Leia matéria de Phillippe Watanabe para a Folha, publicada em 16 de outubro, com depoimentos da presidente da ABC, Helena Nader:
Pela terceira vez desde 1901, quatro mulheres ganharam um prêmio Nobel no mesmo ano. As outras duas ocorrências são consideravelmente recentes: 2018 e 2020. Mas, até hoje, 2009 mantém a liderança de ano com maior presença feminina na premiação, com cinco laureadas.
A premiação passa, também, pela maior sequência consecutiva de anos com premiadas. Mulheres vêm recebendo ao menos uma láurea ao ano desde 2018, ou seja, 2023 foi o sexto ano seguido com premiação.
Anteriormente, a maior sequência era de somente três anos seguidos com láureas para mulheres, fato que se repetiu cinco vezes na história do Nobel.
Já de cara, o Nobel de Medicina deste ano ficou com a cientista Katalin Karikó, que dividiu o prêmio com o pesquisador Drew Weissman. No dia seguinte, a láurea de Física foi para Anne L’Huillier, que dividiu o prêmio com dois homens, Ferenc Krausz e Pierre Agostini. Poucos dias depois foi a vez de o Nobel da Paz ir para a ativista iraniana Narges Mohammadi.
Por último, o Nobel de Economia ficou com Claudia Goldin.
Historicamente, há um abismo no Nobel quanto à premiação de mulheres e de homens.
Foram laureadas 64 mulheres —Marie Curie o recebeu duas vezes— e 901 homens (alguns deles também premiados duas vezes).
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“Essa preocupação [sobre a quantidade de mulheres premiadas] estava dentro da fundação [do Nobel]”, diz Helena Nader, presidente da ABC (Academia Brasileira de Ciências). “É uma realidade, mas não é por acaso. Tudo isso é fruto da sociedade. A sociedade percebeu que não pode continuar assim.”
A própria Nader acaba sendo um exemplo do que está falando. Ela é a primeira mulher presidente da ABC, uma instituição científica brasileira com mais de cem anos de existência.