Em função do atraso no pagamento das bolsas de estudo e pesquisa, ainda referentes ao mês de fevereiro, dos bolsistas Faperj, a ABC e a SBPC emitiram na última quarta-feira (20/04) nota conjunta fazendo um alerta ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e à sociedade para a grave situação da ciência no estado. O documento é assinado pelos presidentes da ABC Luiz Davidovich, e da SPBC, Helena Nader.

CALAMIDADE NO ATRASO DAS BOLSAS DA FAPERJ

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vêm alertar o Governo do Estado do Rio de Janeiro para a grave situação da FAPERJ. A redução drástica de recursos para essa importante instituição está afetando drasticamente a possibilidade de o Estado conseguir encontrar uma saída sustentável para a crise em que se encontra, através da ciência e da inovação tecnológica desenvolvidas nas instituições de pesquisa e programas de pós-graduação sediados no Estado.

Desde meados de 2015, a FAPERJ vem sofrendo as consequências da grave situação financeira e fiscal do Estado do Rio de Janeiro. O orçamento da Fundação, que corresponde a 2% da arrecadação líquida do Estado, não tem sido executado, o que compromete seriamente o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado. São mais de 3 mil laboratórios com suas pesquisas afetadas.

Além dos auxílios não serem pagos desde dezembro de 2015, os cerca de 5 mil bolsistas têm recebido com enorme atraso o pagamento de suas bolsas. Desde setembro do ano passado, a folha de bolsas (que consiste em cerca de 25% do orçamento da FAPERJ) é paga com mais de um mês de atraso, geralmente alguns dias depois do pagamento da última parcela do salário dos funcionários do estado. Por exemplo, a bolsa de janeiro de 2017 só foi paga em 17 de março.

A folha de fevereiro de 2017, que deveria ter sido paga na última segunda-feira (17), quando foram pagos os funcionários, não tem nenhuma previsão de pagamento. São bolsistas pesquisadores de mestrado, doutorado, pós-doutorado, iniciação científica, entre outros, que não têm outra fonte de renda. Muitos já desistiram da carreira científica ou se transferiram para outros estados ou países.

O governo do Estado toma a decisão de atrasar ainda mais esse pagamento exatamente na semana em que está sendo marcada mundialmente a Marcha pela Ciência, inclusive no Rio de Janeiro, no próximo dia 22.

Esperamos que seja dada máxima prioridade à correção dessa situação, de modo a impedir o desmonte de equipes de pesquisa e programas de pós-graduação que têm dado uma contribuição inestimável à economia e à população do Estado do Rio de Janeiro.