Na manhã de 11 de agosto, o ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro reuniu empresários, juristas, artistas, movimentos sociais e sindicais, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal, acadêmicos e banqueiros na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
No Salão Nobre – onde estava também a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena B. Nader -, o ex-ministro José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns, leu a primeira carta, intitulada “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, que tem como signatárias 107 entidades, entre associações empresariais, universidades, ONGs e centrais sindicais, inclusive a ABC. Essa carta foi publicada como página inteira de diversos jornais do país no dia 5 de agosto.
Os discursos que se seguiram, reiteraram a cobrança da manutenção do estado democrático de direito e o respeito ao sistema eleitoral brasileiro. O tom foi suprapartidário, com representantes de movimentos sociais e sindicais, dentre outros, em exemplo de união e superação de diferenças em prol de uma causa única.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, segmentos da sociedade que estavam inertes perante as intimidações, sobretudo no ambiente empresarial e financeiro, decidiram aderir às mobilizações. Discursaram Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central; a advogada Beatriz Lourenço do Nascimento, coordenadora da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos; o advogado Oscar Vilhena Vieira, membro da Comissão Arns e do Comitê do Manifesto; Patrícia Vanzolini, presidente da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil; Raimundo Bonfim, representando a Frente Brasil Popular; Telma Aparecida, da Central Única dos Trabalhadores, dentre outros. O encerramento do evento foi feito pelo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior.
Do lado de fora do prédio da USP, no Largo de São Francisco, uma multidão acompanhou a transmissão pelos telões, de acordo com o jornal O Globo. Na sequência, na parte externa, a atriz Roberta Estrela D’Alva abriu a cerimônia de leitura da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, organizada por ex-alunos da faculdade e que conta com mais de 945 mil signatários. No dia anterior, foi divulgado um vídeo em que 42 artistas fazem leitura do documento.
Desde quando foi aberta para assinaturas de toda a sociedade, a carta já foi endossada por 727 porteiros, 8.973 desempregados, 5.045 enfermeiros, 4.217 motoristas, 6.619 policiais, 519 delegados de polícia, 28.868 engenheiros, 15 mil médicos e 4231 magistrados, entre outros, segundo os responsáveis pela iniciativa. Os presidenciáveis Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB), Léo Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã) também a assinaram, assim como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
A carta também recebeu quase 20 mil tentativas de fraude desde que foi lançada, conforme disse ao jornal O Globo o procurador-geral do Ministério Público de Contas de São Paulo, Thiago Pinheiro Lima, um dos organizadores da iniciativa.
Ainda de acordo com o jornal O Globo, a presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Manuela de Moraes, destacou que havia surgido “como tarefa democrática a união de diversos setores da sociedade para defender as liberdades e os direitos pelos quais uma geração inteira de lutadores deu a vida para conquistar. É por esta razão que nos congregamos hoje. […] Nós, que éramos ‘os outros’, agora fazemos parte dessa nova carta. Somos jovens, negros, periféricos: uma nova intelectualidade que é fruto da escola pública, das quebradas e das favelas.”
Todos juntos pela democracia. Estado de Direito sempre.
Assista a transmissão feita ao vivo pelo Canal USP no YouTube