O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Hernan Chaimovich (foto à esquerda), se disse “totalmente feliz” com a Medalha Fields ganha pelo brasileiro Artur Avila. Ele está na Coreia do Sul para receber o prêmio nesta quarta-feira (13), comparado a um “Nobel da matemática”. “O que é fantástico é que a grana é muito pouca, mas o prestígio é imenso”, brincou o químico Chaimovich. Além de uma medalha, o matemático brasileiro receberá o equivalente a R$ 31 mil. A título de comparação, o Nobel paga cerca de R$ 2,7 milhões.
“O Artur já era reconhecido há alguns anos como um criança prodígio e um matemático brilhante”, acrescentou, ressaltando que já se cogitava que Artur pudesse receber um prêmio com tal importância. “Todos nós temos que estar felizes, a academia, os matemáticos”. Artur Avila é “neto científico” do presidente da ABC, Jacob Palis, já que este foi orientador do matemático Welington de Melo que, por sua vez, orientou o jovem premiado.
“Ele é um matemático com características técnicas muito especiais, que foca sua atenção em problemas relevantes abertos e os resolve”, disse em comunicado o diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), César Camacho (foto à direita). “Desde muito jovem, demonstrou ter uma objetividade e maturidade extraordinárias na construção de sua trajetória matemática. A medalha é uma forma de reconhecimento a todo um conjunto de contribuições relevantes do Artur para a Matemática, mas certamente ele ainda tem muito a oferecer em termos de trabalhos científicos de grande impacto.”
Artur Ávila recebe o prêmio das mãos da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye. Reprodução/TV Globo
Nicolau Saldanha, professor e pesquisador da PUC-Rio, acredita que a Medalha Fields pode motivar o estudo da matemática e dar a ele uma imagem mais positiva no país. “No Brasil, para a maior parte dos alunos a matemática não é vista como importante nem como interessante.” Segundo ele, o prêmio Medalha Fields é uma vitória. “Nossa esperança é que a pesquisa esteja melhorando e que venha a melhorar mais.”
Já para Carlos Yuzo Shine, professor de matemática, treinador e colaborador da Olimpíada Brasileira de Matemática “a Medalha Fields do Artur é muito importante pois mostra que brasileiro pode sim ser bom de matemática”. “Todavia, o problema da educação em geral é mais profundo, pois necessita de um trabalho de escala maior e sistêmico. Ele dá uma esperança para, quem sabe, no futuro, o Brasil ser também o país da matemática. Mas tem muito trabalho pela frente até lá”, diz.
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