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IV Seminário Nacional do Programa ABC na Educação Científica

O IV Seminário Nacional do Programa ABC na Educação Científica – Mão na Massa foi realizado em São Paulo nos dias 28 e 29 de novembro de 2008. O Programa propõe o ensino de ciências baseado na investigação desde as séries escolares iniciais, numa prática em que as crianças planejam e realizam atividades em sala de aula, priorizando a discussão inicial, o planejamento, a experimentação e a observação, articulando a discussão de questões para a construção do conhecimento em ciências e o desenvolvimento da expressão oral e escrita.

Esta metodologia está sendo aplicada em projetos-piloto em seis estados brasileiros, com coordenação da Academia Brasileira de Ciências. O atual Programa é apoiado pelas Academias de Ciências do mundo todo e aproveita pesquisas pedagógicas realizadas em anos recentes, nos Estados Unidos, na França e em outros países, embora o princípio do ensino a partir da investigação seja recomendado desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação, liderados por Anísio Teixeira, em 1932. A partir dos resultados deste evento, a Comissão Coordenadora deve iniciar uma discussão dos novos caminhos do Programa, tomando como um dos pontos de partida o Projeto Petrobras, que ajudou na realização deste Seminário.

Segundo o vice-presidente da ABC Hernan Chaimovich, o Programa ABC na Educação Científica – Mão na Massaé relativamente antigo na Academia, visto que já está realizando seu quarto seminário. “Isto mostra o compromisso da Academia com o ensino básico de Ciências no país”. O Programa começou com uma colaboração com a França e atualmente se estende em várias direções. “Esse seminário em São Paulo foi importante por trazer a idéia da avaliação internacional dos programas de ensino de ciências”. O evento contou com quase 150 participantes, a grande maioria professores de ensino fundamental de São Paulo, Rio, Minas e do Norte. Também vieram professores de ciência e especialistas em avaliação do Chile, da Argentina, da Colômbia e do México, onde atividades semelhantes têm tradição maior que no Brasil.

“Ficou patente, a partir dos depoimentos destes convidados estrangeiros, a nossa diversidade, o que foi muito enriquecedor para os professores presentes”, disse Chaimovich. O que está sendo feito no Rio é diferente do que está sendo feito em Minas, assim como diferente do viés de meio ambiente e saúde que está sendo desenvolvido em São Paulo. E a colaboração entre Brasil e América Latina está crescendo. “No Chile o Ministério da Educação incorporou o programa, tornando-o nacional. Aqui, o presidente da Capes Jorge Guimarães se comprometeu, no evento da ABC, em fazer o mesmo.”

Segundo o vice-presidente da Academia, esta faz a ligação entre o programa da ABC e os programas internacionais. “A ABC tem sido muito bem sucedida na coordenação destes programas, sobretudo por dar um selo de qualidade acadêmica aos programas de ensino de ciência que estão sendo realizados sob sua coordenação”. A Academia pretende ser um referencial de qualidade para políticas públicas de ensino de ciência baseado em evidência.

Em São Paulo já houve uma primeira avaliação, que forneceu dados sobre o que pensam sobre o Programa cem mil crianças envolvidas. O Acadêmico apresentou alguns resultados obtidos pelos protocolos de observação, questionários e registros dos alunos. A grande maioria foi capaz de confrontar suas hipóteses com os resultados obtidos e fornecer uma explicação para fenômenos simples. A maior parte expressa suas idéias, observações e conclusões por escrito, participa na discussão e na elaboração do registro coletivo, relaciona fenômenos observados na atividade com outros de seu cotidiano. Os registros sugerem a apropriação de um novo conceito, mais próximo da ciência, do que seu pensamento inicial.

No caso dos professores, a maioria indicou que, com a utilização da metodologia do Projeto, o ensino de ciências tornou-se mais atraente para os alunos. Indicaram também que as atividades investigativas favorecem a aprendizagem dos conteúdos e desenvolvem habilidades como observação, argumentação e organização, além de apontar ser mais prazeroso ensinar ciências – embora as aulas tornem-se mais trabalhosas, com necessidade de maior preparação, aprofundamento nos conteúdos abordados, observação e colaboração com cada grupo para que possam avançar em suas discussões. Os professores do Programa assumem o papel de conduzir o trabalho na sala, fazendo intervenções para que os alunos agreguem novos conhecimentos. Também auxiliam os alunos a realizarem a síntese da discussão coletiva, de modo a avançar na direção do conhecimento científico.

Chaimovich destacou alguns pontos do documento A ABC e o Ensino de Ciências na Educação Básica, que propõe algumas ações a serem implementadas pelo Governo federal para superar a crise. Entre muitas outras, destacam-se:

  • Assumir a política educacional como uma política de Estado, para que tenham continuidade de ao menos duas décadas para apresentarem resultados significativos.
  • Aumentar os investimentos em educação de 4% para 6% do PIB, que é o padrão dos países bem sucedidos em seus sistemas educacionais.
  • Políticas de Estado devem ser elaboradas e implementadas de forma interministerial, envolvendo o Ministério da Educação (MEC), o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), da Saúde, da Integração Regional e das Cidades, a exemplo do Programa de Educação Ambiental e Mobilização Social que envolve cinco ministérios.
  • Valorização da carreira de professor, com a melhoria da remuneração baseada na qualificação e desempenho dos professores, com incentivos específicos para professores que trabalham em áreas de risco e em áreas remotas.
  • Aumento da duração do turno escolar para pelo menos seis horas diárias, sendo de oito horas em comunidades carentes.
  • Melhoria da infra-estrutura das escolas, com redução do número de alunos em sala, manutenção básica adequada e inserção de laboratórios e computadores.
  • Fortalecimento dos diretores de escolas, escolhidos por critérios de qualidade e com mais autonomia educacional e administrativa.
  • Avaliações educacionais nacionais e regionais sistemáticas, vinculadas aos programas de ensino.

Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência 2008

A cerimônia comemorativa do Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência 2008 foi realizada no Golden Room do Copacabana Palace, na noite de 8 de outubro. O prêmio foi instituído no Brasil em  2006 e escolhe anualmente sete cientistas de excelência, entre as inscritas de todo o país, para receber uma bolsa-auxílio no valor de R$ 20 mil para investir em suas pesquisas.

A apresentadora Renata Capucci convidou o presidente da L’Oréal Brasil, Sr. François-Xavier Fenart, para abrir o evento. Fenart destacou a crescente importância das mulheres na ciência e afirmou seu orgulho e da empresa em apoiar esse Programa que, a seu ver, impulsionando a ciência está investindo no grande potencial de desenvolvimento do país. Parabenizou as premiadas e reconheceu o sucesso da parceria com a Unesco e a ABC.

 

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, cumprimentou as autoridades e o público presente. Palis destacou esta parceria da ABC com a L’Oréal e a Unesco como uma das suas mais importantes atividades, por selecionar jovens de grande talento que certamente terão impacto na ciência brasileira nos anos vindouros. “A ciência brasileira tem crescido vigorosamente nos últimos anos, assim como a presença da mulher nesse cenário. Este prêmio certamente está colaborando com o desenvolvimento da ciência no país e com o incremento da participação feminina neste contexto e na Academia Brasileira de Ciências.”

O Oficial de Ciência e Tecnologia da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão, cumprimentou as premiadas e suas famílias, referindo-se à competência das primeiras e ao apoio fundamental das últimas. “A razão de ser do desenvolvimento científico e tecnológico é a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a promoção da aproximação entre os povos”, disse Mergulhão. Em nome do presidente da L’Oréal Brasil, Vincent Defourny, que não pode comparecer, Mergulhão considera este tipo de iniciativa uma contribuição que empresas podem dar a uma política de desenvolvimento científico fundamental para o crescimento do país.

As premiadas de 2008 foram Adriana Fontes (Ciências Físicas, UFPE); Carolina Bhering de Araújo (Ciências Matemáticas, IMPA); Daniela Dornelles Rosa (Ciências Biomédicas, Hospital Fêmina/RS), que não pode comparecer; Janine Inez Rossato (Ciências Biomédicas, PUC/RS); Lucielli Savegnago (Ciências Biomédicas, Unipampa); Luciana de Oliveira (Ciências Químicas, Unicamp) e Maria Augusta Arruda (Ciências Biomédicas, UERJ). A pesquisadora do Instituto de Química da UFRGS Crestina Susi Consorti recebeu a Menção Honrosa 2008 por pesquisa com substâncias com enorme potencial para aplicações terapêuticas, farmacológicas e nutricionais.

Janine Inez Rossato, Maria Augusta Arruda, Lucielli Savegnago, Renata Capucci (apresentadora) Adriana Fontes, Carolina Bhering de Araújo e Luciana de Oliveira

Seguiu-se a apresentação dos membros do júri que escolheram as cientistas vencedoras do Programa Para Mulheres na Ciência 2008. “A seriedade e a competência deste júri dão credibilidade e substância a este Programa”, disse Renata Capucci. Estavam presentes, além do presidente do júri Jacob Palis, os Acadêmicos Marcelo Viana, matemático do IMPA; Beatriz Barbuy, astrofísica da USP; Belita Koiller, física da UFRJ. Completavam o grupo de jurados a diretora científica da L’Oréal Brasil, Suely Bordalo, e o coordenador do escritório da Unesco no Rio de Janeiro, Pedro Lessa.

Marcelo Viana, Jacob Palis, Beatriz Barbuy, Jailson de Andrade, Suely Bordalo, Pedro Lessa, Belita Koiller 

Belita Koiller falou em nome dos jurados, destacando a importância desse tipo de ação conjunta para a sociedade brasileira de uma empresa como a L’Oréal com órgãos como a Unesco e a ABC. Parabenizou então as homenageadas da noite e destacou que “é muito importante que outras jovens mulheres vejam a carreira científica como uma opção real, pois muitas vezes não a consideram como uma perspectiva viável. O exemplo das premiadas serve como incentivo para que aumente o número de mulheres competentes na ciência brasileira. O Brasil e o mundo precisam disso”, concluiu Belita.

Os membros do júri e Acadêmicos Mayana Zatz, geneticista da USP; Lucia Previato, bióloga da UFRJ; e Francisco Salzano, geneticista da UFRGS, infelizmente não puderam comparecer, por estarem comprometidos com Congressos fora do país. Todos enviaram às laureadas de 2008, que foram apresentadas em seguida, mensagens de imenso contentamento com a indicação de cada uma, desejando a todas sucessos e conquistas.

Para a entrega dos certificados às premiadas, foram convidadas grandes mulheres, que se destacam em diversas áreas da sociedade. A empresária Lily Marinho; Tatiane Lima, responsável por diversos programas de inclusão digital no Rio de Janeiro e que atualmente administra o Programa de Implementação de Bibliotecas Virtuais nas Comunidades da Baixada Fluminense; Betty Lagardère, presidente e administradora da Fundação Jean Luc Lagardère, na França; Márcia Neder, diretora de redação da Revista Claudia da Editora Abril; Lucinha Araújo, presidente da Sociedade Viva Cazuza; Elisa Reis, vice-presidente regional da Academia Brasileira de Ciências.

Cinco das sete premiadas de 2007 e uma das premiadas de 2006 estavam presentes no evento. Monica Andersen, do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), discursou em nome de todas. Referiu-se ao aumento do número de jovens competentes que fazem ciência nesse país atualmente, nas mais diversas áreas, e afirmou ser um prazer e um dever das premiadas em anos anteriores passar sua experiência após um ou dois anos de trabalho com o apoio do grant L’Oréal-Unesco-ABC. “Hoje são vocês que merecidamente estão sendo homenageadas e tendo essa oportunidade, que certamente marcará suas carreiras como marcou as nossas. Estamos aqui esta noite representando e homenageando cada mulher dedicada à Ciência nesse país. Parabéns aos criadores deste prêmio e a vocês, premiadas de 2008.”

Glaucia Martinez, Ida Schwartz, Lúcia Codognoto, Mônica Andersen, Wang Qiaoling

Após o seu discurso, em entrevista para as Notícias da ABC, a biomédica goiana Monica Andersen falou sobre seu trabalho na Unifesp, onde desenvolve o projeto que lhe deu o prêmio no ano passado. “Meu trabalho envolve a verificação dos efeitos da falta de sono sobre a função sexual masculina. Na sociedade contemporânea as pessoas não dormem direito e excedem o tempo de vigília. Com isso, diversas funções do nosso corpo são comprometidas e uma delas é a sexual”.

Mônica assegurou que o prêmio é um divisor de águas. “Você passa a ser conhecida como vencedora do Programa Para Mulheres na Ciência . Ganhei uma bolsa de produtividade do CNPq, comprei equipamentos, viajei, fui a congressos e conheci outras pessoas que trabalham na minha área, estabeleci novas colaborações.”

As outras pesquisadoras também deram seu depoimento para as Notícias da ABC sobre a importância do Programa L’Oréal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência para o estímulo e incentivo da ciência brasileira.

A bioquímica paulista Gláucia Martinez, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), recebeu o prêmio em 2007 por seu estudo era sobre danos ao DNA pelo oxigênio singlete e o papel da melanina e de flavonóides nesses sistemas. “Os recursos que recebi foram muito proveitosos, possibilitaram a criação de uma infra-estrutura que vai permanecer no laboratório. Passei a ter uma procura muito grande por parte de outros professores e de estudantes interessados em que eu oriente seus doutorados, recebi convites para apresentar o trabalho em congressos, tudo em virtude do prêmio. Os resultados não aparecem apenas no ano da premiação, eles repercutem nos anos seguintes”, afirmou Gláucia.

Ida Schwartz, médica e geneticista gaúcha da UFRGS, foi premiada em 2007 pelo projeto Rede MPS Brasil: Investigação Integrada e Abrangente das Mucopolissacaridoses no Brasil. “O prêmio foi essencial para que a rede continuasse a existir. Foi por intermédio desse incentivo que foi possível continuar a fazer testes e diagnósticos para este tipo de doença”.

Wang Qiaoling graduou-se em Matemática na China e fez toda a pós-graduação na UnB, onde desenvolve seu projeto premiado, intitulado Auto-valores do Operador Poli-harmônico e o Teorema da Esfera. Contou que pôde comprar muitos equipamentos e convidar pessoas para colaborar com seu trabalho. “Isso porque fazer pesquisa sozinha não dá. Você tem que viajar, participar de congressos e seminários, tudo isso contribui para a pesquisa”. Segundo Wang, depois da premiação ela se tornou pesquisadora do CNPq, escreveu mais artigos e publicou em periódicos de mais qualidade.

Lucia Codognoto, química paranaense, trabalha no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Em 2007 recebeu o prêmio pelo projeto Determinação de Cumarina em Formulações Farmacêuticas Utilizando Análise por Injeção em Fluxo com Detecção Fluorimétrica. “O recurso ajudou muito porque eu tinha sido recém contratada. Com o prêmio, consegui comprar mais equipamentos e computadores. Ainda estamos investindo. Se tudo der certo, no meio do ano que vem sai uma dissertação de mestrado, orientada por mim e defendida com o auxílio do Programa Para Mulheres na Ciência”, declarou a pesquisadora.

Única das vencedoras de 2006 presente ao evento, a química carioca Yraima Cordeiro trabalha no Departamento de Fármacos da UFRJ. Recebeu o prêmio por seu trabalho com a doença de Príon, que é neurodegenerativa. “Ela é causada por uma forma anormal de uma proteína que todos nós, mamíferos, possuímos no sistema nervoso central. A pesquisa é voltada para a compreensão dos mecanismos moleculares que geriram essa causa da doença”, explicou a cientista.

Segundo Yraima, o prêmio possibilitou o reconhecimento e a repercussão do seu trabalho. “O apoio financeiro impulsionou o meu trabalho: consegui começar a montar o meu laboratório e ir a dois congressos internacionais. O prêmio dá muita visibilidade e não só no meio científico. Um projeto voltado para a pesquisa básica ao qual a sociedade tem pouco acesso, se tornou algo mais visível e compreensível para todo mundo”, garantiu a pesquisadora.

Entre as autoridades que prestigiaram o evento estavam o ministro de Ciência e Tecnologia em exercício, Luiz Antonio Rodrigues Elias; o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Cardoso, representando o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; o presidente da Faperj, Ruy Marques; o secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, Joaquim Levy; o presidente da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ivan; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, João Carlos Basílio.

Compareceram também o vice-presidente da ABC Hernan Chaimovich; o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e vice-presidente regional da ABC, Adalberto Val; o diretor da ABC e da Associação Brasileira de Desenvolvimento e Inovação (ABDI), Evando Mirra; o diretor-científico da Faperj e diretor da ABC, Jerson Lima; o vice-presidente regional da ABC Adolpho Melfi; os diretores da ABC Luiz Davidovich e Iván Izquierdo.

Finalizando a cerimônia de premiação, as vencedoras subiram ao palco para a foto oficial e os aplausos do público presente. “É com muito orgulho que homenageamos hoje estas brilhantes cientistas por essa grande conquista, mulheres que enaltecem não somente o potencial e a inteligência feminina, como a ciência no Brasil”, concluiu a apresentadora Renata Cappucci.

Entrega do prêmio L’Oréal em parceria com Unesco e ABC

Na noite de 21 de setembro, nos salões do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi realizada a cerimônia de premiação da Bolsa Auxílio para Jovens Cientistas, patrocinada pela L’Oréal e com o apoio da Unesco e da Academia Brasileira de Ciências. Na entrada, uma imensa placa com os dizeres: “O mundo precisa de ciência, a ciência precisa de mulheres” recepcionava os convidados, entre os quais estavam presentes o secretário executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Luis Fernandes, o secretário de C&T do Estado do Rio de Janeiro, Acadêmico Wanderley de Souza e o diretor da Finep, o Acadêmico Carlos Alberto Aragão.

O evento foi conduzido pelo chefe de cooperação internacional da Academia Brasileira de Ciências, Comendador Paulo de Góes Filho. O presidente da L’Oréal Brasil, François Xavier Fenart, considerou uma grande honra estar festejando as grandes cientistas e grandes mulheres brasileiras. “O engajamento da L’Oréal na pesquisa já tem muitos anos, mas é o primeiro ano desse programa, que reafirma nosso compromisso em impulsionar a ciência ajudando jovens pesquisadoras e reforça nossos laços com a comunidade científica brasileiras”, declarou.

François Fenart agradeceu à Academia Brasileira de Ciências o apoio de seu presidente Eduardo Krieger, do vice-presidente Jacob Palis e “especialmente das três grandes mentoras do programa aqui no Brasil, Mayana Zatz, Belita Koiller e Lucia Previato, que durante todo o ano estiveram perto de nós para fazer dessa iniciativa um sucesso”.

Pedro Lessa, coordenador do escritório da Unesco no Brasil, terceiro parceiro nesta empreitada, parabenizou as cinco jovens cientistas finalistas pela destacada qualidade dos projetos apresentados no programa. “A Unesco tem entre seus principais objetivos a promoção da igualdade dos gêneros e o enpowerment da mulher. Neste sentido, esta premiação contribui para exaltar a conquista de um espaço tradicionalmente dominado pelo homem, comprova o sucesso da mulher nesse campo do conhecimento e confirma a relevância do papel das cientistas brasileiras neste cenário”. Concluiu afirmando que a Unesco espera que chegue o momento em que aspectos com gênero, etnia, raça ou credo não sejam relevantes nos campos das profissões.

As três Acadêmicas ganhadoras do Prêmio Internacional L’Oréal para Mulheres na Ciências, Mayana Zatz, Belita Koiller e Lucia Previato, apresentaram as jovens contempladas com a bolsa-auxílio, enalteceram a qualidade dos mais de 500 trabalhos apresentados e descreveram as pesquisas premiadas. O representante do MCT, Luis Fernandes, encerrou o evento dizendo que ficou impressionado com a beleza das cientistas, e que chegou a pensar que esse fosse um critério da L’Oréal, mas concluiu que é uma condição inata da mulher brasileira, provocando risos na platéia.

Conheça as vencedoras de 2006.

Alessandra Bruno
Professora e pesquisadora do Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduou-se em Biologia na mesma instituição, onde também obteve os títulos de Mestra e Doutora em Bioquímica e de Pós-Doutora em Genética. Foi premiada por sua pesquisa Terapia celular utilizando células-tronco mesenquimais no modelo animal da doença de Parkinson. “É muito importante saber que a atividade que a gente faz está sendo valorizada, porque não existe meio termo em ciência, você se dedica ou se dedica. Meu projeto foi muito sonhado por toda a minha equipe e é muito caro, vou investir o prêmio no seu desenvolvimento”.

Lisiane Porciúncula
Pesquisadora e professora do Departamento de Bioquímica da UFRGS, graduou-se em Química pela Universidade Federal de Santa Maria, obteve o Mestrado e o Doutorado em Bioquímica na UFRGS e o Pós-Doutorado pela Universidade de Coimbra (Portugal). Foi contemplada pelo trabalho A cafeína como estratégia de prevenção do declínio cognitivo no envelhecimento e em modelo experimental da doença de Alzheimer. “O incentivo da L’Oréal é uma iniciativa excelente, particularmente importante na América Latina. Este prêmio dirigido a uma faixa específica de mulheres jovens foi muito inteligente, outros órgãos de financiamento deviam fazer o mesmo”.

Sayuri Miyamoto
Professora e pesquisadora do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP), graduou-se em Farmácia e Bioquímica na USP, obteve o Mestrado em Nutrição na Universidade de Tokushima (Japão) e concluiu Doutorado e Pós-Doutorado em Bioquímica na USP. Foi contemplada por sua pesquisa Lipídeos modificados e implicações biológicas. “Vou investir meu prêmio na continuidade do meu projeto, no qual é utilizado material importado que é muito caro. Além de financiar o trabalho científico em si é muito importante divulgá-lo, quero investir uma parte do prêmio na participação em congressos no exterior.”

Solange Fagan
Professora-adjunta do Centro Universitário Franciscano (Unifra) em Santa Maria, no Ro Grande do Sul, cursou o bacharelado, o mestrado e o doutorado em Física na Universidade de Santa Maria (RS). Ela foi premiada pela pesquisa Estudo de nanoestruturas de carbono de interesse químico e biológico. “Esse prêmio foi muito importante não só pelo valor, mas também porque mostrou para a minha instituição e para os alunos da minha região que o reconhecimento não se dá só no eixo Rio-São Paulo. Foi muito interessante, porque eles vislumbraram algo que parecia impossível, o prêmio mostrou que se você é esforçado, dedicado, é bom pesquisador, pode se destacar em qualquer lugar do Brasil”.

Yraima Cordeiro
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), obteve os títulos de Mestra e Doutora em Química Biológica, na mesma universidade. Foi contemplada pela pesquisa Estudos biofísicos e funcionais da interação da proteína do prion com ácido nucléico e glicosaminoglicanos. “Fui recém contratada como professora da UFRJ, em um ano devo ganhar um espacinho. Eu estou começando do zero, nunca recebi um auxílio antes. Pretendo ampliar o espaço e equipar meu novo laboratório. Essa iniciativa foi maravilhosa, foi uma surpresa incrível. Agora eu sei que há olhos voltados pra mim e para o meu trabalho, tenho então que me sentir merecedora deste reconhecimento, mostrar para a comunidade científica que realmente tenho valor, que vou continuar produzindo”.

Tatiana Rappoport
Pesquisadora e professra do Instituto de Fìsica da UFRJ, recebeu Menção Honrosa por sua pesquisa Confinamento e manipulação de cargas e spins em semicondutores magnéticos. Graduada na UFRJ, concluiu o Mestrado e o Doutorado na UFF e obteve dois títulos de de pós-doutorado em Física, um pela University of Notre Dame e outro pela UFRJ. “Adorei meu prêmio, que não era previsto: meu trabalho foi valorizado, mostrou-se importante. Só a visibilidade que esse prêmio vai me dar já vai facilitar que eu consiga auxílio de outras fontes. O processo foi muito transparente, as cinco pesquisadoras que ganharam tem um trabalho excelente, e são trabalhos experimentais que requerem muito mais recursos do que o meu”.

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