Na noite de 21 de setembro, nos salões do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi realizada a cerimônia de premiação da Bolsa Auxílio para Jovens Cientistas, patrocinada pela L’Oréal e com o apoio da Unesco e da Academia Brasileira de Ciências. Na entrada, uma imensa placa com os dizeres: “O mundo precisa de ciência, a ciência precisa de mulheres” recepcionava os convidados, entre os quais estavam presentes o secretário executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Luis Fernandes, o secretário de C&T do Estado do Rio de Janeiro, Acadêmico Wanderley de Souza e o diretor da Finep, o Acadêmico Carlos Alberto Aragão.

O evento foi conduzido pelo chefe de cooperação internacional da Academia Brasileira de Ciências, Comendador Paulo de Góes Filho. O presidente da L’Oréal Brasil, François Xavier Fenart, considerou uma grande honra estar festejando as grandes cientistas e grandes mulheres brasileiras. “O engajamento da L’Oréal na pesquisa já tem muitos anos, mas é o primeiro ano desse programa, que reafirma nosso compromisso em impulsionar a ciência ajudando jovens pesquisadoras e reforça nossos laços com a comunidade científica brasileiras”, declarou.

François Fenart agradeceu à Academia Brasileira de Ciências o apoio de seu presidente Eduardo Krieger, do vice-presidente Jacob Palis e “especialmente das três grandes mentoras do programa aqui no Brasil, Mayana Zatz, Belita Koiller e Lucia Previato, que durante todo o ano estiveram perto de nós para fazer dessa iniciativa um sucesso”.

Pedro Lessa, coordenador do escritório da Unesco no Brasil, terceiro parceiro nesta empreitada, parabenizou as cinco jovens cientistas finalistas pela destacada qualidade dos projetos apresentados no programa. “A Unesco tem entre seus principais objetivos a promoção da igualdade dos gêneros e o enpowerment da mulher. Neste sentido, esta premiação contribui para exaltar a conquista de um espaço tradicionalmente dominado pelo homem, comprova o sucesso da mulher nesse campo do conhecimento e confirma a relevância do papel das cientistas brasileiras neste cenário”. Concluiu afirmando que a Unesco espera que chegue o momento em que aspectos com gênero, etnia, raça ou credo não sejam relevantes nos campos das profissões.

As três Acadêmicas ganhadoras do Prêmio Internacional L’Oréal para Mulheres na Ciências, Mayana Zatz, Belita Koiller e Lucia Previato, apresentaram as jovens contempladas com a bolsa-auxílio, enalteceram a qualidade dos mais de 500 trabalhos apresentados e descreveram as pesquisas premiadas. O representante do MCT, Luis Fernandes, encerrou o evento dizendo que ficou impressionado com a beleza das cientistas, e que chegou a pensar que esse fosse um critério da L’Oréal, mas concluiu que é uma condição inata da mulher brasileira, provocando risos na platéia.

Conheça as vencedoras de 2006.

Alessandra Bruno
Professora e pesquisadora do Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduou-se em Biologia na mesma instituição, onde também obteve os títulos de Mestra e Doutora em Bioquímica e de Pós-Doutora em Genética. Foi premiada por sua pesquisa Terapia celular utilizando células-tronco mesenquimais no modelo animal da doença de Parkinson. “É muito importante saber que a atividade que a gente faz está sendo valorizada, porque não existe meio termo em ciência, você se dedica ou se dedica. Meu projeto foi muito sonhado por toda a minha equipe e é muito caro, vou investir o prêmio no seu desenvolvimento”.

Lisiane Porciúncula
Pesquisadora e professora do Departamento de Bioquímica da UFRGS, graduou-se em Química pela Universidade Federal de Santa Maria, obteve o Mestrado e o Doutorado em Bioquímica na UFRGS e o Pós-Doutorado pela Universidade de Coimbra (Portugal). Foi contemplada pelo trabalho A cafeína como estratégia de prevenção do declínio cognitivo no envelhecimento e em modelo experimental da doença de Alzheimer. “O incentivo da L’Oréal é uma iniciativa excelente, particularmente importante na América Latina. Este prêmio dirigido a uma faixa específica de mulheres jovens foi muito inteligente, outros órgãos de financiamento deviam fazer o mesmo”.

Sayuri Miyamoto
Professora e pesquisadora do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP), graduou-se em Farmácia e Bioquímica na USP, obteve o Mestrado em Nutrição na Universidade de Tokushima (Japão) e concluiu Doutorado e Pós-Doutorado em Bioquímica na USP. Foi contemplada por sua pesquisa Lipídeos modificados e implicações biológicas. “Vou investir meu prêmio na continuidade do meu projeto, no qual é utilizado material importado que é muito caro. Além de financiar o trabalho científico em si é muito importante divulgá-lo, quero investir uma parte do prêmio na participação em congressos no exterior.”

Solange Fagan
Professora-adjunta do Centro Universitário Franciscano (Unifra) em Santa Maria, no Ro Grande do Sul, cursou o bacharelado, o mestrado e o doutorado em Física na Universidade de Santa Maria (RS). Ela foi premiada pela pesquisa Estudo de nanoestruturas de carbono de interesse químico e biológico. “Esse prêmio foi muito importante não só pelo valor, mas também porque mostrou para a minha instituição e para os alunos da minha região que o reconhecimento não se dá só no eixo Rio-São Paulo. Foi muito interessante, porque eles vislumbraram algo que parecia impossível, o prêmio mostrou que se você é esforçado, dedicado, é bom pesquisador, pode se destacar em qualquer lugar do Brasil”.

Yraima Cordeiro
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), obteve os títulos de Mestra e Doutora em Química Biológica, na mesma universidade. Foi contemplada pela pesquisa Estudos biofísicos e funcionais da interação da proteína do prion com ácido nucléico e glicosaminoglicanos. “Fui recém contratada como professora da UFRJ, em um ano devo ganhar um espacinho. Eu estou começando do zero, nunca recebi um auxílio antes. Pretendo ampliar o espaço e equipar meu novo laboratório. Essa iniciativa foi maravilhosa, foi uma surpresa incrível. Agora eu sei que há olhos voltados pra mim e para o meu trabalho, tenho então que me sentir merecedora deste reconhecimento, mostrar para a comunidade científica que realmente tenho valor, que vou continuar produzindo”.

Tatiana Rappoport
Pesquisadora e professra do Instituto de Fìsica da UFRJ, recebeu Menção Honrosa por sua pesquisa Confinamento e manipulação de cargas e spins em semicondutores magnéticos. Graduada na UFRJ, concluiu o Mestrado e o Doutorado na UFF e obteve dois títulos de de pós-doutorado em Física, um pela University of Notre Dame e outro pela UFRJ. “Adorei meu prêmio, que não era previsto: meu trabalho foi valorizado, mostrou-se importante. Só a visibilidade que esse prêmio vai me dar já vai facilitar que eu consiga auxílio de outras fontes. O processo foi muito transparente, as cinco pesquisadoras que ganharam tem um trabalho excelente, e são trabalhos experimentais que requerem muito mais recursos do que o meu”.