A eletrificação, o abastecimento e a distribuição de água, os computadores e o telefone: essas são algumas das grandes realizações da engenharia no século 20. Para a próxima geração de engenheiros no século 21, os grandes desafios globais se tornam cada vez mais sociais do que materiais, como a energia solar, a realidade virtual e o acesso à água limpa.

Segundo o presidente do Franklin W. Olin College of Engineering, Richard Miller, os problemas de engenharia para o século 21 são mais globais, complexos e multidisciplinares, e muitas vezes seus efeitos colaterais são mais importantes do que as próprias soluções.

É preciso que a nova geração de engenheiros seja educada para lidar com essas transformações – este foi o tema da conferência de Miller durante o workshop Grand Challenges Scholars Program (GSCP). Promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), em parceria com as Academias Nacionais de Engenharia do Brasil (ANE) e dos Estados Unidos (NAE), o evento foi realizado entre 5 e 8 de agosto, na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para Richard Miller, a engenharia não começa com a matemática, mas sim com uma visão. “O engenheiro é aquele que enxerga o que ainda não foi feito para tornar o mundo melhor e corre atrás para realizar”, afirmou. No Olin College of Engineering, seu objetivo é formar engenheiros “células-tronco”: para onde forem, os graduados levam consigo o propósito de tornar o mundo melhor e a disposição de fazer o necessário para atingi-lo.

Mas antes mesmo de chegar no ensino superior, é necessário repensar a educação científica de crianças e adolescentes. Em sua conferência inaugural, o engenheiro defendeu que a ciência é uma história de mistério e isso foi arruinado quando foi transformada em fatos, que precisam ser decorados a partir de um livro e usados para passar em um teste na escola.

Mistério, personagens e experimentação são métodos que as crianças amam e devem ser amplamente utilizados na educação. Para enfrentar os desafios globais do século 21, será necessária uma nova geração de engenheiros que sejam educados não apenas para assimilar ideias, mas para criar as suas próprias.