Começou no domingo, 23 de julho, a 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o maior encontro da comunidade científica brasileira e maior evento científico a América Latina. Em sessão solene lotada no Teatro Guaíra, em Curitiba, diversos representantes da ciência nacional reforçaram o lema desta edição: “Ciência e Democracia para um Brasil justo e desenvolvido”. O evento foi de 23 a 29 de julho, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Além de palestras, mesas-redondas e discussões sobre todos os principais temas científicos da atualidade no Brasil, as reuniões da SBPC também são conhecidas pela diversidade de atividades culturais que oferece. Para abrir a reunião deste ano, foram convidados a se apresentar cinco coletivos da UFPR: a Téssera Companhia de Dança; a Companhia de Teatro; a Orquesta Filarmônica; o coral e o Grupo de MPB da universidade.
Após as cinco apresentações, foram convidados a compor a mesa de abertura representantes de sociedades e órgãos científicos, além de autoridades como o prefeito de Curitiba e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação. A Academia Brasileira de Ciências esteve representada por sua presidente, Helena Bonciani Nader, que sentou-se ao lado da também Acadêmica Mercedes Bustamante, atual presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O tom da abertura foi de celebração da resiliência da comunidade científica nacional após quatro anos de negação oficial da ciência. Helena Nader afirmou estar emocionada e apontou: “A ciência voltou. O Brasil voltou. Juntos vamos reconstruí-lo para todas e todos”. Ressaltou que, no entanto, é preciso estarmos sempre atentos: “Democracia é algo que se conquista diariamente”.
A presidente da Capes adicionou que o acesso à educação pública de qualidade demanda defesa contínua e intransigente. “Essa é uma reunião para definirmos nosso caminho nas próximas décadas”.
A ministra Luciana Santos destacou algumas iniciativas importantes do MCTI até o momento, destacando o reajuste nas bolsas de pós-graduação, a retomada do Conselho de Ciência e Tecnologia (CCT) e a condecoração dos médicos Adele Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães com a Ordem Nacional do Mérito Científico, de quem a honraria havia sido revogada pelo obscurantismo ideológico do governo anterior. E anunciou, em primeira mão, o retorno do Pró-Infra, programa para recuperação, fortalecimento e expansão da infraestrutura das instituições científicas, que deve mobilizar R$ 3,6 bilhões nos próximos dois anos.
Em seguida foi a vez da cerimônia homenagear três grandes mestres que dedicaram suas vidas à educação brasileira: a economista Maria da Conceição Tavares; o engenheiro agrônomo e titular da ABC Fábio de Oliveira Pedrosa e o médico Erney Plessmann de Camargo, que nos deixou em março deste ano. Após as homenagens, foi entregue o Prêmio José Reis de Divulgação Científica à jornalista de ciência Sabine Righetti, cofundadora da Agência Bori.
Para finalizar a sessão solene, foi a vez do anfitrião. O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, lembrou dos 700 mil mortos da pandemia, a maioria dos quais ainda poderia estar viva caso o país tivesse enfrentado a crise com responsabilidade e respeito à ciência. Olhando para a frente, ele passou pelo imperativo ambiental brasileiro, pela importância da defesa dos povos tradicionais e pelas discussões em torno do Novo Ensino Médio (NEM), o qual criticou por reduzir a carga horária de formação científica.
Janine reforçou a carta conjunta redigida por SBPC e ABC em defesa da permanência de Luciana Santos no governo. “O MCTI não pode mais ser moeda de troca”, alertou.
Assista a íntegra da abertura:
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