Leia a matéria de Guilherme Justino para o portal de notícias GaúchaZH, publicada em 10/5:

Em meio a uma crise sanitária de escala global, no momento em que profissionais de saúde e cientistas se tornam protagonistas no combate à pandemia e na busca de soluções para frear o gigantesco número de mortes causadas pelo coronavírus, o governo brasileiro, na contramão do mundo, anuncia cortes que afetam diretamente cientistas que estão mobilizados na procura por uma cura para a covid-19. Após sucessivos congelamentos de despesas, redução de bolsas de pesquisa e uma falta de incentivo em geral para a ciência nos últimos meses, o cenário voltou a se mostrar preocupante com o anúncio, no final de março, de um corte orçamentário de 42% em ciência e tecnologia.

“Se essas restrições orçamentárias não forem corrigidas a tempo, serão necessárias muitas outras décadas para reconstruir a capacidade científica e de inovação do país”, definiu um texto assinado por entidades como a Academia Brasileira de Ciências, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência e Tecnologia e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entre outras.

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), avalia que esse corte prejudica a formação de pesquisadores que poderiam contribuir para áreas críticas ao progresso do país, citando exemplos práticos, como o desenvolvimento de remédios que permitam enfrentar epidemias ou tecnologias para aumentar a segurança de barragens.

“Para combater a crise econômica, o governo prefere reduzir a relação entre a dívida e o PIB. Outros países apostam no aumento do PIB, e isso significa dar recursos para a ciência e a tecnologia”, diz Davidovich.

Os cortes em pesquisa, contudo, são uma realidade comum no Brasil, especialmente nos períodos mais difíceis. A partir dos mais recentes resultados da Pesquisa de Inovação, referentes a 2015-2017 e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 16 de abril deste ano, uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que “os investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento) são pró-cíclicos, o que significa que tendem a aumentar em momentos de crescimento econômico e a se retrair durante as crises, especialmente em se tratando de crises prolongadas”.

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