As ruas de Manágua e de outras cidades da Nicarágua presenciaram manifestações históricas nos últimos dias. Em 23 de abril, milhares de cidadãos foram às ruas pedir a saída do presidente Daniel Ortega, acusado de repressão e violação dos direitos humanos. O cenário, no entanto, foi de violência e morte, na tentativa de conter os manifestantes. Dos mais de 40 mortos e 500 feridos, muitos eram estudantes universitários.
Em repúdio à ação da polícia e do governo e em defesa aos muitos alunos e professores que ocuparam as ruas do país e foram vítimas de violência, a Academia de Ciências da Nicarágua publicou uma mensagem à toda a nação lamentando a morte de todos os estudantes e declarando que a violência é um atentado não apenas à população, mas também à comunidade científica. Para a Academia, suas mortes significam também a perda de um grande potencial intelectual e cientifíco e o corte de carreiras promissoras e de sucesso.
Confira abaixo um trecho da carta da Academia de Ciências da Nicarágua e leia a versão completa do documento em espanhol e inglês.
“A Academia de Ciências da Nicarágua, preocupada com a grave situação nacional, considera seu dever denunciar a violenta repressão cometida pelo governo contra a comunidade universitária e o povo, e pronuncia-se a favor da finalização antecipada e urgente do atual período de governo por sua responsabilidade no debate institucional, político e social que vive o país.
A Academia de Ciências de Nicarágua se encontra abatida pela atual situação de crise, caracterizada por: a brutal repressão da qual tem sido alvo a comunidade universitária; as mais de quarenta pessoas assassinadas, centenas de feridos, prisioneiros torturados e os vários desaparecidos como resultado da repressão; as intimidações e represálias a universitários, estudantes de medicina, familiares e ao povo; o lamentável deterioramento moral das organizações subordinadas ao governo que deslegitimam a justa luta dos universitários; o clamor das mães e familiares das vítimas que exigem justiça; a generalizada falta de confiança e credibilidade nos atuais governantes e instituições do Estado.”