Leia artigo do membro afiliado da ABC Ricardo Moratelli Mendonça da Rocha (Fiocruz) e dos pesquisadores Ariovaldo P. Cruz-Neto (Unesp-Rio Claro) e Alessandra Filardy (UFRJ), publicado na Ciência Hoje em 2/4:

Com raras exceções, as supostas conexões entre morcegos, vírus e doenças em humanos estão baseadas mais em especulação do que em evidências. Por outro lado, é de chamar atenção a história de alguns surtos de doenças relacionadas a morcegos e a análise do sistema imunológico desses animais, que parecem explicar por que eles são potenciais hospedeiros de uma grande diversidade de vírus sem, aparentemente, desenvolver as doenças causadas por esses vírus.

Mais de 200 vírus de 27 famílias – alguns mortais e zoonóticos, que passam de animais reservatórios ou hospedeiros naturais aos humanos – já foram isolados, ou detectados de alguma forma, em diferentes espécies de morcegos. Recentemente esses mamíferos alados têm sido apontados como os principais suspeitos de serem os hospedeiros do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da pandemia de COVID-19, mas a conexão entre morcegos e o início da pandemia ainda não foi confirmada. Outros animais podem estar envolvidos, assim como a relação dos morcegos com outras doenças. Até aqui, há comprovação de que são os hospedeiros originais para os vírus da raiva, nipah e hendra. Mas, afinal, por que os morcegos são tão associados a essas doenças? Um retrospecto da história da identificação desses vírus pode explicar as associações.