira.
Matos e Moreira reforçaram que fazer divulgação científica é também um ato político. “Promover a discussão de gênero dentro da ciência é tocar nessas feridas, de forma a enfrentar e reduzir as desigualdades de gênero”, concluiu Moreira.
Na parte da tarde, as palestrantes adaptaram a atividade que realizaram com as alunas do ensino básico em 2018, no Mast, e apresentaram um mistério a ser solucionado pelos cientistas: o desaparecimento da cientista Estela Argo de Aetes. Os cientistas trabalharam em grupos para analisar as pistas do desaparecimento da Estela, que incluíam rascunhos de pesquisa, cartas e plantas do Observatório Nacional (ON). Para construir o mistério, Matos e Moreira pesquisaram sobre as regras do Observatório Nacional na década de 1930, as universidades do mundo e seus respectivos estatutos naquele período, reproduziram documentos, criaram outros, tudo feito com muito capricho, com a preciosa ajuda de designers do Museu.
No final, a resolução do mistério provocou uma reflexão sobre questões de gênero e de desigualdade social na ciência. E para os participantes, foi reforçada a mensagem: olhem para o seu público-alvo, criem empatia, aprendam a se colocar no lugar do outro, tenham escuta, para que sejam escutados de fato e compreendidos pelas pessoas. Mais do que focar na precisão dos dados da ciência de cada um, é importante que a sociedade entenda que por trás de tudo que vemos e temos existe um cientista trabalhando, e que fazer ciência é uma atividade fundamental da cultura humana, assim como fazer arte. Ciência é investimento que gera desenvolvimento.
Confira as matérias sobre as atividades do #4ENMA:
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Falta de financiamento público: como reagir?
#4ENMA: estratégias de sobrevivência na ciência
Aproximando cientistas e jornalistas para a divulgação científica