A crise financeira do Estado do Rio tem prejudicado os estudos realizados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio – a Faperj. Com a chegada da primavera, uma das doenças que começam a preocupar é a dengue, justamente uma das doenças pesquisadas pela fundação.
Alunos que estão prestes a terminar alguns cursos reclamam da falta de recursos nos laboratórios. “Os reagentes são bastante caros, então a gente tem que fazer os cálculos pra usar o mínimo possível e fazer com todo cuidado pra não dar nada errado. Já cansei de pedir reagentes pra outros laboratórios”, afirmou a pesquisadora Raiane França dos Santos, que está prestes a terminar o mestrado em biotecnologia.
O Centro de Ciências da Saúde da UFRJ é um laboratórios de pesquisa apoiados pela faperj, a fundação que administra os o dinheiro recebido do estado. A Faperj não recebeu repasse de verba esse ano e ainda tem R$ 270 milhões a receber do ano passado.
Além de pesquisas sobre a dengue, o laboratório realiza estudos sobre gripe, outra doença que muito afeta a população. A situação é ruim para os pesquisadores, mas principalmente para os pacientes que sofrem com essas doenças.
“A pesquisa já demora muito tempo. Para você ter um medicamento no mercado, por exemplo, você demora 15 anos, em média. Se a gente ainda tem esse atraso, quanto tempo a gente não vai demorar, né?”, disse a estudante Giulia Diniz da Silva Ferreti.
Da saúde para a segurança pública, parte importante da investigação de homicídios também passa por dentro dos laboratórios da UFRJ. O Centro de Tecnologia produz o luminol, uma substância que detecta manchas de sangue. O produto feito no local é melhor e mais barato que o importado.
“O Estado do Rio hoje representa em torno de 25% de toda pesquisa feita no Brasil. Corremos o risco de perder tudo que foi construído ao longo de mais de uma década”, afirma Jerson Lima da Silva, diretor científico da Faperj.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro informou que o estado continua empenhado em financiar bolsas e auxílios de pesquisas. Mas que, em função da crise econômica, houve redução de repasse dos recursos para projetos. Parte das pesquisas aguarda o aumento da arrecadação para receber o financiamento.
A Faperj disse ainda que o pagamento de cerca de cinco mil bolsistas está sendo feito mensalmente e que as bolsas referentes ao mês de agosto foram pagas no dia 15 de setembro.