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Orlando da Fonseca Rangel Sobrinho

Graduado em Engenharia Química pelo Instituto Militar de Engenharia em 1935. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Química de 1948 a 1951 e um dos fundadores e membros do Conselho Deliberativo do CBPF de 1951 a 1956. Durante a década de 1950 foi Diretor do Setor de Pesquisas Químicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi também Assessor e Substituto do Representante do Brasil na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas de 1946-1948.

Eloisa Biasotto Mano

Eloisa Biasotto Mano recebeu seu treinamento em ciência de Polímeros na Universidade de Illinois, EUA, sob a orientação do Professor Carl S. Marvel (1956-1957) e na Universidade de Birmingham, Inglaterra, com o Professor J.C. Bevington (1964). Adquiriu experiência em tecnologia de polímeros como Químico-Tecnologista do Instituto Nacional de Tecnologia, no Laboratório de Borracha e Plásticos, Rio de Janeiro (1954-1966).
Na UFRJ foi Professor Catedrático na Escola Nacional de Química (1959-1966), Instituto de Química (1967-1976) e Instituto de Macromoléculas – IMA (1977-1994). É Professor Emérito da UFRJ (1995).
É responsável pela criação do primeiro grupo de pesquisadores em polímeros no Brasil (1968), que deu origem ao atual Instituto de Macromoléculas da UFRJ, o qual, em 1994, teve o nome modificado em sua honra para Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano.
Orientou 32 Teses de Mestrado e 8 de Doutorado. É autora de 9 livros, escreveu capítulos em 2 livros, tem 156 trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais e 239 comunicações em congressos nacionais e internacionais. Apresentou cerca de 135 conferências no país e no exterior. É inventor de 5 patentes. Nessas atividades, teve sempre a participação de mais de 120 colaboradores.
Foi Representante Nacional do Brasil na Divisão Macromolecular da “International Union of Pure and Applied Chemistry” – IUPAC – (1979-1993). Foi também Coordenador da Subcomissão de Polímeros do Instituto Brasileiro de Petróleo (1982-1991).
Pertenceu ao Comitê Editorial do Journal of Polymer Science Part A(1971-1990). Faz parte do Comitê Editorial dos periódicos Latin American Applied Research(1990 – …) e Polymers for Advanced Technologies(1989 – …..), Designed Monomers and polymers (1997 – …) e da Revista de Química Industrial(1979 – …). Foi fundador do IMA/UFRJ e seu Diretor desde a fundação até sua aposentadoria compulsória em 1994. Seu nome está incluído no Dictionary of International Biography – 1995 e no Who’s Who of the Year – 1995.
Atualmente, entre suas principais responsabilidades acadêmicas contam-se: Pesquisador I-A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Professor Orientador de Teses de Mestrado e Doutorado do IMA, e escritor de livros técnicos na área de Polímeros.

Etelvino José Henriques Bechara

Nascido (1944) e criado na magnífica Serra do Caparaó (MG). Teve seu interesse em química e biologia despertado por seus professores de ginásio, Sra. Ilza Campos Saad (1956-1959; Manhuaçu, MG), e do curso técnico-agrícola, Dr. Márcio Esteves Moura (1961-1963; Universidade Rural de Viçosa, MG). Após o bacharelado em Química na FFCL-USP (1968), fez o doutoramento com o Professor Giuseppe Cilento (1972) descrevendo um modelo químico para a síntese do ATP no sítio I da cadeia respiratória. Realizou estudos de pós-doutoramento com o Prof. Emil H. White (Chemistry Department, Johns Hopkins University) estudando a conversão de colchicina em lumicolchicinas em bulbos da Colchicum autumnale (“fotoquímica sem luz”) (1974-5) e, subsequentemente, com a Dra. Thérèse Wilson como Research Associate da Harvard Univesity (Biological Laboratories), estudou dioxetanos, supostos intermediários “ricos em energia” da bioluminescência e quimioluminescência. Ao retornar ao Brasil, concentrou sua atenção na química de dioxetanos e sua intermediação em reações catalisadas por peroxidases. Em 1979, recebeu o título de Livre-Docente da USP. A partir de 1980, seu interesse estendeu-se à bioluminescência dos besouros “tec-tecs” (Elateridae) e “trenzinhos” (Phengodidae). O trabalho de campo com estes insetos luminescentes no Parque Nacional das Emas (GO) e na Mata Atlântica abriu-lhe duas novas áreas de interesse: a proteção ambiental e a pintura “naif”. Concomitantemente, desde os anos oitenta, dedicou-se também ao estudo de fontes e papel deletério de radicais livres derivados de oxigênio em sistemas biológicos. Investigou o envolvimento de radicais livres na metahemoglobinemia associada a poluição do ar (Cubatão, SP), nas manifestações neuropsiquiátricas da esquisofrenia, maníaco-depressão, porfiria aguda intermitente e saturnismo, e no estresse oxidativo disparado pelo exercício físico estenuante. Todas estas pesquisas tiveram a participação de muitos pós-graduandos (14), graduandos e colegas brasileiros e estrangeiros. Suas contribuições `as áreas de bioluminescência e estresse oxidativo (133 publicações) levaram-no à posição de Professor Titular de Bioquímica do IQ-USP (1990). Foi também eleito Membro Titular da Oxygen Society (1994), ramo americano da International Society for Free Radical Research, premiado com bolsa da Guggenheim Foundation (1996), e editor convidado de números especiais da Química Nova e da Ciência e Cultura dedicados à discussão das fronteiras da pesquisa em química ambiental e radicais livres em biologia e medicina. Acrescenta-se sua participação na fundação (sócio nº 3) e consolidação da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), sendo seu Presidente em 1988-90. É editor-associado da Ciência e Cultura.

Fausto Walter de Lima

Fausto W. Lima, nascido em Franca, SP, formou-se em 1946 pela Escola Politécnica da USP, tendo passado a integrar o Corpo Docente desta Escola em 1947 como Professor Assistente de Físico-Química. Em 1957 foi comissionado pela USP junto ao Instituto de Energia Atômica (hoje Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN), com a finalidade de formar e dirigir a Divisão de Radioquímica daquele Instituto, bem como para participar da construção e instalação do primeiro reator nuclear no Brasil, IEA-R1. Iniciou a formação do primeiro grupo de radioquímicos no Brasil e que se dedicou, principalmente, a métodos radioquímicos de análise, por ativação, análise por diluição isotópica, produção de radioisótopos, principalmente os destinados a finalidades médicas e à purificação de urânio para fins nucleares. Projetou os Laboratórios de Radioquímica do IEA. Em 1960 e 1963 recebeu duas doações da Fundação Rockefeller, totalizando 50.000 dólares, o que era uma quantia substancial, na época, o que permitiu adquirir equipamento necessário para desenvolvimento dos trabalhos da Divisão de Radioquímica do IEA, a saber, contadores Geiger-Müller, “Scalers”, analisadores de raios gama, detectores de NaI e de Ge-Li, termo balança e polarógrafo. Juntamente com Alcídio Abrão, um dos seus principais colaboradores na Divisão de Radioquímica do IEA, iniciaram os estudos de purificação de urânio natural construindo a primeira usina-piloto correspondente no Brasil (publicação IEA-42, “Produção de Compostos de Urânio Atomicamente Puros no Instituto de Energia Atômica”, F. W. Lima e A. Abrão, 1961). Essa publicação só teve divulgação, conhecimento e alcance público após 1968, pois fora considerada, pelos órgãos competentes, como confidencial até que se terminasse o procedimento de registro da patente correspondente, o que só ocorreu em 1968, quando cedeu (em 1967), sem receber vantagens ou benefícios pessoais nenhuns, a parte dos direitos que lhe cabiam na Patente nº 62.238 (Departamento Nacional de Propriedade Industrial), à Comissão Nacional de Energia Nuclear. Não foi, por isso, a publicação IEA-42, mencionada acima, examinada e nem julgada pela Comissão Técnica do Prêmio Moinho Santista que lhe foi concedido em 1961 pelos seus trabalhos no campo de Radioquímica, iniciados em 1951, na Universidade de Colorado, onde novamente foi bolsista da Fundação Rockefeller, continuados na Escola Politécnica e, em seguida, no Instituto de Energia Atômica. Em 1970 os trabalhos da Divisão de Radioquímica do IEA foram selecionados pelo “Journal of Radioanalytical Chemistry”, para constituírem o tópico de “Laboratory of the Issue” do volume 4, páginas 391-396. Os “Laboratory of the Issue” do J. Radioanal. Chem. constituíam artigo especial, do mês correspondente, de instituições ou unidades de pesquisa cujos trabalhos tivessem destaque na literatura internacional, sobre Radioquímica. Foram “Laboratory of the Issue”, entre outros laboratórios de Radioquímica, os de Oak Ridge; Ghenf University, Bélgica; Texas A and M College Station; Reactor Centrum, Nederland; Eotvos University, Budapest.
Fausto Lima é um dos fundadores do “Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry” e de “Radiochemical and Radionalytical Letters”, publicados pela Academia de Ciências de Budapeste, de cujos corpos editoriais pertenceu até sua aposentadoria em 1987. Foi um dos fundadores, em 1975, dos cursos de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear Básica, do IPEN, tendo liderado os trabalhos da Comissão de Pós-Graduação correspondente, de 1975 a 1981, e cuja avaliação, pela CAPES, foi sempre “A” nesse período. Foi pesquisador da Indústria Orquima onde desenvolveu um dos primeiros trabalhos, no Brasil, para separação dos elementos de terras-raras utilizando resinas trocadoras de íons e participando do trabalho sobre a experiência brasileira no estudo de purificação e produção de elementos de terras-raras, apresentado na 2ª Conferência Internacional de Genebra de Aplicações Pacíficas de Energia Atômica, em 1958.
Publicou cerca de 120 trabalhos até 1986, em revistas nacionais, internacionais e congressos tecnocientíficos, tendo formado, de 1975 (quando foi fundado o Curso de Pós-Graduação do IPEN) a 1987, quando se aposentou, cerca de 20 Mestres e Doutores em Radioquímica e que, hoje, em sua maioria, trabalham no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.

Fernanda Margarida Barbosa Coutinho

Nasceu na cidade do Porto em Portugal em 1942. Aos cinco anos incompletos veio para o Rio de Janeiro com seus pais e suas duas irmãs.
Entrou para a escola pública primária com oito anos de idade. Após completar o curso primário fez concurso (5000 candidatos/500 vagas) para o Colégio Pedro II e foi aprovada. Lá, fez o curso ginasial e científico. Foram os anos mais divertidos e também os mais marcantes de sua vida; lá desenvolveu a sua capacidade de liderança e aprendeu a defender as suas idéias. No Colégio Pedro II aprendeu muito mais do que as disciplinas curriculares, saiu de lá em 1962 com muita saudade.
Durante o curso científico verificou que as disciplinas que mais gostava de estudar eram a Física, a Química e a Matemática, da qual já era apaixonada desde o ginásio. Após conversar com seus professores, decidiu fazer vestibular para a Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil para o Curso de Engenharia Química.
Em 1963 ingressou na Escola Nacional de Química. Foram mais cinco anos de descobertas tanto do ponto de vista de aprendizado formal como humano. Fez excelentes amigos entre colegas e professores.
Com a Professora Eloisa Biasotto Mano teve o primeiro contato com os polímeros, seres misteriosos para ela até então, e pelos quais se apaixonou, nunca mais os tendo largado.
No 5º ano da Escola foi monitora da disciplina de Química Orgânica Experimental II, na Cátedra da Professora Eloisa Mano. Foi um ano em que aprendeu muito. Nessa época decidiu-se pela carreira universitária e resolveu fazer o Curso de Pós-Graduação em Química Orgânica.
Em 1968 iniciou o Curso de Mestrado no Departamento de Química Orgânica do Instituto de Química. Após a conclusão dos créditos de disciplinas veio a escolha do Tema da Tese, que não poderia ser outro que não envolvesse polímeros. A Professora Eloisa Mano tinha acabado de receber um auxílio do BNDE para desenvolver pesquisa em polímeros e estava selecionando candidatos para o que viria a ser o 1º Grupo de Polímeros do Brasil. Foi aceita, e nunca mais abandonou o estudo de polímeros.
Paralelamente com o Curso de Mestrado continuou a ensinar na Cadeira de Química Orgânica II, mesmo sem receber qualquer remuneração. Em 1969, a Professora Eloisa Mano indicou o seu nome para ser contratada como Auxiliar de Ensino.
Em meados de 1971 defendeu a sua Tese de Mestrado, e passou a dar também aulas teóricas em Química Orgânica II.
Em 1972 iniciou o Curso de Doutorado, que se alongou além do desejável devido a dificuldade de conciliar o tempo para o ensino com o tempo para o desenvolvimento do trabalho de Tese.
Em outubro de 1981 concluiu o seu doutorado e logo em seguida a Professora Eloisa a convidou para ser Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Polímeros do Instituto de Macromoléculas, do qual era Diretora. Aceitou o convite e ainda está nessa posição muito embora a Professora Eloisa não seja mais a Diretora.
Desde que se titulou orientou 28 Teses de Mestrado e 11 de Doutorado; publicou mais de 60 trabalhos em periódicos internacionais e mais de 20 em periódicos nacionais. Essa é a sua vida profissional. No meio de todo esse trabalho casou-se em 1970 com um colega de turma (José S.T. Coutinho), teve duas filhas (Gisela e Flávia) e pode afirmar que é uma pessoa feliz.

Fernando Galembeck

Nasceu em São Paulo, na Bela Vista, em 1943. Menino urbano, criado dentro das limitações e vantagens da cidade grande mas com direito à liberdade do mato e da praia nas férias, estudou (muito) no Colégio Santo Alberto e no Liceu Pasteur. Teve excelentes professores de Ciências. Este fato e o trabalho desde os onze anos no laboratório farmacêutico do pai determinaram o seu interesse pela Química.
Ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em 1960. Formado em 1964, obteve o doutorado em 1970. Teve o privilégio de estudar e trabalhar em um ambiente de grande seriedade, que refletia o que a Química brasileira foi, até o início dos anos 80: muito pequena, mas muito boa.
Iniciou o seu doutorado sob a orientação de Simão Mathias, mas a sua tese foi orientada por Pawel Krumholz. O tema era a dissociação de ligação metal-metal, estudada através dos equilíbrios de compostos de coordenação do pentacarbonífero, em meio aquoso. Após o doutorado, resolveu trabalhar em Físico-Química de sistemas biológicos, fazendo pós-doutorado nas Universidades do Colorado e da Califórnia, em Davis. Trabalhou então em interações protease-inibidor e em proteólise de proteínas quimicamente modificadas. O tema o interessou muito e ao voltar ao Brasil pode continuar nele, trabalhando junto ao grupo de Química de Proteínas da Escola Paulista de Medicina, em 1975.
Teve então uma grande oportunidade, que moldou a sua carreira: o Instituto de Química da USP, com apoio da Academia Brasileira de Ciências, da Royal Society e da Unilever decidiu instalar um grupo de química coloidal e de superfícies e ele foi convidado a organizar esse grupo. Depois de três meses na Inglaterra e Holanda iniciou projetos nessa área. Inicialmente, trabalhou na modificação de superfícies de polímeros, introduzindo métodos de sorção e reação in situ e utilizando o pentacarbonilferro, o que teve uma certa repercussão. No período de 1977 a 1979 descobriu a osmosedimentação, que talvez tenha sido o seu trabalho mais original e deu origem a uma linha de pesquisa sobre membranas, que se estendeu até os anos 90, com vários resultados interessantes. Destaca aí a descoberta da ultrafiltração centrífuga, da pervaporação pressurizada e da despolarização eletroforética tangencial. Hoje, estão à venda ultrafiltros centrífugos para laboratório, no mercado internacional.
Nos anos 80 e 90 manteve o trabalho em membranas e em superfícies de polímeros, iniciando projetos sobre partículas e sistemas sol-gel. Neste último caso, evitou o caminho usual, dos sistemas de alcóxidos, concentrando-se em acetatos e fosfatos. Este caminho mostrou-se compensador, porque apesar de ser muito original permitiu-lhe obter resultados que não tinham sido conseguidos pelas rotas mais exploradas. Os resultados mais promissores, neste momento, parecem ser os pigmentos brancos à base de fosfatos, que são atualmente o tema de um projeto de pesquisa e desenvolvimento de que participa uma empresa de porte, e que poderá levar a uma atividade industrial significativa.
Olhando para trás, vê que foi muito afortunado, em vários aspectos: primeiro, porque optou por uma carreira de pesquisa quando poucos jovens brasileiros se interessavam por este tipo de atividade, e viu a importância da pesquisa crescer muito durante o seu tempo de vida. Em segundo lugar, teve um bom começo e uma boa formação, em uma área cuja importância cresceu continuamente. Viu a Química crescer e diversificar-se, no Brasil e no mundo, tornando-se uma ciência central. Pode contribuir para um grande surto de crescimento da Química brasileira trabalhando na elaboração e implementação do PADCT. Finalmente, percebe que uma parte significativa dos cientistas brasileiros, na qual se inclui, cultivou no seu dia-a-dia práticas que hoje são essenciais à sobrevivência das pessoas, organizações e nações: o exercício da identificação de oportunidades, a resolução de complexidades, e a polivalência, tudo isto em um contexto globalizado.
Do lado das frustrações, a maior é a de ter pouco contribuído para uma mudança no ensino elementar deste país. Entretanto, há hoje para isto um novo clima, e iniciou trabalho nesta direção, em 1996.

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