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José Rodrigues Coura

José Rodrigues Coura, filho de Lupércio Rodrigues Coura e Ercília Coura, nasceu em 15 de junho de 1927, em Taperoá, pequena cidade do Sertão da Paraíba, onde fez o curso primário no Grupo Escolar Felix Daltro. Sem alternativa para continuar os estudos em sua cidade natal, foi interno no Colégio Diocesano de Patos, também no Sertão daquele estado, de 1941 a 1944, quando concluiu o 1º grau. De janeiro de 1945 a julho de 1946, auxiliou os seus pais, em uma pequena propriedade rural que possuíam no município de Taperoá. Em agosto de 1946 migrou para o Rio de Janeiro, visando continuar os seus estudos. De setembro a dezembro daquele ano trabalhou como auxiliar de escritório na Standard Oil (hoje Esso do Brasil), até ser convocado para o Exército de 1947.
Em 1948 reiniciou os seus estudos, matriculando-se no curso noturno do Colégio Frederico Ribeiro, uma vez que precisava trabalhar durante o dia para custear as despesas pessoais e com os estudos. Concluiu o curso secundário em 1950. Em 1951 fez o curso pré-vestibular e em 1952 ingressou na Faculdade de Medicina da então Universidade do Brasil, graduando-se em dezembro de 1957. Ainda como estudante de Medicina casou-se, em junho de 1957 com sua colega de turma Léa Ferreira Camillo Coura, com quem teve os filhos Evandro Cesar, Lúcia e Luciana Maria Camillo Coura.
Durante o curso médico, estagiou, no 2º ano, nos Laboratórios da Policlínica Geral do Rio de Janeiro e do Hospital Souza Aguiar, no 3º ano, na 5ª Cadeira de Clínica Médica, com o Professor Magalhães Gomes, no 4º ano, na 4ª Cadeira de Clínica Médica, com o professor Clementino Fraga Filho, ambas na Santa Casa de Misericórdia e na Maternidade Clara Basbaum, chefiada pelo Professor Francisco Carlos Grelle; no 5º e 6º ano, estagiou na 3ª Cadeira de Clínica Médica, com os Professores Luiz Feijó e Armando Puig, entre outros, no Hospital Moncorvo Filho e Pronto Socorro do Hospital Souza Aguiar.
No 1º semestre de 1958 fez curso de aperfeiçoamento no Serviço do Professor Luiz Decourt, com os Drs. João e Bernardino Tranchesi, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e no 2º semestre daquele ano fez o curso da Escola de Saúde do Exército, permanecendo como médico militar até 22 de outubro de 1962, quando deixou o Exército no posto de Capitão Médico, para dedicar-se integralmente à carreira universitária.
Em 1º de março de 1960, foi contratado como Instrutor de Ensino da Cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas, chefiada pelo Professor José Rodrigues da Silva, no pavilhão Carlos Chagas do Hospital São Francisco de Assis, da Faculdade de Medicina da então Universidade do Brasil. Trabalhou com o Professor Rodrigues da Silva até a sua morte em 26 de maio de 1968, a quem substituiu na cátedra, e continua reverenciando a sua memória até os dias atuais. Em 1963, foi agraciado pelo Conselho Britânico com uma bolsa de estudos na Universidade de Londres, onde permaneceu até agosto de 1964, fazendo cursos de aperfeiçoamento em Medicina Interna e Cardiologia, respectivamente no Hammersmith e National Heart Hospitals, participando nas sessões semanais do Brompton (doenças pulmonares) e do Royal Free (doenças hepáticas), com a Professora Sheila Scherlock e ocasionalmente na London School of Tropical Medicine and Hygiene, todos como base para a sua Livre-Docência que faria na UFRJ, em 1965.
Em dezembro de 1965 fez sua Livre-Docência na Cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, submetendo-se à prova escrita, prova prática com exame clínico e discussão do diagnóstico de um caso sorteado, exame de curriculum vitae e provas públicas de aula e defesa da tese “Contribuição ao estudo da Doença de Chagas no Estado da Guanabara”, aprovado com distinção em todas provas, obtendo os títulos de Livre-Docente e Doutor em Medicina pela UFRJ, sendo promovido em consequência a Professor adjunto.
Em fevereiro de 1966 fez concurso de Títulos para Professor titular contratado da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, obtendo o 1º lugar entre os 4 candidatos concorrentes. No Hospital Antonio Pedro organizou um modelar e moderno Serviço de Doenças Infecciosas, reformulou e modernizou o currículo da Disciplina de Doenças Infecciosas, formando numerosos discípulos. Em 1970 fez o Concurso Público de Títulos e Provas para provimento efetivo daquela disciplina, sendo aprovado com nota 10 em todas as provas.
Com o falecimento do Professor José Rodrigues da Silva, em maio de 1968, assumiu, na qualidade de único Livre Docente e Doutor, a Regência da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFRJ e a Chefia do Serviço do Pavilhão Carlos Chagas, aguardando até 1971 a abertura do concurso público. Com a proibição de abertura de concurso na época diante da vacância da disciplina por mais de três anos, o então Diretor da Faculdade de Medicina, Professor José Leme Lopes propôs à Congregação da Faculdade de Medicina a sua transferência da Universidade Federal Fluminense, o que foi aprovado por unanimidade da Congregação. Ainda em 1971 foi eleito Chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ.
Em 1970 organizou o Curso de Pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Doenças Infecciosas e Parasitárias na UFRJ, o primeiro curso da área médica credenciado no Brasil pelo Conselho Federal de Educação, classificado com o conceito máximo pelo sistema CAPES/CNPq desde a sua criação até a presente data, formando mais de uma centena de mestres e doutores, os quais trabalham em diversas Universidades e Serviços da Saúde Pública no Brasil e no exterior.
Ainda na UFRJ organizou e modernizou, em 1971, o Departamento de Medicina Preventiva com 4 disciplinas: Doenças Infecciosas e Parasitárias, Epidemiologia, Medicina Ocupacional e Saúde Pública, o qual serviu de modelo para vários outros no Brasil, organização esta que lhe valeu o convite do Professor José de Paula Lopes Pontes, Diretor da Faculdade de Medicina, para ministrar a Aula Magna de abertura dos cursos de 1972, sob o título “Relevância do Ensino da Medicina Preventiva para o Profissional da Saúde” – a última destas aulas ministrada na sede da Faculdade, na Praia Vermelha, quando ainda era o mais jovem entre os Professores titulares daquela casa. Organizou e instalou o atual Serviço de Doenças Infecciosas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, do qual foi Diretor da Divisão de Saúde da Comunidade, em 1978.
Sócio fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical em 1962, do qual foi Secretário, Secretário Geral e Presidente desde a sua fundação até 1975. Foi Presidente de Conselho de Medicina do CNPq, de 1976 a 1978, membro do Comitê de Doenças Endêmicas daquele Conselho de 1974 a 1984, do Steering Comittee do TRD/OMS de 1978 a 1984 e do Comitê de Pesquisa da OPS de 1979 a 1986. É Professor “Honoris Causa” das Universidades Federais da Paraíba, Ceará e Piauí pela sua atuação na Pós-graduação e Professor emérito da Faculdade de Medicina de Campos por ter sido seu fundador. Membro titular da Academia Nacional de Medicina desde 1978.
Em março de 1979 foi convidado para a Vice-Presidência de Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz e Direção do Instituto Oswaldo Cruz, cargos cuja aceitação condicionou ao seu não afastamento das funções de Professor titular da UFRJ, através do estabelecimento de um convênio para desenvolvimento das disciplinas básicas dos domínios conexos do Curso de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ, na FIOCRUZ, até 1985, quando se licenciou para um pós-doutorado como “Fellow” no NIH, nos Estados Unidos. Quando regressou dos Estados Unidos em 1986, assumiu a Chefia do Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, continuando uma estreita colaboração na área de pós-graduação entre o Curso de Pós-graduação em Medicina Tropical, que criou no Instituto Oswaldo Cruz com o de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ. Nos 30 anos que atua na pós-graduação, orientou pessoalmente mais de 50 Teses de Mestrado e Doutorado na UFRJ e no Instituto Oswaldo Cruz e tem discípulos em praticamente todas as universidades brasileiras, do Amazonas ao Rio Grande do Sul.
Com 54 anos de Serviço Público, 40 dos quais dedicados à vida acadêmica, publicou mais de 200 trabalhos por extenso em revistas nacionais e internacionais indexadas e mais de 300 resumos em anais de congressos, nacionais e internacionais, a grande maioria sobre doenças infecciosas e parasitárias, particularmente sobre Doença de Chagas e Esquistossomose, seus campos de pesquisa desde a década de 60 e alguns sobre Educação Médica.
Defendeu duas Teses, respectivamente sobre doença de Chagas e Esquistossomose e publicou quatro livros: Esquistossomose Pulmonar, Doença de Chagas e um comemorativo do seu Jubileu de Prata (25 anos como Professor da UFRJ), intitulado “Momentos de Ontem e de Sempre”, onde homenageia seus mestres, colegas e discípulos. Finalmente acaba de editar o Livro do Centenário do Instituto Oswaldo Cruz, uma obra prima do Centenário da Medicina Experimental no Brasil.
Em maio de 1997 foi eleito por unanimidade Diretor do Instituto Oswaldo Cruz, cargo que exerce pela 2ª vez, no qual dedica-se a uma reformulação e modernização institucional desta Unidade da Fiocruz. No seu primeiro mandato na Fiocruz promoveu uma verdadeira renovação institucional, que agora se completa no seu segundo mandato, quando comemora o 1º Centenário do Instituto Oswaldo Cruz em 25 de maio de 2000.

Fernando Ferreira Costa

Nasceu em Santa Rita do Passa Quatro em 7 de setembro de 1950, filho de Lauro Costa e Maria de Lourdes Ferreira Costa. Os cursos ginasial e colegial foram realizados em Santa Rita do Passa Quatro no Grupo Escolar “Francisco Ribeiro” e Instituto de Educação “Nelson Fernandes”, completando-os em 1968. Aprovado em 1969 no Concurso vestibular para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, USP, colou grau em dezembro de 1974.
Após a residência médica, em 1977 ingressou no Curso de Pós-Graduação de Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Completou o Mestrado em 1979 e o Doutorado em 1981, ambos sob orientação do Prof. Dr. Marco A. Zago.
Foi então contratado como Professor assistente doutor no Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP onde permaneceu de 1979 a 1985. Após concurso público foi então admitido como Professor assistente doutor no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP, 1985; onde no ano seguinte foi aprovado em Concurso para Professor Livre-Docente. Fez então estágio de pós-doutorado no período 1987 a 1989 na Yale School of Medicine, Yale University , USA, no serviço de Hematologia chefiado pelo Professor Bernard G. Forget, onde participou de pesquisas envolvendo alterações moleculares em doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos. Retornando ao Brasil foi então novamente admitido na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP em 1990, agora no Departamento de Clínica Médica, onde em 1994 foi aprovado em concurso público como Professor titular em Hematologia e Hemoterapia. Nessa posição foi eleito pela comunidade como Diretor da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP no período 1994 a 1998.
As linhas de pesquisas que desenvolve dizem respeito a investigação das características clínicas e moleculares nas hemopatias, em especial, as doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos incluindo as hemoglobinopatias e alteração da membrana eritrocitária.
Orientou até o momento os seguintes alunos de doutorado: Maria de Fátima Sonatti, Carmem Silvia B Martins, Silvia Regina P. Miranda, Maria Stella Figueiredo, Marilda Gonçalves, Valder Roberval Arruda, Silvana Fahel da Fonseca, Roberto Schreiber, Neiva Sellan Lopes Gonçales, Flávia Chagas Costa, Alexandra P.Z. Vieira, Mônica Barbosa de Melo, Juliana Martins; e os seguintes alunos de mestrado: Helena Zerloti Wolf Grotto, Maria de Fatima Sonati, Sara Terezinha Olalla Saad, Mônica Barbosa de Mello, Patrícia Szjaner, Marcelo dos Santos Souza, Edson Shusaki Shitara, Tiago Gomes de Andrade, Rodrigo Franco de Carvalho, Carlos Roberto Escrivão Grignoli, Jordana Torri Regazzo Fuzato, Margareth Castro Ozelo.
Pertence as seguintes sociedades e academias: Sócio efetivo do Colégio Brasileiro de Hematologia, Sócio da Associação Paulista de Medicina, The American Society of Hematology, Sociedade Brasileira de Investigação Clínica, International Society of Hematology, Academia Paulista de Medicina, Academia de Ciências do Estado de São Paulo, American Association for the Advancement of Science.
Desde 1998 é coordenador do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas para o período 1998 e 2002.

Artur Beltrame Ribeiro

Artur Beltrame Ribeiro é professor de Medicina da Escola Paulista de Medicina – EPM e Chefe da Divisão de Nefrologia e Hipertensão. Ele recebeu o título de Médico na Escola de Medicina de São Paulo em 1969. Depois disso foi fellow da divisão de Nefrologia, University Medical Center até 1975. Recebeu o título de PhD pela Escola Paulista de Medicina em 1977. Foi Professor visitante da Divisão de Hipertensão, Boston University, no período 1991/1992.
Professor Ribeiro escreveu mais de 80 artigos e vários tópicos sobre hipertensão e escreveu 3 livros e muitos capítulos de livros sobre o mesmo tema.
É membro das seguintes sociedades científicas: Brazilian Medical Association, Brazilian Nephrology Society, Inter-American Society of Hypertension, International Society of Hypertension, Council for High Blood Pressure Research, Brazilian Society of Clinical Investigation.
Dr. Ribeiro é membro do corpo editorial de vários periódicos, incluindo Hypertension, Journal of Hypertension e European Journal Internal Medicine.

Sérgio Danilo Junho Pena

“A ciência serve para afastar falácias e preconceitos e desempenha um papel libertador no exercício das escolhas morais”, acredita o Acadêmico Sérgio Pena. Formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1970), fez residência em pediatria e genética médica nos Estados Unidos e no Canadá entre os anos de 1971 e 1973. Em 1977, concluiu o doutorado no Departamento de Genética Humana da Universidade de Manitoba, no Canadá, e no ano seguinte realizou estágio de pós-doutorado no Instituto Nacional para a Pesquisa Médica (NIMR, na sigla em inglês), em Londres, Inglaterra. Seus estudos se concentram na diversidade genômica e evolução humana, formação e estrutura da população brasileira, estrutura populacional do Trypanosoma cruzi, desenvolvimento de testes para diagnóstico de doenças humanas e aplicação da Genômica de Nova Geração em medicina clínica. Em 1982 fundou o GENE – Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais e foi pioneiro na América Latina a oferecer serviços de diagnóstico pelo estudo do DNA, especialmente a determinação de paternidade. Dentre muito prêmios e títulos destacam-se: a Grande Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais (1998), os títulos de Comendador (2000) e Grã-Cruz (2006) da Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio TWAS em Ciências Médicas da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês). Além de fazer parte da ABC, Sérgio também é membro da TWAS, da Academia Mineira de Medicina (AMM) e da Academia Mineira de Pediatria (AMP).

Rubens Belfort Mattos Junior

Vindo de uma família de oftalmologistas, graduou-se em medicina (1970), especializou-se em oftalmologia (1972) e fez mestrado em microbiologia, imunologia e parasitologia (1978) na Escola de Medicina Paulista (EPM). Doutorou-se em oftalmologia (1981) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e também em microbiologia e imunologia (1985) pela EPM. Realizou estágio de pós-doutoramento no Instituto Nacional de Olhos (NEI, na sigla em inglês), que é parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). Além disso, possui um MBA em administração de negócios (1996) pela Universidade de São Paulo (USP) Trabalha com os seguintes temas: geriatria ocular (mácula, glaucoma, catarata etc.), epidemiologia ocular, imunopatologia ocular, uveítes e toxoplasmose ocular. Dentre prêmios e títulos recebidos, destacam-se: Membro Honorário da Força Aérea Brasileira (1997); Prêmio Varilux (1998), da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO); Categoria Mérito do Grande Prêmio Miguel Giannini de Oftalmologia (1998); Prêmio Sênior (2001), da Academia Americana de Oftalmologia (AAO, na sigla em inglês); Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (2002); Prêmio de Oftalmologia Cirúrgica (2005), no XXXIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia; Prêmio SCOPUS (2007), da Elsevier/Capes; Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo (2008) e Medalha Anchieta (2008), da Câmara Municipal de São Paulo; Prêmio Chico Mendes (2010), do Ministério do Meio Ambiente; Eleito entre as 100 pessoas mais influentes da saúde no Brasil (2012), pelo Grupo Mídia; Prêmio Conrado Wessel de Medicina (2015), da Fundação Conrado Wessel; e a Medalha Internacional Duke Elder (2017), do Conselho Internacional de Oftalmologia (ICO, na sigla em inglês). Além da ABC, o Acadêmico possui associações com a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Academia de Medicina de São Paulo, a Academia Oftalmológica Internacional (AOI, na sigla em inglês), a Academia Nacional de Farmácia (ANF), a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e com o Conselho Internacional de Oftalmologia (ICO, na sigla em inglês). Para ele, mesmo na ciência “saber fazer gestão é fundamental”. “Não dá mais para ter um departamento apenas de cientistas e educadores – tem que ter também o gestor”, acrescenta.

Protásio Lemos da Luz

Protásio Lemos da Luz, formou-se em Medicina em 1965, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, onde também fez dois anos de Residência em Clínica Médica. Em 1968 fez o Curso de Especialização em Cardiologia, na Universidade de São Paulo. Entre 1971 e 1972 foi Post-Graduate Fellow no Instituto de Medicina Intensiva, da University of Southern Califórnia, Los Angeles. Entre 1973 e 1976 foi Research Scientist no Cedars – Sinai Medical, da UCLA. Em 1972 defendeu Tese de Doutoramento na USP com o título “Parâmetros Metabólicos e Hemodinâmicos no Infarto Agudo do Miocárdio: Importância Prognóstica”. Durante seu treinamento nos EUA seu interesse inicial em pesquisa foi em índices prognósticos em choque cardiogênico, pressão coloidosmótica e edema agudo de pulmão, monitorização hemodinâmica à beira-do-leito e ressuscitação cardiopulmonar. Ao mudar-se para o Cedars investigou especificamente conseqüências metabólicas e hemodinâmicas da oclusão coronária aguda, bem como os meios farmacológicos ou hemodinâmicos, de proteção ao miocárdio agudamente isquêmico. Participou da primeira descrição do miocárdio hibernado, em cães. Em 1976 retornou ao Brasil e conquistou o título de Professor Associado de Clínica Médica, pela USP, com a Tese “Miocárdio Isquêmico: estudos sobre função mecânica e metabolismo”. Em seguida iniciou atividades na Divisão de Experimentação do InCor-USP. Montou um laboratório de pesquisa animal devotado inicialmente a prosseguir os estudos sobre fisiopatologia do miocárdio isquêmico e os mecanismos capazes de preservar sua viabilidade. Logo seu interesse incluiu também aterosclerose; foram então implementados modelos apropriados e investigados mecanismos para preveni-la. Estudos sobre função endotelial em aterosclerose e reatividade vascular em humanos também são de seu interesse e do seu grupo, e tem merecido publicações sistemáticas. Estudos em aterosclerose, experimental e humana, constituem ainda o foco principal de suas pesquisas.
Entre 1991 e 1998 desempenhou as funções de Chefe da Divisão de Clínica do InCor. Atualmente é Diretor da Unidade Clínica de Aterosclerose do mesmo Instituto. Como tal coordena atividades clínicas, pesquisas clínicas e experimentais e exerce atividades didáticas a nível de pós-graduação. É Membro Titular do Conselho Diretor do InCor e do Conselho da Fundação E.J.Zerbini. É Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Cardiologia, da USP. Atuou em várias Comissões da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Presidiu esta última e também presidiu a Sociedade Brasileira de Investigação Clínica. É Fellow do American College of Cardiology e Membro Titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. É autor/co-autor de aproximadamente 180 trabalhos científicos nacionais e internacionais, além de mais de 30 capítulos de livros.

Nestor Schor

Iniciou suas atividades em nível de pós-doutoramento implantando no País laboratório voltado para o estudo da hemodinâmica glomerular e microcirculação renal em modelos experimentais de insuficiência renal aguda e crônica, de nefrotoxicidade, na síndrome hépato-renal, na gravidez etc. Utilizou metodologia sofisticada para a época, início dos anos 80, de micropunção de glomérulos e de microestruturas do córtex renal. No início de 1990, desenvolveu, como evolução natural de sua linha de pesquisa, Laboratório de Biologia Celular, voltada para o estudo destes mecanismos fisiopatológicos nas células renais, agora em cultura, especialmente na célula mesangial.
Ao lado desta atividade voltada a fisiologia e fisiopatologia renal, desenvolveu o primeiro Serviço voltado a estudar o metabolismo envolvido na formação de litíase renal tanto em adultos como em crianças. Foi possível criar, no nosso meio, várias linhas de pesquisa neste campo, como na de epidemiologia, da fisiopatologia, de diagnóstico e de tratamento em litíase renal, fazendo com que este Serviço seja o de maior impacto na nossa Sociedade médico-científica. Para que estes trabalhos fossem realizados, foi necessário uma importante dedicação e esforço criativo para propiciar as condições ímpares deste Laboratório e do Serviço de Litíase Renal.
Como resultado deste empenho, publicou mais de 250 artigos em nível
internacional, nacional e capítulos de livros.
Editou, como principal responsável pela publicação, três livros (Calculose Renal; Insuficiência Renal Aguda e Nefro-Urologia).
Desta intensa atividade de pesquisa resultou, segundo o ISI, em mais do que 1.200 citações, número bastante significativo em termos brasileiros, nesta área de pesquisa biomédica aplicada à medicina.
Também é significante sua contribuição na formação de recursos humanos, com a orientação de 47 teses defendidas, sendo 26 em nível de mestrado e 21 em nível de doutorado. A grande maioria de seus orientados está na vida acadêmica em várias regiões do país, como professores adjuntos ou titulares na área de clínica médica e fisiologia, sendo que vários tiveram a oportunidade em realizar estágio de pós-doutorado no exterior, nos EUA e na Europa, em Serviços de impacto na área de medicina e biologia.
Como reconhecimento de sua atividade, é do Corpo Editorial de várias publicações no exterior e no Brasil, sendo assessor dos principais órgãos financiadores de pesquisa no País e em nível acadêmico é Professor Titular, por concurso, tendo sido o Chefe do Departamento de Medicina da UNIFESP e atualmente é Chefe da Disciplina de Nefrologia desta Universidade, uma das principais disciplinas geradoras de conhecimento e formadoras de recursos humanos. É o Coordenador de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UNIFESP. Também como reconhecimento pelos seus pares, foi Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia e de Investigação Clínica, dentre outros cargos eletivos.
Assim, desenvolve atividades científicas em nível experimental, de laboratório e em atividades associadas com pesquisa clínica. Tem substancial papel na formação de recursos humanos e atividades associativas, em entidades científicas.

Marco Antonio Zago

Após um período de pós-doutorado na Universidade de Oxford, sob orientação do Prof. Sir David J. Weatherall, retornou ao Brasil onde iniciou um grupo de pesquisa interessado nas doenças hematológicas de bases genéticas e nas alterações genéticas das doenças neoplásicas hematológicas, tendo sido um dos primeiros investigadores a utilizar métodos de análise direta de DNA para diagnóstico médico e para estudos de genética populacional humana no país. Seu interesse inicial estava focalizado nos defeitos hereditários das hemoglobinas, tendo demonstrado que o grau de produção residual de HbF em adultos é determinado geneticamente. As bases moleculares desta característica são complexas (envolvem pelo menos três “loci”) e têm grande relevância no tratamento das anemias hereditárias. Identificou pela primeira vez no país e descreveu características genéticas, clínicas e bioquímicas de numerosos defeitos estruturais das hemoglobinas e de variantes de talassemias. Descreveu uma mutação de ponto no região promotora do gene de globina gama, responsável pela “forma brasileira” de persistência hereditária de hemoglobina fetal. Posteriormente, seu grupo identificou alterações moleculares responsáveis pelas hemofilias, e a mutação do gene do LDL-r responsável pela maior parte dos casos de hipercolesterolemia familiar no Brasil. Demonstrou uma heterogeneidade até então insuspeita dentro do gene que determina o grupo sangüíneo O (do grupo ABO), mostrou que estas diferentes va-riantes do grupo O têm distribuição étnica variada e finalmente identificou as bases moleculares desta diversidade, descrevendo pelo menos sete novas variantes moleculares do grupo sangüíneo O. Mais recentemente, tem conduzido estudos sobre a contribuição de mecanismos genéticos às tromboses, incluindo o papel de mutações de numerosos genes, relacionados ou não com o sistema de coagulação. Entre estes, destaca-se a demonstração do efeito de uma mutação do fator XIII sobre a ocorrência de trombose arterial. Paralelamente ao estudo das anormalidades gênicas em doenças hematológicas, desenvolveu estudos sobre a genética populacional e antropologia física de populações brasileiras, em especial de ameríndios e negros. Com base em marcadores de DNA ligados ao gene da anemia falciforme, demonstrou que a população negra brasileira é de origem predomi-nantemente banto, com menor contribuição de origem Benin e escassa contribuição da Senegâmbia. Além do interesse antropológico, estes dados mostram que a população negra brasileira é muito diversa daquela de outras regiões da América, com implicações para a genética médica e para compreensão de doenças de fundo hereditário. Com base em marcadores de DNA mitocondrial, do cromossomo Y, microssatélites e vários genes de interesse médico, contribuiu para a compreensão da diversidade genética das populações ameríndias, suas relações com as populações fundadoras, e as populações negras brasileiras. Em associação com numerosos colaboradores, seu laboratório produziu o maior volume de dados sobre marcadores de DNA em populações brasileiras até o momento. Sob sua orientação formaram-se 20 mestres e doutores, a maioria hoje ocupando posições de pes-quisadores em diversas universidades brasileiras. Além de seu grupo de pesquisa em Ribeirão Preto, seus discípulos constituíram dois outros núcleos de investigação de genética molecular humana proeminentes no país, em Campinas (hematologia) e em Belém (genética humana). Mais recentemente está participando de dois grandes projeto colaborativos coordenados pela FAPESP: o seqüenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, primeiro fitopatógeno a ter o genoma completamente sequenciado, e o Projeto do Genoma do Câncer, que estuda a expressão de genes em tecidos neoplásicos humanos.

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