Texto adaptado de original publicado pelo Impa:
Morreu nesta terça-feira (5), aos 76 anos, o professor da USP (Universidade de São Paulo) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Antonio Galves, referência nacional e internacional na área de probabilidade. Natural de São Paulo, Galves era coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Matemática, Computação, Linguagem e Cérebro (MaCLinC) da USP e coordenador do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat).
“A curiosidade científica, a ousadia e a energia inesgotável fizeram do Antônio uma grande liderança da probabilidade no Brasil. Ele inspirou gerações de jovens e foi o motor da criação do NUMEC (Núcleo de Apoio à Pesquisa em Modelagem Estocástica e Complexidade). Parte demasiado cedo e deixa a matemática brasileira mais pobre”, lamentou o Acadêmico Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
O Acadêmico Claudio Landim, diretor-adjunto do Impa, destacou que Galves teve um papel fundamental no desenvolvimento da probabilidade no Brasil pelos seus trabalhos científicos e pelo seu dinamismo na organização de escolas e conferências, no estímulo à colaboração internacional e na orientação de alunos.
“Lembro dele entrando em minha sala, durante meu doutorado na França no final dos anos 80, com seu habitual entusiasmo, para me contar um problema em meta-estabilidade. Não consegui resolvê-lo, mas aprendi nestes dias de trabalho intenso a importância da perda de memória e as possibilidades oferecidas por um bom acoplamento. Vinte anos depois voltaria a este problema, lembrando das lições aprendidas com o Antonio”, contou Landim.
Comendador e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, o matemático se dedicava aos estudos de questões de seleção estatística de modelos, especialmente sistemas estocásticos com memória e interações de alcance variável. Ele colaborou ainda para a criação de um dos mais importantes grupos de pesquisa sobre Sistemas Markovianos de Partículas. Foi na Universidade Pierre e Marie Curie, atual Sorbonne, que Galves recebeu o Diplôme d’Estudes Approfondies. Nesse período, ele iniciou a carreira enquanto pesquisador, se dedicando aos estudos dos sistemas Markovianos.
No retorno ao Brasil, o pesquisador estabeleceu um programa de cooperação permanente com o laboratório, apoiado pelo CNPq e pelo CNRS. Posteriormente o grupo de pesquisa colaborou também com o IMPA e com o Departamento de Matemática da Universidade de Roma.
A Academia Brasileira de Ciências manifesta seu profundo pesar e transmite seus sentimentos à família e amigos do Acadêmico.