Confira o início de matéria publicada na prestigiosa revista Nature, assinada por Rodrigo de Oliveira Andrade, traduzida para o português:

Um relatório preliminar divulgado no mês passado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) constatou que o interesse dos estudantes de graduação do país em seguir uma carreira acadêmica está baixo. Após um crescimento constante entre 2015 e 2019, o número total de indivíduos inscritos em programas de mestrado e doutorado começou a diminuir. Entre 2019 e 2022, mais de 14.000 vagas de pós-graduação foram perdidas, e 2022 teve o menor número de matrículas em pós-graduação em quase uma década.

Os programas de engenharia sofreram um impacto significativo. De 2015 a 2022, registrou-se um declínio geral no número de novos estudantes, que caiu de um pico de 14.196 em 2017 para 9.090 – uma diminuição de 36%. Os programas de pós-graduação em ciências agrárias também foram afetados, com queda de 23% desde 2015; nas ciências biológicas, esse número foi de 14%, e nas ciências da terra foi de 12%.

“Isso é bastante preocupante”, diz Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), com sede em São Paulo. “Cerca de 90% da produção científica no Brasil envolve de alguma forma a participação de pós-graduandos e depende de suas contribuições”, acrescenta. Denise Guimarães Freire, química do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que seu grupo passou por um declínio: “Há alguns anos, eu tinha dez alunos de pós-graduação em meu laboratório, mas agora só tenho três.”

Esses dados são do Plano Nacional de Pós-Graduação, documento publicado pela primeira vez na década de 1970 pela CAPES — órgão do Ministério da Educação de Brasília que avalia programas de pós-graduação e concede bolsas de mestrado e doutorado. O plano, que é publicado cerca de uma vez por década, contém métricas que informam sobre a manutenção e o suporte do sistema de pós-graduação no Brasil.

Um fator óbvio que contribui para o declínio é a pandemia da covid-19. Segundo o relatório, a suspensão das atividades presenciais gerou atraso nas inscrições, de modo que, em 2020, 25% dos programas de mestrado em 20 áreas de pesquisa tiveram mais vagas do que candidatos. Nos programas de doutoramento, 12 áreas registaram uma diminuição significativa da procura.

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Leia a matéria completa, em inglês, na Nature.