Dentro da perspectiva de promover integração entre os representantes de academias de ciências das Américas, o encontro “Ciência Sobre e Para a Amazônia”, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas), foi um sucesso. No dia 3 de agosto, segundo dia do evento, representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela apresentaram sua visão sobre o tema.
A Bolívia tem 40% do seu território na Amazônia. De acordo com a presidente da Academia Nacional de Ciências da Bolívia, Monica Moraes, que é doutora em biologia pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, formar redes de colaboração a longo prazo é crucial. Ela ressaltou o papel das academias no assessoramento às autoridades públicas e defendeu encontros periódicos no âmbito da Ianas sobre o tema. “Se por um lado temos um país com baixos investimentos em ciência, tecnologia e inovação, por outro temos uma comunidade científica acostumada à cooperação internacional”, disse.
O vice-presidente da ABC para a Região Norte, Adalberto Luis Val, lembrou que no Brasil o volume de investimentos ainda é incompatível com as necessidades e os desafios da Amazônia. “Apenas 3% dos investimentos em CT&I do Brasil vão para a região. Manter esses valores significa manter as coisas como estão.” Ele ressaltou a ideia de uma nova bioeconomia para a região. “A ideia de que a floresta precisa ser substituída para produzir valor levou à usos insustentáveis e improdutivos, já que o solo da região não é propício para a agropecuária. Precisamos encontrar formas de manter a floresta em pé e os rios fluindo.”
A presidente da Academia da Colômbia, Helena Groot, ressaltou a importância da educação e da cultura como parte fundamental da proteção da Amazônia, fomentando a inclusão de povos tradicionais e outros setores marginalizados da sociedade. Ela tratou também do financiamento à ciência no país, pasta que recebeu um dos menores aportes do governo. “O financiamento de projetos não é contínuo, é instável e baixo”, criticou. “Ciência é fundamental, precisamos de cientistas e cidadãos responsáveis pela educação”, finalizou.





Acesse aqui a gravação na íntegra.
Leia as matérias da ABC sobre o evento:
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- Apresentação das academias de ciências dos países amazônicos
- Andrea Encalada apresenta o SPA em evento ABC-Ianas, em Manaus
- Tratado de Cooperação Amazônica em debate no evento ABC-Ianas
- Evento em Manaus tem grande repercussão na mídia
