Nos dias 21 e 22 de setembro foi realizada, na cidade de Ottawa, Canadá, reunião do Grupo de Trabalho sobre Mulheres para a Ciência, da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS). Este grupo tem por missão precípua mobilizar as Academias de Ciências das Américas para que estas desenvolvam ações visando o fortalecimento do papel das mulheres e a construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo para estas nas carreiras de C&T. A reunião foi hospedada pela Academia de Ciências do Canadá.

Estavam representadas as Academias da Argentina, Brasil, Bolívia, Canadá, Caribe, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, Nicarágua, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Até 2013, a Academia Brasileira de Ciências foi representada neste grupo pela Acadêmica Lucia Previato, que solicitou sua substituição na representação. Assim, a ABC foi representada nesta reunião pela Acadêmica Belita Koiller, que compartilhou com as representantes de outras Academias da região o status da participação das mulheres na estrutura da ABC. Esta discussão se deu no âmbito de uma reflexão sobre a realidade das Academias de Ciências das Américas, no que tange à abertura destas para a inclusão de mulheres em seus quadros e estruturas. Na discussão realizada, ficou evidenciado que apesar da enorme diferenciação entre as Academias, o percentual de mulheres associadas a estas está bem aquém, em todas elas, da proporção de mulheres nas respectivas comunidades científicas.

Em sua análise, Koiller dedicou uma atenção especial ao quadro de membros associados da ABC. Quando da extinção desta categoria, em 1999, de um total de 112 membros, 92 (82,14%) eram homens e 20 (17,86%) mulheres. Deste total, 52 foram, ao longo de 15 anos, eleitos para a categoria de titular, sendo 46 homens e seis mulheres. ”O que estes números demonstram é que 50% dos associados do sexo masculino foram eleitos para categoria de titular, enquanto para as mulheres esta proporção foi de apenas 30%. Em sendo este um grupo previamente reconhecido quanto ao mérito científico, já que todos passaram pelo crivo do julgamento dos membros titulares, a que se deve diferença tão significativa?” Koiller não tem uma resposta para essa pergunta, mas aponta que, sem dúvida, esta é uma questão que merece ser examinada.

A reunião foi encerrada com uma sessão sobre ”Novas Ideias e Horizontes para o Programa Mulheres para a Ciência de IANAS”. Coordenada pelo assessor técnico da ABC, Marcos Cortesão, a sessão apontou a necessidade de se definir focos e ações pontuais que possam efetivamente ter um impacto. A partir da discussão, grupos de trabalho foram montados e, nos próximos meses, novas ações estarão sendo desenvolvidas; tais como oferecimento de orientação específica (mentoring) e consolidação do Prêmio IANAS para Mulheres Cientistas. Como recomendação geral, foi sugerido que os próximos encontros do Programa ocorram no mesmo período e local da Assembleia Geral da IANAS, aumentando a visibilidade e impacto do grupo.