Leia a matéria de Guilherme Justino para o jornal Zero Hora, publicada em 13/5:
No momento em que profissionais da saúde e cientistas se tornam protagonistas no combate à pandemia, o governo brasileiro faz cortes que afetam diretamente quem está mobilizado na procura por uma cura para a covid-19. Após sucessivos congelamentos de despesas e redução de bolsas de pesquisa, foi anunciado, no final de março, um corte orçamentário de 42% em ciência e tecnologia.
A sociedade, no entendimento dos pesquisadores, apoia a ciência: no dia 7, foi promovida a Marcha Pela Ciência. Durante a mobilização, houve um alento inesperado: o ministro Marcos Pontes anunciou, em vídeo, a liberação de R$ 352 milhões para projetos de pesquisa, inovação e infraestrutura no combate a pandemias.
Para organizações científicas, isso é muito pouco. Luiz Davidovich, presidente da ABC, diz que os cortes prejudicam a formação de pesquisadores que poderiam contribuir, por exemplo, para o desenvolvimento de remédios ou tecnologias para aumentar a segurança de barragens.
— Para combater a crise, o governo prefere reduzir a relação entre dívida e PIB.Outros países apostam no aumento do PIC, e isso significa dar recursos para a ciência e a tecnologia — afirma Davidovich.
Para Davidovich, os países desenvolvidos investem em ciência porque há retorno (cada dólar rende até oito vezes mais), há protagonismo internacional, produção dos próprios medicamentos, alimentos mais baratos.
— Abrir mão desse investimento é condenar o Brasil à irrelevância mundial — diz o presidente da ABC.